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Santiago do Chile e Ilha de Páscoa!


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Iorana!

 

Por meses, pesquisei sobre Ilha de Páscoa, suas belezas e seus mistérios...

Conhecida como Rapa Nui (que significa terra grande), termo também utilizado para a língua e nativos, é um triângulo de aproximadamente 166 Km2, cujos vértices foram formados há mais de dois milhões e meio de anos, através da erupção de 3 vulcões: Poike a leste, Rano Kau a sudoeste e Maunga Terevaka a noroeste.

Trata-se da região mais isolada do planeta, já que se encontra a quase 3.800Km do continente mais próximo (a costa oeste do Chile). Isso lhe concede o título de Umbigo do Mundo (Te Pito Ote Nua, na língua rapa nui).

Páscoa possui uma população de aproximadamente 3.791 habitantes (censo de 2003), entre nativos, chilenos continentais e outros estrangeiros que deixaram a terra firme e se radicaram para sempre em Rapa Nui. Lá se vive basicamente do turismo. O clima é subtropical oceânico, dias ensolarados com chuvas repentinas, sendo agosto o mês mais frio (14 a 17 graus), fevereiro o mais quente (24 a 28 graus) e maio o mais chuvoso.

Os moai, termo que designa tanto o singular como o plural, gigantes esculturas em pedra vulcânica, com idade estimada em mais de mil anos, são o maior símbolo de Ilha de Páscoa e sempre estiveram envoltos em mistérios. Ao todo, mais de mil moai individuais ou em forma de ahu, altares de até 15 moai, estão espalhados pela ilha.

Resolvi, então, programar essa viagem e saber um pouco mais dessa curiosa cultura. E Átila me deu a honra e alegria de compartilhar comigo esse sonho.

Do momento em que fechamos o pacote ao embarque, a ansiedade foi imensurável.

Saímos de Belo Horizonte às 18:50hs do dia 26 de dezembro. Praticamente sem atrasos, já que o vôo estava previsto para 18:20hs. Uma hora depois estávamos em São Paulo e lá ficamos andando pelas lojas até o horário do embarque para Santiago, já que o vôo seria às 01:15hs.

Aeroporto cheio, ao optar por comer algo no Mc Donald´s, tivemos que sentar no chão, já que não havia mesas disponíveis.

Confesso que não estava em trajes confortáveis para longas esperas. De salto, meus pés doíam muito e a solução foi a compra de havaianas no Duty Free.

O vôo saiu no horário previsto, fazendo escala no Rio de Janeiro. Pouco mais das sete da manhã do dia 27 estávamos em Santiago (horário local – uma hora a menos que no Brasil). E foi amor à primeira vista. Apaixonei-se pela cidade! Repleta de praças bem cuidadas e arborizadas, lindos prédios e largas avenidas...

Após um breve descanso no Hotel Principado de Astúrias, fomos conhecer a cidade. Primeiramente, um táxi nos levou ao Parque Arauco Shopping Center, o maior shopping do Chile. Valor da corrida: 12 doláres.

Rápida passagem pelas lojas já nos fizeram perceber que muitos produtos são bem mais baratos que no Brasil. Vinhos e outras bebidas podem ser encontrados a preços excelentes em mercados. Aproveitei e comprei um combo de Amarula grande e pequena por menos de US$15, ou seja R$28,00, enquanto que aqui no Brasil apenas a pequena sai a R$35,00. Quanto à alimentação em restaurantes e bares, acredito que está equiparado aos valores de Belo Horizonte.

O câmbio de dólar para pesos chilenos estava de 484 a 494. Para facilitar as contas, definimos que cada 1000 (mil) pesos seriam dois dólares, ou seja, pouco menos de quatro reais.

Muitos locais aceitam dólar, porém é importante ter pesos chilenos. Pelo que pudemos verificar, uma boa opção de câmbio é no aeroporto. Mas na Calle (rua) Moneda há várias casas de câmbio. Uma opção é o saque em caixas eletrônicos, convertidos pelo banco em real, no câmbio do dia. Porém, é importante verificar se seu banco cobra taxas por esse serviço.

Após almoço no KFC (prato de grandes pedaços de pollo (frango) com dois acompanhamentos – arroz, papas (batatas) fritas ou salada: 2500 pesos – 5 doláres, R$9,50), nos dirigimos ao centro turístico de Santiago. Mapa na mão, é fácil explorar todo o centro. Começamos pelo Mercado Central, aliás, o melhor lugar para apreciar as especialidades chilenas, principalmente frutos do mar. Construção de ferro pré-fabricada na Inglaterra e montada em Santiago em 1868, abriga barracas de peixe, como cação e salmão, baldes de ostras, mariscos, mexilhões, frutas e legumes. Recomendo “Donde Augusto”. Pratos simplesmente divinos, com bons preços.

Prosseguindo, fomos à Plaza das Armas, onde conhecemos a Catedral Metropolitana (aberta de 7h às 19h, suas principais atrações são a estátua de madeira de São Francisco Xavier esculpida no período colonial, e o Museu de Arte Sacra), o Correio Central, o Museu Histórico e a Municipalidad de Santiago. Retornamos ao hotel quando o sol se punha, ou seja, por volta das 21:15hs.

Na manhã do dia 28 saímos para um tour em Valparaíso e Vinã del Mar (45 doláres por pessoa). A caminho do litoral central, Valparaíso é o principal porto do Chile. Lá visitamos “La Sebastiana”, casa de Pablo Neruda convertida em Museu. Passagem pelo edifício do Congresso Nacional, Parque Itália, Plaza Vitória e Catedral. Viña del Mar, chamada “La Ciudad Jardin” é o principal balneário do Chile. Possui um relógio de flores, que são trocadas a cada três meses. Um dos locais de destaque é o Casino Viña del Mar, inaugurado em 1929 e durante anos um dos poucos cassinos existentes no Chile. Conhecemos o Museo Arqueológico Francisco Fonck, cuja entrada custa 2.500 pesos, ou seja, 5 doláres. Do lado de fora do museu há um moai original. A história da Ilha de Páscoa é um dos pontos altos deste museu. São mais de 1.400 peças relativas à cultura rapa-nui. Conta também com a Biblioteca William Mulloy, a maior coleção de livros, mapas e documentos sobre a ilha. Aliás, este templo literário era para ter sido construído na própria Ilha de Páscoa, mas, pela dificuldade de conservação dos documentos e, mesmo, de visitação, acabou sendo erguido em Viña del Mar.

Acredito que esse passeio, feito por agência, em ônibus, cumpre o papel de apresentar as cidades, mas deixa a desejar. A maioria dos pontos são vistos apenas pela janela do veículo e o tempo na praia é muito curto. O ideal, creio, é a ida em carro alugado, para aproveitar mais o tempo.

No dia 29, sábado, acordei acreditando que poderíamos visitar a vinícola Consiño Macul, que fica mais próxima e de mais fácil acesso que a Concha y Toro. Tamanha foi minha frustração ao descobrir que o único horário para visitação no sábado era às 11:00hs e eu havia acordado muito tarde. Mas fica a dica. O valor da entrada é 5000 pesos (ou 10 dólares), incluindo visita guiada e degustações, tendo duração de 45 minutos. A reserva deve ser feita por telefone ou e-mail (site: http://www.cousinomacul.com. Horários: Segunda a sexta-feira - 11:00 e 15:00 horas (inglês e espanhol) e sábados às 11:00 horas (espanhol).

Há, entretanto, tours para vinícolas, tais como Casablanca (famosa por seus vinhos brancos) por 105 dólares (inclui almoço e ida ao centro do turismo eqüestre) e Concha Y Toro, por 45 dólares. Cumpre lembrar que se estiver de carro, esta última dista aproximadamente uma hora e meia do centro de Santiago e sua entrada é de 6000 pesos (ou 12 dólares), devendo ser reservado por telefone ou e-mail (site: www.conchaytoro.com). Horários: segunda a domingo – espanhol: 10:30, 11:00, 12:00 e 16:00 – inglês: 10:00, 11:30 e 15:00.

Fomos, então, conhecer os demais locais históricos da cidade, tais como a Igreja de São Francisco, a mais antiga de Santiago, construída entre os anos de 1572 e 1618, que abriga a imagem da Virgem Maria, trazida do Peru para o Chile no início do século XVI.

