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  1. Resolvi fazer este relado de viagem principalmente pela pouca orientação que encontrei para fazer a expedição para o Monte Roraima. Tive dúvida do que levar, mas, principalmente do que NÃO levar. Incerteza com que guia contratar. Incerteza com comida e pouca orientação sobre preparo físico necessário. Espero com este relato suprir algumas dessas deficiências que outros aventureiros possam ter. 1 – Diário de bordo 2 – O que levei para o Monte Roraima 3 – Como contratar um guia 4 – O que comer e o que beber 5 – Preparo físico necessário para subir o Monte Roraima 6 – Despesas 7 – Conclusão 1 – Diário de Bordo DIA 1 Saímos de Londrina, eu Ana e Maurício às 13:25.🛫 Chegamos em Congonhas com pouco menos de uma hora. O voo para Brasília saiu às 17h. Uma hora e meia de viagem. Chegando em Brasília tínhamos mais de 4 horas de espera até o voo para Boa Vista. Bom que deu tempo de conhecer o aeroporto, que é muito grande e bonito. Faz jus a capital do Brasil. Deu tempo de jantar (R$ 28,00) e até de comer uma sobremesa (R$ 36,00). De Brasília saímos às 22:45 e chegamos em Boa Vista a 1:20 (horário local, uma hora a menos do horário de Brasília). Em Boa Vista desembarcamos e pegamos um táxi (R$ 40,00) para o hotel (R$ 110,00).🛬 No hotel chegamos umas 2h da manhã. O Hotel Magna era bem simples, mas suficiente. Tinha até condicionado, mas o chuveiro não tinha a opção de quente. Tudo bem que faz muito calor em Boa Vista, mas água fria e tenso. Depois ficamos sabendo que somente hotéis de luxo que tem chuveiro elétrico em Boa Vista Procuramos dormir logo pq as 6 da manhã o táxi já ia passar nos pegar. DIA 2 Acordamos as 5:15 de uma noite não dormida muito bem. Pernilongos e poucas horas de sono. As 6h em ponto o táxi chegou.🚖 Partimos em direção a Pacaraima. Um pouco mais de 2 horas de viagem. Com direito a uma parada para tomarmos um café da manhã no Quarto de Bode.🐐 Chegando em Pacaraima o nosso guia Leopoldo já nos aguardava e a partir de então era com ele que a gente seguiria o restante da viagem. Pacaraima aparenta ser uma cidade bem pequena, mas estava com um fluxo bem grande de pessoas. Acho que a maioria era venezuelanos. Atravessar a fronteira foi bem tranquilo. Do lado brasileiro nem precisamos fazer trâmite algum (pelo menos eu acho que não precisava 🤔). Do lado venezuelano foi uns 20 min, isso graças ao auxílio do guia. Senão penso que demoraria mais. Para ingressar do lado venezuelano vc passa por tbm por uma fiscalização da guarda Bolivariana que tbm foi sussa. Mas, segundo informações ela geralmente não é tranquila. Ficam criando dificuldades para poder vender a facilidade. Mas não foi nosso caso. Depois da fronteira, mais uns 20 min chegamos em Santa Elena de Uairen e fomos direto para a base do guia, que já ajeitou as nossas mochilas no carro que nos levaria até a reserva de onde começa a expedição. O guia nos apresentou a equipe que nos acompanharia, Omar, sua esposa (até agora não sei o nome dela 😂) e Valentim. Depois se juntaria a nós o cozinheiro Armando. Tbm conhecemos outros dois brasileiros que fariam a expedição com nós, Guilherme e Gabriel. Logo partimos. Umas 10h. A previsão era de umas duas horas de viagem até chegar no Parque Nacional Canaima, mas o carro que estávamos deu um problema mecânico no meio da estrada. Então o motorista ligou para um outro que veio nos socorrer e trocamos de carro. Com isso atrasamos cerca de uma hora. A rodovia foi tranquila. A parte de estrada de chão é de muito sacolejo. Se não for um veículo traçado não daria conta. Quando chegamos na reserva de onde parte a expedição, tivemos que pagar uma taxa de R$ 30,00. A informação é que era R$ 10,00, mas, aparentemente subiu (deve ser a puta inflação venezuelana).🤑 Ainda nesta reserva fizemos um lanche e então partimos para 12 km de caminhada. Iniciamos por volta das 14:30. Não estava sol, o que facilitou um pouco, mas a caminhada não foi fácil. Um trekking de 12 km com uma mochila de uns 13 kg pra quem não tinha dormido direito não é fácil pra ninguém.😲 Chegamos no local do acampamento por volta das 19:00h, exaustos. Ajudamos montar as barracas e descemos para o Rio Tel para tomar aquele banho frio. Não demorou muito para o jantar ficar pronto. Uma macarronada com carne moída. Muito boa! Comemos, o guia nos deu algumas orientações sobre o dia seguinte e jogamos um pouco de conversa fora, depois dormimos, com uma chuva que se aproximava. De madrugada choveu um pouco. DIA 3 Eu acordei bem cedo. Foi uma noite bem dormida. Às 5:30 já estava de pé. Serviram o café da manhã às 6:30, omelete com uma espécie de “massinha” de pão frita. A programação era de sairmos a 7h, mas com a chuva que começou a cair e não dava para seguir viagem. Não pela chuva em si, mas sim pela cheia do rio que teríamos de atravessar. Esperamos até às 10 horas e Omar resolveu que dava para tentar. Então seguimos. Para atravessar o rio Tek foi tenso. Primeiro atravessaram nossas mochilas e depois um a um. O rio estava bem cheio e a correnteza era forte. Mas demos conta. Isso graças ao ótimo trabalho realizado pelos guias. Esta foi a primeira etapa, pq outras duas travessias do rio Kukenan nos aguardava. Paramos para o almoço, até pq não dava ainda para atravessar o rio Kukenan por causa da sua cheia. Prepararam e serviram o almoço, uma salada variada com pão. Ao seguirmos, atravessamos o Kukenan em dois pontos. O primeiro ponto foi tranquilo. A segunda é necessária a ajuda de uma corda esticada de lado a lado. Seguimos para uma caminhada de aproximadamente 3 horas. Deve ter dado uns 8 KM, mas pareceu ter andado uns 80 😅. Boa parte com um sol forte, outras com o tempo encoberto, mas sem chuva. Essa subida exige bastante preparo. Chegamos no acampamento. Mais um banho bem frio. Aquele velho e bom “banho checo”. Barracas montadas, foi hora de descansar um pouco. Já tirei um cochilo e acordei com a janta servida na porta da barraca, frango, arroz e batata cozida. Exaustos, dormimos fácil. Amanhã é o dia de concluirmos a subida e finalmente chegar ao topo. DIA 4 Acordamos cedo e o café foi servido assim que arrumamos as mochilas. Logo partimos para a etapa final da subida. Foi uma subida quase toda por dentro da mata. A trilha em si já é um espetáculo. Foram aproximadamente 5 horas de subidas e descidas. Passando por pequenos riachos, alguns mirantes onde era possível ver toda extensão do paredão do Roraima e o "Poço das lágrimas". Alcança o topo é muito gratificante. A sensação de conquista, de missão cumprida, de superação é difícil descrever. Tudo que vimos debaixo foi sensacional. A impressão que se tem e que de cima não pode superar aquilo que já vimos. Mas, por incrível que pareça, supera sim. 😲 A vista é sensacional. Apreciar o Kukenan, o sol, as nuvens, a vista de toda trilha que fizemos, o paredão visto de cima. As palavras são poucas para descrever. E isso foi só no momento da chegada, em um minúsculo pedaço do tepui que ficamos por alguns minutos. Depois de apreciar a vista e tirar umas fotos de um mirante, fomos rumo ao Hotel Índio, que nesta noite nos serviu de abrigo. É uma espécie de caverna com vista voltada para o Kukenan. O almoço foi servido (macarrão com carne moída). Descansamos um pouco e fomos conhecer as Jacuzzis. Ficava uma cerca de 30 min de caminhada do nosso “hotel”. A água é totalmente transparente, de uma pureza sem igual. Muito fria tbm. Confesso que deu trabalho para entrar. Mas não tem como estar lá e não entrar. O passeio seria incompleto. Por mais frio que seja, vale a pena. É uma beleza sem igual. Ao retornarmos foi servido um chocolate quente e pipoca. Foi possível apreciar um pouco de pôr do sol, mas com nuvens. Não demorou muito e jantamos (sopa de legumes com macarrão). Ficamos um tempo conversando e tirando fotos da lua e das estrelas. Logo depois dormimos. Amanhã é dia de irmos para outro hotel. 12 km de treking. DIA 5 O horário programado para acordar este dia não foi diferente dos outros, acordamos as 6, para tomarmos café as 6:30 e saída umas 7:30. O dia amanheceu com um céu muito limpo. Tomamos café da manhã que foi servido com uma espécie de panqueca com goiabada e uma porção de frango desfiado com umas misturas que nem sei o que é. Sei que parece que não combina, mas é bom. Mochilas arrumadas, partimos para outro hotel, Hotel Quati, este do lado brasileiro. São 12 km de trekking. A imensidão do tepui impressiona. Vc anda e parece que não tem fim. E embora seja um lugar peculiar pelas suas características, é possível perceber que o cenário vai mudando de um lugar a outro. Por este caminho de 12 km paramos em alguns pontos para conhecer e “sacar unas fotitas”. Existe até uma réplica da nave de Star wars 😁🖖 O ponto alto da caminhada é a passagem pelo "El Foço". Trata-se de um poço de um raio de uns 20/30 metros e uma profundidade de uns 30/40 metros. Uma pequena cascata cai de cima e é possível ver a lagoa que se forma no fundo. Uma lagoa de água transparente. Se de cima já impressiona, poder descer ao fundo então é espetacular. O caminho não é dos mais fáceis, mas a ajuda do nosso guia Omar mais uma vez fez toda diferença. O acesso ao fundo do "El Foço" é feita por uma caverna lateral. A descida já vale a pena. Parece que vc está em um cenário de algum filme do tipo "mundo perdido" ou filmes que retratam o período pré-histórico. O fundo do poço é muito melhor do que eu podia esperar. Tem um aspecto dourado, desde sua água até suas paredes. Quando o sol bate por suas fendas o dourado fica ainda mais vivo. A hora de entrar na água foi o momento mais desafiador. Sem dúvida foi a água mais fria que já experimentei até hoje. Ao colocar os pés na água, parecia que estavam sendo cortados. Doía a alma. E o foda é que para chegar na parte aberta, molhar só os pés não é suficiente, é preciso molhar pelo menos até a cintura. Fui o primeiro a entrar, já que percebi alguma hesitação por parte dos meus companheiros de viagem. Depois os outros vieram tbm. Todos nós com muitos gritos de "pqp" e suspiros de "Jesus". 