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Fala galera! To aqui pra deixar o relato da minha viagem enquanto está fresquinho e eu ainda não embarquei em outra ^^

 

- sou menina, de 24 aninhos, em primeira viagem internacional, sozinha. Já viajei um tantinho pelo Brasil, meio que sozinha, meio que com pouco dinheiro, mas nunca dessa maneira.

- fiz essa viagem utilizando muito CouchSurfing. Já sou ativa na comunidade há um tempo e já hospedei muita gente aqui no Brasil, então não tive problema nenhum. Para quem nunca viajou dessa maneira e por acaso se interessar, tem muitas “regras” para uso da comunidade que você deve se atentar, tanto por segurança quanto por bom senso. Se tiver dúvidas, pode falar comigo :D

- não estudei espanhol para a viagem, mas tinha alguma noção da língua e me empenhei em aprender o máximo a cada dia. Acho legal quando estrangeiros viajam pelo Brasil e se esforçam pra falar português, então fiz o mesmo por lá.

 

Minha viagem foi bem típica: andei no trem da morte; peguei ônibus horríveis, com poltronas que não inclinavam, sem banheiro, pra passar mais de 16h atravessando penhascos; fiz o tour do Salar de Uyuni com um guia/motorista totalmente bêbado; peguei ônibus horríveis que quebraram no meio da estrada (lá nos penhascos); o carro que fiz o tour em Uyuni também quebrou umas 3x no meio do deserto; sofri com a altitude, com o frio, com o ar seco, com a comida ruim; passei mal por estar a muitas horas (dias) sem dormir e querer mais festa hehehe; fui a Machu Picchu pelo caminho da Hidrelétrica, morri de medo da estrada, o carro quebrou, chegamos tarde e fiz metade do caminho pelos trilhos do trem no escuro; subi a Machu Picchu caminhando, pela trilha de pedra, embaixo de chuva; cai e torci o pé (muito bem torcido) na volta de Água Calientes até Hidrelétrica (sozinha); fui roubada pela polícia federal do Peru na fronteira (sim, roubaram meu dinheiro).

 

Espero que você não seja do tipo pessimista... eu não sou. Isso tudo foi incrível e eu não trocaria nada! Tá, a parte de roubarem meu dinheiro seria bem legal que não tivesse acontecido. :cry:

O que eu quero dizer é: viajar pela Bolívia e pelo Peru é estar sujeito a isso tudo. Nada que eu fizesse teria evitado sequer uma dessas coisas, e aposto que teria dado um trabalhão. Eu estive durante toda a viagem de muito bom humor e vendo o lado bom de tudo; digo isso pq no caminho eu conheci gente que não tinha essa mesma visão e que não estava curtindo a viagem. Também vi muita gente preocupada em capturar uma foto de cada cenário pelo melhor ângulo, e não olhou realmente pra nada, não sentiu a energia que esses locais possuem. Não estou querendo dar nenhum conselho, só relatando o que eu fiz: respirei fundo, relaxei... e me maravilhei a cada segundo.

 

--- ROTEIRO ---

 

Não tive tempo de detalhar meu roteiro antes da viagem pq o planejamento foi um pouco corrido e só fui coletando informações num caderninho, hehehe. Eu tinha tempo de sobra pra viajar, então não me preocupei demais. Pena que o mesmo não se aplicava a dinheiro...

 

Inicial: 23 dias.

Acabou sendo: 28 dias.

 

Cidades visitadas (ida): Campo Grande / Corumbá - Quijarro /Santa Cruz de la Sierra / Sucre / Potosí / Uyuni - Salar / La Paz / Copacabana - Isla del Sol / Arequipa / Cusco - Machu Picchu

(volta): La Paz / Santa Cruz de la Sierra / Quijarro - Corumbá / Campo Grande

 

O que eu tinha planejado:

 

06/11/13 - de Campinas a Campo Grande e pegar o bus noturno de lá para Corumbá.

07/11/13 - atravessar a fronteira bem cedinho, comprar ticket para o trem à Santa Cruz de la Sierra.

08/11/13 - chegar a Santa Cruz de la Sierra, conhecer a cidade e passar a noite.

09/11/13 - passear mais um tantinho pela cidade e pegar o bus noturno para Sucre.

10/11/13 - chegar a Sucre, conhecer a cidade e passar a noite.

11/11/13 - passar dia e noite em Sucre.

12/11/13 - pegar bus bem cedinho para Potosí, passeio à Laguna Tarapaya e tomar bus para Uyuni.

13/11/13 - acordar cedinho e conseguir uma agência para tour ao Salar começando no mesmo dia. Primeira noite no deserto.

14/11/13 - segunda noite no deserto.

15/11/13 - regressar a Uyuni e tomar bus noturno para La Paz.

16/11/13 - chegar a La Paz, passear pela cidade, agendar tour ao Chacaltaya.

17/11/13 - tour ao Chacaltaya e dormir mais uma noite em La Paz.

18/11/13 - tomar bus bem cedinho para Copacabana. Lá, tomar barco para Isla del Sol (parte norte), fazer a caminhada até o sul e passar a noite.

19/11/13 - tomar o primeiro barco de volta a Copacabana e pegar bus para Arequipa. Dormir em Arequipa.

20/11/13 - conhecer a cidade e passar a noite.

21/11/13 - pegar bus de manhã para Cusco. Passar a noite em Cusco.

22/11/13 - tomar trem para Aguas Calientes e passar a noite.

23/11/13 - subir a Machu Picchu e retornar a Cusco.

24/11/13 - passeio por Cusco - Valle Sagrado ou city tour. Passar a noite.

25/11/13 - pegar bus para La Paz.

26/11/13 - pegar bus para Santa Cruz de la Sierra.

27/11/13 - pegar trem para a fronteira.

28/11/13 - pegar bus de Corumbá para Campo Grande e de lá tomar bus ou avião para Campinas.

