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O deserto em La Rioja e Catamarca - Argentina


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Oi amigos!

 

A alguns dias cheguei de Córdoba e gostaria de relatar minha aventura pelos desertos da região de La Rioja e Catamarca. Tão pertinho, com vôos diários e diretos a Córdoba e de Córdoba a La Rioja é super tranquilo de ônibus. E o mais legal: do outro lado da Cordilheira dos Andes, fica próximo ao Deserto de Atacama no Chile. Quando se fala do Norte da Argentina, as pessoas logo lembram de Salta! Mais La Rioja e Catamarca também tem um ótimo potencial turístico. Segue meu relato.

Obrigada!

 

Dia 1 - 26/05/13

 

Chegamos a Córdoba as 3 h da madruga e ficamos no aeroporto até as 8:30 h, quando o dia raiou. Sim o dia amanhece bem tarde por aqui nessa época do ano. Trocamos alguns dólares no aeroporto com um cambio de U$ 1,00 por PAR$ 5,23. Depois fomos descobrir que fora do aeroporto esse câmbio chegava a sair por PAR$ 7,50...

Pegamos um taxi do aeroporto até o terminal rodoviário por PAR$ 150,00. Na rodoviária fomos direto ao guichê da Sierras de Cordoba e compramos nossas passagens de ida e volta a La Rioja por PAR$ 900,00. (para 2 pessoas). Ficamos na rodoviária até as 14 h horário da primeira saída do ônibus. Depois em La Rioja descobrimos que as 6 h da manhã passa nessa mesma rodoviária um ônibus da Chevallier que sai de Buenos Aires na noite anterior. Fica a dica!

Almoçamos numa lanchonete na própria rodoviária, compramos umas guloseimas para comer na viagem e seguimos rumo a La Rioja. A estrada é bonita mas chegando no meio do percurso a paisagem de deserto começa a aparecer. Chegamos e La Rioja as 20:30 h e a Silvia (da agencia de turismo Corona del Inca) estava nos esperando na rodoviária. Muito simpática e prestativa, nos levou a agencia onde fechamos o passeio de 4 dias e 5 noites, que incluiria: Parque Ischigualasto, Talampaya e Laguna Brava. Depois de tudo acertado ela nos levou ao hotel (Hotel Plaza) no centro de La Rioja. Bom hotel, antigo e bem confortável. Jantamos em frente ao hotel no Las Pircas um sanduíche maravilhoso. Já pudemos perceber que os preços daqui são bem mais baixos do que da Patagônia...

 

Dia 2 – 27/05/13 - Parque Providencial Ischigualasto - San Juan

 

Saímos as 8:30 h do hotel e o Sr. Jorge, nosso guia/motorista (e agora amigo) desse passeio estava nos aguardando. O café da manhã do Hotel Plaza é MARAVILHOSO!

Colocamos nossas mochilas na Camionete Amarok – Volksvagem cabine estendida e seguimos rumo ao Parque Ischigualasto em San Juan, para conhecer o Valle da Luna. São 3 h desde La Rioja por uma estrada muito boa. Ao chegar no parque notamos um vento quente estranho no ar. Jorge nos disse que era o Viento Zonda, que vem do Pacífico e que quando chega vem com calor e depois muito frio. O pior é que esse vento levanta uma terra e pó terrível, impossibilitando muitas vezes as saídas dos passeios para os parques, por questão de segurança e por não se ter visibilidade boa.

Gelei de medo em não poder fazer o passeio, mas o guarda parque liberou nossa caravana de 3 carros para a saída das 13 h. Comemos umas empanadas maravilhosas na lanchonete do parque, visitamos o museu dos dinossauros na entrada do parque e as 13 h em ponto seguimos com nossa visita. São 40 km que você faz com seu carro próprio, seguindo o carro que leva o guia na frente. O passeio dura em torno de 3:30 h e se faz 5 paradas.

