Ir para conteúdo

Bolívia e Peru - 28 dias - novembro/2013 - R$2.500


Posts Recomendados

  • Membros
Marcela, estou adorando seu relato.

 

Embarco dia 20/12, passarei por Potosí e não tinha certeza se seria uma boa conhecer a mina de cerro rico até por questões de segurança, mas você me convenceu a ir.

 

Olha Deborah, o tour realmente não é do tipo "arrumadinho e encenado pra turista ver". É a coisa nua e crua, por isso eu achei tão sensacional! Recomendo demais! Foi um dos pontos altos da viagem (teórica e metaforicamente hehehe)

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Respostas 24
  • Criado
  • Última resposta

Usuários Mais Ativos no Tópico

Usuários Mais Ativos no Tópico

Posted Images

  • Membros

* DIA 08 - 13/11/13 - PRIMEIRO DIA - SALAR DE UYUNI *

 

Acordamos cedinho e fomos procurar as agências; antes de sair, o funcionário do hostel nos ofereceu o tour com a agência dele. Negociamos muito e fechamos em 650Bs cada, incluindo sacos de dormir. No segundo dia pagaríamos mais 150Bs para entrar na reserva da Laguna Colorada. A agência era a Thiago Tours, cujo dono é um brasileiro, e eu já tinha lido coisas boas e não tão boas sobre ela aqui no fórum. Não me lembrava se a maioria era coisa boa ou não. Logo a doidinha da noite anterior chegou e ficou muito decepcionada. Falou para a Pryia que os amigos dela estavam em outro hostel e que queriam fechar o tour com ela; quando a Pryia disse que provavelmente não iriam, a mocinha começou a chorar. Sério, gente, a chorar. Tenho paciência não...

 

Saímos pra tomar café da manhã na rua (tem várias barraquinhas de comida ali na frente) e a Pryia foi encontrar seus amigos. Quando fomos ao escritório da Thiago Tours, a Pryia mandou um recado de que ela e os amigos iam fechar o tour com a doida (pagaram 750Bs.). Eu e os outros 3 fechamos com o T.T. Não lembro exatamente a que horas o carro chegou, acho que um pouco depois das 10h. Nos apresentaram 2 franceses que iriam junto com a gente no carro e o Juan Carlos, que seria nosso motorista, guia e personagem de muita história pra contar.

Colocamos as mochilas em cima do carro e começamos a aventura :D esquecemos os sacos de dormir, mas foi culpa totalmente nossa, e não da agência. Não fez falta.

 

A primeira parada foi no Cemitério de Trens. Gente, é um monte de trem velho, quebrados e pichados, e você pode subir neles e fazer o que quiser. Fantástico! Depois dali paramos em uma feirinha de artesanato onde tudo era caro. Tinha uma cholla vendendo uns copinhos com gelatina e um creme branco em cima, por 3Bs. Compramos um pra cada e rezamos a todos os santos pra não rolar uma dor de barriga coletiva. Saímos de novo e, perto dali, paramos em uma região de extração de sal; os trabalhadores amontoam o sal pra secar, aí nós, turistas malvados, vamos lá e subimos nos montinhos pra tirar fotos :D eu queria uma foto pulando de um, no ar, mas o que consegui foi uma foto toda borrada (e eu ainda no montinho), e uns 15 hematomas nas 2 pernas depois do tombo que levei.

 

598dab7290e85_UyuniD1GP(42).JPG.18e0ae811f8e48dbbc171be4c84b15f0.JPG

 

Voltamos ao carro e paramos num hotelzinho de sal no meio do nada, onde fica uma plataforma com bandeiras de vários países, que os próprios visitantes colocam. Não havia uma da Tailândia e a Airin ficou chateada por não ter levado uma. Eu fiquei chateada porque levei uma do Brasil, mas já havia umas 30 hehehe. O JuanCa veio avisar que o almoço seria por ali mesmo, então nos acomodamos em umas pedras, meio no chão, e devoramos a comida. Excelente! Tinha um monte de legumes cozidos, arroz, filé de frango e coca-cola, com banana pra sobremesa.

 

Satisfeitos e felizes, voltamos pro carro e fomos à ilha de cactos (não me lembro o nome dela). A entrada era opcional e custava 30Bs. Pq não, né? O visual lá de cima é lindo. Todo aquele sal por todos os lados, e você em cima de um monte de pedras com cactos, que eu não sei como e pq existem ali. Tem uma trilha que atravessa a “ilha”, leva meia hora ou um pouco mais; valeu a pena.