Seguimos para o Palácio de La Moneda, que, inaugurado em 1805 para funcionar como a casa da moeda do país, tornou-se sede do governo 41 anos depois. Chegou a sofrer bombardeios em 11 de setembro de 1973. Foi no La Moneda que o ex-presidente socialista Salvador Allende, eleito em 1970, suicidou nesse mesmo dia, sendo instaurado o regime militar comandando pelo ex-ditador chileno, o general Augusto Pinochet (1973-1990). Aos fundos do palácio, há um centro cultural, onde sempre ocorrem mostras e exposições.

Em frente, a Plaza de La Constitución, tendo como uma de suas atrações a Troca da Guarda Presidencial, cerimônia realizada de 2ª-feira a sábado. Seguimos em direção ao Cerro (morro) de Santa Lúcia. No lugar de um morro árido, um imenso parque repleto de caminhos tortuosos, terraços e torres barrocas. Sua formação rochosa se eleva a 70m de altura, de onde se tem uma bela vista de toda a capital chilena. Horário de funcionamento: 8 às 21hs. Após, uma passada pela feira de artesanato que há do outro lado da avenida. Possui bons sourvenis, a preços razoáveis.

Vale a pena, ainda, ir ao Parque Metropolitano. Nele está o Cerro San Cristóbal, com 800m de altura, aonde se chega de teleférico, a Casa de La Cultura, o Observatório Astronômico da Universidade Católica, o zoológico municipal, a Enoteca e o Jardim Botânico. No topo, lembrando nosso Redentor, uma imagem de 14 metros da Imaculada Conceição. É um passeio imperdível.

Depois de conhecer boa parte de Santiago, a segurança da cidade impressiona. Lá não se vive o medo de capitais brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e até mesmo Belo Horizonte.

A capital chilena reserva espaço importante para a preservação de sua história, cultura, tradição, lazer e meio-ambiente. Ao longo de suas ruas, avenidas, parques e praças, o visitante tem a chance de mergulhar no próprio orgulho que o povo guarda pelo seu país e pela sua história.

Uma boa opção é a locação de um veículo, saindo um carro básico em torno de 40 a 50 doláres, com Km livre, lembrando que é necessária autorização para dirigir no exterior. Porém, Santiago é um lugar para ser apreciado em seus detalhes e, de preferência, com tranqüilidade.

Parafraseando o poeta chileno Pablo Neruda, o Chile é um "país delgado", podendo-se afirmar o mesmo de sua capital, plana e de proporções miúdas, o que facilita o deslocamento, inclusive a pé.

Ainda, devo contar: pasmem, aos vinte e seis anos nunca havia andado de metrô e fui fazer isso em Santiago, onde esse meio de transporte é muito eficiente, cobrindo quase todos os lugares da cidade. Valor: 380 a 420 pesos chilenos.

O valor dos ônibus é 340 pesos chilenos, mas é preciso estar bem orientado acerca de qual pegar. Os táxis costumam ser mais baratos do que no Brasil, principalmente fora dos horários de pico.

Ah, um guia é importante, mas se você estiver sem um, o Serviço Nacional de Turismo, localizado na Av. Providência, 1550, fornece mapas da cidade e dos itinerários de ônibus e linhas de metrô.

E no dia 30 chega o tão esperado dia! A ida para Ilha de Páscoa. Partimos pouco mais que nove hs, como previsto, com desembarque às 12:50hs local (duas a menos que em Santiago, ou seja, três horas a menos que o Brasil). São longas cinco horas de viagem. O conforto da aeronave, com entretenimentos como filmes, músicas e jogos ajudou bastante. Quando, da janela do avião, avistei a ponta da ilha, meu coração bateu mais forte. O pequeno aeroporto, Mataveri, tem a pista ornamentada com estátuas típicas e reserva surpresas logo na sala de desembarque, onde somos recepcionados com hei tiare (colares de seivo, a flor típica).

Levados ao hotel (Vai Moana – mar azul), na verdade, charmosas cabanas, avisaram-nos que naquele mesmo dia iríamos ter um tour, às 15hs. No horário combinado, uma simpática rapa nui chamada Ana nos levou a Ahu Akivi, grande plataforma composta por sete moai, que olham para o mar. Segundo a tradição local, o rei da ilha Hiva, Hotu Matu'a, teria sonhado que todo reino desapareceria sob as águas, matando todo o seu povo, sendo que seus descendentes somente sobreviveriam se fosse encontrada uma ilha de formato triangular que pudesse abrigá-los. Então, enviou sete navegantes para reconhecerem a terra que receberia o rei e seu grupo. Segundo alguns arqueólogos, os navegantes poderiam ter sido homenageados pelos sete moai de Ahu Akivi, os únicos na ilha que olham para o mar, justamente em direção à Polinésia. No final de sua vida, o rei dividiu a ilha entre seus filhos que formaram a base das principais linhagens e territórios da ilha. Mais tarde, Hotu Matu'a tornou-se deus da ilha e seu protetor. Dizem os nativos que se uma linha reta for traçada na direção noroeste, daria exatamente no lugar onde esteve localizada a Ilha de Hiva - que sumiu do mapa...

Seguimos para as cavernas Ana Tepahu, uma das maiores de Ilha de Páscoa. Pode-se entrar com lanternas e chegar até a outra boca a 150metros. Ainda, fomos às crateras Puna Pau, onde se esculpia a parte superior dos Moai, de cor avermelhada, que recebe o nome de Pukao (penteado típico – cabelo amarrado sobre a cabeça), sendo que eram destinados a determinados moai como sinal de nobreza, podendo pesar até onze toneladas.

O amanhecer em Rapa Nui é uma mistura de ares do Pacífico com os da fazenda. O som da passarada é variado e ao fundo ouve-se galinhas e galos e grilos cantando. Em toda parte da ilha há eqüinos e bovinos soltos, aludindo à uma época em que a liberdade era original.

No último dia do ano, logo pela manhã, iniciamos um tour pela rota dos moai, visitando Vaihu, repleta de estátuas que se encontram tombadas de cara ao solo. Ainda, Akahanga, ruínas em estado natural onde foi enterrado o primeiro rei da ilha. Após, seguimos para Ahu Tongariki, um dos maiores centros cerimoniais que existiu na ilha, com 15 moai com peso médio de 50 toneladas cada um, esculpidos no século XII. A plataforma, de quase duzentos metros, é construída em dois níveis. O primeiro, mais baixo, é um canteiro de pedras redondas cuidadosamente dispostas. Acima, a base maior, o altar propriamente dito. Foi destruído em maio de 1960 por um maremoto e recuperado por uma empresa japonesa de construção de gruas que viu nas estátuas gigantescas o melhor meio para fazer publicidade de seus produtos. Apenas uma das figuras está com o pukao. Mas é possível que um dia, todas elas estiveram cobertas. Ao lado do altar, encontramos vários blocos de rocha vermelha e porosa. São os pukaos dos outros moais.

Seguimos para a cratera do vulcão Rano Raraku, conhecido como “fábrica dos moai”, onde os antigos rapa nuis esculpiam, com pedras pontiagudas de basalto, muito farto na ilha, as gigantes estátuas a partir da rocha do vulcão. Nela é possível apreciar os diferentes estados de construção dos moai. O maior deles, Paro, ainda continua sem desprender-se da base, com 22 metros e um peso próximo de 200 toneladas. O moai Tukuturi, que supõe-se ser o mais antigo da ilha, chama a atenção por ser diferente dos demais. Atarracado e com pernas dobradas, é o mais parecido com a figura humana.

Os tamanhos dos moai são diversos e não existem duas estátuas iguais, embora sejam esculpidas no mesmo feitio estilizado: têm a sua base ao nível da cintura, com braços rígidos pendentes e mãos estendidas com longos e finos dedos, sobre um abdômen proeminente. As cabeças são alongadas e retangulares, com grandes e pontudos narizes, pequenas bocas com lábios finos, queixos salientes e os lóbulos das orelhas alongados.

Debaixo de alguns moai foram encontradas tumbas individuais e coletivas.