A primeira parada é o El Gusano. Aqui vimos as formações rochosas que constituem o parque. O guia nos mostrou uma folha pré-histórica fossilizada nas entranhas das rochas. A vista que se tem lá de cima é maravilhosa.

A segunda parada é o Valle Pintado, também conhecido como Valle la Luna. Muito lindo. Um antigo rio cortava essa região a muitos anos atras e suas correntezas formaram esses cânions multicoloridos.

A terceira parada é na Cancha de las Bochas. Aqui se faz um pequeno trekking de 10 minutos até a Cancha das Bochas: pedras redondas como bolas de futebol, de vários tamanhos com uma formação geológica curiosa. Acredita-se que uma partícula iônica negativa atraiu outras partículas de cargas opostas até formarem essas bolas. Como são constituídas de uma rocha mais dura das que onde estão inseridas, as rochas mais moles sofreram a ação da erosão e as bolas ficaram intactas. Linda composição...

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A quarta parada é no El Submarino. O local mais alto do parque com uma vista incrível. As formações rochodsas nesta parada são muito peculiares, em forma de taças. O local é um dos cartões postais do parque.

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A quinta e última parada é o El Hongo. Ficamos muito pouco tempo nesta parada, pois o vento Zonda começou a soprar com mais intensidade. Tiramos algumas fotos e retornamos ao carro.

O caminho de volta a entrada do parque costeia um paredão de formação geológica parecida com as que veríamos em Talampaya. Muito bonita a vista, pena que o vento Zonda não nos deixou fotografar tanto quanto queríamos.

Ao sair do parque, seguimos rumo a Villa Union, onde ficaríamos duas noites no Hotel Pircas Negras. Lindo hotel, novo, confortável. Saímos para jantas no Parrilla Restaurant e jantamos super bem um maravilhoso assado.

Voltamos ao hotel e fomos descansar...

 

Dia 3 – 28/05/13

 

Acordamos cedo e depois do café da manhã (mediano) seguimos rumo a Laguna Brava, ao norte com a divisa da província de La Rioja com o Chile, no meio da Cordilheira dos Andes. Para se chegar até ela é necessário passar pelo Departamento Vinchina. Também por alí perto fica a Laguna Verde e a cratera do lindíssimo vulcão Corona del Inca, mais infelizmente só podem ser visitadas no verão.

Um casal super simpático de Buenos Aires (Cristina e Eduardo) nos acompanharam nessa aventura. A estrada até a Laguna Brava na minha opinião vale muito mais a pena que a própria Laguna em si... Passamos por um cânion de rochas quase formando um ângulo de 90° de coloração vermelha intensa linda.

Depois passamos por uns precipícios parecidos com aqueles do Peru, onde a neve cobria a estrada e a camionete da frente ia abrindo o caminho para nós. Em um trecho pensei que iríamos desistir, pois a camionete abre alas não conseguia passar. Mas o motorista de uma outra excursão ajudou a liberar o caminho com uma pá e conseguimos passar.

A estrada que usamos era usada por gaúchos nos anos de 1864 a 1873, e pelo caminho há construções de refúgios da época. Esses gaúchos levavam gado vivo até o Chile e os abrigos eram as únicas áreas de descanso para a travessia.

Depois entramos num vale, já na Cordilheira dos Andes. Estava muito frio e tudo estava nevado. LINDO! Pena que as fotos não conseguem representar toda a beleza que vimos. Subimos um morro e lá em cima estava -0,5°C, mas a sensação térmica era muito menor... Chegamos a 4457 m de altitude.

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Depois seguimos até uma das bordas da Laguna, passando pela mesma estrada que faz o Paso Pircas Negras com o Chile. Há um refúgio que paramos onde foi encontrado anos atrás, depois do desgelo, o corpo de uma pessoa dentro dele. Essa pessoa não identificada está enterrada sob pedras ao lado do refúgio.