😝 Valeu muito a pena. Olhar aquela imensidão de baixo para cima valeu o perrengue da água geladamente cortante. Depois do "El Foço" fomos para ao "Punto Triple", que é a tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Não é nada além de um marco que sinaliza a fronteira dos 3 países, mas é bem interessante saber que vc com apenas um passo pode mudar de país. Do lado guiano é possível observar um labirinto de rochas. Já do lado brasileiro o cenário muda um pouco e é possível observar árvores. Seguimos então pelo lado brasileiro e com cerca de uma hora de caminhada chegamos ao Hotel Quati, onde um delicioso almoço nos aguardava (feijoada). Almoçamos, descansamos alguns minutos e fomos a um mirante onde se pode observar a savana brasileira e o Roraiminha. A vista mais uma vez surpreendeu. Na volta passamos por um pequeno riacho para tomarmos banho. Dessa vez não tão frio. Ao retornarmos um chocolate quente foi servido, acompanhado de pipoca e bolacha de água e sal. Jogamos um pouco de conversa fora. Logo a noite caiu e a janta foi servida. Mais uma vez uma sopa de legumes. O que caiu muito bem, até pq fazia bastante frio. Mais um pouco de conversa, Conhaque e Rum para aquecer e fomos dormir. Até pq o dia foi cansativo tbm. DIA 6 Acordamos as 5 da manhã para ir ao mirante ver o sol nascer. O dia estava claro, mas quando chegamos no mirante o céu fechou e deu para ver bem pouco do sol mesmo. Mas mesmo assim a beleza foi espetacular. Voltamos ao hotel e tomamos café da manhã (um pão assado, com ovo, acompanhou goiabada). As 8 horas partimos para a aventura do dia. Foram 4 horas de caminhada para ir e 4 horas para voltar. Nada fácil. E isso pq estava somente com uma mochila de ataque. Iniciamos a caminhada com o tempo fechado e logo começou a chover. Conhecemos aquilo que chamam de Jacuzis Brasileiras. Passando por uma área que parecia um “jardim japonês”. Quando chegamos neste ponto o sol abriu um pouco. Neste dia experimentamos da grande variação climática do Monte Roraima. Chuva, sol, frio e calor tudo isso com diferença de poucos minutos. Conhecemos também Lago Gladys, que quando chegamos estava encoberto por nuvens. Abriu um pouco, mas sem muita visibilidade. Seguimos em direção a “proa”. Passamos pelos destroços de um helicóptero da Tv Globo que caiu ali no ano de 1998. O caminho não é fácil. O labirinto se torna bem mais complexo com chuva. Finalmente chegamos, mas o mal tempo não deu trégua. Apesar de ter parado a chuva, o tempo não abriu e vimos apenas o cinza de uma nuvem que insistia em não sair (nem tudo são flores 😏). Na volta, passamos novamente pelo Lago Gladys, agora totalmente visível e também passamos por um mirante espetacular, com o céu aberto. Voltamos para o Hotel Quati. Almoçamos. Descansamos um pouco. Logo a noite chegou. A janta foi servida. Jogamos um pouco de conversa fora. Muitas risadas e fomos dormir. Acredito que esta foi a noite mais fria de todas. DIA 7 Acordamos por volta das 5:00. A expectativa era de pegar um belo nascer no sol no mirante próximo do hotel Quati. E lá fomos nos. O céu que estava um tanto fechado abriu e contemplamos uma cena magnifica. Armando, o cozinheiro ainda nos presenteou com um chá quente enquanto apreciávamos a vista. Este foi o dia de regressarmos para a parte da entrada do topo do Monte Roraima. Foram mais 12 km de caminhada. Um dia de muito sol. No caminho passamos pelo Vale dos Cristais. O nome já diz tudo. A quantidade dos cristais impressiona. Depois de mais algumas horas de caminhada chegamos ao hotel Principal (fica bem de frente com o “Maverick – Ponto mais alto do Monte Roraima), bem próximo do hotel Índio que havíamos ficado no primeiro dia no topo do Roraima. Almoçamos e logo já saímos para conhecer a La Ventana. Um dos principais destinos para quem vai ao Roraima. Logo que chegamos o céu estava aberto. Foi possível apreciar a imensa vista que La Ventana proporciona, inclusive do Kukenan, que parece estar muito perto e também de outros tepuis. A vista não durou 5 minutos. O tempo fechou. Esperamos alguns minutos, mas, sem chance. Na volta passamos pela cachoeira Catedral e aproveitamos para tomar banho (frio, claro 😁). Retornamos ao hotel Principal já quase noite. Jantamos e logo dormimos. DIA 8 Dia que iniciamos a descida e retorno do monte. Começamos logo cedo, umas 7 da manhã. Embora a descida seja um pouco mais fácil, ela exige bastante cuidado e preparo físico. Por volta do meio dia chegamos no “acampamento base” onde almoçamos. Seguimos o trekking. Atravessamos o rio Kukenan e logo chegamos no rio Tek, lugar de nossa última noite de acampamento. Ali tomamos banho. Agora já não tão frio, até pq fazia muito calor. No começo da noite tivemos a oportunidade de reunirmos com os nossos guias e carregadores para um bom bate papo, avaliação da expedição e agradecimentos. Passadas as formalidades, jantamos e demos fim nos últimos álcoois. Acompanhado de muita descontração e risada. DIA 9 Solicitamos ao guia que excepcionalmente neste dia iniciássemos a caminhada mais cedo, com o intuito de evitar o sol muito forte. Então iniciamos por volta das 6:20. Foi uma boa, pois o céu estava bem aberto e o sol castigava. Apesar do sol, dos 12 km a serem percorridos e o soma do cansaço dos outros dia, até que foi tranquilo este retorno. Chegamos de volta na comunidade indígena de onde havíamos iniciada a expedição por volta das 11 horas. Exaustos! Não demorou muito para Leopoldo chegar com uma cerveja gelada para matar a sede. Ainda nos serviram um último almoço. Um mega prato com arroz, frango assado, saladas e banana frita. Acompanhado de refrigerantes e cerveja. Ainda ali na comunidade compramos alguns souvenirs e retornamos para Santa Helena e passamos a fronteira para o Brasil. Pegamos um taxi até Boa Vista. Chegamos por volta das 19:00h. procuramos um hotel onde podemos tomar banho e descansar um pouco até a hora do nosso vôo (1:00h). Chegamos em Londrina no dia seguinte as 13:00h. 2 – O que levei para o Monte Roraima Este tópico é um tanto pessoal, então, pode ter coisas que eu considere importante que para outra pessoa não seja tão importante assim e vice versa. Mas, uma coisa que você tem que ter em mente: LEVE O MÍNIMO DE PESO POSSÍVEL. Existe a possibilidade de vc contratar alguém para carregar a sua mochila. Não sei informar aqui quanto custa esse serviço, mas os guias oferecem. Não foi o nosso caso, cada um carregou a sua mochila. Então, se vc é do tipo que carrega a sua própria mochila (o que acho que seja o mínimo que deve fazer um mochileiro), cuidado com o peso. O peso pode variar de pessoa para pessoa, mas, considero que o limite ideal seria 10 kg. A minha foi com uns 13 kg. Tenho uma mochila de 60 litros. Vc tem que pensar que vai andar muito e em terrenos acidentados, com subidas, descidas, calor, frio. O total que caminhamos pelos 8 dias de trekking deu pelo menos 90 Km e boa parte desse percurso foi com a mochila nas costas. A recomendação que dou é que racione muito bem o que for levar. Uma das integrantes da nossa expedição teve alguns problemas por causa do peso excessivo da mochila. Bem, vamos lá, o que levei? -Protetor solar – Indispensável. O sol não pega leve. Não economize no uso. Ainda que esteja nublado, passe o protetor solar. -Repelente – Indispensável. Antes de chegar ao topo o Monte Roraima os mosquitos quase te carregam. -Shampoo – Levei uma quantidade bem pequena em um frasco pequeno. Tem quem só faz uso mesmo de sabonete. -Condicionador – Levei uma quantidade minúscula em um frasco tipo esses de hotel. Este é um item dispensável para muitos. Eu mesmo quase não usei. -Pente – quase não usei tbm. -Fio dental, escova e pasta de dente. -Desodorante – bem importante, já que vc pode ficar sem coragem de muito banho frio rsrs. -Lenço umedecido – Levei dos pacotes pq pensei que fosse tomar menos banho do que tomei. Um só seria mais que suficiente. -1 Sabonete. -Boné. -Touca. -4 Pares de meias – dá pra tentar levar menos e ir lavando pelo caminho. Se eu fosse hj levaria só 3. Tem muito lugar para lavar e demos sorte de pegar sol na maioria dos dias. O segredo não é só estender as roupas lavadas na barraca ou nos hotéis, até pq la possivelmente não secará. Tem que estender na mochila enquanto vc caminha. Comigo funcionou muito bem. -6 Camisetas – Hj eu levaria apenas 4. No mesmo esquema do item acima. -4 Cuecas e uma sunga – Hj levaria apenas 3 cuecas. -1 Calça de moletom – Achei que foi importante para o frio que faz dnoite. -3 Blusas – Considero importante essa quantidade. Foi o suficiente pra mim. Na medida. Não sobrou e não faltou. É interessante levar, várias ao invés de uma só. Como tem bastante variação de temperatura, é importante que seja em “camadas”. Em algum momento uma só vai resolver. Outro momento vai precisar de duas... três... -1 Prato plástico e talheres de plástico – Totalmente dispensável. Os guias levam todos os utensílios para as refeições. -1 Chinelo – Acho que é bem importante para dar aquela relaxada depois de um longo dia de caminhada. -1 Bermuda. -1 Calça de trekking modular – aquelas que é calça mas vira bermuda tbm. -Remédios – Isso é bem de uso pessoal. Cada um sabe das suas necessidades. Mas, penso que um relaxante muscular é indispensável. -1 Lanterna de cabeça – Muito útil, principalmente na hora das refeições noturnas. -4 pinhas reservas para a lanterna de cabeça. Uma apenas seria suficiente. -1 Lanterna de mão – dá para dispensar, as vezes a lanterna de cabeça é o suficiente, mas até que usei. -3 Power Bank – Não dá para ir em um lugar como o Monte Roraima e correr o risco de ficar sem bateria para tirar fotos. Mas aqui eu exagerei. Poderia ter levado só um de 20.000mah. Mas, atenção, se seu power bank não for bom, leve mais de um. -GoPro e alguns acessórios, incluindo baterias extras. -Isolante térmico/colchão inflável – Eu tenho um muito bom da Ziggy Aztek. -Saco de dormir – Tenho um que é para até 0º. Foi mais que suficiente. -1 Toalha para banho - Tipo microfibra. -1 Capa de chuva – Indispensável e deve deixar sempre acessível. -Capa protetora de chuva para mochila – Usei pouco, mas, foi por sorte de não ter pegado muita chuva. -Gel de suplemento de nutrição – Eu não dava muito para esses gelzinho que vc compra por exemplo na Decathlon. Eu levei apenas 10 e poderia ter levado pelo menos 15. No trekking faz toda a diferença. O sabor frutas vermelhas é o que mais gosto. -Levei algumas comidas – Tratarei em tópico próprio. 