 

598dab73c0f45_UyuniD1IP(27).jpg.85784bbacd4cbb78209c8fa5fb0dfa4a.jpg

 

Voltamos ao carro, andamos um pouco mais e paramos numa área onde só havia sal, e mais nada nem ninguém; todos os grupos estavam longe. Hora das fotos! Exageramos na criatividade e tiramos milhões de fotos em poses ridículas e comprometedoras ali no meio do nada. Não havia água ainda, pq a temporada de chuvas ainda não tinha chegado, então ficamos sem o espelho. Mas mesmo assim, aquela infinidade de sal é incrível.

 

598dab73c9c65_UyuniD1SG(44).jpg.47205d9840883043cb5c9d30a9e92b60.jpg

 

É difícil lembrar dos fatos e de sua sequência nesses dias em Uyuni, mas acho que no primeiro dia não fizemos mais nenhuma parada e fomos até o hotel, que já era fora daquela área toda branca. Ao chegarmos (às 17h), o JuanCa preparou uma mesa pra nós la dentro (cada grupo tinha uma) e serviu café, chá e biscoitinhos. Nesse hotel os quartos são meio aleatórios, cada um com uma quantidade diferente de camas; fomos os últimos a chegar, então nos contentamos com o que sobrou: havia um quarto com uma cama de casal, que eu e a Airin dividimos, um quarto com 3 camas (pra 3 dos meninos) e o que sobrou teve que ficar num quarto onde já haviam mais 3 meninas; pobrezinho.

 

598dab73de45c_UyuniD1IP(52).jpg.10ecbdfdbb03799117325d417450b947.jpg

 

Depois do café o pessoal dos outros grupos se dispersou e foi se aprontar para o jantar; não sei bem o que eles foram fazer, pois não há como tomar banho e estava um frio do cão. Ficamos ali na mesa mesmo e depois de uma troca de olhares, decidimos que era hora de começar a beber. Tínhamos levado Singani e vinho, e eu tinha umas garrafinhas de cachaça na mochila, mas essas eram pra dar de presente aos meus hosts ao longo da viagem - guardem essa informação.

 

Ficamos bebendo de leve e batendo papo; os outros grupos retornaram para o jantar e foi servido o mesmo para todos: frango assado com batatas. Pelo que me lembro, era só isso. Comemos e continuamos na mesa, enquanto os outros grupos foram dormir (não passava das 21h). Acontece que nesse hotel as paredes são de sal, e aparentemente o isolamento de som não é dos melhores, então todo mundo começou a reclamar da nossa conversa. Foi aí que nosso super-guia JuanCa entrou em ação. Completamente bêbado, se juntou a nós e continuamos no bom ritmo. Até tentamos ficar do lado de fora, mas estava muito frio. Certa hora alguém apagou todas as luzes e fomos para o nosso quarto, rindo, e com a garrafa embaixo do braço. Acendemos uma lanterninha e ficamos contando histórias de terror. Quando o Singani finalmente acabou os meninos foram para seus quartos e dormimos, assustados com o fato de ainda ser meia noite.

 

PS: se você, colega de mochileiros.com, está lendo isso e estava no hotel esse dia, minhas sinceras desculpas. Sinto muito por lhe manter acordado, mas não poderia ter feito diferente hehehe.

 

* DIA 09 - 14/11/13 - SEGUNDO DIA - LAGUNAS ALTIPLÂNICAS *

 

Acordamos às 7h e tomamos café da manhã tentando ignorar os olhares dos outros grupos. Nos preparamos para partir e começamos a entrar em uma região diferente, menos branca e mais marrom, com muitas montanhas.

 

Bem, não me lembro de qual foi a sequência, mas durante todo o dia passamos por 3 ou 4 lagoas diferentes, cada uma mais impressionante que a anterior, e eu me senti em outro planeta. Foi o dia do tour com as paisagens mais lindas, não tenho a menor dúvida.

