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Colômbia, América Central, México e Venezuela - 30 dias


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Olá, pessoas doidas e sem juízo, como diz minha mãe. Vou relatar minha grande ultima tripada. Primeiramente gostaria de apresentar-me, sou o Hindú, tenho 26 anos, mineiro.

Viagem realizada entre Janeiro e Fevereiro de 2011. Desculpem a demora pelo relato. Mas acho que ainda está a tempo.

Como todos deste site, creio eu, ao termino de uma viagem, sempre queremos mais, parece droga só que é muito mais divertido. Depois de passar por uma aventura em minha ultima viagem, ficar ilhado por cinco dias em machupicchu resolvi me aventurar em outras terras. Queria mais, algo mais hard core, se é que vocês me entendem. Pois bem, verificando os destinos possíveis e acessíveis (tanto financeiramente quanto logisticamente [vistos, tempo, etc.]), acabei por decidindo pela maravilhosa América Central. Tenho que confessar que não sabia bulhufas sobre aquele lugar. Então mais que sorrateiramente, encaminhei-me para o mochileiros.com. Neste momento do relato gostaria de explanar minha imensa gratidão ao site e principalmente ao tópico do Paulera, que simplesmente “fodificou “ minha viagem.

Decidido o trajeto, chegou a hora de comprar as passagens. Foi ai que a coisa começou a ficar divertida. Possuía algumas milhas, estavam prestes a expirar, porém não eram suficientes. Resolvi colocar uma pitada de digamos, loucura no roteiro. As milhas que possuía me propiciavam dois trechos na America do sul. Decidi por sair de BH e ir até Bogotá e retornar de Caracas para BH. Pronto a merda estava pronta.

Depois da infeliz escolha, deixei a endorfina eufórica baixar e comecei a raciocinar. O que farei em Bogotá? Resolvi conferir no mapa e para minha surpresa, aquela porra era longe pra caralho do Panamá, restava-me três meses para o embarque e eu ao menos possuía um passaporte, quanto mais um visto mexicano. Começou a me bater o desespero. Providenciei os documentos e com certa Network consegui “agilizar” meu passaporte e na semana seguinte fui ao Rio e tirei o meu visto (a coisa é tão fácil e desburocratizado que chega a ser ridícula).

Chegando o fim do meu prazo, consegui por uma pechincha pela Copa, voar de Bogotá para Cartagena, de Cartagena para Cidade do Panamá e de Cancun para Caracas por 900 dólares. Ok, não foi tão barato assim, mas para mim, que já estava todo cagado, o que era um peidinho né.

 

A saga

Chegado o grande dia, depois de aterrissar em Guarulhos, achei que percebi que havia esquecido o cacete do comprovante internacional de vacinação, tive que sair do embarque e por sorte consegui um novo no próprio aeroporto. Mais tranqüilo, depois de pagar quase 70 reais de taxa de reembarque, retornei ao rumo correto de minha viagem.

Cinco horas depois, chegando a Bogotá, uma nova surpresa, minhas pesquisas sobre aquela cidade e tantas outras, haviam ficado sobre a bancada do meu quarto. Lembrava-me apenas do nome de um albergue em Bogotá – Platypus - fica na Candelária, parte velha de Bogotá. Peguei um taxi e fui procurá-lo. Não foi difícil e nem caro.

 

Colômbia

Bogotá

Hostel: Platypus

Calle 16 No. 2 - 43, Bogotá, Colômbia

Valor: $14

Taxi aeroporto para hostel: US$ 10,00

Havia me esquecido de dizer, mas o prazo para minha viagem foi de 30 dias. Assim sendo, não podia ficar mais que um dia por ali.

Chegando ao albergue, conheci um conterrâneo, de nome Thiago (só sei isso dele, pois eu tenho um grande defeito, não sei por cargas d’águas, acredito que encontrarei com essas pessoas em outra oportunidade e por isso não peço telefone, facebook e nem email) e algumas colombianas, passamos o resto do dia juntos, demos algumas voltas por ali perto e tomamos umas cervejas pela noite. Foi divertido, fazia um frio do cão e como eu sou um cara de muita sorte, não levei nem uma roupa de frio.

Em Bogotá, conheci um espanhol do tipo que lhe da vergonha de ser típico brasileiro. O cara conhecia mais o Brasil que toda minha família em todas suas gerações, desde a Amazônia até o sul.

No outro dia cedo, embarquei-me para Cartagena. A viagem é curta, assim como minha memória e não me recordo quanto tempo foi.

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1 - Candelária – Bogotá

 

Colômbia

Cartagena

Hostel: Real

Valor: $11

Calle Magdalena (Fora dos muros)

Taxi aeroporto para hostel: US$ 5,00

O amigo espanhol, havia-me recomendado um albergue, foi de grande valia, pois o que havia pesquisado ficou sobre a bancada do meu quarto. Chamado Real, fica fora da cidade murada, é simples, bom, barato e tranqüilo. Foge um pouco do padrão de albergues convencionais, de festas, azaração, muita gente pelos corredores e áreas internas. Paguei pouco mais de 10 dólares por noite, em quarto privado, com banheiro e TV. Bom né? E dava pra descansar bastante, pois era bem sossegado pela noite.

A cidade é fantástica, assemelha-se muito com todas as cidades históricas em países colonizados por espanhóis. Existe uma muralha construída no século XV que cerca toda cidade velha, as construções são bem conservadas, o povo gentil e a musica é fantástica, um ritmo bastante popular na Colômbia é a Bachata, parece lambada com salsa só que bem mais sensual. O clima é quente o que faz das praias, locais bem freqüentados, principalmente playa blanca, onde pude ter uma idéia do que me esperava no Caribe. Na verdade, consideram o mar da Colômbia como já sendo mar do caribe. É engraçado como comem frutas pelas ruas. Mangas, abacaxi, coco, uva e melancia são vendidos picados em copos. Prático, saboroso, barato e um tanto quanto anti-higiênico. Mas não morri, então foi bom.

Conheci alguns brazucas perdidos por ali, mas o que mais me impressionou foi dois mineiros sendo que um é de minha cidade de pouco mais de 200 mil habitantes. O mundinho pequeno. À noite fui a uma festa no albergue onde estavam hospedados. Festa típica caribenha, muita salsa, mojito, cerveja, mulheres, loucas, bêbadas e felizes.

Fiquei por dois dias em Cartagena de índias. Gostei muito, acabei por descobrindo um método de chegar ao Panamá de barco saindo dali, mas como já havia comprado a passagem, infelizmente ficará para uma próxima oportunidade.