Não vimos Flamingos pois eles ficam aqui só de setembro a abril, depois eles migram para outras partes mais quentes. Vimos também a carcaça de um avião que anos atrás precisou fazer um pouso de emergência e pensou que a laguna era um salar... Ficou atolado em 90 cm de água, profundidade máxima da laguna...

Quase nem conseguíamos sair do carro por causa do vento e do frio... Mas de dentro do carro tiramos várias fotos e o Elio quando tinha coragem, saía do carro e fotografava um pouco mais.

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Retornamos a Villa Union e as paisagens que vimos na volta estavam com uma iluminação diferente, nos dando outros ângulos lindos de fotos.

Saindo da área dos cânions há uma parada que tem várias estrela de pedra no chão, de cores azuis, vermelhas e brancas. São as Estrelas Diaguitas de Vinchina. Construídas por índios a muitos anos e não se sabe ao certo a finalidade delas. Acredita-se ser algum tipo de calendário ou local de cerimônias religiosas.

Voltamos ao hotel, fomos jantar um cabrito assado maravilhoso em um restaurante e voltamos para descansar.

 

Dia 4 – 29/05/13

 

Acordamos e depois do café fizemos check out do Hotel Pircas Negras e seguimos rumo ao Parque Talampaya. No Parque há 3 opções de passeios: Tradicional, Tradicional com Cânion Shimpa e o Tradicional Safari Aventura Plus (em um caminhão aberto com vista panorâmica). Fizemos o tradicional com Cânion Shimpa.

Como os guardas parques estavam fazendo uma vistoria antes de abrir o parque e liberá-lo (pois o vento Zonda fez alguns estragos por lá), resolvemos fazer uma pequena trilha próximo a entrada do parque, o Sendero dos Dinossauros.

A formação geológica do parque é importantíssima pois é do Período Triássico, da Era Mesozóica. Esse Período Triássico é subdividido em 3 (Triássico Superior, Triássico Médio e Triássico Inferior) e o parque possui marcas geológicas do Período Superior e Médio, época dos nossos amigos Dinos! Aqui foram encontrados muitos fósseis de dinossauros, inclusive um que só havia por aqui: Herrerasaurus ischigualastensis.

As 10:30h nosso passeio saiu. O casal de Buenos Aires (Cristina e Eduardo) nos acompanharam nessa aventura. Da entrada do parque até a primeira parada são 13 km e avistamos muitos animais da fauna local: mara (uma espécie de coelho grande), guanacos, avestruz, zorro.

No passeio tradicional são 4 paradas:

Petroglifos: onde pode se avistar inscrições rupestres.

El Jadin Botanico: um bosque aos pés dos enorme paredões vermelhos do parque. Nesta parada avistamos um enorme condor alimentando seu filhote. Neste mesmo local há uma fenda arrendondada onde faz um eco impressionante. Os guardas parques oferecem nessa parada um quentinho café, surreal no meio do cânion!

La Catedral Gotica: linda formação rochosa que parece mesmo colunas ou torres de uma catedral antiga.

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El Monge: a última parada do passeio tradicional com uma vista impressionante de praticamento do parque todo, pois fica no alto. De lá avistamos o Monge e outras formações rochosas, como La Torre.

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Depois da última parada El Monge, voltamos um pouco pelo caminho e entramos no Cânion Shimpa, com a mesma formação rochosa anterior, só que bem mais estreito. Fizemos o caminho a pé...

Esse passeio completo dura cerca de 3:30 a 4:00 horas.

A tarde desse mesmo dia saímos do parque e fomos a uma extensão do mesmo parque a alguns quilômetros mais a frente e visitamos o Cânion Arco Iris. Como esse passeio estava fora do pacote pagamos a entrada que foi de PAR$140,00 por pessoa. O valor certo é de PAR$ 110,00 por pessoa, mas como não havia mais ninguém para fazer o passeio tivemos que pagar um pouco mais para poder sair.