3 – Como contratar um guia Não tem como vc fazer o trekking sem um guia. Para entrar no parque em que o Monte Roraima está localizado já precisa deles e para andar pelo tepui então, certamente se perderia nos primeiros 10 passos sozinho. Uma das dificuldade e maior receio que eu tinha era sobre a contratação do guia. Não consegui encontrar muitas referências na internet e com as poucas referências encontrei o guia Leopoldo e arrisquei contratar. Leopoldo é venezuelano. Os guias venezuelanos são bem mais baratos que os brasileiros, em média 50% mais barato. Quando falei para alguns amigos que havia contratado venezuelanos, ouvi muita coisa do tipo: eles abandonam as pessoas lá em cima; eles não dão comida; não tem garantia nenhuma se eles vão prestar o serviço como contratado... De fato, vc não tem nenhuma garantia de que o serviço vai ser mesmo prestado. Até o último instante eu ainda estava receoso. Logo que entrei em contato o guia (fevereiro de 2018) ele pediu um adiantamento de 50% do valor. Em abril eu depositei os 50%. Realmente ele poderia ter sumido com a grana. O que eu faria? Contrataria um advogado para tentar reaver um deposito que fiz para um venezuelano? As chances de sucesso seriam poucas. Mas o Leopoldo e seus auxiliares me surpreendeu positivamente. Tudo o que foi contratado foi cumprido. Absolutamente nada ficou a desejar. Desde o primeiro momento em que ele enviou o taxi a nos pegar em Boa Vista até o retorno. Fomos muito bem tratados pela sua equipe, com toda atenção e cuidado que o Monte Roraima merece. Fomos muito bem alimentados. Eu recomendo o Leopoldo pq experimentei de seus serviços, mas, aparentemente tem outros bons tbm. Também sei que tem como contratar o guia direto em Pacaraima (última cidade do lado brasileiro) ou em Santa Elena de Urairén. Mas, para isso vc vai precisar de pelo menos mais um dia. No nosso caso, como programamos com bastante antecedência, chegamos em Santa Elena e com uma hora já saímos para a expedição. Deixo o contato do Leopoldo e de um outro guia que me atendeu muito bem tbm. Leopoldo +58 424-9115872 Imeru +58 414-1402438 Wenber +58 424-9622689 4 – O que comer e beber Quando contratamos o guia, no pacote já estava incluído a alimentação. Café da manhã, almoço e janta. Como já disse anteriormente, tinha receio se eles realmente serviriam isso e o que serviriam. Por conta deste receio, eu e meus amigos acabamos levando algumas coisas de comer, do tipo, amendoim, bolacha, chocolate, salgadinho (chips), salame, sopão... Levamos essas coisas com medo de passar fome, assim teríamos alguma coisa para comer. Mas, não precisava. Fomos muito bem servidos pela agência. Serviram macarrão com molho de carne moída, macarrão com molho de atum, arroz com molho de batata e frango, arroz com feijoada enlatada, saladas, sopas com legumes e macarrão, panquecas, pão, alguns pães típicos (não sei os nomes), pipoca, chás, café e chocolate quente, algumas frutas como laranja, melancia e melão. A comida que serviram foi o suficiente, mas o que levamos de extra acabou sendo útil nos longos caminhos das trilhas. É bom ter um pacote de bolacha a mão ou um chocolate. Nós levamos tbm uma garrafa de vinho, jurupinga e conhaque. Mas isso vai de cada um. Nas noites frias vai muito bem. Se vc for cheio(a) de “nojinho”, talvez devesse repensar ir para um trekking desses. Vc esta no meio do nada, com uma outro cultura e acaba se virando como pode. Mas, se vc come Mc Donalds então pode comer qualquer coisa rsrs. 5 – Preparo físico necessário para subir o Monte Roraima Não subestime o Monte Roraima. Não é um trekking fácil. Não é para qualquer um. Não escrevo isto para te desmotivar de ir lá, escrevo para que vc vá preparado. É importante que vc tenha algum preparo físico, alguma resistência. Vc vai enfrentar a caminhada (andamos um total de pelo menos 90 km), sol forte, frio, chuva, sobe e desce em pedras e barrancos e o peso da sua mochila. Não sou preparador físico, mas, para um maior aproveitamento da sua aventura, prepare-se fisicamente. Mesmo sendo leigo no assunto, recomendo que vc tenha resistência de correr de 7 a 10 km (por exemplo) para fazer uma subida tranquila e aproveitar ao máximo. A resistência é importante tbm pq vc anda todos os dias, sem descanso. O descanso é somente de noite. Se não estiver devidamente preparado o seu corpo não consegue recuperar. 6 – Despesas R$ 1.250,00 Passagem aérea de Londrina até Boa Vista (ida e volta). R$ 1.400,00 Pacote com o guia para uma expedição de 8 dias (incluído alimentação) R$ 100,00 Taxi de Boa Vista até a fronteira com a Venezuela (ida e volta). R$ 30,00 Entrada no Parque Nacional Canaima. R$ 180,00 Hotel – este valor dividido em 3, uma média de R$ 60,00 para cada. R$ 150,00 Alimentação antes e depois da expedição. R$ 80,00 Taxi em Boa Vista (dividido em 3). *Outros custos com material, roupas e acessórios não foram relacionados (e foi bastante). 7 - Conclusão Subir o Monte Roraima foi a realização de um sonho. Foi uma superação pessoal. O lugar é indescritível, exuberante, de uma beleza única. Nunca vi nada parecido em lugar algum. As fotos e vídeos não são suficientes para descrever. Nem mesmo o mais detalhado relado seria capaz. Ficar 8 dias sem comunicação externa é um capítulo a parte que com certeza colaborou bastante pare esse sucesso. Vc desliga do mundo externo, celular, internet e similares. Seu contato é com a natureza quase que exclusivamente. Por cada lugar que vc passa se surpreende, causa admiração e até mesmo se emociona. Se vc tem a intenção de conhecer o Roraima, pesquise, se prepare e vá. Vale muito a pena. Tenho certeza que será uma experiência para o resto de sua vida.
  2. ROTEIRO GUIANA (06 DIAS) INFORMAÇÕES GERAIS Visto: não é necessário Passaporte: precisa ter validade de pelo menos 6 meses Vacinas: não exige vacina de febre amarela Quando ir: fev-abr e de ago-nov Capital: Georgetown Moeda: dólar da Guiana $ (GYD) Idioma oficial: Inglês Cod. telefone: +592 Padrão bivolt: 120-240V Tomadas: A, B, D, G Georgetown é a capital da Guiana, assim chamado o país desde 1966, data de sua independência! Antes, era conhecido como Guiana Inglesa. Cidadezinha com cara de interior, possui vários canais com esgoto a céu aberto, mas que não imprimem ao local um cheiro fétido. O povo é extremamente simpático, com música alta por todo canto. Apesar de nos alertarem sobre furtos e roubos na região, andamos por toda a cidade, a pé, sem problemas, apenas evitando caminhar à noite! LOCOMOÇÃO NA GUIANA O transporte público na Guiana é feito através de vans, que estão numeradas, indicando o local para onde se deslocam. Dica: cartões de débito e crédito não são bem aceitos nos países do norte da America do Sul. ROTEIRO DIA A DIA Dia 01 08:30h: saída de Manaus (existem saídas diárias às 8h e as 20h) com destino a Boa Vista. Ônibus semi-leito, com banheiro e Wi-Fi por R$200, pago na data da viagem. No lado direito à saída da rodoviária, existe um café da manhã, onde se pode tomar um desayuno! 13:30h: única parada para o almoço na Cidade de Equador-RR 14h: continuação da viagem 19h: chegada em Boa Vista Dia 02 9h: Uber para o Terminal de Caimbe (no aplicativo informe como destino o “Centro de Atendimento ao Cidadão João Firmino Neto”), de onde saem os táxis para Bomfim-RR, fronteira com Lethem-Guiana! Os táxi-lotação cobram R$35 por pessoa até Bomfim e R$40 até a fronteira! Como estava demorando demais para completar a Van, decidimos ir para a rodoviária e pegar um ônibus, que custou R$25 e leva 2h até Bomfim! 10h: saída do ônibus de Boa Vista até Bomfim. Obs importante: não desça na rodoviária pois o ônibus vai até a fronteira. A fronteira funciona de 8-18h, fechando para o almoço de 12-14h. Em frente ao posto federal, existe um restaurante ao preço de R$15! Obs.: na fronteira já existem táxis que oferecem a corrida até o posto de imigração, troca de dinheiro e viagem nas vans (minibus n. 94) para Georgetown ao valor de $12.000/R$215 a $14.000/R$251 por pessoa! São 16h de viagem na van 18:30h: saída de Lethem para Georgetown Ruas de Lethem 21:30 parada para descanso até as 4h da manhã! No local, pode-se alugar redes pelo valor de $500/R$9! Dia 03 6-13h: viagem até Linden em estrada extremamente acidentada (carros pequenos não conseguem atravessar) 14h: saída de Linden em direção à Georgetown 16h: chegada a Georgetown e hospedagem no Julian’s Guest House por R$100 apto duplo sem café Georgetown Passeio principal: Cachoeiras Kaieteur por 125USD Dia 04 10h: saímos do hotel e andamos a pé pelo Parliament Building, Stabroek Market, St George Cathedral, National Library, Main Street, Georgetown Lighthouse (seg-sex de 8-16h), Praia de Georgetown, Umana Yana (ponto de encontro do povo guiano), Pomerade Gardens Stabroek Market Dia 05 Pegamos um barco no Mercado Stabroek, que atravessa para a cidade de Parika, de onde saem os barcos para o principal passeio da cidade, que é o Fort Island. Stabroek Market – Region 3 (de onde saem as vans para Parika): pega-se um barco que atravessa o Rio Demerara, cuja viagem dura cerca de 15min e custa $200/R$4pp (aos domingos; de seg-sab $100/R$2pp). Existem vans que saem direto de Georgetown para Parika, mas queríamos a experiência de atravessar o rio nos barcos-lotação. Van da Region 3 – Parika: $300/R$6pp Na cidade de Parika pode-se visitar uma praia com varias carcaças abandonadas; uma espécie de cemitério de navios, ao lado do Porto. Fora isso, a cidade não possui muitos atrativos. Passeio principal: Fort Island ao custo de $15.000/R$269pp Dia 06 Pegamos a van n.63 que vai de Georgetown até Moleson Creek. A van nos pega no hotel e custa $4.500/R$81! O trajeto completo até Paramaribo custa $9.000/R$162, mas como não sabíamos se obteríamos o visto na fronteira, preferimos pagar o transporte somente até Moleson Creek! Atravessando da Guiana para o Suriname: 1. Saídas do ferry as 9h (check-in de 6:30-8h) e 13h (check in de 10:30-12h): a viagem de ferry leva 30min 2. Compra dos bilhetes com passaporte por $3.140/R$57pp 3. Preencher um papel de saída da Guiana Chegada na Guiana por via terrestre: 1. Os residentes dos países pertencentes ao Caricom não precisam de visto, basta carimbar o passaporte; para os estrangeiros não pertencentes ao Caricom, estes devem pagar uma taxa de 42USD e obter um tourist card na fronteira, o que também pode ser obtido em Georgetown a um preço menor. Travessia para o Suriname Continue acompanhando esta viagem ao Suriname.