29/11/13 - chegar a Campinas e comer feijão da minha mamãe <3

 

O que aconteceu:

 

06/11/13 - de Campinas a Campo Grande (voo Azul) e peguei o bus noturno de lá para Corumbá.

07/11/13 - atravessei a fronteira bem cedinho, comprei ticket para o trem à Santa Cruz de la Sierra às 14h50. Fiquei moscando horas e horas em Quijarro.

08/11/13 - cheguei a Santa Cruz de la Sierra, conheci a cidade e passei a noite.

09/11/13 - fui ao Jardim Botânico, que fica bem pertinho de Santa Cruz, e peguei o bus noturno para Sucre.

10/11/13 - cheguei a Sucre, conheci a cidade e passei a noite.

11/11/13 - passei a manhã em Sucre, fiquei de saco cheio da cidade e tomei um bus para Potosi. Passei a noite lá.

12/11/13 - fiz o tour à mina de Cerro Rico e tomei bus para Uyuni.

13/11/13 - acordei cedinho e consegui uma agência para tour ao Salar começando no mesmo dia. Primeira noite no deserto.

14/11/13 - segunda noite no deserto.

15/11/13 - regressei a Uyuni e tomei bus noturno para La Paz.

16/11/13 - cheguei a La Paz, passeei pela cidade, não consegui agendar tour ao Chacaltaya.

17/11/13 - acordei cedinho, com saco cheio da cidade e tomei um bus a Copacabana. Lá, peguei o barco até a Isla del Sol (norte), fiz a trilha até o sul e dormir lá.

18/11/13 - tomei o primeiro barco de volta a Copacabana e peguei bus para Arequipa. Dormi em Arequipa.

19/11/13 - conheci a cidade e passei a noite. Agendei tour ao Cañon del Colca.

20/11/13 - fui ao Cañon del Colca (tour de um dia) que começou às 3h da madruga. Dormi de novo em Arequipa.

21/11/13 - não havia bus de manhã para Cusco, então passei o dia em Arequipa e tomei o bus noturno.

22/11/13 - cheguei a Cusco pela manhã, passeei pela cidade e agendei tour ao Valle Sagrado e a Machu Picchu.

23/11/13 - tour pelo Valle Sagrado e passei a noite em Cusco.

24/11/13 - de manhãzinha tomei a van para hidrelétrica e passei a noite em Águas Calientes.

25/11/13 - subi a Machu Picchu, sentei, chorei. Voltei à hidrelétrica e de lá a Cusco.

26/11/13 - passei o dia em Cusco e tomei bus noturno para La Paz.

27/11/13 - cheguei a La Paz depois do almoço, fiz umas comprinhas e pela segunda vez não consegui agendar passeio ao Chacaltaya.

28/11/13 - passei o dia de bobeira em La Paz e tomei bus noturno para Santa Cruz de la Sierra.

29/11/13 - cheguei a Santa Cruz, fiquei de bobeira e passei a noite por lá.

30/11/13 - passei o dia por Santa Cruz e tomei o bus noturno para Quijarro.

01/11/13 - atravessei a fronteira bem cedinho e tomei bus de Corumbá para Campo Grande, onde passei a noite.

02/11/13 - passei o dia vendo TV em Campo Grande e dormi lá uma noite mais.

03/11/13 - tomei um voo da Azul até Campinas e de lá fui pra casa comer o feijão delicioso da minha mamis :D

 

Para vocês terem ideia, eu dormi:

-8 noites em ônibus/trem

-11 noites em couch

-8 noites em hostel (sendo 2 no deserto)

 

--- DINHEIRO ---

 

- eu fui com pouco dinheiro. Não, não tenho uma planilha de gastos. Mal consigo dividir uma conta de mesa de bar, imagine elaborar uma planilha de gastos... sorry.

- não entendo nada de câmbio, de cartões internacionais, de taxas, nem de nada disso. Pesquisei muito antes e decidi levar todo meu dinheiro em dólares.

- uma semana antes de viajar, comprei US$522 que me custaram R$1200. No dia da viagem eu peguei mais R$600 e fui consultando o preço do dólar em todas as casas de câmbio que encontrei entre Campinas e Campo Grande. Estava caríssimo. Acabei indo para a fronteira sem comprar os verdinhos.

- cartão de crédito: não viajei com um. Nem pra emergências, não. Sequer tenho um, hehehe. Mas acabei comprando algumas passagens no cartão da minha mamis.

- cartão de débito: levei o meu do BB que só funciona como débito, embora seja de chip e permita habilitar a função crédito. Fui antes ao banco e pedi para que habilitassem o uso no exterior, além de me certificar de que ele funcionaria por lá. No fim, não o usei fora do Brasil em nenhum momento.

 

Resumindo, saí de casa com:

- US$100 em um Visa Travel Money (já que eu não tinha cartão de crédito, pelo menos poderia fazer reservas com o VTM).

- US$422 em espécie.

- R$600 em espécie.

- meu cartão do BB.

 

Fora isso, o que eu gastei:

- R$190 do voo Campinas-Campo Grande. Comprei uma semana antes e paguei em débito (boleto) pela Azul.

- R$90 do bus Campo Grande-Corumbá. Foi no cartão de crédito da mamis.

- R$90 + R$170 do bus Corumbá-Campo Grande e do voo Campo Grande-Campinas, respectivamente. Também no cartão da mamis.

- R$100 que saquei no BB em Corumbá, na volta.

 

TOTAL: R$1200 + R$600 + R$190 + R$90 + R$90 + R$170 + R$100 = R$2440

 

Desse total, R$1750 eu gastei da fronteira pra lá, o restante foi com passagens e outros gastos dentro do Brasil.

Então, se estiver procurando uma base pra estimar seus gastos, considere isso: R$1750 para 24 dias em solo boliviano e peruano.

 

--- DOCUMENTOS ---

 

- 10 dias antes da viagem tomei a vacina contra Febre Amarela num postinho aqui da minha cidade; no aeroporto de Campo Grande há um posto da ANVISA, onde eu emiti o certificado internacional.