 

598dab74028d2_UyuniD2IP(31).jpg.aafe2b124557ed65cfccf4acc8ef72cb.jpg

 

Todos os grupos fizeram exatamente as mesmas paradas, a comida era sempre bem parecida, se não a mesma, e dormimos nos mesmos hotéis. Os carros também eram todos iguais, até onde se pode perceber só de olhar, e os guias você só conhece depois de umas horas, né... creio que a vantagem na escolha da agência para o tour é o menor preço mesmo. Nosso carro quebrou uma 3x durante esse dia, sempre no meio do nada, e sempre estávamos atrás dos outros grupos, então não tinha por quem esperar hehehe. O JuanCa conseguiu arrumar sempre em poucos minutinhos. Era alguma coisa no motor, mas eu, que não sei nem encher pneu de bicicleta, fiquei fora das especulações.

 

598dab740d234_UyuniD2SG(11).jpg.5f645edb0a712d84b286fa09038134ad.jpg

 

Além das lagoas, fomos também à região onde fica a árvore de pedra, e há muitas formações rochosas bonitas, e também ao mirador de um vulcão (dá pra ver a fumacinha saindo dele).

 

A última do dia foi a Laguna Colorada. Gente, o que é aquilo? Me senti em algum cenário de 2001: a space odissey, ou algo do tipo. Fantástico! Quando você se dá conta de onde está, e de tudo que está vendo, e escuta todo o silêncio em volta de si, é uma sensação magnífica.

 

598dab742e935_UyuniD2BP(36).JPG.8f77a270c1f24234f00594edd0947854.JPG

 

Depois disso fomos até o hotel, que não era o mesmo da noite anterior, e nos acomodamos para o tradicional café da tarde, igual ao do dia anterior (o almoço também foi parecido com o do primeiro dia, também gostoso). Nesse dia chegamos mais cedo ao hotel, por volta de 16h, e fazia muito mais frio. A diferença foi que, dessa vez, cada mesa ganhou uma garrafa de vinho, então todo mundo estava num clima mais amigável. Abrimos mais uma garrafa de Singani e começamos a fazer o que fazemos bem. O jantar foi servido (macarronada a bolonhesa) e continuamos na mesa bebendo, e o pessoal de outros 2 grupos se juntou a nós. O Singani acabou, o vinho acabou, e eu me lembrei da cachaça na mochila... bem, é por uma boa causa, né? Estamos no meio do deserto, está frio, e meus hosts não vão sentir falta do que eles nem sabem que existia... hehehe. Matamos as 2 garrafinhas que eu tinha.

 

Fui dormir muito feliz, com as botas ainda nos pés (nesse hostel cada quarto tinha exatamente 6 camas, então cada grupo ficou em um).

 

* DIA 10 - 15/11/13 - TERCEIRO DIA - GEISERS, TERMAIS E O RETORNO A UYUNI *

 

Fomos acordados por um JuanCa de ressaca antes das 5h, bem antes. Ainda não era dia, e fomos tomar café (nesse dia tinha umas panquecas com doce de leite, delícia!). Estava muito frio, mas muito mesmo. Mais frio do que eu já tinha sentido na minha vida.

 

A primeira parada foi na região dos geisers. Sensacional! Além dos jatos de ar quente, dá pra ver toda uma coisa cinza borbulhando dentro das crateras, fazendo muito barulho. Depois disso, fomos até os banhos termais. Não tinha condições de tirar a roupa pra colocar um biquíni, estava frio demais. Muita gente conseguiu; eu só tirei os sapatos e fiquei sentadinha com os pés na água quente. É engraçado que você sai da água quente e, quando pisa na grama, sente tudo estalar embaixo dos pés, e percebe que a grama está congelada. Caraca!

 

598dab743d53e_UyuniD3SG(4).jpg.98f81780abb1223808202be106501e45.jpg

 

Ficamos mais ou menos uma hora curtindo a água quente e voltamos ao carro para ir até a Laguna Verde. Nessa não há flamingos nem outro tipo de animal, pois o que deixa a água nesse tom tão lindo de verde é enxofre e outros metais pesados, tóxicos para os bichinhos. A água parada forma um espelho maravilhoso do vulcão Licancabur.

 

598dab7445a0e_UyuniD3SG(31).jpg.35fdb02958c7b8cf8a80ddbf3feb098e.jpg

 

Acho que depois disso já fomos até a fronteira com o Chile, onde nos despedimos do Baptiste e dos franceses. Voltamos ao carro e começamos a percorrer o caminho de volta até a Laguna Colorada, onde iríamos almoçar. Nessa hora também começamos uma luta: a de manter o JuanCa acordado. O maldito estava numa ressaca do cão e morrendo de sono. Dei uma das minhas cápsulas de cafeína pra ele, folhas de coca (que ajudam a pessoa a se concentrar), água fria, mas foi tenso. Fomos cantando alto e chacoalhando o homem pra ver se sobrevivíamos à estrada. Depois do que pareceram séculos, chegamos à Laguna. Almoçamos arroz, verduras e atum, com direito a um merengue com pêssego pra sobremesa.