  3. Do fim pro começo do ano pretendo ficar alguns semanas na Guiana Francesa, porém nunca acho nada relacionado a ela. Alguém sabe como chegar na Guiana Francesa a partir do Brasil sem pegar avião ? é necessário visto ? caso precise de visto há outro meio de conseguir entrar ? Pretendo trabalhar em hostel em troca de acomodação e fazer uma parada bem roots mesmo, já que meu principal objetivo é melhorar meu francês. Se alguem puder me ajudar ficarei muito agradecido.
  4. GUIANA Passaporte: apenas precisa estar válido durante sua estada Visto: não é necessário Moeda: dólar da Guiana $ (GYD) Cod. telefone: +592 Idioma oficial: Ingles Capital: Georgetown Hospedagem: Twenty4 Guesthouse, Hotel Palácio, Hotel RitzZ Georgetown é a capital da Guiana, assim chamado o país desde 1966, data de sua independência! Antes, era conhecido como Guiana Inglesa. Cidadezinha com cara de interior, possui vários canais com esgoto a céu aberto, mas que não imprimem ao local um cheiro fétido. O povo é extremamente simpático, com música alta por todo canto. Apesar de nos alertarem sobre furtos e roubos na região, andamos por toda a cidade, a pé, sem problemas, apenas evitando caminhar à noite! LOCOMOÇÃO NA GUIANA O transporte público na Guiana é feito através de vans, que estão numeradas, indicando o local para onde se deslocam. SURINAME Passaporte: precisa ter validade de pelo menos 6 meses Visto: é necessário para os estrangeiros não pertencestes ao Caricom; pode-se obter na fronteira Moeda: dólar do Suriname SUR (SRD) Cod. telefone: +597 Idioma oficial: holandês Capital: Paramaribo Paramaribo é uma simpática cidade que se divide entre áreas menos desenvolvidas e áreas com discretos traços da sua parente distante Holanda! O feio e o bonito estão separados por poucas quadras! Apresenta um crescimento mais organizado do que sua vizinha Georgetown e lindos pontos turísticos! ROTEIRO DIA A DIA 09/01 08:30h: saída de Manaus (existem saídas diárias às 8h e as 20h) com destino a Boa Vista. Ônibus semi-leito, com banheiro e Wi-Fi por R$200, pago na data da viagem. No lado direito à saída da rodoviária, existe um café da manhã, onde se pode tomar um desayuno! 13:30h: única parada para o almoço na Cidade de Equador-RR 14h: continuação da viagem 19h: chegada em Boa Vista 10/01 9h: Uber para o Terminal de Caimbe (no aplicativo informe como destino o “Centro de Atendimento ao Cidadão João Firmino Neto”), de onde saem os táxis para Bomfim-RR, fronteira com Lethem-Guiana! Os táxi-lotação cobram R$35 por pessoa até Bomfim e R$40 até a fronteira! Como estava demorando demais para completar a Van, decidimos ir para a rodoviária e pegar um ônibus, que custou R$25 e leva 2h até Bomfim! 10h: saída do ônibus de Boa Vista até Bomfim. Obs importante: não desça na rodoviária pois o ônibus vai até a fronteira. A fronteira funciona de 8-18h, fechando para o almoco de 12-14h. Em frente ao posto federal, existe um restaurante ao preço de R$15! Obs.: na fronteira já existem táxis que oferecem a corrida até o posto de imigração, troca de dinheiro e viagem nas vans (minibus n. 94) para Georgetown ao valor de $12.000-$14.000 por pessoa! São 16h de viagem na van! 18:30h: saída de Lethem para Georgetown 21:30 parada para descanso até as 4h da manhã! No local, pode-se alugar redes pelo valor de $500! Dia 11/01 6-13h: viagem até Linden em estrada extremamente acidentada (carros pequenos não conseguem atravessar) 14h: saída de Linden em direção à Georgetown 16h: chegada a Georgetown e hospedagem no Julian’s Guest House por R$100 apto duplo sem café Passeio principal: Cachoeiras Kaieteur por 125USD Dia 12/01 10h: saímos do hotel e andamos a pé pelo Parliament Building, Stabroek Market, St George Cathedral, National Library, Main Street, Georgetown Lighthouse (seg-sex de 8-16h), Praia de Georgetown, Umana Yana (ponto de encontro do povo guiano), Pomerade Gardens Dia 13/01 Pegamos um barco no Mercado Stabroek, que atravessa para a cidade de Parika, de onde saem os barcos para o principal passeio da cidade, que é o Fort Island. Stabroek Market - Region 3 (de onde saem as vans para Parika): pega-se um barco que atravessa o Rio Demerara, cuja viagem dura cerca de 15min e custa $200pp (aos domingos; de seg-sab $100pp). Existem vans que saem direto de Georgetown para Parika, mas queríamos a experiência de atravessar o rio nos barcos-lotação. Van da Region 3 - Parika: $300pp Na cidade de Parika pode-se visitar uma praia com varias carcaças abandonadas; uma espécie de cemitério de navios, ao lado do Porto. Fora isso, a cidade não possui muitos atrativos. Passeio principal: Fort Island ao custo de $15.000pp Dia 14/01 Pegamos a van n.63 que vai de Georgetown até Moleson Creek. A van nos pega no hotel e custa $4.500! O trajeto completo até Paramaribo custa $9.000, mas como não sabíamos se obteríamos o visto na fronteira, preferimos pagar o transporte somente até Moleson Creek! Atravessando da Guiana para o Suriname: 1. Saídas do ferry as 9h (check-in de 6:30-8h) e 13h (check in de 10:30-12h): a viagem de ferry leva 30min 2. Compra dos bilhetes com passaporte por $3.140pp 3. Preencher um papel de saída da Guiana Chegada na Guiana por via terrestre: 1. Os residentes dos países pertencentes ao Caricom não precisam de visto, basta carimbar o passaporte; para os estrangeiros não pertencentes ao Caricom, estes devem pagar uma taxa de 42USD e obter um tourist card na fronteira, o que também pode ser obtido em Georgetown a um preço menor. Paramaribo: 12:45-16:30h: saída de van da fronteira para Paramaribo (100SUR pp) Dia 15/01 12h: saímos do hotel e andamos a pé pelo Centrale Markt, Waterkant, Presidential Palace, Independence Square, Fort Zeelandia, I Love SU Sign, Palmemtuin Garden (Jardim das Palmeiras), Catedral de São Pedro e São Paulo Dia 16/01 Retorno ao Brasil
  5. Partindo de São Paulo, eu e mais quatro amigos passamos 12 dias nessa viagem, incluindo o trekking do Monte Roraima e os passeios turísticos mais tradicionais de Manaus, entre outros programas mais alternativos que agradam qualquer mochileiro com espírito de aventura. Fizemos tudo da forma mais econômica possível sem comprometer a segurança e o mínimo de conforto, disso saiu um rolê bastante acessível, exótico e simplesmente fantástico. Acompanhe nesse relato dia a dia com todas as informações necessárias pra te ajudar a planejar e aproveitar ao máximo sua viagem e evitar perrengue. Essa foi também a primeira viagem internacional do grupo Trilhando na Faixa, então inscreva-se no canal para ver o vídeo assim que estiver disponível: https://www.youtube.com/channel/UCw7K-Ri4mgpVsG4WIBdIbSg Lembrando que os valores são aproximados e referentes a Julho de 2018, podendo apresentar variações. Os valores discriminados são em despesas essenciais, não esqueça de reservar um pouco do orçamento para uma regalia ou outra que não conste na lista. Bônus para os Veganos: O autor que vos escreve é um também, então acompanhem pra terem informações específicas sobre a alimentação vegana em cada local. Índice de dias (use o Ctrl+F para navegar): Dia 1 – De São Paulo a Manaus a Boa Vista Dia 2 – De Boa Vista a Santa Elena de Uairén Dia 3 – De Santa Elena ao Paratepuy ao Acampamento do Rio Têk Dia 4 – Do Rio Têk ao Acampamento Base Dia 5 – Do Acampamento Base ao Hotel Índio e circuito no topo Dia 6 – Vale dos Cristais Brasileiro, Ponto Tríplice, El Foso e o cume Dia 7 - Do topo ao Rio Têk Dia 8 - Fim do trekking e Gran Sabana Dia 9 - De Santa Elena a Boa Vista, Lethem e Manaus Dia 10 – Manaus, praia da Lua e Mercado Municipal Dia 11 – Rios Negro e Solimões, INPA e bar Dia 12 – Teatro Amazonas e retorno pra São Paulo Antes de mais nada – Preparação O planejamento da viagem foi montado em torno de seu prato principal, o trekking do Monte Roraima, então as outras coisas entraram como um adicional oportuno. Para o trekking em si Juntamos um grupo de 6 pessoas com disponibilidade de duas semanas em Julho para subir o Roraima de forma econômica, nosso plano foi de contratar um guia local e fazer o trekking sem recorrer a porteadores de equipamentos ou serviços de agência. Estando todos habituados a atividades outdoor, não seria problema algum transportar nossas cargueiras ou cozinhar nos acampamentos, então o serviço de que precisaríamos seria o mais básico possível. Procuramos por guias que trabalhassem dessa forma e encontramos algumas boas opções, sempre indo atrás de indicações e comentários sobre cada um. Tendo sido o que prestou melhores esclarecimentos sobre tudo que precisávamos e estando numa faixa de preço bastante razoável, além de ter sido recomendado por uma conhecida, optamos pelo Jesus (WhatsApp: +5804266940599 / +5524992802417 ), contratamos o serviço de guia para uma expedição de 6 dias e um porteador para a estrutura de “banheiro” (mais sobre isso adiante) e transporte de lixo e dejetos, já que o Parque Nacional Canaima exige que se