Primeiro, me cadastrei nesse site:

http://www.anvisa.gov.br/viajante/index.asp?Cadastro=Cadastro

Eu consultei os postos da ANVISA aqui:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/eed303804a1aa7edaad8abaa19e2217c/Centros_de_Orientacao_de_Viajantes.pdf?MOD=AJPERES

- levei meu RG original, meu VTM e meu cartão do BB. Também fiz uma cópia colorida e bem nítida de cada um e deixei no fundo da mochila, por segurança.

- para liberar a entrada de brasileiros à Bolívia eles têm pedido uma cópia do voucher de reserva de hotel e/ou carta convite de um boliviano; eu não tinha nenhum dos dois. O que fiz foi imprimir algumas páginas dos meus pedidos e respostas de couch em cada cidade, nas quais estava bem claro que aquelas pessoas me hospedariam. Ali também constava endereço, nome completo e telefone dos meus hosts. Acho que daria pra passar, mas não me pediram nada disso.

- o que me pediram foi: RG e o papelzinho de saída do Brasil, que você pega uns minutos antes ali na fronteira.

- o que me perguntaram: quantos dias ia ficar na Bolívia e pq estava ali (respondi que umas 3 semanas e que estava somente a turismo).

- o que revistaram: nada.

- não pediram o certificado de vacinação, mas eu não me arriscaria a viajar sem por dois motivos: pode ser que eles peçam e eu acho que não seria nada legal contrair febre amarela no meio da viagem.

 

--- BAGAGEM ---

 

Viajei com a mochila velha do meu namorado (acho que é de 65L) e com uma mochilinha tipo esportiva, dessas que parecem um saco, sem bolso, zíper, nem nada. Na ida o mochilão estava pesando 13Kg; tranquilinho pra carregar.

 

Roupas:

- 4 camisetas fininhas de manga longa

- 3 camisetas fininhas de manga curta

- 4 camisetas fininhas de alça fina (queria ter levado mais, fez falta)

- 1 sobretudo de moletom (de abotoar na frente)

- 1 agasalho de moletom com capuz (de zíper na frente)

- 1 fleece todo fechado

- 2 cachecóis de lã

- 1 gorro de lã

- 1 boina

- 1 calça jeans velha

- 1 calça tipo legging

- 1 shorts

- 2 meias-calças de lã

- 2 saias longas (uma bem riponga e uma mais discreta)

- havaianas

- tênis normal que eu uso pra correr

- bota velha de camurça (sem salto)

- meias (levei poucas e comprei mais lá)

- calcinhas (uma por dia pra não ter que lavar)

 

Higiene:

- 1 toalha normal, das mais fininhas e não muito grande

- 1 sabonete líquido (que eu esqueci em Sucre já no começo da viagem)

- 1 shampoo (200mL) - me serviu também de sabonete pro resto da viagem

- 1 creme sem enxágue (que eu usava também como condicionador)

- escova e pasta dental

- escova de cabelo

- 1 secador de cabelo minúsculo, bivolt, que foi bem útil

- 1 frasquinho de perfume

- um pouquinho de maquiagem (base pro rosto e lápis pros olhos)

- 1 frasquinho de hidratante (que eu usei pro corpo todo, inclusive rosto)

- protetor solar FPS 30

- protetor labial

- lenços umedecidos

- papel higiênico

- protetor diário

 

Medicamentos:

-bromoprida e simeticona (pra aliviar o estômago da comida ruim)

- dramin (pra aliviar o estômago dos penhascos)

- lactopurga e imosec (um pra soltar e um pra prender o intestino)

- anti-histamínico (dos que não dão sono)

- neosaldina e naramig (pra enxaqueca, dor de cabeça e outras dores)

- pílulas de cafeína (pras trilhas mais pesadas e pro motorista de ressaca não dormir ao volante)

- vitamina C

 

Outros:

- 1 cadeado normal

- 1 cabo de aço com trava (desses de prender bicicleta)

- 1 saco plástico grande e fita adesiva (sei lá, vai que a mochila rasga toda...)

- linha, agulha, uns alfinetes

- 1 bolsa grande de pano (tipo essas retornáveis de supermercado) que foi bem útil

- 2 livros

- umas 3 nécessaires nas quais eu distribui cada coisa conforme sua conveniência

 

________________________________________________________________________________________________________

 

Bom, isso foi um resuminho do meu planejamento, do que eu levei e do que eu fiz.

Em seguida vou postar o relato mais detalhado de cada dia da viagem.

Como já disse, não tenho planilha de gastos, mas de tempo em tempo eu somava quanto dinheiro ainda tinha e fui anotando isso, então vou postar ao fim de cada dia, quando tiver essa informação. Cada centavo foi bem utilizado e cheguei de volta ao Brasil sem nada ::tchann::

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Poutz, Marcella. Você caiu do céu.

Pode começar o relato pois eu pretendo fazer exatamente o mesmo roteiro e com exatamente a mesma grana hahahah!

... Talk me more... ::otemo::

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Nossa, pelo visto será um ótimo relato. Não deixe de com partilhar suas experiências! Pelo pouco que escreveu,parece ser muito lúcida. =) abraços

 

Enviado de meu B1-A71 usando Tapatalk

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Parabéns pela trip. Ansioso pelo relato, principalmente pra saber onde vc comeu essa "comida ruim" que tanto falou, já que eu to o ano inteiro loco pra chegar a minha viagem pra comer a comida da Bolívia e do Peru ;)

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Nossa, pelo visto será um ótimo relato. Não deixe de com partilhar suas experiências! Pelo pouco que escreveu,parece ser muito lúcida. =) abraços

 

Enviado de meu B1-A71 usando Tapatalk

 

Brigadinha! Espero não falar besteira demais hahaha

 

Parabéns pela trip. Ansioso pelo relato, principalmente pra saber onde vc comeu essa "comida ruim" que tanto falou, já que eu to o ano inteiro loco pra chegar a minha viagem pra comer a comida da Bolívia e do Peru ;)

 

Brigada!! Quanto à comida, é uma questão particular mesmo :P e acho que tive um pouquinho de azar, só "pra ajudar" hehe

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--- RELATO ---

 

* DIA 01 - 06/11/13 - DE CAMPINAS/SP A CAMPO GRANDE/MS *

 

No início da viagem eu estava no interior de São Paulo visitando meus pais, então a maratona de ônibus já começou bem cedinho. Fui até a rodoviária de Campinas e de lá peguei um LIRABUS até o Aeroporto Viracopos (esse bus tem saída de hora em hora, mais ou menos):

http://www.viracopos.com.br/itinerario-de-onibus/caprioli-campinas-viracopos-campinas

Custou uns R$10. Em Viracopos, como em qualquer aeroporto, tudo é bem caro. Nesse dia, o dólar estava seguindo a tendência de todo o resto e não consegui trocar meus reais.