Na saída, fui surpreendido pela federal da Colômbia. Calma, não possuía nenhum tipo de entorpecente, mas pela minha cara de doido, corpo tatuado e os chinelos Havaianas do Brasil, acabei por caindo na malha fina. Revistaram minha mochila, meus bolsos e meus testículos. Após a penosa vistoria, ainda fui encaminhado para uma salinha, dessas de por terror. O diálogo abaixo aconteceu após a chegada nesta salinha.

- Passaporte

- O que veio fazer na Colômbia?

- Turismo.

- Turismo?

- Sim, turismo.

- Você é usuário de drogas.

- Não.

- Tem certeza?

- Sim.

- Está levando droga para fora da Colômbia?

- Não.

- Tem certeza?

- Sim.

- Sabia que é crime tráfico de drogas?

- Sim.

- Você passaria no raio-x?

- Sim.

Na saída, quase borrado, vi que eles riam ao ver minha imagem e do meu pinto, que nestas horas havia virado uma pererequinha de medo. Assinado o termo de responsabilidade, fui liberado e escoltado até o avião.

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2 - Cartagena

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3 – Cartagena

 

Cidade do Panamá

Hostel: Lunas Castle

Valor: $13

Calle 9na Este 3-28; Casco Antiguo

Hostel: Casco Antiguo

Valor: $14

Calle B & Calle 12, No 755, San Felipe

Taxi aeroporto para hostel (coletivo): US$ 11,00

Entrada visita canal panamá: US $5,00

Taxi City Tour: US$ 20,00

Taxi Casco Viejo para Rodoviária: US$ 3,00

Ao chegar ao panamá, peguei um taxi coletivo, desses bem baratos, paguei pouco menos de 11 dólares até Casco Viejo, zona antiga da cidade. Novamente fui motivado por conselhos e acabei me hospedando no hostel Lunas Castle, gigante, meio zoneado, parecia legal até ir dormir. Porém, antes do merecido descanso, fui comprar cervejas e dar uma volta pela região. Achei esses itens de sobrevivência um pouco caros. Todos os estabelecimentos aceitam dólares e a moeda (Balboa) quase não se vê, aliás, você só as vê quando estas para sair do país e te dão troco de 50 dólares em balboas. Malditos. Quando retornei ao albergue, conversei com alguns e fui dormir. Como todos nos sabemos, as piores camas ficam para quem chega por ultimo e sempre são as de cima do beliche, não por sorte minha sobrou-me uma destas. Para piorar toda a coisa, um casal insólito começou a fornicar na cama de baixo, tossi, peidei, arrotei e nada. Sai e quando retornei, estavam no segundo ato. Pensei, estou na cama de cima, nada poderia sair voando em jatos e me alvejar, então me coloquei a dormir, acabei pegando no sono com o vaivém da cama. Detalhe, o quarto tinha oito beliches, todas ocupadas e com todos presentes no recinto. No outro dia bem cedo, resolvi dar um fim e ir para bocas Del toro, tomei um taxi a la Queen Latifa, a tia dirigia zangada e xingando todo mundo, pelo menos era barato, paguei $3.

Fui até a rodoviária da cidade, dei graças por sair daquele taxi maluco e por mais uma peça do destino, não havia passagem para bocas naquele dia e nem para o seguinte e nem para o seguinte do seguinte. Sentei em um meio-fio, pense e decide ir até San Juan, Costa Rica e por outra peça (nesta hora olhei para o céu e perguntei se Deus tava de sacanagem comigo) não havia para este dia também, somente para o dia seguinte. Todavia, como não tinha o que fazer, resolvi voltar para Casco Viejo. Qual foi a minha surpresa em descobri que todos os taxistas são malucos. Pois bem, conheci Washington, o cara mais louco desta viagem. Ele foi comigo até outro albergue (Casco Antiguo), negociou com a Dona e fomos conhecer a parte nova da Cidade do Panamá (por conta dele), fiquei impressionado com o desenvolvimento. Fomos a várias lojas para eu comprar uma máquina fotográfica nova, zuamos muito as vendedoras. Nesta hora decidi que já ia longe demais, então pedi que me deixasse no terminal novamente que iria almoçar. Ao fim de quase 2 horas de city tour, uma máquina Cannon Rebel XSi por 400 dólares e muita musica regaton, despedi-me de Washington e paguei 20 dólares. Ele se ofereceu para retornar e me levar para conhecer o canal do panamá. Achei melhor não. Sai no lucro, mas poderia ter sido roubado, esfaqueado e morto, mas confiei e não foi tão trágico. O outro albergue que passei a noite parecia um hospital, todo branco, camas e quarto antigos que lembram o terror “A Casa da Colina”.

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4 - Canal do Panamá

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5 - De Casco Viejo vista da cidade moderna

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6 - Ônibus no Panamá

 

Costa Rica

San Juan

Hostel: Pangea

Valor: $13

San Jose Barrio Amon Av 7 calle 3

Taxi até Hostel: US$ 2,00

La fortuna

Hostel: Cabinas Jerry

Valor: $8

La Fortuna

Onibus desde San Juan: US$ 5,00

Passeios vulcão: US$ 30,00

Transporte até Nicarágua: US$ 20,00

No outro dia cedo, embarquei-me no Ticabus sentido San Juan, dezesseis horas e talvez a alimentação mais digna da viagem. No ônibus conheci uma chinesa de nome Lang, muito gente boa, mas com um inglês tão ruim quanto o meu, conseguimos nos entender e graças a ela e seu Lonely Planet conseguimos um algergue barato e bom (us$13,00). Chegamos tarde e fomos direto para o dormitório. No dia seguinte rodei pela cidade e fui conhecer um parque nacional que fica cerca de 20 minutos de ônibus do hostel. Passei o dia por lá. Retornando, descobri que a ching ling já tinha zarpado, eu iria na manhã seguinte, rumo ao vulcão arenal, no norte do país. Acordei lá pelas quatro da matina com o frio polar, embarquei num coletivão para a cidade de La Fortuna.

Chegando, mais uma vez, sem saber para onde ir, descobri umas cabines baratinhas e sujas. Conheci um casal de italianos que falava espanhol tão bem quanto o Boris Iéltsin falando russo. Conversa vai conversa vem, mímica vai mímica vem e aparece um argentino do nada, tal qual o mestre dos magos. Entrou na conversa e aos poucos descobri de onde era, Córdoba, a fama de mentirosos atravessa fronteiras. Começou com uma estória cabulosa de que havia sido seqüestrado três vezes pelas FARCs, atacado por uma onça pintada na Amazônia que quase arrancou seu braço, mas sem deixar marcas, ficou perdido no Atacama e dentre outras lorotas a mais. Tomamos algumas cervejas e comemos um risoto de não sei o que feito pela italiana. Logo fui dormir.