traga de volta isso tudo. Lá não existe levar pazinha e enterrar os dejetos, os porteadores trazem tudo de volta em sacos plásticos grossos com cal. É incluso também o transporte em 4x4 de Santa Elena ao Paratepuy, onde começa a trilha, e a volta. Os guias não cobram por pessoa, mas pelo trekking em si, independentemente do número de participantes. Cada guia pode levar até 6 pessoas. O valor acordado foi de 3000 mil reais, totalizando 500 de cada um de nós. Antes da viagem, uma das pessoas envolvidas precisou desistir da viagem e o custo final foi de 600 por cabeça. Nos oferecemos para pagar parte do valor em equipamentos de camping, já que eles são muito caros e difíceis de conseguir na Venezuela, e Jesus incluiu um passeio em algumas cachoeiras da Gran Sabana no último dia do trekking como uma troca de gentilezas. Todo mundo saiu feliz, rs. Pagamos uma parte do preço antecipadamente para reservar o serviço, o restante seria pago em mãos na véspera da expedição. Mantivemos contato com o guia nos meses antes da viagem para preparamos os equipamentos e afins, partimos da seguinte lista de itens essenciais, que pode ser ajustada de acordo com as necessidades de cada um: É perfeitamente possível reduzir o número de trocas de roupa; uma para o dia e uma para a noite, mais uma de reserva, só é muito importante ter todas as peças para o sistema de aquecimento em camadas e também um bom número meias, se possível utilize as específicas para trilha, são caras mas valem muito a pena para o conforto e saúde dos pés na expedição. Do contrário, improvise um liner colocando uma meia social sob a comum, isso ajuda a reduzir o atrito dos pés com a bota e previne bolhas. Truque simples e funcional. Julho é temporada de chuvas no Roraima, então pra quem vai nessa época é muito importante ter uma barraca resistente a água (o sobreteto sim, mas também o piso, atenção pra isso); roupas impermeáveis; saco estanque para os eletrônicos, saco de dormir e roupas; sacos plásticos para o restante; capa de chuva pra mochila e possivelmente ainda um poncho. IMPORTANTE: Não use barraca que não seja autoportante, no topo do Roraima é bem capaz que ela dê trabalho ou seja simplesmente inútil no chão de pedra e areia dos hotéis (parapeitos rochosos ou pequenas grutas que servem de cobertura natural, provendo locais de acampamento protegidos de chuva e vento). O tempo lá é imprevisível e muda muito rápido por conta dos ventos alísios. Chove com frequência, em geral em baixo volume, mas às vezes a aguaceira pode vir mais forte. Não tem hora pra cair a chuva, as previsões do tempo dão uma ideia do que esperar, mas inevitavelmente vão errar em algum momento. Esteja sempre preparado. Uma boa mochila é essencial para quem vai levar suas próprias coisas, escolha uma que se ajuste bem e fique confortável com o peso, aprenda a regulá-la corretamente de antemão. O uso do bastão de caminhada é opcional, mas é um equipamento extremamente útil para a subida e descida íngreme do Roraima, bem como para a travessia dos rios no caminho e outras possíveis utilidades Leveza é palavra-chave para se equipar, busque dividir barracas e investir em equipamentos leves e compactos, bem como em não levar nada além do que vai ser preciso e suas margens de segurança. Isso vale pra comida também, seja o mais eficiente possível. Dica Vegana: Para as refeições principais, levei 3 pacotes de Carne de soja, arroz integral com lentilha e purê de batatas da LioFoods, cada pacote dá pra duas refeições e apenas o purê não é vegano, basta dá-lo pra algum colega e voilá, dá pra comer até sem água quente, se necessário. Levei também um pacote de sopão de legumes da Kitano, levinho e faz até 8 pratos. Foram 14 refeições potenciais em 1066 gramas, 6 mais encorpadas e 8 mais leves. Para cafés da manhã e lanches, fui de amendoins, paçoca, biscoitos, barrinhas e Rap10 integral. Deram conta muito bem. É importante ter um método de purificar a água. Quando estiver no acampamento é preferível aproveitar a possibilidade de fervê-la, mas no caminho você vai ter de se virar com o cloro (ou um Lifestraw, se você tiver). Eu costumo utilizar o Hidroesteril ao invés do Clorin, é mais barato, fácil de achar e rende mais. É possível também pegar Hidrocloril gratuitamente em postos de saúde. Escolha o que preferir. Não é possível transportar os cartuchos de gás de fogareiro no avião, então reservamos alguns em uma loja em Manaus próxima ao aeroporto, a Apuaú Pesca. Os cartuchos ficaram 20 reais cada. Se sua alimentação não for excessivamente demorada para preparar, só um já dá conta muito bem para uma pessoa. Eu recomendaria levar dois só por garantia, o segundo podendo ser o backup de outro colega também, talvez. O Roraima não é um trekking difícil, mas ir com cargueira é pedreira nos trechos de subida. Não é necessário ser um atleta, mas não é programa pra sedentário, quiçá com porteador pra levar as coisas, mas mesmo assim é melhor adquirir condicionamento e experiência com outras trilhas menos exigentes. É possível para iniciantes, mas é essencial se informar e equipar muito bem, e ter a resiliência pra encarar dificuldades que são de praxe pra quem já tem o costume de travessias e acampamentos. Quanto menos delas forem novidade, mais tranquila será a experiência. Um resgate de helicóptero lá no alto é perfeitamente possível por conta das áreas planas do topo, mas custa uns 6 mil reais, e diferente das agências que já cobram alguns milhares de antemão, ir com guia contratado quer dizer que quem vai arcar com esse custo será você caso precise. Se prepare e se informe antes de ir, a montanha não vai sair de lá se você precisar esperar algum tempo pra conhecê-la. Para o caminho Para fazer o trekking, precisamos ir até Santa Elena do Uairén na Venezuela, cidade fronteiriça com Pacaraima, vizinha da capital roraimense Boa Vista, que conta com um aeroporto, mas para o qual os voos de São Paulo estavam tanto caríssimos quanto muito longos. Acabamos optando por ir por Manaus e pegar um ônibus noturno a Boa Vista, mas na trilha encontramos um casal que conseguiu um preço bom de voo pra lá, então fique de olho pro que for melhor, talvez consiga uma boa promoção. Compramos as passagens de ida e volta antecipadamente pelo Guichê Virtual. De Manaus a Boa Vista o ônibus não lota, dá pra comprar na rodoviária, mas pro caminho de volta é bom comprar com antecedência. Para entrar na Venezuela basta o RG, e o processo é até mais rápido do que com Passaporte, então se não fizer questão do carimbo, pode deixa-lo em casa. Para sair de Santa Elena para o interior da Venezuela, é preciso o Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela. Você vai precisar disso se por acaso for parado num posto de controle na estrada. Não precisamos apresentar o documento em nenhum momento, mas é bom tê-lo em mãos pra evitar problemas, é fácil, rápido e gratuito solicitá-lo, então não tem desculpa. Já deixamos feita nossa reserva para a hospedagem em Santa Elena, na Posada L’Auberge, lugar seguro e confortável com chuveiro quente, camas limpas, ar condicionado e wi-fi, todo o necessário para uma boa noite de descanso. O preço ficou bem em conta e a pousada está localizada no coração da área turística da cidade, próxima a bons restaurantes. O único ponto negativo é a parca iluminação em alguns quartos, que nos fez tirar as lanternas da mochila antes mesmo do trekking, mas só isso. Dito isso, vamos ao dia a dia da viagem. Custos na preparação: R$ 3000 pelo Guia, valor divisível em até 6 pessoas; R$ Variável de alimentação e equipamentos pro trekking; R$ Variável de transporte aéreo; R$ 367 nas passagens de ônibus Manaus-Boa Vista e retorno (compradas via Guichê Virtual); R$ 20 por cada cartucho de gás em Manaus (a quantidade a levar vai da preferência de cada um); R$ 40 de reserva de diária na hospedagem em Santa Elena, valor aproximado, varia de acordo com o quarto. Dia 1 – De São Paulo a Manaus a Boa Vista No primeiro dia pegamos nosso voo de São Paulo a Manaus pela manhã, chegamos a nosso destino na hora do almoço e fomos recebidos pelo contraste do bafo quente do clima manawara com a temperatura amena do ar condicionado do avião. Entramos logo num Uber para irmos comprar os cartuchos de gás que havíamos reservado. O próximo destino foi a rodoviária, onde retiramos nossas passagens para o ônibus a Boa Vista. Deixamos as cargueiras no guarda-volumes da rodoviária e partimos a pé para um Carrefour que fica lá pertinho, para pegar o resto dos mantimentos que faltavam pro trekking e também para beliscar na viagem de ônibus. É bom não deixar pra comprar nada em Boa Vista ou Santa Elena, se possível, já que não há muitas opções no caminho, e definitivamente nenhuma com tanta variedade quanto esse Carrefour. Dentro do supermercado há um caixa Itaú, já retiramos o dinheiro para a Venezuela lá mesmo, mas há caixas eletrônicos 24 Horas tanto na rodoviária de Manaus quanto na de Boa Vista. Fica a gosto do freguês onde fazer o saque. Depois disso, fomos passar o resto da tarde no Amazonas Shopping, boa opção próxima à rodoviária para fazer hora antes do horário do ônibus. Jogamos uma partida de airsoft e comemos na modesta praça de alimentação. Dica vegana: Foi aqui que eu já tive o primeiro indício de que Manaus não é lá muito fácil pra vegano, não tinha nada no cardápio de nenhum dos restaurantes que fosse livre de produtos de origem animal. Pedi pra adaptar um prato no Alemã Gourmet e foram bastante solícitos, aceitaram substituir os ingredientes animais por outros vegetais sem custos a mais nem nada. Foi uma boa opção considerando custo, também. No fim da tarde voltamos pra rodoviária pra esperar o horário do ônibus. Pra quem suar demais sob o sol manawara, lá há a opção de pagar um valor módico para tomar um banho. Próximo a uma das paredes há tomadas para carregar o celular. O ônibus partiu às 20h para chegar em torno de 6h30 no destino. O semi-leito já é confortável por si só, mas