O passeio dura cerca de 3 h e as paisagens são incríveis. Há várias cores de rochas, na verdade até mais que sete cores, que origina seu nome Arco Iris. Para se chegar até o cânion você vai de van do parque que anda dentro do leito do rio, vazio. Depois faz-se uma pequena caminhada dentro do cânion, entre suas paredes estreitas.

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O rio fica cheio apenas nas crescidas que são cerca de 5 dias ao ano, no verão. Chove menos 200 mm por ano. Quanto tem crescida, os passeios são suspensos (do parque principal Talampaya também, pois lá também a van anda dentro do leito do rio vazio) e isso dura cerca de 3 h no máximo, depois o rio seca novamente.

O cânion Arco Iris é lindo! O Elio achou esse passeio mais lindo que o da manhã no Talampaya, eu discordei... Mas mesmo assim, vale a pena...

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Voltamos a entrada do parque onde pegamos nossa condução e voltamos a La Rioja.

No meio do caminho, nosso guia (e agora amigo) Jorge nos contou que há um passeio a Catamarca (província vizinha a La Rioja) que passa por Antofagasta de la Sierra muito bonito. Eu e o Elio ficamos curiosos e ao chegar a La Rioja, conversamos com a Silvia da agência Corona del Inca e fechamos um pacote de 4 dias e 3 noites para Catamarca, saindo amanhã! UHU!

Eu sempre digo que meu roteiro só se concretiza depois que eu o realizo... Desistimos de fazer o que havíamos programado no começo. Amanhã sairemos a Catamarca!

Voltamos a Hotel Plaza em La Rioja e jantamos uma refeição divina no LasPircas e fomos dormir, que amanhã começa uma nova aventura! OBA!

 

Dia 5 - 30/05/13

 

Acordamos e depois do café da manhã MARAVILHOSO do Hotel Plaza, o nosso guia -motorista-amigo Jorge passou e nos pegou no Hotel para começarmos a nossa nova aventura. Seriam 500 km até Antofagasta de la Sierra na província de Catamarca.

Saímos de La Rioja as 9:30 e passamos pela Costa La Riojana, onde encontramos o Dique Los Sauces, que estava um espelho...

Seguimos pela Ruta 75 e depois em Aimogasta pegamos a Ruta 60 e logo após a Ruta 40 até depois da cidadezinha de Belen. Os povoados a beira da estrada são lindos e com as folhas amareladas do outono tudo fica mais bonito!

Saindo da Ruta 40 pegamos uma outra estrada, mesclada de asfalto e rípio, que nos levou para dentro do deserto e as paisagens começaram a mudar do amarelo do outono para o rosa-cinza-vermelho do deserto. Tudo muito lindo!

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Ao longe vimos umas manchas brancas no pico das montanhas. Pensamos que era neve, mas na verdade eram dunas que o vento forte da região acumulou durante anos. Há trechos que as dunas invadiram a estrada. Linda vista!

Uma hora a estrada tem um desvio, pois a rodovia foi mal projetada e com a cheia das lagunas, uma boa parte da estrada ficou literalmente debaixo da água.

A medida que os quilômetros passavam, as paisagens ficavam cada vez mais lindas! A altitude começou a subir e o frio começou a pegar... As vicunhas começaram a aparecer...

Estamos já na região próximo a Antofagasta de la Sierra. Que lugar mágico... Cheio de nada, numa imensidão sem tamanho que mesclam cores de uma aquarela de tons suaves e bebês... Um deserto cheio de lindas paisagens e de nada ao mesmo tempo... Surreal!

De repente começam a aparecer os vulcões pequenos e extintos. Imaginar que a milhares de anos atrás aqui estava muito diferente... Calor, vulcões ativos, muita rocha se formando... As rochas de coloração mais escuras comprovam as atividades vulcânicas.