Na manhã seguinte, como combinado com a RED LAVA ENTERTENIMENT, fui conhecer o vulcão arenal. Passeio muito divertido. Conheci uma colombiana de Medelim que faz jus à fama daquele povoado colombiano.

O vulcão é fantástico. Gigante. Interessante são os gringos com suas possantes máquinas fotográficas. Parecem meninos do escoteiro. Calças que viram bermudas, camisas que secam em piscar de olhos, coletes com kits e canivetes suíços, sticks para longas caminhadas. Toda essa parafernália para sair do quarto e irem até o mirante do hotel cinco estrelas.

Passamos o dia por lá. Na volta, paramos em um parque de águas termais enorme e super luxuoso. Como no pacote do passeio estava incluso “hotsprings”, a colombiana e eu, fomos logo nós despindo e correndo para a entrada. Estávamos felizes até descobrirmos que não era ali e sim num riozinho mais pra frente. Não era tão ruim assim, não tinha luz, nem escadas, nem ninguém. Mas foi divertido. É muito grande o volume de água quente com cheiro de ovo cozido. A água é altamente sulfurosa e meio ácida. O cabelo da colombiana ficou igual de um macaco morto a tapa.

No outro dia pela manhã tinha que seguir até Peñas Blancas, divisa com a Nicarágua.

 

 

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7 - San Juan – Costa Rica

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8 - Vulcão Arenal – Vista de La Fortuna

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9 - Lago próximo ao Vulcão

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10 - O Gordo perto do Vulcão Arenal

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11 - Cachoeira próximo ao vulcão Arenal

 

Nícarágua

Hostel: Ali

US$ 10,00

Isla Ometepe, Calle Principal

Ferry Boat: US$ 3,00

Transporte fronteira até San Jorge: US$ 10,00

Transporte até Manágua: US$ 15,00

Transporte Manágua até San Pedro Sula (Honduras): US$ 40,00

As coisas na América central ocorrem de maneira muito esquisita, um tanto quanto suspeita. Com a mesma empresa que me levou para conhecer o vulcão, comprei a passagem até a divisa. Cheguei a trocar de meio de transporte três vezes. Ônibus, carro e van. Em momento algum, pediam passagem ou comprovante de compra. Por que também esses não existiam. Eu só dizia que estava com o pessoal da Red lava.

Chegando à fronteira, percebi que os nicaragüenses não são bem vindos na Costa Rica. Na verdade, na Costa Rica não tem costarriquenhos. As classes média e alta são americanos ou europeus e a baixa nicaragüense.

A fronteira é larga e todo o trajeto tem de ser feito a pé. Lá, confirmei o conselho de ética entre os latinos. Quando você chega à fronteira e mostra o passaporte, te cobram 12 dólares, mas se você é americano ou qualquer outro gringo, a coisa fica mais cara.

Uma coisa que observei em todos os países que estive, é que quando dizia ser brasileiro, uma bola surgia do nada e acertava-me a nuca, para fazer embaixadinhas, como se todo brasileiro fosse bom de bola.

Cinco perguntas escrotas que sempre são feitas:

- Você conhece a Amazônia?

- Você conhece o Ronaldinho, Pelé, Zico, etc.?

- Anaconda realmente existe?

- Toda mulher brasileira é puta?

- Carnaval é só putaria?

Após passar pela fronteira, teria de chegar até Rivas, outro ônibus até San Jorge e de lá um barco até Ometepe. Chegando à rodoviária (força de expressão) da fronteira, avistei de longe o ônibus (força de expressão) que deveria pegar, lá não existem ônibus de empresas como Itapemirim. Lá cada dono faz um itinerário (força de expressão). Como a coisa é meio zoneada (força de expressão), fiquei aguardando algum mochileiro para fazermos companhia e não viajarmos a sós. Menos de 20 minutos avisto de longe, três mochileiros, que aparentemente iriam para o mesmo local que eu. Mais que depressa, entre no ônibus junto a eles. Todos acomodados, resolvi indagar o destino, como quem não quer nada. Para minha surpresa, estavam a caminho de San Juan Del Sur e não Ometepe. Mas pensei, talves tenham que ir até Rivas, desembarcarmos juntos e seguimos cada um seu caminho. Qual foi minha decepção ao vê-los descendo do ônibus cinco minutos depois. Passei um apertinho com medo de ser roubado, mas passaram alguns minutos e chegara minha parada. Desci mais que depressa e galopei até um taxi e segui para San Jorge. Fiquei impressionado com a pobreza do país e como são baratos certos tipos de coisas como cervejas e bobagens, pelo menos comparado com onde já havia passado.

A travessia custa três dólares, claro, não há muito conforto, mas é um trajeto de uns 40 minutos. O lago é tão grande que parece mar, com marolas altas. A ilha também é muito grande, possui dois vulcões, madeira e fogo. Durante o trajeto fui conversando com um morador da ilha, chamado Alejandro. Ele lastimou a situação socioeconômica da Nicarágua e apresentou-me um projeto do seu partido político a fim de dar mais visibilidade internacional ao país, uma tentativa de chamar a atenção para o caos da ditadura. Convidou-me para jantar com sua família, mas eu agradeci.

Chegando a ilha, recordei-me do hotel Ali (força de expressão). Lugarzinho bacana e barato. Paguei 10 dólares no quarto privado. Ficava no segundo andar, engraçado que eu sempre tinha a impressão que aquilo ia cair, parece ser tudo feito de madeira, inclusive o piso. Mas era confortável e tinha um restaurante no primeiro andar. Tinha internet também. Um dia, depois de caminhar pela ilha, fui vasculhar na internet, então o dono pediu-me uma ajuda, para publicar algumas fotos no facebook e divulgar o hotel. Foi quando eu tive a brilhante idéia se sugerir publicar no hostelworld.com. Ele me xingou e disse que aquilo não era um hostel e sim um bom hotel. Concordei e fui dormir.

No outro dia cedo, retornei ao porto e embarquei de volta a San Jorge.

No barco estava passando “O ultimo dragão branco” e fiquei pensando como gostávamos de assistir aquilo, um homem que tem as calças quase nos peitos e bate igual doença ruim.