ele partiu com tão pouca lotação que foi possível que quase todo mundo tivesse duas poltronas lado a lado para si, permitindo deitar de forma muito mais à vontade do que o normal, o que foi ótimo. A TV do ônibus saiu de Manaus exibindo uma novela da Globo e depois um filme de ação genérico. O veículo contava com wi-fi, mas este só funcionou até sair da cidade, depois disso ficamos sem sinal com o mundo exterior. A estrada a Boa Vista é bem cuidada, é uma viagem bastante tranquila por entre vegetação densa pontilhada por alguns pontos de luz que despertam a curiosidade de o que seriam. Eu não sabia o que esperar da parada, definitivamente não um Graal como os das rodovias de São Paulo, mas fiquei surpreso com o quão modesta era a lanchonete escolhida. Apenas o básico do básico, então é bom estocar o necessário em Manaus mesmo. Foi engraçado reparar que, apesar de estarmos no meio da madrugada numa cidade minúscula na Amazônia, a algumas quadras dali rolava um estrondoso pancadão de funk. Acho que algumas coisas são as mesmas em todos os lugares, rs. Dia 2 – De Boa Vista a Santa Elena de Uairén Chegamos em Boa Vista bem cedo de manhã. A rodoviária de lá é um pouco melhor do que a de Manaus, mas não tem nada em volta dela. Para ir a Santa Elena de Uairén há táxis que vão até a fronteira e voltam, eles ficam numa outra rodoviária lá perto, basta tomar um táxi comum até lá que não deve passar de 10 reais. Nessa outra rodoviária, é possível aguardar até o carro pra Santa Elena encher para dividir o valor entre mais pessoas. Conseguimos ir os 5 em um carro só, de 7 lugares, os espaços restantes ficaram para as cargueiras. 50 reais por pessoa. Há ônibus que vão e voltam da fronteira também, mas não vale tanto a pena pelos horários. A estrada de Boa Vista até Santa Elena, passando pela última cidade brasileira antes da fronteira, Pacaraima, é uma linha reta cortando plantações perfeitamente planas. Não há nada pra ver na estrada, o caminho leva pouco mais de duas horas, é o momento perfeito pra tentar dormir um pouco e encurtar a percepção do percurso. A entrada na Venezuela é bem rápida e tranquila, basta passar pelo posto da polícia federal, responder algumas perguntas de identificação e retirar seu Permiso de entrada. Você vai precisar apresentá-lo na hora de voltar pro Brasil, guarde-o seguramente. Verifique se seu taxista pode te deixar em sua hospedagem em Santa Elena, é uma opção bem conveniente se ele concordar. Se preferir, já aproveite pra agendar a volta também, mais uma vez verificando se é possível partir já da porta do hotel. Muito mais prático do que pegar outro táxi até a fronteira, mesmo se ficar um pouquinho mais caro. Chegamos ao L’auberge no começo da tarde e nos hospedamos, já fazendo agora a reserva para o dia do retorno do trekking. Jesus já se encontrou conosco lá mesmo, onde também havia se hospedado, e deu breves explicações sobre o percurso do trekking e sobre Santa Elena, o briefing de verdade seria à noite. Feito isso, nos convidou para ir almoçar nas redondezas e já aproveitar pra trocar o dinheiro. Comemos em um restaurante bem simples lá perto, com poucas opções. Fiquei só no arroz e macarrão mesmo, e estranhei um pouco este porque os venezuelanos parecem utilizar um molho de tomate muito mais doce do que o nosso. Percebi também que todos os pratos vieram excepcionalmente bem servidos, nenhum de nós conseguiu terminar de comer tudo. Muita comida é uma constante lá na Venezuela, então vá com a barriga preparada para fartas refeições, rs. Experimentamos uma bebida popular de malte, o Maltín, é bem gostoso, vale a pena conhecer. Pagamos em reais, coisa de 15 por pessoa. O câmbio do dinheiro é totalmente informal e complicadíssimo a primeira vista pelos valores estratosféricos em bolívares. Andamos pelas ruas buscando a melhor conversão entre os vários cambistas nas esquinas e em frente às lojas. O melhor que conseguimos foi 1:175k. Troquei 100 reais e foi o suficiente pra tudo que precisei pagar em bolívares, incluindo lembranças pra trazer pra casa, mas as coisas são bastante instáveis por lá no que se refere a dinheiro, o que se paga em duas cervejas comuns em Santa Elena é o valor de um almoço inteiro com bebida numa comunidade indígena na Gran Sabana. Sobre o câmbio, esse foi um bom valor para a conversão na rua, mas para moradores com contas em bancos venezuelanos há a possibilidade de conversão por transferência bancária, em que é possível trocar a 1:800k. A maioria das lojas e restaurantes em Santa Elena aceita pagamento em reais, e geralmente o faz a taxas bem acima de 1:175k, então o recomendável é deixar os bolívares para as comunidades indígenas na Gran Sabana e pagar o que for possível em reais. Mesmo nelas há frequentemente a possibilidade de pagar em reais, e parece até preferível por parte dos moradores, então talvez nem seja necessário trocar o dinheiro, mas é bom ter um pouco de bolívares só pra garantir. Minha impressão foi de que o bolívar está tanto quanto fora de controle, a inflação fez com que ficasse bastante instável a ponto de até mesmo dentro do parque nacional o guarda-parque me informar que só poderia comprar um mapa do Tepuy Roraima pagando em reais. Não deixa de ser uma experiência divertida, porém, ter nas mãos aquelas pilhas enormes de notas para travar uma guerra com os amigos ou fazer chover dinheiro. Não é sempre que a gente pode se sentir tão ryco, afinal, rs. Depois do almoço e de uma volta pra conhecer um pouco de Santa Elena, voltamos à pousada pra deixar tudo arrumado pra partida no dia seguinte. Repousamos até a noite quando saímos novamente com Jesus, seu irmão Randy e o sr. Leotério, que também iriam conosco no trekking, para um jantar no Papa Oso Pub, uma pizzaria bacaníssima a uns 5 minutos de lá. Dica vegana: Em Santa Elena também não encontrei opções veganas nos cardápios, mas foi tranquilo de adaptar, pedi uma pizza sem o queijo e ela veio muito melhor do que qualquer uma que já comi no Brasil desse jeito. A culinária venezuelana é muito rica em variedades vegetais e as usa de forma bem inventiva, então lá é um ótimo lugar pra ser vegano, eu diria. Eu pelo menos consegui comer muito bem. Comemos pizzas artesanais absolutamente deliciosas e tomamos uma cerveja local popular, Zulia, mais suave do que as brasileiras e bem saborosa, gostei bastante. Aparentemente os venezuelanos gostam muito da nossa Itaipava, que é pra eles como uma Stella ou algo do tipo é pra nós, fato interessante. A conta ficou bem alta em bolívares, mas em reais a coisa mudou de figura, foi um preço baixíssimo considerando o naipe da refeição. 138 reais numa refeição espetacular para 8 pessoas. Voltamos pra pousada, deixamos na recepção algumas bolsas com coisas que não usaríamos no trekking e fomos dormir cedo pra partir ao amanhecer para o trekking. Custos no dia 2 R$ 10 de transporte de uma rodoviária a outra em Boa Vista, divisível por 4 pessoas; R$ 50 de transporte de Boa Vista a Santa Elena de Uairén; R$ 40 de reserva de diária na hospedagem em Santa Elena para o dia do retorno, valor aproximado, varia de acordo com o quarto; R$ 15 de almoço; R$ Variável de câmbio de reais a bolívares; R$ 20 reais de jantar; Dia 3 – De Santa Elena ao Paratepuy ao Acampamento do Rio Têk Sair com o nascer do sol não foi bem o que aconteceu, porém. Explico: Abastecer o carro em Santa Elena é uma tarefa demorada. Demorada tipo umas 12 horas numa fila gigante em que as pessoas deixam seus carros à noite e vão pra casa dormir pra abastecerem de manhã quando o posto abre. É uma coisa realmente impressionante, e bem inconveniente quando você tem hora pra sair. Íamos partir com a luz do sol, acabamos saindo umas quatro horas depois, que foi quando nosso motorista conseguiu encher o tanque. Os veículos que fazem esse serviço são, como já nos havia sido dito, rústicos. Um 4x4 antigo com uma gambiarra aqui e outra alí, várias marcas de uso e idade, e música animada tocando a todo volume, várias vezes versões modificadas de músicas populares do funk ou sertanejo brasileiros. É uma experiência veicular divertidíssima. Um dos nossos teve uma situação de saúde que, apesar de não ser grave, seria impeditiva para fazer o trekking. Depois de muita deliberação, conjectura, replanejamento e insistência, Jesus chamou um táxi para deixá-lo seguramente na fronteira, donde voltou a Boa Vista, e nós quatro restantes partimos para o parque, com pesar pelo companheiro. Enfim, embarcamos tardiamente com Jesus, Randy, Leotério e os pais de Jesus, que foram junto porque a mãe, de origem indígena, daria um voto de confiança para nosso grupo frente aos que regulam a subida ao Paratepuy e entrada na trilha do Monte Roraima. Só um método de agilizar o processo. Os pais de Jesus também foram extremamente simpáticos conosco, foi uma reunião familiar bem agradável de participar, rs. No processo de obter as autorizações necessárias, já deixamos reservado e pago nosso almoço na comunidade indígena do Kumarakapuy, por onde passaríamos antes de ir ao passeio da Gran Sabana alguns dias depois. 2 milhões de bolívares com bebida inclusa, pouco mais de 10 reais. 