 

Meu voo foi direto até Campo Grande. Cheguei lá e já comecei minha confusão habitual com fuso horário (1h a menos que SP, pois no MS não há horário de verão). Passei pelo posto da ANVISA pra pegar meu certificado internacional de vacinação, dei uma pesquisadinha nas casas de câmbio e desisti de comprar dólares. Tomei um ônibus do aeroporto até o Shopping Campo Grande (fica na Av. Afonso Pena); era um ônibus municipal, se não me engano o nome da linha era “Nova Campo Grande”, e também tinha algo de “executivo”. R$3,30 o bilhete.

Andei um pouco pelo shopping para matar o tempo e às 17h fui me encontrar com o Kennedy do CouchSurfing. Não ia passar a noite em Campo Grande, mas como tinha muitas horas de espera, pedi um help pelo CS e ele se dispôs a me fazer companhia :D

 

Fomos ao apto dele, tomei um banho (Campo Grande é bem quente) e começamos a tomar umas cervejas. Um amigo dele ligou e fomos a um bar, não me lembro do nome. Tinha música ao vivo e estava passando futebol, afinal era quarta-feira e ainda estava no Brasil. Tomamos muitas cervejas ali e pedi todo um play list pro cantor, que adorou. Eu estava emocionada de estar na cidade de Almir Sater (de quem eu sou fã desde criancinha), e o mocinho ali com o violão cantou “Trem do Pantanal” pra mim. Bêbada, numa mesa de bar, com música boa. A viagem estava começando muito bem!

 

O Kennedy e seu amigo me deram uma carona até a rodoviária. Peguei o bus Andorinha para Corumbá às 23h (já tinha comprado a passagem pela internet - cerca de R$90). Não me lembro bem de como era o bus, mas geralmente os da Andorinha são bons. Dormi feito um bebê.

 

* DIA 02 - 07/11/13 - CORUMBÁ/MS - QUIJARRO/BOL - TREM DA MORTE *

 

Cheguei a Corumbá com o sol nascendo lindo. Me desviei dos taxistas e fui ao ponto de ônibus que tem na frente da rodoviária. Tinha bastante gente ali e comecei a perguntar como chegar à fronteira; um senhorzinho boliviano me disse que estava indo pra lá também. Opa! Subi atrás dele no bus (uns R$2,50), descemos em um terminal e pegamos outro bus que nos levou até a fronteira (um amarelinho) sem ter que pagar de novo. Me despedi do meu amiguinho e fui falar com os policiais que estavam por ali (não havia mais ninguém). Me disseram que ainda ia levar mais de 1h pro posto abrir, então me acomodei no chão e esperei... quando finalmente abriu, só havia eu e mais umas 5 pessoas na fila.

 

Que eu me lembre, só preenchi um formulário e apresentei meu RG pra sair do Brasil. Fui caminhando até o posto boliviano (tinha também umas 5 pessoas), apresentei meu RG, o formulário que me deram no Brasil e preenchi mais um, que eles carimbaram com a data de entrada na Bolívia e com o período de permanência que eu disse (30 dias). Guardei os 2 papéis sempre junto com meu RG.

 

Mais uma mudança de fuso: ali estávamos com 1h menos que MS e 2h menos que SP. Tomei um táxi até a estação ferroviária - me cobrou R$10, o que eu percebi depois que foi absurdo. Precisava de bolivianos para comprar o ticket do trem (e pra fazer qualquer outra coisa ali), então me indicaram umas mulheres que ficam sentadas numa calçada oferecendo câmbio. Parece suspeito, mas logo você se acostuma. Não lembro qual foi a conversão, mas troquei R$200, pq estavam pagando muito pouco pelo dólar. Voltei à estação e comprei meu ticket no Super-Pulman das 14h50, por 100Bs. O ticket é impresso com o número da sua identidade. Pronto... eram umas 9h da manhã, fazia um calor infernal e eu tinha uma longa espera naquela cidadezinha de merda. Por sorte a tim funcionava tão bem quanto no Brasil, então fiz umas ligações e passei o tempo na internet.

 

Fui caminhar pela ruazinha empoeirada e procurar comida, mas nada me apeteceu. Não sabia o nome das comidas, e em todo canto tinha “sopa de fideo”. Achei que fosse “fígado” e fiquei bem longe delas. Na verdade “fideo” é “macarrão”...

Achei um lugarzinho que tinha sanduíche e pedi um hambúrguer - solo de pollo, señorita. Ahhh sim, vamos começar então. Pode ser. Hum, estava horrível. Ainda tinha terra na folha de alface; custou 5Bs. Tomei uma coca-cola (quente) pra desintoxicar - paguei com R$2 que eu ainda tinha em moedas.

 

Comprei umas batatinhas chips pra viagem e uma garrafa de água - uns 15Bs no total. Comprei também um chip da Tigo, uma operadora da Bolívia, pois precisaria me comunicar com o pessoal do CS durante a viagem. Não consegui ativar o chip e a menina que vendeu não me ajudou em nada.

 

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Voltei pra estação, que estava vazia exceto pelos funcionários, e decidi entrar no espírito todo da coisa. Tirei meus tênis, deitei num banco e dormi por mais de 1h.