Chegando em Antofagasta de la Sierra, no entardecer, tivemos uma surpresa: o céu estava numa coloração rósea - laranja - amarelo inesquecível. Pena que as fotos só registram as paisagens e não a emoção... Sim, meu coração disparou e confesso que foi um dos entardeceres mais lindos que já presenciei.

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Ficamos no Complexo Pucara, uma linda pousada no alto de uma colina, com um trabalho em mosaico de pedras nas paredes muito bonito. Jantamos no restaurante da Hosteria Municipal, praticamente o único restaurante do local e fomos descansar.

 

Dia 6 – 31/05/13

 

Acordamos cedo, tomamos o café da manhã simples da pousada do Complexo Pucara e seguimos rumo ao Campo de Piedra Pomez, voltando alguns quilômetros na mesma estrada que chegamos ontem. Há indicação para o desvio ao Campo e na placa diz que apenas 4x4 devem encarar essa aventura. E com razão... Quem nos acompanhou nessa aventura foi o guia da cidade Rafael.

A estrada é linda, passando mais perto de alguns dos vulcões inativos que vimos ontem. Como ainda era de manhã, a luz estava melhor para fotografar que ontem ao entardecer.

O Campo de Piedras Pomez (para nós Pedras Pomes) é a coisa mais surreal que já ví. Lembra merengue queimado, pelos tons e pelos muitos furos... Talvez as fotos consigam explicar melhor o que eu quero dizer...

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A formação geológica é recente, 200 mil anos (lembrando que a Cordilheira dos Andes tem 300 milhões de anos), originária de um vulcão branco que derramou lava com esse material branco (pedra pome), por isso a tonalidade aqui encontrada. O Campo tem cerca de 20 km de extensão por 5 km de largura.

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Voltamos a Antofagasta de la Sierra e fomos a 2 miradores da cidade. Demos uma voltinha a pé pela cidade.

Voltamos a pousada, jantamos no mesmo restaurante de ontem e depois fomos descansar.

 

Dia 7 – 01/06/13

 

Acordamos cedo e depois do café da manhã seguimos com o nosso guia Rafael para o norte de Antofagasta de la Sierra até o Salar de Antofalla. A estrada é linda e no ponto mais alto da estrada há um totem de pedras onde os viajantes depositam vinho, comida e balas para agradecer a boa viagem. Isso a 4600 m de altitude.

Passamos por uma fazenda de Llamas na Vega los Colorados, um pouco antes de descer até o salar.

Depois começamos a descer até o salar que fica a 3.400 m. A vista do salar de cima da montanha é impressionante, com seus imponentes 150 km de extensão e 20 km de largura é o mais comprido salar das Américas. A diferença de salar e salina é que no salar encontram-se vários tipos de sais e nas salinas apenas o sal de cozinha. Neste salar há sais de boro, lítio e potássio, além do sal de cozinha comum. A Vale do Rio Doce tem uma área de extração por lá.

O salar e o povoado de Antofalla fica aos pés do Vulcão Antofalla, ainda ativo, de 6.437 m de altitude. Possue 3 picos e sua subida é feita por muitos escaladores. Para tal aventura é preciso 5 dias e um guia local.

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Chegamos no povoado de Antofalla as 13 h e almoçamos uma maravilhosa milanesa de Llama em uma casa de família, que atende os visitantes da região. Depois passamos por um local onde há uma jazida de vidro vulcânico. Depois passamos pelos Ojos del Campo, um inacreditável agrupamento de lagos de coloração distintas: laranja, azul e preto, no coração do salar. Muitos outros lagos estão secando...

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Seguimos na encosta do salar e entramos em um vale chamado Paraje de Botijuela, onde há um geiser extinto e um lago de águas termais, mas infelizmente não conseguimos seguir porque a estrada estava com um trecho com muito gelo. Neste local mora um senhor sozinho no meio do nada...