 

Agora era a vez do Horácio sentar no banco da frente e fazer o papel de co-piloto, então eu me sentei lá atrás, relaxei e curti a vista. Paramos em alguns locais durante o caminho, também muito bonitos, mas todo o cenário que vimos pela “estrada” é maravilho. Passamos por um lugar que me pareceu um vale encantado; cheio das plantinhas verdes e amarelas, um rio correndo devagar por um leito de pedra e um monte de lhamas pastando. Lindíssimo!

 

Chegamos a Uyuni entre 16h e 17h. Nos despedimos do guia, aconselhamos ele a não beber tanto da próxima vez, pois acabaria tendo problemas, e decidimos não reclamar com a agência. Esse último dia foi complicado, mas nos divertimos com ele e não deixa de ser um bom guia.

 

A Airin e o Horácio iam passar a noite em Uyuni, então voltamos ao El Salvador e eu entrei de gaiata lá e tomei um banho :D ahhhh que delícia, depois de 3 dias sobrevivendo só com lencinhos umedecidos. Na Thiago Tours me disseram que eu teria desconto em uma das empresas de ônibus para La Paz, então fui atrás disso e comprei minha passagem para as 20h, por 90Bs; empresa Panasur.

 

Ainda tinha um tempinho, então fomos procurar comida e acabamos ao lado do hostel mesmo, num restaurantezinho que vendia frango com arroz e salada. Estava gostoso, um dos melhores frangos da viagem. Custou 13Bs.

 

O ônibus saiu pontualmente e era bem confortável; as poltronas não eram enormes, mas inclinavam bastante e eles deram um cobertor, pq fez frio durante todo o caminho.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

* DIA 11 - 16/11/13 - LA PAZ *

 

Chegamos antes das 7h da manhã. Acordei me sentindo mal com a altitude e o frio, e meus lábios doíam muito pq ficaram cheio de feridas, por mais que eu tivesse usado um protetor apropriado o tempo todo no deserto.

Havia reservado uma cama no Hostel Loki quando ainda estava em Potosi, mas me arrependi, pois não estava no ritmo de festa e bagunça como imaginei que estaria. De qualquer maneira, tomei um táxi (13Bs) e fui pra lá. Não tinha disposição pra procurar micro nem pedir informação demais.

 

Fiz check in, deixei minha mochila na cama, coloquei meu celular e câmera pra carregar (o Loki tem uns Lockers com tomada dentro que são uma maravilha) e fui aproveitar o café da manhã, que era igual a todos os outros da viagem: chá, café e leite e pão seco com manteiga e geleia.

 

Voltei pra cama e descansei por umas 2h; acordei um pouco melhor, peguei um mapa e saí pela cidade. O Loki fica um pouco longe da Plaza San Francisco, e fica no meio de uma ladeira, o que eu achei desvantagem demais. Andei pelas ruas onde fica todo o artesanato e as agências e tive vontade de comprar tudo, mas ainda iria voltar a La Paz, então não fazia sentido. Passei por uma 15 agências perguntando sobre o passeio ao Chacaltaya para o dia seguinte, e sempre ouvi a mesma coisa: volte mais tarde, pois ainda não há grupo. Eu queria deixar pago pra garantir meu lugar, e depois pegar o dinheiro de volta caso não rolasse, mas nenhuma agência quis.

 

Almocei num restaurante que fica do lado direito da catedral (de costas pra ela), que fica no alto do prédio e tem uma vista linda da cidade, mas a comida não estava boa. Pedi linguiça, pra sair um pouco da rotina de frango, e me arrependi. Depois de comer comecei a me sentir mal de novo e voltei ao hostel. Fiquei um tempo de bobeira por lá, encontrei um pessoal que também tinha acabado de voltar de Uyuni e ficamos no bar batendo papo. Às 17h, conforme tinham me dito, voltei à agência próxima dali para saber sobre o passeio ao Chacaltaya, e adivinhe só: estava lotado. Fiquei puta da vida. A mocinha me disse que só 3 agências fazem o tour pra lá (as outras só agendam e passam pra elas), e que não haveria carro nem guia pra formar mais um grupo. Passei por mais uma agência pra me certificar disso e era verdade. Fiquei bem chateada e voltei pro hostel; nessa hora começou uma garoa fininha e gelada, pra combinar com meu estado de espírito.