 

Finalmente o trem chegou; embarquei e tinha uma cholla vendendo empanadas de queijo (tipo uns pastéis fritos). Comprei 2 por 5Bs e fiquei bem feliz. O trem partiu e só havia eu de “gringa” ali. Não havia ninguém na poltrona ao meu lado, então me esparramei toda e fiquei mega confortável. O trem é velho, mas achei tudo ótimo. Tem um tiozinho que passa o tempo todo perguntando se você quer café, água, soda, comida... ele veio dizer que o jantar seria servido às 19h e custava 20Bs. Me falou quais eram as opções, mas só entendi “pollo”, então que seja. Fiquei assistindo aos filmes, meio dormindo, até a hora que chegou a tal comida. Era bem boazinha até: um arroz com um tempero amarelinho, batata frita (claro) e peito de frango grelhado. Depois de comer, dormi quase instantaneamente.

 

Nesse dia, logo que fiz o câmbio, eu tinha:

700Bs.

US$522

R$347

 

* DIA 03 - 08/11/13 - SANTA CRUZ DE LA SIERRA *

 

Acordei só quando o sol nasceu e ainda levou umas horas para chegar a Sta Cz, às 8h. Desci do trem e fui até um “centro de chamadas” ligar pra minha host. Esses centros são muito comuns em toda a Bolívia e Peru. Saí da rodoviária, recusei 84652 taxistas e fui lá pra frente pegar um micro. Que aventura... hehehe tomei o micro (que é realmente pequeno) com meu mochilão, não sabia pra quem pagar, não sabia direito onde descer, não entendia o que falavam. Me diverti ali. Consegui chegar à casa da Maia, que ficava em um bairro universitário, tomei um banho, ela ativou meu chip Tigo e saímos. Ela voltou ao trabalho.

 

Ali pela vizinhança encontrei muitos brasileiros que vão estudar (principalmente medicina) por ser mais barato que no Brasil. Fui pedindo informações e consegui chegar a Plaza de Armas. É bem bonita, e a catedral é lindona. Fui até o Parque Arenal e me decepcionei com o lugar. Não havia absolutamente nada pra se ver, só criancinhas brincando com os pombos.

 

Voltando a Plaza me vi em uma ruazinha meio deserta, e um cara andando atrás de mim. Cruzei a rua e fui pra outra calçada, e ele fez o mesmo. Se aproximou e, quando eu estava pra correr ou gritar, perguntou se eu sabia onde ficava uma rua x. Disse que não, e ele começou a puxar assunto, perguntar de onde eu era e bla bla bla... continuei andando e ele me acompanhando, mas já estávamos no meio de um monte de gente de novo, então relaxei um pouco. Ele não parava de falar, então inventei uma desculpa e consegui sair dali, mas antes disso ele pegou um papel e anotou seu nome e telefone - Carlitos. Disse pra eu ligar pra ele se estivesse a fim de conhecer melhor um cara muito legal. HAHAHAHA gente, o Carlitos só tinha uns 3 dentes e uns 10 fios de cabelo, apesar de parecer ser jovem. Ô tristeza.

 

Almocei em um restaurante bem comum, mas desses que parecem ter comidinha caseira boa. Ehhh... veio uma sopinha de entrada e depois uma macarronada, com o que? Pollo, claro. Com uma coca-cola meio quente ficou 15Bs.

 

Depois disso voltei a Plaza para me encontrar com o Saul (também do CS) e fomos tomar umas cervejas em um pub que fica dentro de uma galeria ali na Plaza, acho que no segundo andar. Tomamos uma tal de Huari, que é do mesmo fabricante da Paceña. Bem gostosa, mas não estava gelada o bastante. Subimos ao mirante que tem na Catedral, mas a vista não é nada demais. Não é alto o bastante. Me encontrei com o Charles, um francês que também estava hospedado na casa da Maia, e juntos voltamos caminhando pra lá.

 

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Descansei um pouco, tomei outro banho frio (faz muito calor em Sta Cz). Nos reunimos a Maia e mais uma amiga, Fabíola, nos encontramos de novo com o Saul e com mais uma amiga, a Leidy, e me senti extremamente em casa, cheia de amigos :D o Charles fez umas panquecas e ficamos horas batendo papo, ouvindo música, e quando alguém mencionou ir pra uma boate, eu já estava a ponto de dormir sentada ali mesmo. Me ajeitei no sofá-cama (que pareceu uma nuvem de conforto depois de 2 noites em bus/trem) e apaguei.

 

Dinheiro que eu tinha quando cheguei à casa de Maia:

440Bs.

US$522

R$347

 

* DIA 04 - 09/11/13 - JARDIM BOTÂNICO - DE SANTA CRUZ DE LA SIERRA A SUCRE *

 

Acordei devido ao calor absurdo que fazia. Embora fosse sábado, a Maia foi trabalhar. Comi as batatinhas chips que tinha comprado em Quijarro, ou melhor, o pó a que elas tinham se reduzido, e saí com o Charles para irmos ao Jardim Botânico. Pegamos um táxi até o “avião pirata”, que é um ponto bem conhecido da cidade, e ali de perto um micro que iria a Cotoca (custou uns 3Bs). É fácil encontrar, só ir perguntando - são uns micros verdes.

 

Dica: a cidade de Sta Cz tem umas ruas que formam círculos ao redor do centro, que eles chamam de “anillos”, ou anéis. Há táxis que circulam por esses anillos como se fossem ônibus, têm uma placa em cima do carro pra se identificar. Você pode subir e descer de um deles na hora que quiser, independente de já haver alguém no carro, e paga só 2Bs. Genial!