Seguimos rumo a casa da D. Catalina, uma senhora que vive com seu esposo no meio do nada, em uma quebrada linda que tem um micro clima particular. Lá ela planta batata doce, maça, uvas, cria ovelhas e gado. Lá que fica também a uma base da Vale do Rio Doce que faz extração de lítio no salar. Dona Catalina é uma graça, vive uma vida muito humilde. Me emocionei ao ver sua necessidade por doces e roupas. Dei a ela todos os doces que tinha na mochila... Sua alegria me contagiou... O guia Rafael disse que D. Catalina matou a anos atrás um puma a pedrada, que estava atacando um de seus vários cachorros... Que coragem!

Seguimos de volta a estrada e subimos as montanhas por outro passo, mais baixo (4.400m) mas mais íngreme. A estrada é muito bonita e as paisagens desértica nunca se repetem, formando lindos cenários a cada minuto.

Chegamos em Antofagasta de la Sierra as 18:30h, junto com o entardecer. Jantamos na Hosteria Municipal uma macarronada caseira deliciosa. Fomos descansar.

 

Dia 8 - 02.06.13

 

Acordamos cedinho, pois ainda hoje deveríamos estar em La Rioja para pegar o ônibus das 23:55h para Córdoba. Saímos depois do café e voltamos pela mesma estrada que nos trouxe aqui, com o coração apertadinho por ter que se despedir desse pedacinho do planeta tão simpático e maravilhoso e cientes que retornaríamos, pois na região ainda há muito para se andar (Salar Hombre Muerto, Laguna Diamante, Cerro Galan, Laguna Verde - roteiro dos 6 mil, vulcão Corona del Inca e muito mais).

A mais ou menos 150 km de Antofagasta de la Sierra tem a entrada para a Laguna Blanca. Lá há um pequeno povoado que vive de agricultura e da tosquia de lã de vicunha. Isso mesmo: vicunha. Mesmo esses bichinhos sendo selvagens (ninguém por lá consegue domesticá-los) uma vez por ano, a comunidade se reúne e conseguem cercá-los para uma rápida tosquia (para evitar maiores estresses) e retiram cerca de 200g de lã por animal. Pouquíssimo, não é? Por isso, as peças feitas com essa lã são caríssimas e são vendidas lá mesmo na comunidade, no centro de uma Cooperativa. A vila ainda tem um museu, mas infelizmente estava fechado.

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Paramos alguns minutos na Laguna Blanca, pois consegui avistar da estradas uns flamingos (quase nem acreditei, pois não é época deles...) e nos aproximamos para tirar umas fotos. LINDOS!!! Pena que voaram com a nossa aproximação...

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Seguimos rumo a Londres-Belén, onde paramos nas Ruínas Incas del Shincal. Os Shincal eram uma sub sede do Império Inca que servia para arrecadar impostos e oferendas da região e uma vez ao ano eram levadas a Cusco, no Peru, por trilhas que ainda existem por lá (que vontade que deu de sair trilhando até Cusco e se eles levavam 3 meses para chegar até lá, quem sabe eu chegaria em 1 ano...). Imaginar que o Império Inca chegou até ali me emocionou demais... Como eles eram poderosos, não é? As ruínas estão bem conservadas e também há um trabalho de restauração sendo realizado por lá... Paga-se PAR 5,00 para entrar e mais PAR 15,00 para ir com um guia, que vale muito a pena!

Voltamos a estrada e já perto de La Rioja passamos pelos enormes cataventos que fornecem energia eólica para La Rioja, em Señor de la Peña onde há uma pedra com o perfil de Cristo (e parece mesmo) e no Barreal, uma área de solo tão liso que o local é usado para praticar carro-vela.

Chegamos em La Rioja no início da noite e ficamos na rodoviária esperando nosso ônibus (Sierras del Córdoba) até Córdoba. Dormimos no ônibus e economizamos uma estadia...

 

Os dois dias que passamos em Córdoba e região irei relatar em um tópico já criado!