 

Comecei a sentir fome e comi um sanduíche no bar do hostel, e me convenceram a tomar umas cervejas pra me animar. Bem, funcionou. Tomei 2 garrafas de Paceña, e quando a festa estava começando, me bateu um sono incontrolável. Fui pra cama e não ouvi mais nada... até 1h da manhã. Acordei e percebi que não havia mais música, então a festa tinha acabado. Quando eu finalmente entendi o motivo de ter acordado e descobri a origem do barulho, coloquei meus fones de ouvido, liguei uma música bem alta e cobri a cabeça com o travesseiro. Digamos que minha coleguinha de quarto conheceu um cara bem interessante na festa e eles foram pra cama (bem ao lado da minha) pra se divertir um pouco. Ok, crianças, protejam-se e divirtam-se. E tentem gemer um pouquinho mais baixo, por gentileza, hahahaha.

 

Nesse dia, depois do almoço, minha fortuna era de:

240Bs

US$322

R$347

Ai, to ficando pobre...

 

*DIA 12 - 17/11/13 - DE LA PAZ A COPACABANA - TRILHA PELA ISLA DEL SOL *

 

Acordei sem meu bom humor habitual e fui tomar café. Fui até a porta do hostel e me deparei com um dia cinza, frio e úmido: a cara de São Paulo. Quer saber? Vou dar o fora. Agarrei minha mochila e fiz o check out. Paguei 100Bs (1 noite + sanduíche gigante do jantar + paceñas).

 

Tomei um táxi e fui até o terminal (10Bs). Sabia que os ônibus para Copabana saíam às 8h. Perdi por menos 10 minutos. Estava quase sem dinheiro, então passei por um caixa eletrônico que tinha a bandeira “plus” e saquei 200Bs do meu VTM. Não parei pra pensar em taxas nem em nada, só precisava do dinheiro. Respirei fundo e comecei a conversar com todo mundo, dizendo que PRECISAVA ir à Copacabana. Até que a funcionária de uma das empresas me aconselhou a ir até o cemitério e de lá pegar uma van. Sim, claro, eu sabia disso. Tinha até anotado no meu caderninho. Por alguma idiotice, me esqueci da informação. Paguei mais 10Bs pra ir até o cemitério e, chegando lá, um cara já veio na janela oferecer o ticket pra Copacabana. Joguei minha mochila em cima dele e entrei na van. Paguei 20 Bs, saímos de lá as 8h30. No meio da estrada ultrapassamos os ônibus da rodoviária (os que eu perdi). Mostrei a língua pra eles e depois disso todo meu stress foi embora :D

 

Curti muito a estrada, as primeiras imagens do Titicaca me fizeram lembrar do mar lá de Fortaleza, no nordeste do Brasil; só a temperatura baixa estava destoando um pouco do cenário. Em um momento tivemos que descer e tomar um barquinho para atravessar um pedacinho do lago. A van foi uma balsa de madeira meio capenga, e eu fiquei de olho na minha mochila que estava amarrada lá em cima.

 

Chegamos à Copacabana às 11h, antes do ônibus da rodoviária, e descemos em uma pracinha. Recusei todos os táxis, como sempre gosto de fazer, e fui caminhando tranquilamente até a água. Várias agências me ofereceram o ticket da barca até a Isla, passagem para Arequipaaaa, Arequipaaa, Arequiiipaaaa, hospedagem, almoço, a mãe... enfim, sabia que com eles seria mais caro, então andei até a beira da água e achei o quiosque onde se vendem os tickets. É fácil de achar. Comprei o próximo para o norte da Isla del Sol por 25Bs, eu acho, às 13h30.

 

Dica: eu tenho uma memória lixo, e não tenho paciência nem coordenação pra anotar meus gastos conforme eles acontecem, então fui guardando todos os tickets e comprovantes pra ajudar a escrever o relato. Pensando em vocês, viu só? <3 tô dizendo isso pq tenho o comprovante da barca, mas não consta o preço nele hehehe.