Segundo os nativos, nos altares os moai representariam o Mana, espíritos de chefes e sacerdotes ancestrais, e eram erigidos na terra de cada clã tribal, que eles protegeriam, razão pela qual quase todos olham para o interior da ilha. Os sábios estudavam os astros e lhes indicavam o que deveriam fazer: quando deitar as sementes, quando zarpar para apanhar bom peixe ou quando acasalar. Eram também os sábios que decidiam que clã, ou grupo de famílias, dedicar se à agricultura, qual deveria ser pescador ou qual deveria ser construtor de estátuas.

Até hoje funciona na Ilha de Páscoa um conselho de anciãos que participa e opina sobre a política local. Entre outros, os “velhinhos” não permitiram a construção de um resort em Anakena.

Os moai eram esculpidos inicialmente pelo rosto e deitados no leito de lava do lado de fora da cratera. Depois, suas costas eram separadas da rocha, e estavam prontos para ser transportados. Nos seus devidos lugares, as estátuas erguidas num ahu (altar), numa cerimônia chamada “Abertura dos Olhos”, ganhavam olhos, com incrustações de coral e pupilas negras de obsidiana (um tipo de vidro natural, produzido por vulcões quando a lava esfria rapidamente), que ativava o poder.

Na frente das plataformas, um círculo de pedras desenhado no chão indica o local onde ocorria um dos rituais mais importantes da cultura local: a evocação dos espíritos dos sábios mortos.

Com o tempo, começaram a surgir lutas pelo poder. Clãs que não tinham poder começaram a insurgir contra o fato de o poder estar sempre nas mãos dos mesmos clãs, já que era hereditário. Os moai, então, deixaram de representar os mana, mas sim o poder de cada clã. E foi assim que foi crescendo em altura e em peso (os mais antigos, que datam do século VIII, têm altura média de cinco metros e são mais naturais, enquanto que os mais recentes, do século XIII, chegam a ter mais de vinte metros e ao smais estilizados). Cada clã que governava queria deixar um moai maior do que o moai do clã anterior...

Bem, uma coisa é certa. Não é possível relatar com exatidão a sensação de estar defronte de uma dessas estátuas. Têm sempre no rosto a mesma expressão e parecem vigiar os horizontes desde todos tempos, com olhar distante e sereno. Colossais, imponentes, insondáveis... A visão destes monumentos míticos emoldurados pelas águas azuis do Pacífico e por penhascos é quase divina.

 

O grande mistério de Rapa Nui sempre foi como as estátuas foram levadas até seus respectivos ahus, a Km de distância. Para os rapa nuis, os moai levitavam devido a um fantástico poder mental (mana).

A ausência de árvores chama a atenção e pode comprovar a teoria de que eram utilizadas para a confecção de guindastes ou para deslizar as estátuas sobre seus troncos. Os mais velhos ainda falam de como as estátuas “andavam”, “caminhavam” pela ilha.

A teoria mais aceita atualmente é a seguinte:

 

Faziam por debaixo do gigante uma quilha e, uma vez terminado, o amarravam a fortes estacas com cordas, onde grupos de homens seguravam as pontas. Soltavam-no por baixo, deixando-o descer pelas encostas da pedreira, em um corredor de pequenas pedras previamente construído, até uma cavidade especial ao final do corredor. Controlavam sua velocidade de queda através das cordas. Ali a estátua aguardaria o posterior transporte, ereta e apoiada na cavidade. Também neste ponto receberia os acabamentos finais, a exceção dos olhos.

 

"...A Teoria de Transporte de Moais de Pavel-Pavel é baseada na tradição oral rapanui. Ainda hoje podem ser escutadas estas lendas que afirmam que os Moais caminhavam, por força de um efeito mágico, desde o vulcão Rano-Raraku até o Ahu que iria locar. A teoria prevê um intricado sistema de cordas (cabos de fibras trançadas) amarradas na cabeça e na parte inferior do Moai. Várias pontas de cordas ficariam soltas. Dezenas de pessoas formariam dois círculos concêntricos em torno do Moai ereto. Cada grupo de várias pessoas ficaria responsável pela sua respectiva ponta de corda. De forma sincronizada e com grande organização, com a ajuda do sacerdote, seus cânticos e a energia mana, ao som de hinos especialmente feitos para esse trabalho, alguns grupos, puxando as cordas, se preocupariam em inclinar o Moai lateralmente e os demais grupos forçariam o avanço frontal do lado levantado. Em uma nova fase inclinariam para o outro lado e mais um avanço frontal. Com isso o Moai se deslocaria alguns centímetros gerando a impressão de que o gigante estaria andando. Este procedimento, repetido inúmeras vezes, garantiria a viagem do Moai da pedreira do Rano-Raraku até seu respectivo Ahu, onde este estivesse na ilha. Em outras palavras, os Moais eram transportados usando a mesma técnica que uma dona de casa utiliza para deslocar sua geladeira de um canto ao outro da cozinha. Em meados da década de oitenta (deste século), Pavel-Pavel testou sua teoria utilizando vários voluntários selecionados na própria ilha e obteve sucesso. Todo o evento fora supervisionado pelo antropólogo Thor Heyerdahl."

 

"...Em relação a colocação dos Moais em cima dos Ahus, o processo era ainda mais simples: A estátua "caminhava" até seu Ahu, coberta de junco e toda amarrada por cordas, ereta por ação dos Hanau-eepe transportadores. Ao chegar defronte ao Ahu que iria locar, davam meia volta, deixando agora a estátua de costas para o Ahu, contudo bem próxima. O próximo passo era deitar o Moai com a barriga para baixo. Se o Moai possuísse Pukao, este era então amarrado na cabeça da estátua neste momento. Continuando, várias toras de madeira eram usadas como alavancas. A cada centímetro levantado, pedras pequenas seriam colocadas embaixo do Moai. Esta operação era repetida até que o Moai ficasse na altura do Ahu, com uma pequena montanha de pedras debaixo de sua barriga. A partir de então, outras pedras eram colocadas embaixo do Moai fazendo com que o gigante rotacionasse de noventa graus ficando novamente ereto, agora em cima do Ahu. Uma vez desamarrado e com os juncos retirados, a estátua estava pronta para receber os olhos e a Cerimônia para Entronização de seu Mana."

 

Um importante local é Te Pito Kura (umbigo do mundo), uma pedra altamente mineralizada (ao colocar-se uma bússola sobre a pedra, ela não consegue encontrar o norte, rodando tresloucada) onde os sábios colocavam as mãos para recolher as energias necessárias.

Após o almoço, chegada em Anakena, a única praia própria para banho, com suas areias finas, proporcionam segurança aos banhistas, diferente das outras praias, repletas de enseadas rochosas e fortes ondas.

Foi na praia de Anakena, diz a lenda, que começou a colonização da ilha, pelo rei Hotu Matu’a. Datações radiocarbônicas (método EMA (Espectrometria de Massa com Acelerador)) – obtidas através de amostras de carvão e de ossos de golfinhos – que serviram de alimento para seres humanos – extraídas das mais antigas camadas arqueológicas, oferecem prova de presença humana na praia de Anakena, estimando-se a primeira ocupação em Páscoa em algum tempo antes de 900 d.C.

Lá está um belo grupos de moais, o Ahu Naunau, que dizem representar a família do ariki (rei).

Há, ainda, a praia Ovahe, muito bonita, com areia rosada e boa para mergulho recreativo.

Acreditávamos que à noite seria apenas sair do hotel e procurar um lugar para passar o reveillon. Decidimos ir para o “restaurante da brasileira”, que, dizem, estaria “bombando”. Um casal de conhecidos mineiros, atualmente residentes em Santiago, nos informaram que já haviam ligado para lá, mas não havia mais vagas. O valor era US$100 por pessoa! E assim foi em todos os outros restaurantes. O valor mais em conta era US$60, mas também não tinha vaga. A solução foi procurar qualquer lugar que tivesse uma mesa e algo para beber. Mas isso também não era tão simples. Muitos locais estavam lotados. Fiquei sem saber de onde surgiu tanta gente! Acabamos ficando em um pub da rua principal, muito charmoso e com uma piña colada deliciosa... Uma noite muito agradável...