Lembrando que este relato é uma impressão pessoal do que vivi e senti nos locais visitados e pode ser levado em consideração caso você queira conhecer essa maravilhosa região.

Obrigada por ler o relato até o final e caso se interesse há mais fotos lá no meu blog.

 

Boas Viagens!

Editado por Visitante
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  • Membros de Honra
Carla, é possível fazer estes passeios em um carro próprio? O pelo menos parte deles?

Obrigado pelo ótimo relato.

Abs

 

É um prazer relatar aqui, Fabio!

Sim! Dá para fazer de carro próprio, mas tem que ser 4x4, hein? Tem uns trecho trash!!!!

 

Carla,

Como sempre você arrasou.

::cool:::'> :8): ::cool:::'>

Só senti falta dos valore$$$$$$

Maria Emília

 

Maria Emilia! Não postei os valores porque deram muito alto... Ficamos 10 dias com um carro alugado 4x4, guia, hotel bom e rodamos mais de 2 mil km... Deu cerca de R$5.000 pra nós dois. Mas indo com carro próprio fica tudo mais em conta...

 

bjs

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  • Membros

Parabéns pelo relato Carla. Essa região do Noroeste da Argentina, abreviadamente chamada NOA, é de fato belíssima, mas pouco visitada como vc comprovou, pois os deslocamentos dependem de carro, próprio ou alugado, ou de algum tour organizado por agências especializadas. Alguns lugares podem ficar inviabilizados no inverno, como te aconteceu no trajeto à Vega La Botijuela. Se voltar para lá de carro próprio, leve roupas, mantimentos e remédios (ele me pediu analgésicos) ao Simon, único morador do local.

 

Abraços.

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  • Membros de Honra
Parabéns pelo relato Carla. Essa região do Noroeste da Argentina, abreviadamente chamada NOA, é de fato belíssima, mas pouco visitada como vc comprovou, pois os deslocamentos dependem de carro, próprio ou alugado, ou de algum tour organizado por agências especializadas. Alguns lugares podem ficar inviabilizados no inverno, como te aconteceu no trajeto à Vega La Botijuela. Se voltar para lá de carro próprio, leve roupas, mantimentos e remédios (ele me pediu analgésicos) ao Simon, único morador do local.

Abraços.

 

Verdade Konai! Quem for visitar a região, principalmente no Salar Antofalla, levem remédios (entre outros), pois eles necessitam muito... Também doei meus remédios (analgésico, anti inflamatório, anti ácido) e doces a Dona Catalina. Mas nos remédios tive que desenhar onde usar, pois ela não sabe ler...

 

oi Carla!

rola fazer esse roteiro SEM ter carro?

 

Oi Marla. Então, em Antofagasta acho que não... As distâncias percorridas são muito longas e não há ônibus para transporte local. Uma ideia é pegar carona (todos fazem isso em Antofagasta de la Sierra) com os morados locais. De bike ou a pé nem pensar... Já em La rioja rola ônibus, acho que seria mais viável!

 

Bjs

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  • Membros de Honra

Parabéns Carla!

Belissimas fotos, nossa que lugares lindos!

Está na minha lista de lugares a visitar.... !

Quando passamos pelo Paso San Francisco pensamos ate dar uma esticada para essa regiao, mas nao tinhamos muito tempo.

Taí um grande incentivo agora ao ler seu relato showw!

bjs.

 

Dá para chegar de carro comum até Antofagasta de Sierra ou Antofalla?

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  • Membros de Honra

Oi Sueli!

 

E nós ficamos na vontade de passar o Paso San Francisco, mas estava infelizmente fechado por causa da neve...

Com certeza também voltaremos, pois queremos fazer além desse paso, a cratera do vulcão Corona del Inca, Laguna Verde, a rota dos 6 mil (3 pasos a 6 mil de altitude), Salar do Hombre Muerto entre outros. Região lindíssima mesmo! E tão pertinho, né?

 

Bjs

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