 

Pedimos para descer em frente ao Jardim Botânico, que é antes de Cotoca, e pagamos 3Bs pra entrar. Nos encontramos ali com a Fabíola e pegamos um mapinha (o guardinha colocou o número do telefone dele, caso a gente se perdesse lá no meio). Seguimos umas trilhas, fomos até o mirador, que dá uma vista bem legal, e enfim nos perdemos no meio do mato. Continuamos vagando, encontramos umas tartarugas, escutamos uns macacos e fomos atacados pelos mosquitos. Quando já estávamos cansados, encontramos um guardinha. Pedimos ajuda e ele nos levou de volta pra trilha.

 

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Saímos do Jardim e ali na frente mesmo tomamos um micro até Cotoca. Lá é uma cidadezinha/vilarejo que tem um mercado central bem legal onde servem almoço. Comi “majadito de pato”, o mesmo arroz amarelinho que eles sempre comem, com pato caipira, bem gostoso. Tomei pela primeira vez o mocochinchi, que é tipo um suco/chá gelado feito com pêssego desidratado. Delícia, bem geladinho. Também provei a chicha, uma bebida fermentada; não gostei muito. A conta toda de nós 3 ficou em uns 70Bs, incluindo umas sopinhas e outras carnes que eles comeram.

 

Voltamos a Sta Cz com o micro, descemos no avião e pegamos um táxi naquele esqueminha pra voltar pra casa. Foi um dia bem legal e extremamente barato.

 

Peguei um micro que iria até o Terminal Bi-Modal e fui até a agência com a qual tinha comprado a passagem para Sucre - Trans Oruro. Lembrem desse nome e não viagem com eles. A passagem custou 80Bs, se não me engano. Estava marcado para sair às 16h, mas saiu quase às 17h30. Não tinha banheiro e as poltronas eram muito desconfortáveis.

 

Depois de umas 3h de viagem começamos a subir as cordilheiras; fiquei apavorada com aqueles penhascos, e a velocidade que ele dirigia. Não consegui dormir com a soma de medo + desconforto. Por volta de 22h paramos para usar o banheiro e jantar. Era um lugarzinho bem simples, mas o cheiro estava bom. Todo mundo no ônibus ficou chateado quando viram que não tinha pollo com papas, só bife de carne de vaca com arroz e salada. Ahhh minha felicidade. Paguei 10Bs pela comida e mais 10Bs por uma garrafa grande de água. Estava uma delícia :D

Depois disso consegui cochilar um pouquinho, mas acordei em pouco tempo e não dormi mais.

 

Depois que me convenci de que não iríamos cair dos penhascos, comecei a curtir demais o visual. O céu estava absurdamente estrelado e tinha uma lua fininha bem amarelada que ficava brincando de se esconder atrás das montanhas conforme o ônibus fazia curvas. Muito lindo, consegui me sentir em paz ali ^^

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* DIA 05 - 10/11/13 - SUCRE *

 

Cheguei a Sucre às 7h da manhã num domingo. Tinha o endereço da minha host, Laurie, e sabia que era próximo ao Centro Histórico, então fui pra frente do terminal e perguntei aos motoristas dos micros, até que achei um que me levaria lá. Custou uns 2 ou 3Bs. Desci próximo ao Mercado Central e fui caminhando até o apto dela. Por ser domingo, ela e o namorado estavam dormindo, e quando vi que teria uma cama bem quentinha só pra mim, com um chuveiro bem quentinho, resolvi tirar a manhã de folga.

 

Acordei quase ao meio dia, tomei café da “manhã” com eles, conversamos um pouco e eu saí passear pela cidade. Estava tudo calmo, sem motoristas loucos quase te atropelando tempo todo, sem gente te oferendo alguma coisa a cada 2 minutos. Tirei muitas fotos, a cidade é toda bonitinha. Todas as construções são brancas ou variam em tons de amarelo e vermelho, o que é bem legal. Tem muitos prédios históricos, e a Plaza de Armas é uma das mais lindinhas de todas que eu conheci. Passear por Sucre é o mesmo que mergulhar num livro de história.

 

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Não me animei pra enfrentar a comida local, então fui a um pub (Joy Ride) ali perto da Plaza e pedi uma hamburguesa. De entrada vieram uns pãezinhos com molho apimentado, uns amendoins esquisitos, e o sanduíche veio com um monte de batata frita. Tudo, com um refrigerante, ficou em 30Bs (e um bom wi-fi, diga-se de passagem).

 

Satisfeita e tranquila, fui caminhando até o Cementerio General. Já eram umas 17h e eu comecei a sentir um pouco de frio e dor de cabeça. Me lembrei da altitude (ainda não é muita em Sucre, mas se sente) e diminuí o ritmo da caminhada.

 

O Cementerio é espetacular, principalmente ao fim do dia. Sentei num banquinho ali e fiquei pensando na vida por um tempinho. Quando decidi ir embora, percebi que tinha um monte de gente amontoada em volta do portão. Percebi que estavam fechados e ninguém podia passar. Sentei e fiquei esperando... não vão nos prender aqui, né? Ouvi uns guardinhas dizendo que era pra nossa segurança. Depois de uns 20min, abriram e todo mundo saiu. Não entendi nada.

 

Fui caminhando até a casa e me deitei. Definitivamente não me sentia bem. Havia combinado de sair com a Laurie e seu namorado, mas não estavam na casa. Não conseguia dormir, mas também não tinha vontade de nada. Resolvi sair e caminhar um pouco, tomei um chá e comi um bolinho (15Bs), depois voltei a casa, tomei uns remédios pra dor de cabeça e dormi.

 

Dinheiro no fim do dia:

240Bs.

US$522

R$347

 

* DIA 06 - 11/11/13 - DE SUCRE A POTOSI *

 

Acordei cedinho e fui à La Recoleta. Tinha lido a respeito do lugar e me interessei em conhecê-lo. A pracinha é bem legal e tem uma vista linda da cidade. Fiz o tour, que custou 15Bs, sozinha com a guia. Foi legal, mas ficar dentro de museu e igreja não é muito uma coisa minha. Saí de lá e passei mais um tempo pela pracinha; fui dar uma olhada na feirinha das chollas que tem ali, mas tudo é bem caro.