No primeiro dia do ano de 2008 fomos brindados com uma visita ao centro cultural de Orongo, que possui uma linda vista para 3 ilhotas: Motu Kao Kao, Motu Iti e Motu Nui. Situa-se acima da cratera do vulcão Rano Kao, a 300 metros sobre o nível do mar. Era onde se realizava a cerimônia do homem pássaro ou Tangata Manu, numa segunda fase na vida da ilha, por volta do século XV. O centro político religioso se mudou para essa aldeia. Ali há 53 casas que formavam a aldeia e milhares de pinturas rupestres, com imagens de Tangata Manu, do deus criador Make Make e de Komari (símbolo da fertilidade).

Com as desmedidas exigências de construções dos moai, um excessivo aumento da população, que chegou em quase 15.000 habitantes, uma combinação entre a super exploração do meio ambiente e catástrofes naturais, como prolongadas secas, conduziu a uma ampla crise ambiental, cultural e social.

A falta de árvores, devido ao transporte dos moai, a construção de canoas e derrubamento para abrir espaço para as lavouras, levou à erosão e ao esgotamento das fontes de alimento. Significou que não puderam fazer mais canoas, o que restringiu a pesca em alto mar. Sem canoas, não podiam locomover-se para outras ilhas. Os Rapa Nui se encontraram prisioneiros num meio ambiente que se degradava.

Todos esses fatores resultam em menos fontes de alimento. Além do que, a chuva, infiltra-se rapidamente no solo vulcânico e poroso da ilha. Há, portanto, limitação de água potável. Somente com muito esforço os insulares obtêm água suficiente para beber, cozinhar e cultivar.

Uma guerra iniciou. A terra e as aldeias inimigas foram tomadas e destruídas. Os santuários cerimoniais foram profanados e as estátuas tombadas para que estas, segundo a crença, parassem de emitir força para seus respectivos povos. Era uma luta fratricida, tendo a ilha estrado em colapso, sendo que até canibalismo existiu.

Dizem que se teve a idéia de substituir a guerra por competições. E se passou à fase do Tangata Manu, ou Homem Pássaro. As competições aconteciam em Orongo, ponto de onde os homens saltavam para o desafio de Tangata Manu Rano Kau. Era um ritual anual para o deus Make Make. No Motu Nui, a aproximadamente 1600 metros da costa, uma espécie de gaivota chamada "manutara" construía o seu ninho. Jovens selecionados dos clãs deviam passar por muitos obstáculos como: descer de um penhasco com mais de 300 metros de altura, nadar quilômetros pelo mar infestado de tubarões, apanhar um ovo do ninho de tal ave migratória, nadar de volta à ilha, escalar o mesmo rochedo e, regressando com o ovo intacto, ainda tinha que ser o primeiro a apresentar o ovo aos anciões da tribo.

Então, o novo e sagrado homem-pássaro (o mais respeitado membro da comunidade), reinaria na ilha até o ano seguinte. Pintado de branco e vermelho era coberto de regalias e obtinha privilégios econômicos para todo o seu grupo. Ainda lhe era oferecida uma virgem, também escolhida em competição.

Desta maneira, os Rapa Nui mudaram de religião, adotando um novo deus criador, Make make, e rituais baseados na fertilidade. O poder hereditário foi substituído por status adquirido.

A última cerimônia teria acontecido em 1876, quando missionários católicos proibiram o ritual.

Todo ano, acontece o festival Tapati Rapa Nui – festa que comemora uma das mais fascinantes culturas do mundo. Tapati significa semana em rapanui, mas a festa já dobrou sua duração inicial. Esse ano será realizada no período de 01 a 15 de fevereiro. Foi criada para lembrar e preservar as tradições culturais genuínas da ilha. Trata-se de uma gincana com a participação unânime das famílias que, em grupos de clãs, realizam uma série de provas para somar pontos às suas candidatas. O objetivo final é a eleição de uma jovem rainha, recordando a antiga escolha da virgem oferecida ao Tangata Manu. As equipes passam por várias provas esportivas e culturais, como a exibição de grupos de dança folclórica, concurso de pintura corporal e disputa entre artesãos na escultura de pequenos moais. Uma das provas mais empolgantes acontece nas bordas do vulcão Rano Raraku, onde jovens disputam uma espécie de "triatlon" que une a travessia a nado do lago vulcânico, voltas completas na cratera e uma corrida com pés descalços e dois cachos de bananas nas costas.

Após, seguimos em direção ao vulcão Rano Kao, cuja profunda cratera com exuberante vegetação contém um extenso lago de água coberto de totora.

Olhando para as lagoas da cratera do vulcão Rano Kau ou olhando a imensidão sem fim do Pacífico, uma coisa é certa: estar em Ilha de Páscoa é ficar longe de tudo e de todos e, de alguma forma, mais próximo de nós mesmos.

Dirigimo-nos para Ahu Vinapu, interessante arquitetura que recorda os Incas devido à perfeição dos cortes e localização das pedras. Mais adiante, Ana Kai Tangata, caverna onde os nativos se refugiaram em épocas de guerra e onde se pode apreciar inúmeras pinturas rupestres.

No dia 02 saímos para conhecer Hanga Roa, a única região habitável de Páscoa. Conta com hospital, com serviço de urgência para turistas. Possui hotéis, restaurantes, bares e serviços como correio, banco, internet, cabines telefônicas, revelação digital, Mercado Artesanal e Feira, locadoras de motocicletas (US$ 17) e veículos (US$ 60) e lojinhas. O povo brasileiro é bem visto no exterior. E quando se cita um local no Brasil, Rio de Janeiro é sempre o primeiro da lista. Átila, por ser carioca, embora, com todo seu sotaque cheio de x, afirme ser mineiro, ganhava até descontos nas compras de camisas. É estranho, mas os souvenirs de rapa nui são mais caros lá que em Santiago. Para exemplificar, uma camisa custa 10.000 pesos (20 dólares). Na principal rua, Policarpo Toro, fica o centro de informação turística Sernatur. A única igreja que existe na ilha é católica e a missa, aos domingos, pela manhã, é realizada em idioma rapa nui. Embora a igreja tenha sucumbido aos antigos cultos, é possível conferir em seu interior estátuas esculpidas em madeira daqueles deuses de outrora ao lado das tradicionais imagens católicas. No vilarejo há muitos cachorros, a grande maioria, pastor alemão. Até brincava que o que não era pastor alemão era vira-lata.

Quase nove horas da noite, resolvemos assistir o pôr-do-sol no Ahu Tahai, centro cerimonial que reúne testemunhos da cultura Rapa Nui em seu apogeu. O primeiro grupo corresponde ao Ahu Vai Uri. Em frente a esse conjunto se encontra a praça usada para reuniões cerimoniais e religiosas e restos de uma "casa-bote" (hare paenga). Contíguo a uma rampa de pedra está o Ahu Tahai. Mais adiante está o moai solitário Ko Te Riku, que possui pukao e olhos. Simplesmente o mais bonito pôr-do-sol que já havia presenciado. O cenário de mar azul pacífico e moai faziam com que aquele momento fosse inesquecível. Estendemos uma canga na grana e apreciamos a paisagem tomando Amarula. Vida difícil, viu?

Quem vai a Rapa Nui não pode deixar de contemplar as estrelas, pois ficará assombrado com a nitidez do céu de lá.

Percebemos que seria imperdoável ir à Ilha de Páscoa e não mergulhar. Lá existem duas operadoras de mergulho: Orca e Mike Rapu (mique, e não maike). A mais antiga, Orca, fora fundada por um integrante do grupo de Jacques Cousteau , que se apaixonou por uma nativa e abandonou o Calypso e seu comandante. Hoje, quem dirige a operadora é seu irmão, que se mudou para lá logo depois, na década de 60, enfeitiçado por suas histórias. A outra pertence a um mito local. Mike Rapu, nativo da ilha, foi várias vezes campeão chileno e sul americano de caça-sub. Mike participou de dois campeonatos mundiais, sendo recordista de apnéia com lastro constante, com a marca de 77m. Escolhemos a história e a simpatia dos nativos e, no dia 03, às dez da manhã, dirigimo-nos para um mergulho, através da agência Mike Rapu Diving Center, que possui excelentes equipamentos e são bem atenciosos. Apenas cinco minutos de barco e chegamos ao local. E foi ali, para mim, o momento mais emocionante dessa viagem. Quando, já dentro d´água, olhei para baixo não acreditei no que via. A água era muito, muito azul, e límpida, transparente... Eu via, com nitidez, a areia branca ao fundo. Desci e vi lindo corais, inúmeros peixes coloridos e até uma moréia! A vontade é de não subir à superfície. A sensação é indescritível. Ilha de Páscoa possui uma das águas mais claras do mundo. A visibilidade chega a inacreditáveis oitenta metros. O valor médio é de US$ 70,00, incluindo equipamentos básicos. Caso queria as fotos do mergulho, o CD, com aproximadamente 30 fotos, sai por 20 dólares.