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12,13 e 14 - Vista do grande lago da Nicarágua – Ferry

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15 – Vista da Ilha

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16 - Vista do Vulcão em Ometepe

 

Honduras

Transporte Ticabus Manágua até San Pedro Sula (Honduras): US$ 40,00

San Pedro Sula até El Progresso: US$ 10,00

 

Hostel Wallerie

Sandy Bay

US$ 12,00

Ferry Boat por trecho: US$ 27,00

Transporte até San Pedro Sula: US$ 15,00

Hostel em San Pedro: US$ 6,00

Saindo de San Jorge, fui até Rivas de van e de Rivas até Manágua num balaio. Passei a noite por lá, existem albergues baratinhos perto do terminal da Ticabus . No outro dia, fui até El Progresso. Chegando a El Progresso, já era tarde, então, como não sabia para onde ir, perguntei o motorista se conhecia algum hostel próximo a parada do ônibus, com a cabeça fez sinal de um hotelzinho. Como não havia outra escolha, lá fui eu. Negociata vai, negociata vem e consegui por 10 dólares para passar a noite. Tudo muito bom. Quando cheguei ao quarto, coisas me pareciam estranhas e sórdidas. Havia muito espelho e dentro da sacolinha com a toalha, adivinham, uma camisinha. Depois de uma rápida análise dos fatos e de ouvir alguns gemidos, cheguei à difícil conclusão de que aquilo se tratava de um motel. Água gelada no chuveiro, uma gelada na goela e cama. Só desmaiando para conseguir dormir em um motel barulhento. No outro dia cedo, fui até terminal de ônibus para La Ceiba, que por sorte ficava bem próximo do motel. A sorte acabou até eu descobri que meu dinheiro havia acabado. O tio da vendinha ficou com dó e fez a passagem por ¾ do preço. O preço da passagem era US$ 5,00. Medíocre.

Chegando a La Ceiba, fui de taxi até o porto, quer por sorte havia um caixa eletrônico, por que havia me esqueci que não tinha mais dinheiro.

Comparado à Nicarágua, o preço do transporte marítimo é quase um assalto.

Enquanto esperava o iate para Roatan, conheci Jorge, dono de uma lojinha de muambas ao lado do porto. Ficou interessado em algumas muambas brasileiras, como bijuterias e artesanatos. Combinamos alguns envios, pena que eu perdi o contato dele. (Se alguém for para aquela região, poderia fazer o favor de pegar o email dele para mim).

A viagem é bem tranqüila, é proibido fumar em qualquer parte do barco. Estava na lateral apreciando a paisagem, quando chega um doido e alem de fumar acende um baseado. É lógico que os seguranças viram e o levou para dar uma voltinha. Não o vi desembarcando em Roatan.

Um china pediu para tirar fotos comigo. Tive a impressão de que ele achou que eu era nativo. Parecia mafioso, só andava de terno. Por duas vezes o vi na ilha, de terno.

Além de Roatan, também existe a ilha Utila, dizem ser mais baladeira e cheia de mochileiros, porem não quis arriscar. Jorge me disse que há poucos meses passara um furacão pela costa de Honduras e varreu toda a ilha de Utila. Dizem as más línguas que foi um castigo de Deus, pois lá vivem muitos bruxos e vodus.

Chegando em Roatan, como de costume, não tinha para onde ir. Pequei um taxi coletivo e fui até Sandy Bay, a parte mais barata da ilha. Antes de procurar lugar para dormir, comi alguns tacos e tomei algumas cervejas. Depois de saciado, fui procurar aposentos. Cheguei num hostel, parecia bacana, bem iluminado, do tipo baladeira. Não havia dormitórios e cobrando 25 dólares por noite no privado. Perguntei se havia outro e me indicaram o Wallerie. Lá chegando, bem diferente do primeiro, não havia luz, nem campainha, nem ninguém nas portas. Toquei um sino que estava pendurado no teto, me aparece o Santiago, dono do hostel. Trazia em uma das mãos uma lanterna e na outra uma vela, a lá Bob Marley. Após afirmar que havia vagas no dormitório, subi para conhecer os aposentos. Surpreendi-me ao saber que só havia mais três pessoas hospedadas. Lá conheci duas norueguesas e um austríaco. Durante os três dias que fiquei na ilha, fazíamos todos os programas juntos.

Todos os lugares que íamos, perguntavam onde estávamos hospedados, quando dizíamos “Wallerie”, faziam cara de repulsa e diziam que éramos doidos. Depois de algum tempo, descobri o porquê, não havia staff, nem limpeza, nem nada. Mas era agradável. Santiago é muito gente boa, conversávamos todos muito durante as noite, enquanto fazíamos churrasco na varanda e bebíamos flor de cana (run ruim).

Em Roatan se fala, como eles próprios dizem, o Spinglesh, uma mistura de espanhol com inglês. Fica divertido, o que você souber falar você fala se não procura na outra língua. A presença de americanos e europeus residindo na ilha é enorme. Lojas, lan houses, padarias e outros comércios são comandados por gringos.

Resolvi fazer mergulho, mas como não tinha interesse em fazer o Open Water, para prática de mergulho, optei pelo Discovery Water, onde você faz o mergulho acompanhado de um instrutor e é bem mais barato. Depois de pechinchar muito, consegui por 90 dólares, dois cilindros e mais ou menos 01h de mergulho. Exigi um instrutor que falasse espanhol, foi difícil, mas conseguiram uma americana de Miami. Disse que não falava inglês e pela qualidade do mesmo, considero que não menti.

Fazem-te se sentir um 007, saltando da lancha de costas em missão de resgate e sinais especiais. O mar parece uma piscina. Visibilidade absurda, água quentinha, areia branca e peixes de várias espécies. Você tem carta branca para matar qualquer Lion fish que ver. São umas pragas asiáticas comedoras de corais.

Outro dia, resolvemos ir até West end. Fica meio longe, mais ou menos, 01h00min de caminhada, mas vale à pena. Outro nível de praia, mas tem o custo disto. West end é por onde chegam todos os navios cruzeiro, por isso o preço é salgado. Observamos uma família de China Town, eram mais ou menos uns 15, pareciam mafiosos (acho todo chinês rico mafioso), e deviam ser. Pagaram 15 dólares por côco verde. Acharam super divertido comer o catarrinho de dentro, tanto que no final, não agüentavam mais tomar água e jogava fora, só pro cara abrir o côco. No fim, mais ou menos 30 côcos consumidos.

Conhecemos um casal de americanos que estavam no cruzeiro, ela disse que havia morado no Brasil, em Belo Horizonte e Rio. Achava-se “a” brasileira por saber falar bom dia, boa tarde, samba, caipirinha, futebol e outras palavras. Pagaram algumas cervejas, a famosa Salva-Vidas (não, não é neste sentido, este é o nome da cerveja), por que eram ricos e queriam mostrar, nos aceitamos, pois éramos caras de pau e queríamos mostrar.