27 km de estrada de terra acidentada depois, estávamos no Paratepuy. Lá foi o momento de assinar a ficha de entrada no parque e ter nossas bagagens revistadas brevemente por itens ilegais. Coisa rápida, só foram bastante enfáticos quanto à proibição de entrada de drones. O mesmo senhor que coleta as assinaturas e faz a vistoria vende mapas do Monte Roraima ao valor de 25 reais cada, é um preço um pouco salgado, mas é um item bem feito e informativo, pra mim valeu a pena como recordação. Por volta de 14h, horário limite de entrada na trilha, começamos o trekking, esse primeiro dia é tranquilo, um pouco de subidas e descidas, mas o perfil altitudinal do percurso é praticamente plano ao longo de seus 14 km. O que dificultou foi a má fortuna de sermos pegos numa chuva relativamente forte, e de ter chovido bastante no dia anterior também. Sacamos roupas impermeáveis e capas, até aí tudo bem, o problema de verdade foram os rios, que sobem bastante com as chuvas. Mais de uma vez tivemos que parar para esperar a água baixar no que seriam travessias triviais sobre pontes ou pedras. O resultado foi que já nesse dia tivemos que meter o pé na água. Adeus a pés secos pelo resto do trekking. Fora isso, esse primeiro dia é muito tranquilo, chegamos a nosso destino em torno de 17h30. O acampamento do Rio Têk conta com casas de pau a pique que os indígenas usam como espaços de comércio para os trilheiros durante a alta temporada. Não é o caso em Julho, mas podemos usar a cobertura para deixar as coisas, cozinhar e comer, garantindo um pouco de conforto. Para montar a barraca, há espaços de grama alta que podem servir como um colchão relativamente macio. Alguns cachorros ficam por lá de olho na comida que podem conseguir dos trilheiros, dê uns pedaços pra eles, rs. No acampamento do Rio Têk é muito importante tomar cuidado com a fauna, há alguns formigueiros no local e, na época de chuvas, é comum avistar cascavéis. Uma delas inclusive deu uma volta por perto de nossa barraca durante a noite. Eu estava dormindo profundamente, mas meu colega ouviu movimento na grama e no dia seguinte uma testemunha ocular confirmou, hahaha, então aplicam-se os cuidados de verificar suas coisas fora da barraca antes de mexer nelas, e evitar de andar sem botas. É lá que você vai ter seu primeiro encontro com os puri-puri também, mosquitos minúsculos e extremamente irritantes que vem em horda e mordem em qualquer lugar desprotegido, deixando marcas cabulosas. Ainda ostento algumas nos braços duas semanas depois do trekking, rs. Provavelmente o seu não será o único grupo acampando lá, então se estiver se sentindo sociável, deve ter uma galera diferente pra conversar. Nesse primeiro dia compartilhamos a mesa com um casal de brasileiros. Ele, fotógrafo, não colocou suas câmeras em sacos estanque e uma delas acabou totalmente encharcada na chuva, um prejuízo de dar dó, então é bom ter muito cuidado com o que não pode molhar. No dia seguinte cedi alguns sacos plásticos pra eles protegerem um pouquinho melhor as coisas. Uma dica que eu dou é a de levar um rolinho de sacos de lixo com a litragem que você achar mais adequada, eu levei de 15L. É sempre bom ter esse recurso em abundância, alguém sempre acaba precisando. Custos no dia 3 R$ 15 de reserva de almoço com bebida inclusa no Kumarakapuy, pago em bolívares, valor aproximado; R$ 25 de mapa do Monte Roraima, opcional. Dia 4 – Do Rio Têk ao Acampamento Base Despertamos com o sol no segundo dia de trekking e tomamos um café da manhã reforçado, a trilha hoje seria um pouco mais dura pelo ganho de altitude. Jesus compartilhou um pouco da culinária local conosco: pão com uma pimenta tradicional indígena; domplins, que são como pasteizinhos; e apenas uma beiçada para cada de um fermentado indígena de batata doce, bebida com sabor bem peculiar mas que não pudemos tomar muito pois ela tem histórico de mexer com o intestino de quem não está acostumado, rs. Acordamos cedo, mas tardamos a sair, aguardando o nível do rio Têk baixar. Não era ele o problema maior, explicou Jesus, mas logo depois teríamos que cruzar também o Kukenán, mais largo e bravo. O Têk serviu como uma espécie de diagnóstico para quando o Kukenán fosse estar transponível, desse modo. Enquanto esperávamos, tivemos vista limpa do Roraima e do tepuy vizinho, chamado Kukenán também, igual ao rio. A vista para ele é melhor do que para o Roraima, provavelmente a maioria das fotos que você já viu do Acampamento do Rio Têk com uma montanha no fundo eram dele. E é lindíssimo. Saímos às 9h e atravessamos o Têk para iniciar a caminhada de 9 km até o acampamento base. Poderíamos ter tirado as botas para atravessar, mas como já estavam molhadas mesmo, não ia fazer muita diferença. Entre o Têk e o Kukenán, há uma colina com uma pequena igreja construída com pedras do rio, e perto dali há rochas com inscrições antigas em relevo, litóglifos, representando animais e pessoas. Duas vistas muito interessantes para os curiosos com o aspecto humano em torno desse território. Atravessar o Kukenán realmente foi um pouco mais pedreira, a travessia é feita onde um afluente se junta a ele, o que resulta numa distância relativamente longa a ser percorrida de uma margem a outra. O bastão de caminhada é item essencial aqui, se você não tiver um seu, provavelmente usará um emprestado do guia. Do outro lado, paramos por uns 20 minutos para entrar na água num ponto em que ela é mais lenta, ótimo lugar para banho. Afastando-se um pouco da margem já se chega ao acampamento Kukenán, também com estruturas de pau a pique. Pareceu tão confortável quanto o acampamento do Rio Têk. A partir daí é só subida, subida e mais subida. É cansativo com a cargueira, sobretudo se o sol forte da savana abrir por entre as nuvens, mas dá pra ir tranquilo. Paramos no meio do caminho, no Acampamento Militar – este apenas uma área aberta no meio da vegetação – para um lanche. Tivemos aqui nosso segundo (e felizmente último) encontro com uma cascavel, que estava camuflada entre as rochas bem perto de onde nos sentamos. Cuidado. Vimos também diversos lagartos, grilos enormes, e os malditos dos puri-puri, rs. Mais uma pernada de subida em subida e chegamos ao Acampamento Base no meio da tarde, uma ampla área para montar barracas, com água bem perto. Nele não há as estruturas que há no Têk e Kukenán, mas os guias costumam estender lonas presas a árvores para permitir que se cozinhe e coma a abrigo da chuva. Há muitos pássaros diferentes e bonitos nessa área, e encontramos uma amoreira com alguns frutos silvestres dando sopa. Ainda não estavam maduros, mas nada que prejudicasse a experiência de poder comer alguma coisa fresca por entre nosso cardápio de industrializados, rs. Quando caiu a noite, tivemos ainda a boa fortuna de ter céu limpo. Tão longe da cidade, é claro que estava completamente estrelado e magnífico, a ponto de avistarmos diversas estrelas cadentes passando. O Acampamento Base é um lugar belíssimo, em suma, e estar tão perto da parede do Roraima, com toda aquela expectativa para o dia seguinte, só fez aumentar a apreciação. Foi uma ótima noite. Dia 5 – Do Acampamento Base ao Hotel Índio e circuito no topo Esse seria um grande dia. Acordamos bem cedo para nos preparar, Leotério mais cedo ainda, já que subiu antes para garantir nosso lugar de acampamento lá em cima. Jesus optou pelo Hotel Índio, mais próximo do acesso ao topo, mas bem pequeno, então seria preciso essa segurança, já que outros grupos iriam subir no mesmo dia. Conforme nos foi dito, os guias e porteadores tem uma organização tácita entre si para levar coisas de volta desde o Acampamento Base até o Paratepuy, e por isso poderíamos, sem precisar desembolsar nada, deixar pra trás algumas coisas que não iríamos utilizar no topo, e as pegaríamos de volta quando retornássemos à comunidade. Essa foi a hora de separar o essencial da tranqueira, a subida até o topo é íngreme e longa, quanto menos peso melhor. Tendo removido tudo que não seria preciso, iniciamos o percurso, que adentra em mata mais fechada e vai se aproximando do paredão. Mesmo com a vegetação mais densa, é uma trilha bem aberta, sem dificuldades. Só exige uso de mãos em alguns poucos trechos de escalaminhada, mas nada complicado. Logo se chega à parede do Roraima e aí se pega o único caminho conhecido para o topo que não exige escalada em Big Wall, a famosa La Rampa. Sem surpresa, é uma subida constante rumo ao topo, sem muito a se dizer aqui. O ponto digno de nota é logo antes da chegada ao topo, trata-se do Paso de Lagrimas, uma pirambeira em pedras soltas sob uma cascata semipermanente, é o trecho mais complicado do percurso, e onde é preciso ter mais atenção para evitar acidentes, sobretudo na época chuvosa, quando a queda de água está mais forte. Ênfase em forte, proteger bem seus equipamentos contra a água é muito importante, pois apesar de ser um trecho curto, molha bastante, e não dá pra se dar ao luxo de atravessar com pressa. Passado o crux do caminho, chega-se em pouco tempo ao topo do Monte Roraima, um momento bastante emocionante. O topo mostra desde cedo suas características únicas e justifica seu apelido frequente de “O Mundo Perdido”, as formações geológicas são impressionantes e a vida expõe toda sua gana de se manter num ambiente tão estéril. A água, a rocha e o vento desenham formatos que não existem em qualquer outro lugar do mundo, e é espetacular não por se parecer com algo fora da Terra, mas justamente pelo quão terreno é, pelo tanto que diz de inacreditável sobre os processos que o planeta e a vida enfrentam há milhões de anos. Imagino que para geógrafos, geólogos, biólogos e afins, aqueles que saibam realmente ler essas marcas, a experiência seja ainda mais fantástica, mas o leigo não perde nada no quão marcante ela é. Enfim, andamos mais alguns minutos do acesso ao topo até o Hotel Índio, montamos nosso acampamento sob a proteção da cobertura rochosa e partimos ávidos para conhecer mais do Tepuy. Partimos sob chuva e vento fortes, mas aliviados por estarmos caminhando leves. Nesse dia faríamos um circuito nas proximidades, começamos pelo Vale dos Cristais do lado venezuelano, um local onde cristais de quartzo cobrem o chão. Quartzos podem não ser lá tão impressionantes por si só, mas a mera quantidade deles torna a vista lindíssima. Seguimos para ver algumas das Ventanas, áreas próximas ao abismo de onde se pode ver o Kukenán e outras faces do Roraima. As nuvens densas do topo não ajudaram muito, mas por entre as curtas aberturas no branco tivemos visões maravilhosas, a mais marcante para mim sendo quatro cachoeiras lado a lado num ponto longínquo do Roraima. Vimos também o Salto Catedral, uma grande cachoeira lá no alto do Roraima, na qual é possível banhar-se dado um clima favorável. Ainda assim, não seria um local