Almoçamos no Restaurante Pea. Vimos tartarugas marinhas (tartaruga verde - Chelonia mydas) se aproximando da praia e chegavam a nadar com os banhistas. As crianças e eu delirávamos.

À noite, fomos ao show do Ballet Cultural Kari Kari, uma apresentação de danças tradicionais. É lindo, contagiante! Os próprios hotéis ligam e fazem a reserva, sendo que uma van busca o turista e o leva de volta ao hotel. Valor: 10.000 pesos ou 20 dólares.

No dia seguinte, resolvemos fazer um novo mergulho, até o moai submerso. Confesso que fiquei um pouco frustrada ao descobrir, pouco antes do mergulho, que o moai não era original. Foi afundado por uma agência de mergulho local (Orca) há três anos. Mas isso não tira a beleza do mergulho. Como era um segundo mergulho, foi feito um desconto e pagamos US$50.

A ida ao Museu Arqueológico Padre Sebastián Englert é imprescindível para compreender a cultura rapa nui. Oferece uma ampla mostra de objetos de sua cultura, incluindo olhos de moai, objeto de pesca, armas e escritas rongo-rongo, sistema de escrita dos povos da Ilha que, apesar de diversas tentativas, ainda não foi decifrado. Funcionamento: Terça a sexta-feira: 09:30 às 12:30 e 14:00 às 17:30hs. Sábados, Domingos e Feriados: 09:30 às 12:30hs. Valor: 1000 pesos ou dois dólares.

À noite, jantamos no Te Ra´ai Restaurant Étnico Rapa Nui, cujos donos são um rapa nui, casado com uma brasileira, Rose, simpaticíssima que nos recebe ao descermos do carro. É preciso reservar, pois não é todo dia que o restaurante abre. O valor é 50 dólares por pessoa, com translado. Inclui pisco (aguardente da uva), água, vinho, jantar, show de danças típicas e apresentação da cultura rapa nui, como o Kai Kai (jogo individual que consiste em formar diversas figuras entrelaçando um barbante com as mãos. A cada figura se recita uma história, um conto). Lá é preparado o Curanto, conhecido como comida típica da Ilha de Páscoa. A preparação dele segue um ritual ligado às tradições da Ilha. Os rapa nui cavam um buraco na terra e nele põem pedras aquecidas sobre as quais depositam, em camadas separadas por folhas de bananeiras, ingredientes como peixes, carne vermelha, frango, abóbora, batata doce e outras especiarias locais. Fecha-se com pedras também. Na seqüência, os nativos fazem uma festa ao redor dessa estranha panela num ritual que inclui dança e cantiga. Depois de quatro a cinco horas de cozimento, lá está nosso alimento. O tempero do peixe, porém, deve ser colocado depois. Sem dúvidas, uma experiência única.

No dia cinco, acordei um pouco triste. Era dia de ir embora. Aproveitei minha última manhã na “praia particular” próximo do hotel. Enquanto eu tomava sol, admirando o mar, uma senhora de branco, eis que é enfermeira, recolhia o lixo deixado pelos turistas. Após, sentou ao meu lado e começamos a conversar. Os nativos conhecem bem sua história e conversar com eles, no mínimo, resulta em um aprendizado ímpar. Achei interessante que quando disse que vinha do Brasil ela relatou que acredita ser um país belíssimo, mas que, sem dúvidas, sua maior riqueza era seu povo, pois o que faz um país são as pessoas, é o que um lugar tem de maior valor.

 

Uma dica: é necessário se organizar para não gastar muito com alimentação, que, no geral, pode sair caro. Em alguns restaurantes o preço do prato chega a mais de 30 dólares. Mas há até fast food. Para mim, o melhor restaurante da ilha é um restaurante francês no porto, ao lado das agências de mergulho. Caro, mas com ótima comida local e francesa. Indico também O bote do mundo, nome, porém, em francês, que fica próximo à orla. Para bolsas menos desprovidas, o Pea, na varanda sobre o mar, tem excelentes pratos e baratos, inclusive carne de boi, batata e ovos, para lembrar do Brasil. Seguindo a rua do Pea, há outro, à esquerda, muito charmoso e com bons preços também. Outra dica é o horário para jantar. A cozinha dos restaurantes da ilha fecha às 22hs! Após esse horário, dificilmente encontrará algo para comer. Até no fast food, depois desse horário, o máximo que conseguirá será batatas fritas. É um hábito estranho, considerando que o sol se põe depois das nove da noite... No Chile, em geral, diferentemente daqui, não há o costume de se sair para beber, bater um papo... Quando sentamo-nos e pedimos uma cerveja, por exemplo, o garçom, insistentemente, pergunta se não desejar escolher o prato...

 

Cumpre-se abrir um parênteses e falar do terceiro período é marcado com a chegada de Europeus e o batizar de Rapa Nui em Ilha da Páscoa data do Domingo de Páscoa de 1772, quando o Almirante holandês Jacob Roggenven desembarcou na Ilha.

A partir de 1774 os europeus passaram a visitar a ilha continuamente. O capitão de um barco que ancorou em 1830 descreveu os nativos locais como: “de pele acobreada, atléticos, altos e bem feitos. Não vi nenhum (homem) com menos de 5 pés de estatura e medi um que tinha 6 pés … As mulheres e alguns homens têm a pele mais clara. Seus corpos são mais longos e os quadris mais estreitos do que os das européias; mas seus membros, pés, mãos, olhos e dentes são bem feitos e bonitos. Os homens também têm boa dentadura… Da cintura para baixo, pela frente e por trás, as mulheres são mais atraentes e muito bem tatuadas…”

Porém, o impacto da presença de “homens do outro lado” entre os primeiros habitantes de Páscoa foi o mesmo de tantas outras expedições européias: doenças e escravidão , culminando, em 1872, no mais baixo índice populacional da história do lugar, que ficou com apenas 111 ilhéus. Em 1888 o governo do Chile anexou a Ilha de Páscoa ao país, mas somente em 1966 seus habitantes passaram a ser cidadãos chilenos.

 

O fato é que depois de sete dias na ilha já me sentia quase que moradora do local. Com dicionário rapa nui (12.500 pesos) na mão, já sabia até algumas palavras dessa língua. Com meus traços, era quase uma nativa... risos...

 

Por tudo que vi, posso afirmar: este lugar é mágico! A imagem da natureza selvagem e os aspectos ainda misteriosos da cultura Rapa Nui formam um cenário impressionante e inesquecível.

Meus colegas de trabalho tinham razão ao temerem que eu não retornasse. Esta ilha encanta a ponto de desejarmos não sair dela. Mas algumas coisas me fizeram retornar: família, amigos, trabalho e o fato de, como diz um amigo, eu “ter rodinhas”. Ainda existem muitos lugares para conhecer. Daqui uns dias, no carnaval, Patagônia Argentina que me aguarde!

Se me perguntarem a nota, de 0 a 10, para essa viagem, pela geografia rodeada pelo Pacífico, pela cultura e conhecimento, pelas belezas naturais, pela cordialidade do povo e ótima companhia, minha resposta é 11...

Sou simplesmente apaixonada pelas belezas do Brasil. Mas ao procurar um destino, não há como não pensar no Chile. É um país de contrastes. Terra de oceanos e lagos, vales férteis e de altas montanhas; de ilhas misteriosas, desertos e litoral... de poesia e excelentes vinhos. E se pode desfrutar dessas maravilhas e ainda contar com a cordialidade do povo chileno. É um país que, com certeza, não se pode deixar passar a vida sem conhecer. E se esse ponto isolado no meio do oceano Pacífico ainda não estava no topo da lista de prioridades de destino, é bom saber que em Rapa Nui se encontra uma terra enigmática e fascinante, cheia de lendas e tradições, que fica para sempre na memória e no coração de quem se aventura a descobri-la.