No outro dia cedo, voltei com as norueguesas para o continente e fomos para San Pedro Sula. Ficamos no mesmo hostel. Na madrugada fomos para a rodoviária, elas foram para Nicarágua e eu para Antigua na Guatemala. Depois quando retornei pro Brasil, me contaram que encontraram novamente com o austríaco na Nicarágua.

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17 - God Fingers - Honduras

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18 - Praia de Roatan

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19 - Albergue Wallerie - Honduras

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20 - Roatan - Honduras

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21 - Rua em Roatan - Honduras

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22 - Família de Chinatown – West End - Roatan

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23 - Pé do gordo no mar transparente

 

Guatemala

Antigua

Hostel: Los Encuentros

7a Av. North, Antígua, Guatemala

US$ 11,00

Transporte SPS até Antigua: US$ 55,00

Passeio Vulcão Pacaya: US$ 7,00

Uma coisa que percebi por ali é que as pessoas viajam pouco de avião. Não sei se pelo preço da passagem ou deve ser mesmo pelo preço da passagem. No entanto, as principais companhias de transporte terrestre, Ticabus, Hedman alas e ADO, oferecem serviços diferenciados, como refeições a bordo, salas de espera com café e outros mimos, rodomoça e serviços de alfândega, que basicamente pegam seu passaporte e levam para carimbar. A empresa Hedman alas, faz o trecho Tegucigalpa até Antigua Guatemala. É um pouco longe, a viagem dura em torno de 12 horas. Chegando a Antigua, fato que não preciso contar novamente, mas que se faz necessário, eu não tinha onde ficar. Ao descer do ônibus encontrei outro doido na mesma condição, John, o único americano gente boa que conheci. Fomos caminhando e encontramos o albergue Los Encuentros, bom e barato. Pagamos 11 dólares pelo dormitório. Havia mais alguns americanos neste hostel. O engraçado é que acordavam cedo, tomavam café, fumavam um baseado, tocavam violão e abriam a primeira cerveja antes das 8 da manhã. Ficavam nessa até as 10 da noite. Nessa rotina foram três dias.

No dia seguinte ao que chegamos John e eu fomos procurar pelo que fazer. Descobrimos um passeio até o vulcão Pacaya. Parecia interessante e barato, sete dólares. Pela tarde, fomos recolhidos no hostel e levados ao tal do vulcão. Chegando, descobri a fria que havia entrado. Eu, gordo e sedentário, mau-mal caminhava, deparei-me com uma subida de 2 km no estilo ladeira. Entendi por que havia tanta gente alugando cavalos e sticks para realizar a subida. Mas como sou brasileiro e não desisto nunca, resolvi arriscar subir a pé. Cinco minutos depois e 100 metros, achei que ia enfartar. Aluguei um cavalo por oito dólares, os oito dólares mais bem gastos da viagem. Achei que ia guiando o danado, mas uma tia vai puxando morro acima. O passeio fica muito mais agradável, pode-se apreciar melhor a paisagem e tirar melhores fotos. O aluguel só vale para a subida, mas como para descer todo santo ajuda, não tive grandes problemas.

O vulcão, em maio de 2010, havia entrado em erupção. Uma enorme fenda se abriu, por onde escorreu a lava. Todo o trajeto estava sob cinzas e enormes rochas podem ser vistas pelo caminho. Existiam também resquícios de lava incandescente, onde assávamos marshimalou. Uma impressionante caverna formou-se, onde a temperatura interna beirava os 60 graus, uma verdadeira sauna. Ri quando alguns argentinos pulavam para tirar fotos. Certo momento um deles caiu de joelhos e se fudeu nas pedras pontudas e tóxicas.

No outro dia, após uma merecida noite de sono, fui passear por Antigua, resolvi comer algo mais pesado, gordo sente falta de gordura no sangue. Passamos em um Subway. Aqui abro um parêntese sobre fast food. Por todo lugar se come Macdonalds, Subway, Pizzahut, Dominu’s, KFC e todos outros incluindo os famosos Pollos. Pedi um grande com almôndegas, queijo duplo e outras coisas calóricas, uma coca grande e batatas chips. Depois de saciar meu vício, senti que algo acontecia em meu interior, algo vivo, tipo um alien. Estávamos longe do hostel e como o monstrinho queria sair, tive que procurar um local propício. Em uma parada de ônibus, encontrei o trono, onde pari o bagre cego. A lei de murphi me pregou mais uma peça. Não havia papel no Box onde estava e tive que andar pelado até o fim do banheiro para pegar papel. Depois disso resolvi que já era hora de voltar pro hostel e descansar.

Fiquei conhecendo também o Julien, um suíço gente boa, ele me chamava de SpeedAlex, pela velocidade de minha viagem. Realmente, poucas pessoas fazem esses roteiros um tanto quanto rápidos. A maioria dos gringos viaja para destinos específicos e fica o máximo de tempo possível, aproveitam de tudo, conhecem cada canto do país escolhido e raramente têm apenas um mês para isso.

A grande frustração dessa viagem aconteceu na Guatemala. Não conheci o tão esperado Semuc Chapey. Algumas coisas parecem absurdas, como por exemplo, não haver passagens e nem outra forma de conhecer semuc para os próximos 2 dias. Fui a várias agências, clandestina ou não, e todos a mesmas respostas. Cheguei a pensar que poderia ser uma forma de vender a coisa mais caro, mas não era. Simplesmente era isso. Tentei de tudo e depois acabei por aceitando o fato, talvez por alguma intervenção celestial não fosse para ser. Não tendo escolha, acabei por indo para Flores, a fim de ver outra grande maravilha da Guatemala, Tikal.