 

Almocei em um restaurante ali na ruazinha principal... pera, eu vou lembrar o nome... não, não vou. É um que coloca as mesas pra fora com uns sofás. Hehehe, todos fazem isso, desculpe a informação inútil. Enfim, a comida não era assim tão boa. Custava 20Bs a truta com arroz e salada, sopinha de entrada e sobremesa. Aí eu pedi uma coca-cola pequena e me assustei quando chegou a conta: 29Bs. Oh coca-cola carinha. Já não tinha mais muito tempo, então fui em direção a água pra tentar descobrir qual era meu barco.

 

Tinha um senhorzinho parado ali que verificou meu ticket e me apontou pra um barco lá no final da doca; ia me dirigir pra lá, quando chegaram duas francesas que compraram o ticket junto comigo, pagaram o mesmo preço e tal. O homem mandou elas pra um outro barco, que estava bem ali na nossa frente. Olhei de novo pro fim da doca e vi que o barco que ele me indicou era bem mais pobrezinho, não tinha bancos na parte superior e estava cheio (lotado) de gente local. Não que eu tenha algo contra eles, mas seria legal viajar confortavelmente pelo menos no barquinho, já que nos ônibus tava difícil. Comecei a questioná-lo e ele começou a discutir comigo, dizendo “eu sou o capitão do barco, eu sou o capitão”. Grande merda. Me fiz de surda e simplesmente entrei no barco com as francesas. Era ótimo, com poltronas tipo ônibus embaixo e banquinhos com grade em cima. Deixei a mochila embaixo e me sentei lá em cima. Um outro homem veio me pedir o ticket e eu disse que já tinha dado pro outro; ele ficou puto da vida e foi lá brigar; ficaram discutindo até a hora que o barco saiu. Senti um peso na consciência e fui perguntar se estava tudo bem. Ele me garantiu que sim, com seu sorriso carente de dentes.

 

Saímos com uns 15 minutos de atraso. O trajeto é lindo, com várias ilhas na paisagem e a água muito clara. Mas gente, que frio. Insisti em ficar na parte de cima, tomando todo o vento, só pq a vista era muito linda. Mas passei muito frio... muito. Chegamos quase às 16h e comecei a me preocupar; queria fazer a trilha até o lado sul, mas tinha me esquecido de deixar o mochilão em Copa, estava sozinha e era 1h mais tarde do que previa. Mesmo assim, me informei sobre onde era o começo da trilha e fui pra lá. Vi mais 3 pessoas um pouco na frente e comecei ir atrás. Quando os alcancei, começamos a bater papo. Era um casal espanhol e mais um cara, também espanhol, mas que não estavam viajando juntos. O casal tinha alugado uma casinha um pouco a frente na trilha pra passar uns dias, mas o Davi ia seguir na trilha até o sul. Ufa! Falei que também ia e fomos andando meio juntos, mas sem conversar muito pra poder manter o fôlego.

 

Não façam essa besteira que eu fiz. Não esqueçam de deixar o mochilão pra trás. A trilha é cheia de subidas e descida, e, na média, a altitude passa dos 4000m ali. Isso sem contar o vento frio. Deixem o mochilão em Copa!

 

Meu ritmo era bem mais lento que o do Davi (que só tinha uma mochilinha), e vi que ele diminuiu o passo pra eu conseguir acompanhar. Que fofo. Disse pra não se preocupar, mas ele fez questão. Fizemos algumas paradinhas pra tomar água, fôlego, e apreciar a vista, mas nada muito demorado por causa da hora. Em certos momentos eu estava muito cansada e ele se ofereceu pra levar meu mochilão, mas dei uma de macho e recusei, muito agradecida. Perto do fim, comentei que merecíamos um coro de trompetes e uma medalha. Enfim, quando o sol começou a se pôr, avistamos o vilarejo do sul. Paramos ali no alto e olhamos em volta: o sol se pondo no Titicaca, o céu todo vermelho, e lá no horizonte as cordilheiras nevadas. Acho que entrou um cisco no meu olho... como se não bastasse esse absurdo da natureza, logo que o sol sumiu nós avistamos algo surgindo lá das cordilheiras, bem atrás da Isla de la Luna. Parecia que o sol já estava voltando, mas era a lua. Cheia, gigante, toda amarelona. De tirar o fôlego. Magnífica. Mais um cisco, droga. Pronto, tá aí o nosso prêmio. Bora, Davi, que eu tô ficando muito sensível...