Espero que essas informações tenham servido para despertar o interesse em conhecer pessoalmente a ilha, um verdadeiro museu a céu aberto, onde as luzes noturnas ainda são fracas e não ofuscam o brilho de todas as estrelas do céu; onde o McDonald's não chegou e, se depender do Conselho de Anciãos, nem vai chegar; onde a crença na força do passado ainda é mais forte do que a reverência aos estudos científicos; onde os descendentes dos nativos têm a posse legal de toda a terra livre existente, com exceção das áreas de parque, sendo vetada a venda para estrangeiros (é permitido somente o aluguel de casas e arrendamento de terra). Ah... só uma lembrança... O lugar é considerado sagrado, além de precisar ser preservado, sendo que é imprescindível obedecer a algumas regras de comportamento, como nunca subir num Ahu para tentar uma foto mais bonita, sob pena de levar um belo puxão de orelha dos guias locais.

 

Acho que de tanto eu dizer que não queria ir embora, os céus resolveram me dar mais um tempinho na ilha. Enfrentamos um atraso de oito horas no retorno para Santiago. Chegamos ao hotel mais de quatro da manhã do dia 06. Nesse dia aproveitamos para fazer compras de vinhos. Comprei dez vinhos, um whisky Jack Daniel´s e um pisco! Isso foi um problema no aeroporto ao descobri que a franquia era de apenas 20Kg de bagagem. Estava com 12Kg de excesso! Retirei algumas coisas e coloquei em bagagem de mão e acabamos pagando 6 Kg de excesso. Cada quilo é US$ 6... Mesmo assim, compensou, pelo valor dos vinhos... Após o embarque, percebi que, embora um pouco mais caro que nos mercados, vale a pena comprar vinhos no Duty Free ou lojas do aeroporto.

Chegamos em São Paulo pouco mais de meia-noite e, sem reservar hotel, fomos à procura de um. Depois de várias tentativas, encontramos.

No dia 07 de janeiro, no início da tarde, chegamos a Belo Horizonte e voltamos à realidade. O difícil foi a primeira manhã. Meu vizinho estava reformando o apartamento e acordei ao som de furadeiras. Desejei voltar para a paradisíaca Ilha de Páscoa...

 

Bem, resumidamente (risos), é isso!

 

FOTOS PODEM SER VISTAS NO SITE: montanha.bio.br

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  • 4 semanas depois...
  • Membros de Honra

Olá Geni!

 

Simplesmente FANTÁSTICO!!!

Aproveitei o feriado de carnaval (que há muitos anos não tinha) e fui passar uns dias em Curitiba... Bem, no avião tinha uma revista que abordava uma matéria sobre a fantástica Ilha de Páscoa!!!

Fiquei tão impressionado com a matéria a ponto de programar uma viagem para a Ilha em 2010. Agora com todas essas informações suas, creio que tenha que antecipar a viagem, hehehe...

Adorei o que escreveu, é cultura pacas e muita dica... Com certeza vou aproveitar todas!!!

 

Um grande abraço :wink:

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  • 4 semanas depois...
  • Membros

Quanto ao pacote, montei tudo aqui do Brasil através da empresa Adventure Club (http://www.adventureclub.com.br/). Meu contato à época era Karina, que já saiu da empresa. Agora você pode contatar o Thiago. Disse o que queria (dias em Santiago e na Ilha de Páscoa, com passeios incluídos) e eles montaram para mim. Geralmente eu mesmo monto minhas viagens, reservando tudo em separado, mas essa saiu mais em conta pela agência e como eu tinha poucos dias disponíveis não poderia correr o risco de deixar para reservar em cima da hora...

 

Valor do pacote:

 

Cotação do dia (fechei em outubro de 2007, para viajar no final de dez/07): 1,94

 

Valor do pacote: US$ 1.692,00 + US$ 12,00 Txs Segurança + US$ 88,30 Txs Aeroportuárias

Valor para o casal: US$ 1692,00 x 2 pessoas = US$ 3384,00 x 1,94 = R$ 6564,96

Valor das taxas para o casal: US$ 12,00 + US$ 88,30 = US$ 100,30 x 2 pessoas = US$ 200,60 x 1,94 = R$ 389,16

 

O valor do pacote poderia ser dividido em 10 vezes sem juros, sendo 25% de entrada.

 

A empresa que faz o trajeto Santiago-Ilha de Páscoa é a Lan Chile e o valor ida e volta, dependendo da época, pode ficar em torno de 500 a 600 dólares, com taxas.

 

Abraços!

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  • 2 semanas depois...
  • Membros

Nossa Geni adorei seu relato!!!!

No próximo final de semana farei uma viagem de 15 dias Peru - Chile. Aproveitei muito suas dicas de lugares para conhecer em Santiago e deu pra montar um roteirinho bem legal!!

Fiquei curiosíssima para conhecer a Ilha de Páscoa, mas infelizmente não será possível desta vez!

Valeu!

 

bjão

 

Thaís

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  • 2 meses depois...
  • 1 ano depois...
  • Membros

Estive na Ilha em outubro/2010. Desde criança eu sempre fui fascinado por esse lugar. Havia um jogo de videogame do Tio Patinhas (Ducktales, acho que para Megadrive ou Nintendo) em que uma das fases era passada no “continente perdido” de MU (um suposto continente que, segundo a lenda, “afundou” e do qual só sobraram os pontos mais altos que hoje formam as ilhas polinésias, Ilha de Páscoa, Taiti, etc.). Tinha férias vencidas e meio que fui intimado a tirar logo, aí pensei “já que preciso sair de férias, vou pra onde sempre quis e nunca parei pra ir de verdade: Ilha de Páscoa”. Comprei pra ir sozinho, meu irmão se empolgou e comprou também (uma amiga também chegou a comprar, mas teve problemas e não pôde ir). Enfim, embarquei para a ilha que há muitos e muitos anos queria conhecer e só pesquisei algumas coisas, como hostel, um pouco da história das estátuas e da cultura da ilha e coisas como se havia caixa eletrônico, quanto levar, como pagar, etc. Sou adepto de “ir na raça”, chegar no local e descobrir por lá mesmo o que é bom.

 

Confesso que a história da Geni (que abre esse tópico) me ajudou demais em muitos pontos, e espero poder contribuir para ajudar a viagem de quem mais se aventurar a conhecer o ponto habitável mais isolado do planeta. Seriam 5 dias na Ilha. Pouco, mas era o que dava, pois a viagem foi planejada muito em cima da hora (3 semanas entre comprar a passagem e embarcar).

 

Comprei passagens pelo SubmarinoViagens. As opções eram boas, mas o site é um tanto confuso: eu comprei às 10h da manhã e meu irmão comprou às 22h, mas conseguiu pagar quase R$ 600 mais barato!!!!!! Coisas inexplicáveis que não podem e não devem desanimar quem viaja. O voo era todo via LAN e fez escala em Santiago, com uma espera de umas 8h no aeroporto, mas valeu a pena. Saímos de Santiago pela manhã e por volta do meio-dia já estávamos na Ilha (dava pra ver o vulcão pela janelinha!).

 

Reservei o hostel pelo hi-hostel, chama-se Kona Tau e é um bom lugar pra ficar. O pessoal é simpático, e recebe os hóspedes logo no aeroporto com colar de flores. Quem nos recebeu foi uma bonita chilena de Santiago chamada Joana. Já no hostel, nos ofereceu sucos, deu algumas dicas de passeios e indicou um estúdio de tattoo muito bom, tudo enquanto fazíamos o check-in – e quando começou a chover.

 

Fomos almoçar no restaurante ao lado das escolas de mergulho, sobre a pequena baía em frente ao campinho da cidade (era domingo à tarde e rolava ali o clássico local, com uma arquibanda lotada de umas 50 pessoas – futebol não é o forte deles). O restaurante era muito caro, mas pelo menos experimentamos a cerveja local da ilha (meu irmão curtiu, eu não). Aí a chuva apertou.