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24 - Antigua - Guatemala

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25 - Subida de cavalo para ver o Vulcão Pacaya - Guatemala

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26 - O gordo e o vulcão - Guatemala

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27 - Vista de Guatemala

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29 - Vulcão e restinho de lava – Guatemala

 

Flores

Hostel: Hostel La Jungla

Calle Centro America, Flores, Guatemala

US$ 10,00

Transporte Antigua até Flores: US$ 50,00

Transporte Até Tikal: US$ 10,00

Entrada Tikal: US$ 20,00

Saindo de Antigua, vai-se de van até Cidade de Guatemala e de lá de ônibus até Flores são umas 8 a 9 horas de viagem, bem tranqüila por sinal. Chegando a Flores um coletivo até os Hostel. Fiquei de frente pro lago no Hostel pela bagatela de 10 dólares noite em quarto privado. No próprio hostel contratei o transporte até Tikal. Chovia em demasia por aquelas bandas, por isso comprei capas para o passeio. No outro dia, bem antes do amanhecer, lá pelas quatro da manha, peguei a transporte até Tikal, mais ou menos uns 45 minutos de viagem. É bom chegar bem cedo, mesmo com chuva é forte o calor na floresta, o que torna os passeios mais agradáveis nos horários de menos intensidade do sol. Depois do almoço aquilo vira praticamente um forno microondas de tão quente, mesmo assim não tira a beleza do lugar. O primeiro contato com pirâmides maias é simplesmente emocionante. É uma pena a falta de conservação por parte dos visitantes. Em grande parte do parque, pode-se subir nos monumentos, mas essa liberdade tem um preço para a história. Não são raros os lugares onde se vê inscritos nomes e depredação. Existe um projeto de recuperação desses monumentos, o que é na verdade uma reconstrução, tirando toda a originalidade do local. Outro ponto negativo de Tikal é a falta de informação nos monumentos. É uma forma de forçar o visitante a contratar guias ou comprá-los impressos. Mas sou brasileiro, “nossa meu como sou rebelde”, acabei por acompanhando um grupo de americanos e ouvindo o guia de graça. Sem guia você vê apenas um amontoado de pedras, com guia você vê um amontoado de pedras filosóficas. Tirando a brincadeira, foi um dos lugares mais impressionantes onde estive. Leve seu guia impresso com mapa. Deixei o parque por volta das 17hs00min e regressei a flores.

No outro dia cedo, embarquei rumo ao México.

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30 - Trilha e Tikal - Guatemala

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30,31 - Tikal – Guatemala

 

México

Mérida

Hostel: Zocalo

Calle 63 #508, between 62 and 60, on the main plaza

US$ 10,00

Transporte Flores – Chiapas: US$ 24,00

Palenque até Mérida: US$ 31,00

Taxi em Mérida: US$ 4,00

Mérida até Chichen-Itza: US$ 10,00

Chichen até Cancun: US$ 15,00

Saindo cedo de flores, embarquei num balaio até a fronteira. São aproximadamente 6 horas em uma estrada de terra ruim. No balaio tinha uma espanhola, que estava com o mesmo problema que te tive em Antigua. O ônibus parava de meia e meia hora para que ela pudesse aliviar a pressão intestinal. Chegando à fronteira, mais meia hora de barco rio acima me esperava. Era barco mesmo, tipo bote. Chegando mais acima, chegamos à alfândega do México. Cheguei a ficar envergonhado por ser o único a necessitar de visto para entrar, mas tudo bem, à essa altura eu já estava acostumando com o bullying. Embarcamos novamente e tínhamos quase duas horas até Chiapas. No meio do caminho, a van foi parada por um grupo armado mexicano. A coisa parecia ser normal e rotineira, não percebi espanto por parte do motorista e de alguns nativos que estavam de carona junto a ele. Abriram a porta e gentilmente pediram 20 pesos e nos mostraram suas belas garruchas calibre 12. Sem pestanejar, a espanhola e eu pagamos o pedido. Um grupo de japoneses e outro de canadenses mais que rapidamente também pagaram. O valor pedido não representava dois dólares convertidos. Os donos do mundo, americanos, se opuseram a pagar. Neste momento a coisa começou a feder. Como a espanhola e eu, éramos os únicos que falava espanhol e um pouco de inglês, fizemos o papel de intermediadores. Eles diziam que não iriam pagar e os mexicanos diziam que tinha que pagar e assim foram 10 minutos. Os americanos pediram para chamar a polícia e assim foi feito para meu espanto. Primeiro chegaram os militares, encapuzados e com armamento pesado, conversamos, a todo o momento dizia que estava do lado deles. Certa hora até perguntaram se eu queria que matassem os yankes, mas achei que causaria um problema diplomático horroroso. Brincadeira. Estava me borrando de medo.

Sem acordo, chegaram os policiais civis, estes foram mais brutos e selvagens, já chegaram subindo na van, desamarrando as mochilas e jogando-as ao chão. Só pediram para dizer aos yankes que a viagem continuaria com os que haviam pagado e que eles ficariam na estrada. Pouco mais de 45 minutos de interlocução, os malditos resolveram pagar o pedágio. Por fim, eu queria matá-los.

Chegando a Chiapas, fui até o terminal da ADO comprar meu bilhete para Mérida. Aproveitei a companhia da espanhola e fui comer tacos e tomar algumas cervejas. Riamos muito do ocorrido. Ela era bonita e tinha um par de peitos enormes, fazendo jus ao trocadilho referente à sua nacionalidade. Despedimo-nos quando embarquei às 23 horas para Mérida e ela para DF.

Engraçado que a viagem até Mérida não é muito longe, pouco mais de oito horas, mas existem uns cinco postos de fiscalização federal. Não sei como sabiam que ali estava um brasileiro, mas era impressionante a agilidade dos oficiais quando adentravam o ônibus e vinham diretamente ao meu assento. Ora com cães farejadores ora sem. As perguntas eram sempre as mesmas igualmente as respostas. Perguntavam para onde eu estava indo, de onde vinha, se pretendia entrar ilegalmente nos EUA, se pretendia chegar aos estados do norte e blábláblá. Como se essa fosse minha intenção eu diria alguma coisa para eles.

Em Mérida se respira México, diferentemente de Cancun. Tudo é muito característico do país, as construções, o povo, a comida. Hospedei-me no hostel Zocalo que fica na praça principal. De lá fica fácil se locomover pela cidade. Como o albergue estava lotado, alojaram-me em um quarto semi-privado (duas camas) junto com um francês. O cara era louco e tinha umas manias esquisitas, dormia de sapato, comia biscoito com água de madrugada dentre outras coisas. Seu inglês carregado de sotaque francês tornava nossa comunicação um pouco mais difícil para não dizer impossível.

A polícia não anda de gol e veraneio como no Brasil, mas sim, em belos carros esportivos. Os policiais parecem playboys.

Comendo tacos em uma das galerias de frente a grande praça, divertia-me vendo as pessoas locais, lo mariates e os jovens que tem um gosto um tanto quanto bizarro. Era engraçado ver os uniformes escolares, muito parecido com o que víamos na novela Carrossel e em filmes pornôs americanos. As meninas usavam saias curtas de cor azul escuro que deixavam amostra as pernas torneadas e umas mais assanhadinhas, via-se até um pedaço do bumbum (umas eram feias e nem compensava olhar). Elas gostam de conversar e interagir com estrangeiros. Já os meninos, quem liga para os meninos?