 

Fui até o centro e achei a rua onde tem câmbio. Comprei mais bolivianos, dessa vez usando dólares. Acho que a taxa de câmbio foi de R$6,93, e era o mesmo em todos os lugares por ali. Troquei US$200 por uma fortuna em bolivianos, o que seria necessário em Uyuni.

 

Almocei ali na mesma rua, nuns restaurantezinhos que servem ~frango~; meu interesse era em toda a salada que vinha junto, então foi bom. 15Bs com um refresco de limão.

 

Depois disso decidi ir à Potosi. Já tinha andado muito por Sucre e não estava a fim de entrar em mais museus. Peguei a mochila na casa, me despedi dos meus hosts e peguei um micro até o terminal. Não me lembro de qual foi a empresa com a qual fiz a viagem até Potosi, e nem o valor. Se soubesse o nome, diria a vocês: não a utilizem. Saímos às 15h do terminal; às 17h ouvi um barulho horrível vindo debaixo do ônibus. Não horrível do tipo “tem alguém morrendo”, mas “deu merda”. O motorista deu uma paradinha, foi lá olhar e disse que um pneu tinha estourado. Continuou dirigindo por mais 1h até chegar a Potosi. E eu morrendo de medo de o bus tombar e cair do penhasco...

 

Quando chegamos à cidade, tivemos que descer em um lugar qualquer que não era o terminal. Era o comecinho da noite e fazia um frio do cão. Tomei o primeiro táxi que vi e pedi pra me levar à calle Chuquisaca, onde ficava o hostel que eu queria. Ele disse que não conhecia, mas que ia me deixar em um hostel melhor. Aham, sei como é; mas estava com tanto frio e já me sentindo mal com a altitude, então não consegui protestar. Me deixou na calle Oruro, onde tinha 2 hostels. Perguntei o preço dos 2, mas eram caros e pareciam estar meio vazios. Comecei a andar e pedir informações sobre como chegar a calle Chuquisaca. Acho que andei uns 500Km até chegar na tal rua. Não tinha mais fôlego, mais ânimo, mais nada. Entrei no hostel Casona e pedi uma cama; custou 45Bs., mas o hostel tinha um clima legalzinho, então fiquei.

 

Descansei, tomei meus remédios pra dor de cabeça e fui procurar comida. Estava muito frio, daqueles que nos deixam sem vontade de mexer um músculo sequer. Parei numa farmácia e comprei Sorojchi Pills, mais ou menos 10 cápsulas por 20Bs. Tomei uma, parei num café e tomei um chá de coca. Não consegui comer nada. Voltei para o hostel e fui me informar de como poderia ir à Laguna Tarapaya no dia seguinte. Tentaram me convencer a fazer o tour à mina de Cerro Rico, mas naquela minha situação nem cogitei. Fui pra cama mas não consegui dormir. Fiquei batendo papo com o pessoal do quarto e todo mundo ia pra tal da mina. Decidi procrastinar a decisão pro café da manhã e dormi.

 

Dinheiro que eu tinha quando estava indo à Potosi:

1530Bs.

US$322

R$347

 

* DIA 07 - 12/11/13 - MINA DE CERRO RICO - DE POTOSI A UYUNI *

 

Acordei muitas vezes no meio da noite me sentido esmagada embaixo das cobertas e com o nariz sangrando. Incrivelmente, acordei às 7h me sentindo bem. Tomei chá de coca e comi uns pãezinhos com manteiga e geleia. Tinha suco, leite e uns cereais também.

 

Fiquei batendo papo com o pessoal do meu quarto e resolvi ir à mina com eles. Paguei 70Bs pelo tour com a agência do próprio hostel.

 

Guardei a mochila no locker e o guia chegou ao hostel. Passou algumas informações ao grupo e nos vestimos com a roupa apropriada pra entrar na mina. Bem engraçada :D levei um cachecol pra enrolar no rosto, foi necessário.

 

Fomos num micro da agência ouvindo música típica e os guias já estavam bebendo uma cerveja. Nos dividimos em 2 grupos, um com guia que falava inglês (que custava 10Bs a mais) e o outro em espanhol. Paramos num mercadinho pra comprar presentes aos trabalhadores da mina, que foram basicamente dinamite, folhas de coca e álcool 96°.

 

Quando chegamos à entrada da mina e eu olhei para aquele tunelzinho, comecei a achar que estava ficando louca. “Pq não fui para a lagoa de água quentinha???”. No meu grupo só havia mais uma menina (Pryia, indiana) e 3 meninos(o Baptiste, alemão, um francês e um outro que não me lembro). Entramos e começamos a caminhar seguindo o túnel. Não é (mais) difícil de respirar lá dentro, mas é mais frio, pq falta o sol. Chegamos a um lugar que tinha um buraco na parede, mas que não continuava em outro túnel, e o guia desapareceu por ali. Quando entendi que ele tinha ido pra baixo, me apavorei. Olhei para o túnel que descia e mal havia espaço para a escadinha e o corpo. Troquei um olhar de medo com a Pryia e ela disse “eu vou se você for”. Hahaha euqueroaminhamãe.

 

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Levei uns minutinhos pra tomar coragem, os meninos foram na frente e nos ajudaram. Seguimos por mais alguns túneis, às vezes descendo, às vezes passando por tábuas apoiadas em cima de buracos (não olhei pra baixo pra verificar a profundidade), até que encontramos 2 mineiros e paramos por ali. Ficamos pelo menos 1h ouvindo as histórias e entendendo como era o funcionamento da mina e a vida de quem trabalha ali. Enchi a boca com folha de coca (que eles nos ensinaram a usar) e me senti bem melhor. Também tomamos o tal álcool 96° com um suco que eles tinham. Delícia, o sabor do verão hahaha.