 

Pra não perder o dia por causa da chuva, saímos e alugamos um jipinho barato, compramos um CD com as músicas (“top hit parade Rapanui 2009”, hahahaha) locais cantadas no idioma nativo (rapanui), pegamos um mapa e uma australiana que chegou no mesmo voo e fomos desbravar a costa leste da ilha, até o vulcão onde os moai eram esculpidos. Não deu pra ver muita coisa por causa da chuva, apenas algumas ruínas de estátuas pelo caminho e uma panorâmica do vulcão (e do Tongariki, mas de longe), mas esse rolezinho pelo menos ajudou a “mapear” a ilha e, assim, nos dias seguintes foi bem mais fácil chegar a todos os lugares interessantes.

 

#DICA_1: alugue um carro. A ilha não é grande, mas não dá pra fazer a pé (a não ser se vc for passar uns 20 dias lá).

 

A moeda oficial é o peso chileno (mais ou menos 4 mil pesos equivalem a R$ 1), mas quase todo lugar aceita dólar (acho que só um supermercado não aceitou). Mas quase tudo fica um pouco mais caro em dólar, então é melhor levar peso chileno (em SP tem um banco num prédio ao lado do shopping Iguatemi que vende a preço justo). Definimos então um mantra que levarei para todas as viagens: quem converte não se diverte. Não é todo lugar que aceita cartão (o hostel não aceita, apesar de ser necessário passar o número pra garantir a reserva; locadoras de carros e alguns restaurantes aceitam). Só há 1 caixa eletrônico na ilha, e não dá pra sacar com Visa, só com Mastercard (lembrei da musiquinha “voei de balão” do Viajante Mastercard, hahahahaha).

 

#DICA_2: leve peso chileno, pagar em dólar sempre fica mais caro.

 

Pensamos em ir ao museu já que chovia, mas todos os prédios públicos estavam fechados. Estava rolando uma ocupação dos nativos (rapanui), por causa do feriado local (da ilha), e todas as bandeiras do Chile foram retiradas e colocadas as bandeiras da Ilha em seus lugares. Conhecemos o centrinho, algumas lojas, as escolas de mergulho (mergulharíamos em alguns dias) e não lembro mais o que eu fiz. Lembro apenas que fiquei meio frustrado por não ter visto os grandes moai ainda. À noite, fomos tomar cerveja e comer um peixe num botequinho bem ajeitado no fim da rua principal (não lembro o nome, mas tinha banners da Heineken). Indicação da Joana.

 

#DICA_3: Experimente todos os sabores de empanadas que encontrar. São assadas e é uma melhor do que a outra. E finalize com a empanada frita vendida ao lado das escolas de mergulho.

 

Segundo dia, tempo ainda não abriu, mas a chuva cessou, então vambora para o vulcão Rano Raraku – devagarinho, margeando a mesma costa do dia anterior e parando para ver os principais moai. Aí sim, fomos surpreendidos e recompensados!!! As estátuas são fenomenais, uma melhor e maior do que a outra... São quase 1000 espalhadas pela ilha, cada uma de um tamanho, e todas de costas para o mar (exceção ao Ahu Akivi, logo mais eu explico). Só aos pés do vulcão Rano Raraku são centenas de estátuas, inteiras, quebradas, de pé, caídas, grandes, pequenas, algumas gigantes ainda cravadas na parede da montanha. O lugar é um espetáculo. E dá pra entrar na cratera, onde há mais outra centena de moai e um belo laguinho – e o sol ali castiga, bom passar protetor.

 

#DICA_4: como diria o Pedro Bial, “use filtro solar”. Na ilha venta demais, então você não percebe que o sol está queimando porque a pele não esquenta. Mas, acredite, você está tostando no sol praticamente o tempo todo. Afinal, aquilo é um pontinho de terra no meio do Pacífico que mistura sol escaldante, tempestades e muitos (muitos mesmo) ventos.

 

De frente para o Rano Raraku está, na minha opinião, a mais bonita paisagem da Ilha de Páscoa (e um dos lugares mais bonitos que eu já vi no mundo): o Ahu Tongariki, um ahu (uma espécie de “altar”) com 15 moai gigantes de costas para uma baía linda e encarando o vulcão. Bota no Google Imagens pra ter uma ideia do que é isso. Mas tem que ir lá pra ver... Não conseguimos voltar pra ver o sol nascer por detrás do Tongariki porque choveu nas manhãs seguintes, mas todos disseram que é fantástico. Um dia eu volto lá pra ver. Pra terem uma ideia, todos os dias nós paramos um pouco em frente ao Tongariki, fosse indo para algum vulcão, praia ou outra atração ou voltando. O lugar merece.

 

#DICA_5: Acorde cedo num dia limpo e vá, ainda de madrugada, até Tongariki para assistir ao nascer do sol.

 

Eu não lembro muito bem que dia que fizemos o que, mas basicamente conhecemos toda a parte “transitável” no segundo e terceiro dias. A maior parte do caminho é asfaltada em duas rodovias: uma que margeia toda a costa leste, saindo da cidade (Hanga Roa) até quase o norte da Ilha, e outra que volta do norte (praias de Anakena e Ovale) até a cidade, pelo meio da ilha em direção ao sul.

 

A parte mais ao norte da costa oeste e toda a região noroeste (região chamada Teravaka, com uma montanha de mesmo nome) não tem estradas – apenas uma trilhazinha que não dá pra encarar nem de bike, apenas à pé, e que só um canadense doido do hostel que encarou. É o ponto mais alto da ilha e dizem que o melhor mirante (se bem que a vista do topo de Puna Pau também é show). Nessa área também não tem muita coisa restaurada – tem algumas centenas de ruínas de moai e ahus, pedras vulcânicas e mato. Nem praia tem. A região central também tem estradas asfaltadas até Hanga Roa e até a metade da costa oeste. Ali também tem muita coisa legal pra ver.

 

#DICA_6: adquira logo de cara um mapa oficial da Ilha, para localizar as principais atrações, e o mapa que vc ganha quando compra o ingresso para os parques (para ir aos vulcões, tem que pagar algumas dezenas de dólares, e cada “ingresso” dura de 3 a 5 dias, dá pra ver tudo tranquilo – na verdade, você só usa em Rano Raraku, Rano Kao e Teravaka, os três vulcões). Nele estão bem detalhados os caminhos para chegar às atrações. Ou seja, ande sempre com esses dois mapas pra chegar mais rápido aos lugares mais legais. Um mapa mais meia-boca é como esse aqui: http://fwd4.me/tGm, mas também ajuda. O melhor mapa que encontrei na NET é esse aqui: http://mapsof.net/easter_island/static-maps/png/easter-island-map.

 

No nordeste da ilha fica a península de Poike, com um pequeno ex-vulcão. Porém ali disseram que não vale muito a pena, porque o percurso gasta praticamente o dia todo e lá em cima não tem quase nada – só um buraquinho que a milhões de anos já foi um vulcão e umas poucas árvores endêmicas. Além de ser necessário alugar um jipão 4X4 e não ser nada recomendável ir sem guia. Decidimos que, se sobrasse tempo, iríamos no último dia – mas não sobrou.

 

No outro dia fomos para o sul da ilha, do outro lado do aeroporto, conhecer o vulcão Rano Kao e a cidadela de Orongo. A cratera do Rano Kao é fantástica, mas ali os ventos são quase perigosos, de tão fortes. É importante sempre tomar cuidado e não chegar muito na beira – os ventos empurram com força lá em cima. Orongo era uma espécie de “cidade-alta” da ilha há milhares de anos – porém mais recente que as culturas que criaram os moai. A história diz até mesmo que existiam algumas guerras entre os povos de Orongo e os do resto da ilha. Ali era realizada a cerimônia do homem-pássaro (vale subir na plataforma da premiação final e encarar, lá de cima, o infinito de céu e mar e mais nada à sua frente, dá uma sensação meio doida). Esse povo morava numas casas parecidas com as dos Flintstones, e em algumas dá pra ver por dentro. Muito legal. Em volta do Rano Kao tem alguns moai e ahus indicados pelo mapa também, vale a pena pelo menos parar pra conferir.