 

598dabdf922fd_IsladelSol(49).jpg.9247fd65609a2b87ef375f99b4c81244.jpg

 

Caminhamos um pouco mais e encontramos umas crianças brincando na rua. Cada veio oferecer um quarto no hostel da família. Perguntamos qual era o mais barato e que tinha o chuveiro mais quente, e todo mundo apontou pra uma das menininhas, que abriu um sorrisão. Seguimos a Ana até o hostel e vimos que estava vazio, então pedimos quartos separados. Sem problemas. Fiquei num quarto com uma cama de casal e uma de solteiro, além de um banheiro privado, por apenas 25Bs; o mesmo pro Davi. O hostel era no ponto mais alto da ilha e tinha janelas imensas de vidro em 3 paredes, então a vista ali de dentro era fantástica. Tomei um banho (quente, de fato), coloquei muitas roupas e fui ali pro terraço com o Davi e as crianças. Ficamos batendo papo e apreciando a lua. Não senti muita fome e tinha uns chocolates na mochila, além de estar com os músculos exaustos, então não saímos pra jantar. Ficamos mais um pouco ali e o frio me obrigou a ir pro quarto. Abri todas as cortinas, coloquei os cobertores das duas camas numa só e consegui uma camada de quase meio metro pra me cobrir hehehe. Foi a noite mais fria de toda a viagem, mas estava tão exausta que dormi bem.

 

E pensar que pela manhã eu estava em La Paz toda de mal com a vida...

 

* DIA 13 - 18/11/13 - DE COPACABANA A AREQUIPA *

 

Acordei com o sol entrando pelas janelas e tirei meia horinha pra apreciar a vista e pensar em como a vida é linda, e em nada mais. Paguei o hostel, dei umas moedinhas pra fofa da Ana e perguntei como descer até o local de onde saem os barcos. Ele me apontou pra um dos lados (o mesmo lado da Isla de la Luna) e disse que era só ir seguindo a rua. Sabia que havia mais coisas pra se ver na ilha, mas estava com as pernas moídas e a fim de tirar um tempinho lá perto da água. Eram 7h e nada do Davi, então fui sozinha. Demorei quase uma hora até chegar à praia, afinal estava no ponto mais alto e fui parando pra tirar fotos e brincar com os jeguinhos pelo caminho.

 

O barco só sairia às 10h30, então deixei a mochila ali na grama, me deitei e aproveitei o sol. Ahhh que paz deliciosa. Passaria o dia todo ali, se não a vida. Tinha um cachorro gigantesco me rondando, querendo fazer amizade, e como sou muito difícil, logo estava rolando com ele pela grama. Quando a lanchonete que tem ali abriu fui lá procurar comida, pois não tinha jantado na noite anterior e nem tomado café da manhã ainda. Só tinha sanduíche e pedi um hambúrguer. Nunca me acostumei com isso, mas sempre que você pede um sanduíche com hambúrguer, é só pão seco e hambúrguer, nada mais. A não ser que você especifique que quer um queijinho, uma saladinha... bem, custou 10Bs e matou minha fome, então tá valendo.

 

598dabdfd2ee8_IsladelSol(132).jpg.d58ad5510dee3fb61ec19678637aa8b1.jpg

 

A prainha começou a ficar cheia conforme as pessoas chegavam pra esperar o barco. Uns europeus doidos tiraram a roupa e entraram na água. Sinceramente, essas pessoas são feitas de algum material diferente do meu. Eu estava de blusa e cachecol, deitada no sol, e ainda sentia frio. Gente doida.

 

Saímos pontualmente às 10h30 (o ticket custou 20Bs, comprado ali na hora); o meu amigo cachorro pulou atrás de mim pra dentro do barco e todo mundo ficou tirando fotos, até que tiraram ele. Ficou todo chateadinho me olhando :( quando estávamos já começando a nos movimentar avistei o Davi correndo em nossa direção. Pedi pra esperar e deu tempo de ele embarcar. Acontece que ele acordou pouco depois de mim, mas desceu o lado errado da ilha. Quando se deu conta, teve que voltar pro topo e descer todo o caminho até a praia. Estava esgotado, coitado.