 

Saímos dali e começamos o caminho de volta. Percebemos que o guia deixou o outro grupo seguir bem na nossa frente e depois de um tempinho ele perguntou se gostaríamos de explodir uma dinamite, embora não estivesse previsto no tour. Claro que a gente disse que sim. Paramos em um uma parte do túnel na qual estava sendo escavada uma bifurcação e ele preparou a dinamite. Bem artesanal, utilizando uma latinha de paceña; pelo menos o pavio era bem grande. Nos sentamos no chão, apagamos as lanterninhas dos capacetes e ficamos em silêncio. Sabíamos que ia rolar um barulho bem alto, mas nada nos preparou para aquilo. Fiquei surda por um tempo e só conseguia respirar com o cachecol no rosto. Quando ele disse para acendermos as lanternas, foi o mesmo que nada. A poeira era tanta que não enxergávamos quem estava ao nosso lado. Esperamos um pouco e fomos verificar o estrago da explosão: um buraquinho de nada na pedra. Aquilo que a gente explodiu era utilizado em escala pelo menos 50x maior pra abrir os túneis. Ok, já podemos ir embora, ISSO eu não quero presenciar.

 

Saímos da mina com sensação de vitória, subimos no micro e voltamos ao hostel. Esse tour foi uma experiência sensacional, fiquei muito feliz por ter ido.

 

Chegamos ao hostel às 14h e nos perguntamos se poderíamos tomar um banho, visto que já havia passado da hora do check out. Nos perguntamos, mas não perguntamos à nenhum funcionário; entramos, tomamos banho e pronto. Ninguém reclamou, então ficou por isso mesmo.

 

Fui com a Pryia e com a Airin (uma tailandesa que iria também a Uyuni) almoçar. Não me lembro do nome do restaurante, mas era um dos poucos que tinha comida essa hora. Tínhamos MUITA fome e pedimos 2 porções de batata frita e uma pizza grande. Vimos que havia uma geladeira grande cheia de cerveja e pedimos uma Potosina para experimentar; aprovada! Bem gostosa mesmo. Não posso dizer o mesmo da pizza, mas comemos ela todinha e tomamos mais uma garrafa da cerveja. Naquela altura já estávamos as 3 rindo à toa e falando besteira (ainda bem que a senhorinha que trabalhava no restaurante não entendia inglês). Entendam que com a altitude é muito mais fácil de ficar bêbado, eu não sou assim tão fraca :D. A conta ficou em 35Bs para cada uma.

 

Voltamos ao hostel para pegar a mochila e nos encontramos com o Baptiste, que tinha ido almoçar com os guias e também estava bem bêbado. Tomamos todos um táxi até o terminal e fomos procurar um bus para Uyuni. Não foi preciso dar 2 passos. Por todos os lados se escuta UYUNIII A LAS SEEEEEEIS, UYUNI A LAS SEEEEEIS... rimos demais disso. Compramos com a Diana Tours e custou 30Bs. Não, eu não me lembro disso, mas ainda tenho o ticket hehehe. Dentro do ônibus rolou uma confusão, pois os números das poltronas estavam indicados com uns papeizinhos escritos a mão e colados com fita adesiva, mas não havia uma sequência lógica. Além disso, tinha uma cholla com 3 crianças, mas ela só tinha ticket para 2 poltronas, então simplesmente sentou no meio do corredor com um dos bebês no colo. Quando a mocinha da empresa entrou pra conferir se estava tudo bem, encontrou essa bagunça. Perguntou o que estava acontecendo e nós não parávamos de rir. Quando cada um achou seu lugar, ficou faltando um poltrona para um moço que tinha entrado por último. Ele tinha o ticket, mas não havia lugar. Sentou no chão e foi assim mesmo. Pegamos a estrada com o sol se pondo, e eu acabei dormindo.

 

Chegamos a Uyuni por volta de meia noite. Eu tinha anotado o nome do hostel “El Salvador” e sabia que ele ficava bem em frente à parada do ônibus, que era barato e que ficava na mesma rua das agências que fazem o tour a Uyuni, então todos decidimos ir pra lá. Porém, quando descemos do ônibus, fomos abordados por uma mocinha boliviana que falava inglês muito bem. Ela disse que era de uma agência e que poderia nos dar uma carona até um bom hostel, sem compromisso. Recusamos, e ela insistiu. E insistiu, e disse que poderíamos já ver o carro do tour e conhecer o pai dela, que seria o guia. As meninas se convenceram pela doçura dela e entramos no carro, onde já estava o Horácio, da argentina, com cara de vítima. Ela falou sem parar até chegarmos a um hostel. E a outro. E a outro. Todos estavam cheios ou eram muito caros. Pedimos para voltar ao El Salvador, mas ela se recusava (pq o próprio hostel tem uma agência, que cobra menos que ela). Dissemos que íamos descer do carro e andar até lá e enfim ela nos levou de volta. Disse que estaria ali a noite toda esperando mais turistas chegarem e que nos procuraria de manhã. Ahhh coisa chata. A Pryia estava esperando mais 3 amigos chegarem nessa mesma noite de La Paz, e a mocinha disse que os esperaria e levaria ao hostel onde estávamos. Finalmente fomos ao El Salvador e pegamos um quarto com 5 camas (o Horácio acabou se juntando a nós), custou 40Bs para cada. O hostel não é nada demais, o chuveiro é meio difícil de esquentar a água, mas a cama era boa e quentinha. Estávamos com fome e saímos procurar algo.

 

Uyuni é uma cidadezinha feia e escura; fazia muito frio naquela noite e, como já era madrugada, não havia nada aberto. Como já tínhamos andado de carro por toda a região com a doidinha, tínhamos visto uma pracinha onde tinha uns carrinhos de sanduíche e fomos pra lá. Só tinha pão seco com salsicha de frango (hum, coisa boa :P) e batata frita, então foi isso mesmo. Custou uns 5Bs pra cada. Voltamos ao hostel, colocamos todo o arsenal de câmeras fotográficas para carregar e dormimos tarde.

Editado por Visitante
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Marcela, estou adorando seu relato.

 

Embarco dia 20/12, passarei por Potosí e não tinha certeza se seria uma boa conhecer a mina de cerro rico até por questões de segurança, mas você me convenceu a ir.

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