 

Enfim, passamos 4 dias explorando cada canto da ilha, entrando em cavernas, vendo moai, conhecendo praias, tomando cerveja e comendo empanadas. Vida boa! Vale conhecer as praias do norte e passar o dia lá. Anakena é praia praia mesmo – não se compara com as praias do Nordeste brasileiro, claro, mas ter um ahu (Ahu Nau Nau) com 5 moai no meio da areia, de frente para o quiosque, é por si só uma coisa única. Anakena é a praia da balada, com algumas barraquinhas, uma ferinha de artesanato e todo mundo entrando no mar e curtindo o sol. A estrada principal, que passa no meio da ilha, parece que só existe para ligar Hanga Roa à Anakena (de carro dá uma meia hora ou menos). Ali no norte, perto de Anakena, está o Te Pito O Te Henua (“O umbigo do mundo”), onde tem umas paradas magnéticas estranhas. Leve uma bússola e confira. Outra coisa legal da ilha são as cavernas (ana, em rapanui). Nenhuma é grande, mas o destaque fica para Ana Kakenga, um pouco ao norte da cidade, ainda na costa oeste.

 

#DICA_7: Deixe para conhecer Ana Kakenga no fim do dia e assista o por-do-sol ali. De preferência depois de curtir a praia de Anakena.

 

Em um dos dias fomos ao tão esperado mergulho. Há duas escolas para isso, uma vizinha da outra. A Rapanui Dive Center foi criada por um ex-tripulante do explorador Jacques Costeau, que ao passar pela Ilha se apaixonou pelo lugar e por ali ficou (ou algo assim, não lembro direito). A outra é de um nativo chamado Mike Rapu (pronuncia-se míque, não maique), um ex-recordista mundial de mergulho em apneia que é uma espécie de ídolo do povo da ilha. Seguindo dica da Geni no começo desse tópico, escolhemos a opção regional e partimos para “el buceo”. SENSACIONAL!!!! Água transparente, instrutor e instrutora atenciosos, água quente (!!). Muito show, parada obrigatória na Ilha.

 

#DICA_8: mergulhe.

 

Acho que falta falar sobre Ahu Tahai, Ahu Akivi e as colinas de Puna Pau. O Ahu Akivi fica na região central e é o único em toda a ilha que está encarando o mar, e não de costas (apesar de ser também um dos raros moai que não estão nas praias nem no pé do vulcão). A explicação da Geni no começo do tópico é tão boa que nem vou me atrever a falar diferente aqui. Vale dar uma conferida.

 

Ahu Tathai é uma área quase em Hanga Roa (a cidade), por isso ali rolam umas tendinhas de artesanato quando faz tempo bom. Preços melhores do que os absurdos cobrados no galpão de artesanato que fica na rua principal e só serve pra tirar dinheiro de turista. Ali está o único moai que ainda tem olhos (foram restaurados). Mas vale mais pelo lugar em si: era uma espécie de antiga “capital” da ilha, dá pra ver as casinhas estilo Flintstones mais “bonitas” e maiores da época, o antigo porto, a pracinha central... Tudo muito bem preservado ou restaurado. O Museu fica entre Tahai e Hanga Roa. Como comentei, estava rolando uma “revolución” e não conseguimos entrar.

 

Penúltimo dia, devolvemos o carro e alugamos duas bikes pra fazer um role mais “denso” pela região central. Destaque aí para Puna Pau, as colinas avermelhadas onde eram feitos os pukaos (os “chapéus” que deixavam os moai ainda mais altos). O lugar é um mirante que oferece boa vista de toda Hanga Roa e do Tahai. Pedalar na ilha é bem gostoso (apenas um resfriado me atrapalhou no começo, mas aí o Naldecom “bateu” e o dia foi produtivo).

 

Depois de Puna Pau, fomos ao estúdio do Mokomae (http://www.mokomae.cl) fazer minha nova tattoo, meu irmão se empolgou e fez uma também. Os nativos não são muitos de socializar com turistas – isso fica mais a cargo dos chilenos que colonizam a ilha – mas ali o cara ajudou a entender um pouco da cultura rapanui (é engraçado ver os nativos conversando em rapanui, a propósito: ninguém entende patavina).

 

Vale a pena ainda: Ana Te Peu (caverna), Akahanga (moai), Vinapu (moai), Te Pito Kura (moai), andar bastante pela cidadezinha, porque tudo é meio espalhado e sem sinalização, mas tem ótimas lojas de souvenirs e artesanato, bons cafés, uns restaurantes escondidos legais e outros nem tanto, opções diversas de empanadas e um monte de coisa pra fazer que não tem no mapa nem nos guias. Na Ilha de Páscoa é importante “desbravar”, parar em cada lugar pra ver o que é, perder uns minutinhos onde houver opções turísticas, mesmo que não pareçam opções turísticas à primeira vista.

 

À noite não tem muita coisa pra fazer, mas dá pra se divertir mesmo assim. Fora esse barzinho que mencionei acima, tem dois restaurantes ali perto, na rua beira-mar (um ao lado das escolas de mergulho e outro um pouco antes), e um terceiro passando as escolas de mergulho, onde acontecem uns shows folclóricos (exemplo aqui

). Na rua principal (onde estão as melhores opções) tem umas lojinhas com mesas na frente que também vendem cerveja e empanadas. Numa delas descobrimos que era a “balada” dos nativos, e ali ficamos a convite de duas chilenas que trabalhavam na loja. Mas lá pela meia-noite uns nativos chegaram e, como na ilha não tem muita mulher, o tempo meio que fechou e achamos melhor ir embora antes de arrumar confusão com os locais. Ao lado do campo de futebol também tem uma tenda com três ou quatro quiosques, mas fecham cedo – nem por isso deixam de ser boa opção para um ceviche com cerveja.

 

#DICA_9: Tudo na ilha é muito caro. As pessoas não exploram o turismo, exploram o turista. E praticamente tudo tem 4 preços: um para locais, um para chilenos, um em pesos chilenos e um em dólar (em ordem do mais barato para o mais caro).

 

No dia de ir embora, uma última passeada pela rua principal e em seguida a dona do hostel nos levou até o aeroporto. Ali vimos a recepção típica de nativos tocando violão, percussão e uma espécie de viola que eles têm lá (não me lembro o nome), logo que os passageiros desembarcaram de um avião que chegou do Taiti (quando chegamos não havia, mas disseram que isso rola quase todo dia).

 

#DICA_10: vocabulário rapanui: iorana (oi ou tchau); maururu (obrigado); ote aha no (de nada); pehe koe? (tudo bom?)

 

O voo de volta seria da Ilha para Santiago e de lá para Lima e em seguida para São Paulo. Acontece que quando chegamos em Santiago descobrimos que o voo Lima-SP foi cancelado pela LAN e nem chegamos a embarcar para Lima, portanto. Muito estresse e discussão no aeroporto e, duas horas depois, conseguimos um voo na manhã seguinte, direto de Santiago para SP, mas a pernoite no Holiday Inn em frente ao aeroporto. Saiu até melhor do que a encomenda. Mas a maior parte dos outros passageiros desse mesmo voo se ferrou e teria que esperar muito mais tempo até conseguir outro voo.

 

Por fim, a Ilha de Páscoa é um dos lugares mais fantásticos que já visitei. Isolado totalmente do mundo, viu crescer ali povos com culturas únicas sem semelhante no planeta. E talvez esse isolamento tenha sido responsável por isso, vai saber. Na volta, baixei o jogo Ducktales 2 pra levar o Tio Patinhas de volta ao continente perdido, entrando pela Ilha de Páscoa. Um agradecimento merecido a quem me inspirou quase 20 anos atrás.

 

Iorana!!!

 

 

::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::

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  • 1 ano depois...
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Pessoal.. estou maravilhado com estes dois relatos.. confesso que salvei nos meus favoritos e os lerei com muita calma.... mas já vi que todas minhas respostas estão aqui.... apenas uma pergunta... a pé não tem como fazer em pouco tempo digamos... mas de bicicleta?? rola?? compensa eu locar uma bicicleta.. pegar meu mapa e rodar a ilha nos locais que tenho interesse?? Abraço!!

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