Por ali, passei talvez pelo mais difícil problema de um viajante, bloqueio do cartão de crédito. Como eu havia optado por não levar muito dinheiro em espécie, acabei por fazendo vários saques e meu limite para saques internacionais foi pelos ares. Procurei uma agência do banco Santander e para meu alívio, entraram em contato com o banco no Brasil e liberaram mais verdinhas. Uma dica importante e que eu já mais irei esquecer é de verificar o limite para saque internacional, este é diferente para saque nacional e compras no crédito. Passado o aperto momentâneo, voltei à diversão.

No México dizem que suas mulheres mais belas vivem em Guadalajara e os gaúchos deles vivem em Monterrey. Brincadeira gauchada, mas é o que se comenta naquelas terras.

Passei somente um dia em Mérida. No dia seguinte fui até a rodoviária e comprei meu bilhete para Chichen-itza.

Enquanto esperava pelo embarque, conheci uma argentina muito simpática e que falava algumas palavras em português. O espanhol argentino é de longe o mais engraçado. Os “y” com som de “j” fazem uma diferença fudida.

A viagem até Chichen é rápida (pouco mais de uma hora) e bem agradável pela empresa ADO. Chegando ao parque, muito diferente do de Tikal, é mais organizado e possui um bom comércio de artesanias. O povo descendente dos maias é muito simpático e acolhedor. Todo o trajeto no parque é cercado de vendedores e coisas que dão vontade de comprá-las sem mesmo poder. As pirâmides, principalmente a da praça central, impressionam pela grandiosidade e detalhes. As cabeças junto à base, que durante certo período do ano, recebem a sombra da lateral da pirâmide formando uma grande serpente. Ao bater palmas de frente à porta principal, o som ecoa como o pio do quetzal, o pássaro sagrado maia.

Palavras maias aprendidas te dão desconto nas compras. Eles dizem que recuperam nas vendas para gringos e eu vi que realmente o preço quase dobra.

Bish-abel? – Como vai você?

Malô-malô – Vou bem.

Diosbotik – Muito Obrigado.

A primeira vez que avistei um iguana, fotografei-a umas 200 vezes. Depois descobri que era tão comum quanto cachorro, ai perdeu a graça. Mas são bonitas.

Pela mesma empresa ADO, saí de Chichen e fui direto para Cancun. É impressionante a sensação de chegar a um lugar que durante toda sua vida você ouviu falar, talvez a mesma de quando conheci machu-picchu, neve e vulcão. Mas sei lá, é meio diferente.

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33 - Chegando em Chiapas - México

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34 - Mérida - México

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35 - Chichen-itza - México

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Cancun

A chegada em Cancun foi bem a noite, não tinha muita referencia por onde começaria a procura de um hostel, principalmente por ser bem diferente do que imaginava. Saindo do terminal da ADO, segui por algumas ruas até encontrar um desses homens que ficam oferecendo habitaciones, este era velhinho e parecia ser gente boa, resolvi dar um voto de confiança. Levou-me até uma espelunca que os donos insistiam em chamar de hotel. Não havia ninguém hospedo neste lugar, os quartos eram velhos e cheiravam mofo com maresia. Pensei um pouco e resolvi negar. Quão foi minha surpresa ao ver aquele simpático bêbado ficar irado, pois na verdade, era apenas um agente e não o dono do buraco. Queria dinheiro e ficou atormentando o dono. Peguei minha mochila e segui caminho. Já eram umas onze da noite, o centro de Cancun já começa a perder a graça e ficar meio esquisito para se andar sem saber para onde ir. De repente avisto um restaurante que oferecia hospedagens baratas ou era hospedagem barata que oferecia comida. Àquela hora já não tinha mais escolhas. Resolvi encarar a criança. Ao entrar percebi que realmente era um restaurante que oferecia hospedagens e ruins. Haviam dois quartos compridos, estreitos e sem janelas. Encaminhei com a atendente até minha cama, era no final do quarto, a cama parecia que tinha sido usada a pouco, pensei que iria trocar os lençóis, mas ela simplesmente passou a mão sobre eles. Meu vizinho era um desses mexicanos tatuados até o pescoço e com os dentes prateados, era até comunicativo, mas percebia que era mal, muito mal. Tomei um banho pelado e fui dormir. Lá pelas 5 da manhã, acordo com um cheiro de comida no ar, vinha do restaurante, já começavam a preparar as refeições. Não se consegue dormir com o quarto cheirando a frango frito. Achei até bom, acordei cedo, dei umas voltas pela cidade, de ônibus é claro. O que eles chamam de Zona Hoteleira é fantástica, somente resorts de luxo, grandiosos hotéis, boates, shoppings, lojas e tudo mais que muito dinheiro pode pagar. Mas o que mais impressiona é a cor daquele mar incrivelmente azul turquesa contrastando com o branco da areia. Simplesmente fodástico. Passei o dia por ali, alguns resorts oferecem entrada mais open bar de 50 a 100 dólares o dia.

Voltando a ala pobre de Cancun, peguei a mochila no restaurante e fui direto para o terminal de ônibus. Naquele mesmo dia fui para Playa Del Carmen.

 

Playa Del Carmen

Hostel 3B

Ave. 10 Esquina Calle 1a Sur, Playa del Carmen, México

US$ 12,00

Playa é o tipo de lugar que não da vontade de ir embora, apesar de muita movimentação de turistas, é sossegada e agradável. Hostedei-me no hostel 3B, com certeza o melhor de toda viagem. Havia pouco tempo de sua inauguração, os quartos eram amplos, possuíam 6 beliches, porem estas eram separadas se 2 em 2 por paredes, o que mesmo cheio de camas parecia ter mais privacidade. Os banheiros eram dentro dos próprios quartos e tudo muito limpo e organizado. E o melhor de tudo era a localização, próximo da quinta avenida, a mais famosa de Playa.

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39 - Albergue 3B – Playa del Carmen

Arrr... como foi bom os dias passados ali, Cocobongo (50 dolares) e Mister Frog pela noite e durante o dia, cerveja gelada e peitinhos à-vontade na praia de águas quentes e calmas. Certo dia, conheci Seu Gonzales, um senhor mexicano de DF, lá pelos seus 70 anos, recém casado com uma jovem de 20. Dizia-me sobre sua ex-esposa que era gorda e sua velha vida na capital, certo dia resolveu largar tudo e foi morar em Playa, onde conheceu sua nova esposa e seu sócio. Hoje, ele é dono de um restaurante argentino. Disse que eu estava aproveitando bem a vida, chegou a me oferecer um emprego, mas, depois de pensar muito, disse não. Foi melhor.

Dois dias depois, peguei uma van e fui até o parque de Tulum, outra coisa impressionante é a quantidade de condomínios de luxo, de padrão americano e parques temáticos como Xcaret.