 

Chegamos a Copacabana às 12h e comecei a procurar uma empresa que me levasse até Arequipa. Havia muitas, todo mundo grita Arequipaaaa loucamente. Comecei a perguntar preços. Conforme subi a rua, a oferta passou de 150Bs pra 70Bs. É bom pechinchar, né? Me certifiquei de que não teria que pagar nada mais pelo ônibus nem na fronteira nem em Puno, mas continuei desconfiada. Quem garante, né? Ela me explicou que em Puno eu trocaria de ônibus, mas isso não me incomodava. Pagando pouco, eu tô dentro.

 

Não sei qual foi a agência que me vendeu o ticket, mas no fim das contas só tinha 2 ou 3 ônibus saindo pro Peru. Todas as agências vendem os tickets dos mesmos ônibus. No meu caso, era a empresa Titicaca. Um bom ônibus, de 2 andares e confortável. Chegamos rapidinho à fronteira, saí da Bolívia e entrei no Peru sem problemas.

 

Troquei dinheiro ali na fronteira. US$200 por S/470. Tinha conversado com uma menina que vinha de Arequipa e ela me disse que lá o câmbio estava pior, então achei melhor comprar aqui.

 

Iei, estou no Peru! Demorou um pouquinho pra cair a ficha rs. Aos poucos a paisagem foi mudando, as casas são diferentes e você percebe que está entrando num país com um pouco mais de dinheiro, bem menos miserável que a Bolívia. Não sei que horas chegamos a Puno, pois eu fiz uma bagunça danada com fuso horário e só fui me entender com o relógio quando já estava em Arequipa. Ali no Peru eram 3h a menos que SP no horário de verão, 2h a menos que o MS, 1h a menos que a Bolívia. Entendem? Pra mim é difícil... rs. Havia mais 3 pessoas que também iriam a Arequipa, então colei nelas e fomos juntos procurar qual ônibus iria nos levar. Deu tudo certo, no fim. Trocamos nosso ticket por um outro, sem ter que pagar nada, e tivemos meia hora pra usar o banheiro e agarrar alguma coisa de comer.

 

Esse novo ônibus não era tão bom, mas me acomodei e fiquei ali de boa. Não podia ser tão ruim, né? :) maldito otimismo, às vezes você erra. O ônibus parava em todo e qualquer lugar pra tentar conseguir mais passageiros. Sério mesmo. O motorista descia e ficava no meio da rua gritando AREQUIPAAA AREQUIPAPAAA AREQUIPAAAAAAAAAAAAAAA! Todos os passageiros ficaram muito irritados e começaram a xingar. Não adiantou. Isso continuou acontecendo o caminho todo. Lembro de ter dito ao meu host que chegaria por volta de 21h, mas só cheguei às 23h. Eu acho. Estava realmente confusa com o horário.

 

Enfim... chegamos. O terminal de Arequipa era próximo à casa do meu host, Frank, e ele se dispôs a ir me buscar. Liguei pra ele, que já estava preocupado, e em 5 minutos já estava dentro do carro. Paramos num restaurante pra comprar comida - “você tem que provar o frango daqui, é muito melhor que na Bolívia!” - e eu sorri e concordei, né. Oba, mais frango... :´( Chegamos à sua casa, comemos e ficamos conversando por horas. Devo ter ido pra cama (depois de um banhão quente) às 3h da madruga.

 

Nesse dia, logo que fiz o câmbio, eu fiquei com:

73Bs

US$122 + o que restasse no VTM, que eu supunha (e esperava) não ser menos que US$60.

R$347

S/470

Editado por Visitante
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros de Honra

Cara tá ficando show de bola. que que é essa história do por do sol na ilha do sol! caraca, queria estar lá com lua cheia, pena que não vai rola. vc se lembra do nome do hostel que ficou na ilha? seria uma boa informação se tivesse.

 

coloca mais fotinhos ai pra gente.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros
Cara tá ficando show de bola. que que é essa história do por do sol na ilha do sol! caraca, queria estar lá com lua cheia, pena que não vai rola. vc se lembra do nome do hostel que ficou na ilha? seria uma boa informação se tivesse.

 

coloca mais fotinhos ai pra gente.

 

Olha, foi incrível mesmo! O hostel não tem fachada nem nada, mas tirei essa foto pra me lembrar:

 

598dac063f9d9_IsladelSol(102).jpg.20c694f4adaf436bec356cd9cf23c481.jpg

 

Não custa perguntar por lá ;)

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 1 mês depois...
  • 1 mês depois...

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.


×
×
  • Criar Novo...