Tulum tem razão de ser considerada uma das mais belas praias do mundo. O lugar mescla uma bela praia com ruínas de umas das civilizações mais impressionantes já existentes. É possível hospedar-se em cabanas a beira da praia, bem rústicas. No mesmo dia voltei para playa, gostei daquele lugar.

Neste mesmo dia, sai para tomar algumas cervejas e vê apresentações de alguns mariates. Acabei por indo em um casamento que estava acontecendo na capela da quinta.

Existem vários artistas de ruas em playa, inclusive aqueles pintores com spray, fazem desenhos interessantes e vendem a 50 dólares. Um pouco caro mais a gringaiada compra a beça. Voltando para o albergue, pus-me a dormir, estava meio alto, mas nada demais. Lá pelas 2 da manhã, acordo pra dar uma mijadinha e o que vejo na cama do lado, uma mulher peladinha. Não era muito feia, carinha de índia e sapequinha. Nem ficou com vergonha deu vê-la daquela forma, mas se cobriu. Quando volto do banheiro, o namorado dela havia retornado e já estavam acasalando, sem o menor pudor. Tudo bem, aquela já não era a primeira vez que presenciava aquilo, sai do quarto para dá-los mais privacidade, mas as outras pessoas não.

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40 - Playa del Carmen - México

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41 - Quinta Avenida – Playa del Carmen - México

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43 - Tulum - México

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44 - Tulum - México

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45 - Playa del Carmen – México

 

Cancun

Hostel Haina

Orquideas 13 Sm.22, Cancún, México

US$ 11,00

No outro dia cedo, retornei para Cancun, já estava chegando a o fim das minhas férias.

Cheguei bem cedo, por volta das 8 da manhã. Não queria ficar no hostel que cheira frango então sai a procura de outro, quando que por sorte (raras foram às vezes dela me presentear), encontrei um canadense que havia conhecido em Mérida e já estava de partida, porém me levou ao hostel Haina, bem familiar e pequeno. Deixei minhas coisas e fui para o porto. Estava na expectativa de embarcar em um Catamaram até Isla Mujeres. Por 80 dolares estavam inclusos comidas e bebidas durante todo o dia, alem de poder esquiar no mar, fazer snorkeling e ver um show de golfinho. Mas como sempre, algo deveria acontecer. O ônibus que peguei para o porto de onde sairia o passeio envolveu-se em um acidente de trânsito e até a chegada do outro para que pudéssemos seguir viagem perdi muito tempo e o passeio. Porém, mesmo assim consegui outro catamaram para isla mujeres, sem as bebidas, comidas, mulheres e toda a diversão, mas fazer o que, se só me restou isso.

Isla é fantástica, você atravessa toda ela caminhando. Também é possível alugar carrinhos de golfe para locomover-se entre as praias e lá também tem peitinhos a revelia.

Retornando para Cancun, participei de uma aula de salsa em praça pública. É divertido e cheio de turistas arriscando os passinhos. Tinha que dormir cedo, pois este era meu ultimo dia, no outro dia cedo tinha que voar para a Venezuela.

Acordei por volta das 4 da manhã e fui caminhando até o terminal da ADO, onde embarquei no primeiro ônibus até o aeroporto internacional. Algo em entorno de 10 dólares, enquanto de taxis, ficariam uns 50.

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46 - Cancun - México

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48 - Isla Mujeres – México

 

Venezuela

O vôo até Caracas fez uma escala no Panamá, e foi muito tranqüila. O piloto nos presenteou com vários sobrevôos de lugares impressionantes como o canal do Panamá e as praias do caribe Venezuela. Caracas é meio zoneada. Chegando no aeroporto peguei um taxi até a cidade, ele fica meio afastado. Por todos os lados se vê placas com corações desenhados e a palavra socialismo dentro. Vê-se também muitas fotos do Hugo Chaves. Ele é meio endeusado por lá, ou ele mesmo cria este endeusamento. Fiquei algumas horas por la e depois retornei para o aeroporto. Na verdade foi apenas uma passagem rápida, graças a Deus, por que não gostei muito. Chaves impõe condições bizarras de câmbio para o Dolar, se você quer vender, eles pagam quase a metade do que vale, se você quer comprar, te vendem pelo dobro do que vale. Para sair do país é necessário pagar uma taxa de mais ou menos 20 dólares. No raio x tem que tirar os sapatos. Existem vários oportunistas que chegam do nada e tentam carregar sua bagagem e ou pagar a taxa pra você, mas depois tem que deixar uma gorjeta gorda. Um cara pegou minha passagem e pagou a taxa, depois veio me cobrando quase 30 dolares pelo serviço sem eu pedir. Paguei os vinte e ele ficou gritando que eu era brasileiro ladrão. Engraçado. Chegando ao fim da viagem, já começava a sentir o cansaço no corpo.

O voo até São Paulo foi tranquilo. Depois de mais 3 horas de espera, embarquei para BH, onde tudo começou.

Editado por Visitante
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Hindu essa trip foi show kra, dá pra viajar nesse relato.

O lance de voltar pela Venezuela foi fora de mão mas faz parte da aventura (heheheheh).

As fotos ficaram muito boas!

 

América Central é assim, sempre tem alguém indo pro mesmo lugar e muito mochileiro maluco o ano inteiro.

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  • 3 semanas depois...
  • Membros
Muito boa a viagem quero fazer em julho de 2012 vou ler com mais calma se relato. mais me diga quanto vc gastou no total incluindo passagem aérea??? e se a alguns passeios radicais no caminho que dá para fazer...

 

1 abraço amigo

 

Perceu,

 

Contando passagens, hospedagem, alimentação e cachaçada uns 6 mil. Costumo regrar um pouco mas não muito.

 

Dá pra fazer bastante coisas radicais, principalmente na Costa Rica. Canopys, Rapel, Rafting dentre outras coisas. Na nicarágua pode-se escalar um vulcão na Ilha. Mergulhos com cilindros e ou apenas Snorkeling em honduras e méxico.

 

Att.

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  • 3 semanas depois...
  • Membros
Hindu.....

 

show de bola a viagem e sensacional o relato....estou indo agora no mês de Março....vamos ver no que vai dar....falo portunhol somente....rsrsrs....Espero curtir igual você curtiu.....

 

Abraços !!!!

 

Com certeza vai curtir... América Central não tem como errar... com relação ao espanhol, relaxa, no final todos se entendem... dois dias de adaptação e vão dizer que você é mexicano...kkk

 

Boa viagem amigo...

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  • 8 meses depois...

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