tão bom quanto as famosas jacuzzis, pequenas piscinas naturais de água tão cristalina que mal se vê onde ela começa nas margens mais rasas, e com o fundo coberto de quartzos. Não há descrição que faça jus a elas. Depois disso seguimos para a parede sul do Tepuy, onde adentramos na Cueva de los Guácharos, uma caverna que corre por vários quilômetros até acabar num buraco no paredão. Claro que só entramos por algumas dezenas de metros, para ver as formações geológicas. Cavernas são sempre lugares interessantíssimos, quase alienígenas, e essa não foi diferente, é um ponto muito bacana pra se visitar. Pertinho, há um mirante, do qual não conseguimos ver nada, e outro hotel, esse bem maior, ocupado pela turma de uma agência de Boa Vista. Voltamos a nosso acampamento e jantamos muito confortavelmente num patamar superior do hotel Índio, que forma como se fosse uma mesa onde podemos colocar o fogareiro e as panelas, e uma suave curva na parede onde se pode sentar. É como se tivesse sido esculpido. Durante a noite fez bastante frio, tivemos que recorrer a toda gama de roupas para ficarmos aquecidos. Senti que meu isolante térmico – um basicão de EVA e alumínio já surrado pelos anos – não deu conta. Não que eu tenha ficado em risco de hipotermia nem nada, mas perdi muito em conforto nessa noite, um equipamento um pouco melhor (ou ao menos mais novo) talvez seja uma boa pedida. Também tivemos um visitante noturno inesperado. Durante a madrugada ouvimos algumas coisas caindo na “cozinha”. Meu pensamento foi que outra pessoa estivesse lá fazendo algum lanche noturno ou algo do tipo, mas descobrimos depois que foi um quati esguio que foi pra lá tentar abocanhar alguma coisa. Eu sei que tem um hotel chamado Quati lá em cima, mas fiquei surpreso de saber que eles realmente conseguiam viver lá em cima, quatis são impressionantes. Depois disso deixamos as coisas mais fora de alcance. Não posso afirmar com certeza, mas suspeito seriamente que tenha sido isso que aconteceu com um saco de chá instantâneo que eu perdi depois de uma refeição e não encontrei mais, rs, só espero que não tenha feito mal pro bicho. Dia 6 – Vale dos Cristais Brasileiro, Ponto Tríplice, El Foso e o cume Esse seria o dia do circuito longo no topo, o prato principal do trekking por assim dizer. O dia amanheceu frio e chuvoso, características bem pouco promissoras para proporcionar belas vistas de paisagem, mas que dão ao Roraima seu ar misterioso. Calçamos as botas, jogamos as mochilas de ataque às costas e partimos. No caminho, fomos atribuindo formas às rochas encobertas pela neblina enquanto andávamos no que parecia um plano sem fim e indistinto. Percebi como a navegação no Roraima pode ser complicada, sem visibilidade não há pontos de referência claros para orientar a caminhada, alguém andando sozinho e sem conhecimento do terreno poderia facilmente se perder. Depois de margear um rio em um vale entre duas paredes altas de rocha. chegamos ao Vale dos Cristais do lado brasileiro, e se o outro já é impressionante, este é simplesmente fantástico. Os cristais de quartzo cobrem o chão como neve e afloram aglomerados em grandes rochas. Em algumas cortadas, é possível perceber os traços do longo processo de formação dos cristais. Nenhum de nós jamais havia visto algo parecido. Bem perto de lá, num ponto elevado, encontra-se o famoso Ponto Triplo, que marca o encontro de Venezuela, Guiana e Brasil. Não há muito para se ver, mas a sensação de estar lá vale o percurso. É apenas uma pirâmide triangular em que cada face corresponde a um dos países. Nos lados de Brasil e Venezuela há placas identificando o país, datas etc. No lado de Guiana, a placa é arrancada pelos militares venezuelanos sempre que é instalada pelos guianenses, consequência do ainda vivo debate entre os dois países pelo território da Guayana Esequiba. Me pareceu um tanto cômico que os militares dos dois países fiquem nessa disputa por uma placa no alto da montanha, rs. Enfim, o terceiro ponto de interesse desse circuito é não menos magnífico que o primeiro, no que se refere a obras naturais. El Foso, um belo cenote no meio da paisagem. Com tempo bom é possível banhar-se, mas pelo alto nível da água o caminho estava até mesmo intransponível, com as galerias que levam ao poço alagadas. A próxima parada foi um quase-hotel sob o qual nos sentamos para uma refeição, já que a caminhada de volta seria longa e rumo ao Maverick, ponto culminante do tepuy, convenientemente bem próximo do Hotel Índio. Maverick porque teoricamente o formato de alguma rocha por lá se parece com o veículo de mesmo nome, nem reparei, e creio que a associação seja um tanto forçada, já que esse nome deriva do original imaweru (ou algo parecido com isso, a memória não ajuda a lembrar de nomes, rs), relacionado à lenda de Makunaima. A aproximação foi por terreno um pouco mais pantanoso, tivemos de evitar a lama e as poças fundas, mas a subida em si não é comprida e não apresenta dificuldades técnicas. Rápido e fácil. A sensação de chegar ao cume, porém, não é menos fantástica. Creio que não importa quantas montanhas você já tenha subido, nunca perde a magia, e o Roraima parece ter algo que aumenta ainda mais o sentimento. Beijei a rocha e coloquei uma nova pedrinha no totem que marca o ponto mais alto. A montanha não me deu uma vista da Gran Sabana, mas de si própria. Tive vista para os pontos longínquos do tepuy e para seu abismo, e nunca vou me esquecer da imagem. Após desfrutarmos do cume, retornamos ao acampamento, o que tomou pouco tempo. Durante o jantar adiantado, ainda ao fim da tarde, o céu se abriu um tanto e deu vista perfeita para o Kukenán, bem de frente para nós. Refeições com uma vista maravilhosa, quando as nuvens colaboram, mais uma vantagem do Hotel Índio Esse foi o último dia no topo, na manhã seguinte sairíamos ao amanhecer. Durante a noite choveu e ouvimos trovões à distância, no Kukenán. Dia 7 - Do topo ao Rio Têk Saimos cedo, com alguma urgência, pois as nuvens de chuva ainda se acumulavam no paredão do Kukenán, na cabeceira do rio que leva seu nome e que teríamos que atravessar mais tarde. O Paso de Lagrimas foi de novo a parte mais difícil, descer mais ainda. A cascata caía forte e as pedras tornavam as passadas arriscadas, não à toa é nessa descida onde ocorre a maioria dos acidentes. Calma e cuidado. O resto da descida é tranquila, mesmo os trechos mais verticais do caminho até o acampamento base são surpreendentemente simples para descer, em pouco tempo estávamos lá embaixo, onde descansamos brevemente antes de seguir rumo aos rios. Como se diz, pra baixo todo santo ajuda, a descida é uma delícia, seguimos com bastante espaço entre nós, cada um a seu ritmo apreciando um momento de introspecção solitária na savana. Pelo caminho, já desde La Rampa, cruza-se com porteadores descendo pela mesma rota. Eles podem ser contratados para levar as bagagens de quem estiver moído pelos dias na montanha. Uma das nossas contratou um deles para levar sua cargueira nesse dia e no próximo, 35 reais por dia. É uma opção. O sol abriu forte por entre as nuvens depois de um tempo. Queimou-me o braço exposto em questão de minutos, a marca da fita do bastão de caminhada ainda está visível nas costas da minha mão. Não dispense o protetor solar, o sol equatorial é bruto. Chegamos com alguns minutos de intervalo entre cada um ao Rio Kukenán, e atravessamos apressadamente, Jesus estava claramente preocupado, o rio subia rápido e ficava cada vez mais forte. Cruzamos poucos minutos antes de ficar perigoso. O Têk já estava alto também, tivemos que margeá-lo até encontramos um ponto adequado para cruzar, mas o fizemos sem qualquer traço da preocupação que marcou a travessia do Kukenán. Estávamos em casa, de volta ao acampamento do Rio Têk, com seus cães amigáveis e os malditos puri-puri. Compartilhamos o vasto espaço com um pequeno grupo de agência que conhecemos brevemente no topo. Não falamos muito com eles. Desci sozinho ao Rio Têk num momento para lavar nas pedras uma camiseta que eu estava usando como pano. Me vi sozinho na imensidão da savana, com o Kukenán imponente entre as nuvens exercendo uma atração magnética sobre meus olhos, e a sinfonia do rio preenchendo meus ouvidos. Nada além disso. Lavar roupa num rio, um dos momentos mais pacíficos de toda minha vida, seguido pela sensação agridoce de saber o quanto eu sentiria falta desse lugar. Dormimos cedo, na manhã seguinte deveríamos estar caminhando já antes do sol nascer. Dia 8 - Fim do trekking e Gran Sabana Acordamos antes das 5 e tomamos um café da manhã generoso, agora fazia menos sentido racionar. Saimos em silêncio, no escuro, para não acordar o outro grupo. Sair tão cedo teve o objetivo de chegarmos logo ao Paratepuy para termos mais tempo nas cachoeiras da Gran Sabana. Ninguém reclamou. A caminhada foi acelerada, de meus companheiros, eu fui o único que não contratou um porteador para esse dia. Estava me sentindo muito bem e queria terminar o percurso com minhas próprias forças. O Roraima fez me sentir mais forte e disposto do que havia há muito tempo na rotina de São Paulo. Depois de andar com peso pelos últimos dias, a única coisa no meu corpo que não estava a 100% eram os pés que passaram tanto tempo em botas molhadas, mas o incômodo era só no começo da caminhada. E as picadas de puri-puri, não dá pra se acostumar com isso tão rápido. Ajudou, também, que todos os trechos de água que dificultaram muito nosso percurso no primeiro dia estavam agora muito mais baixos. A diferença era simplesmente espantosa, se não soubesse o quanto a água podia subir, não teria nem mesmo registrado esses trechos, de tão insignificantes que pareciam agora. Roraima e Kukenán nos deram uma esplendorosa despedida, pela primeira vez vimos os dois juntos livres de nuvens. Imaginei o quão espetacular estaria a vista do cume em que eu havia estado dois dias atrás. Mas aceitei de bom grado que a montanha não tenha me concedido essa visão, não fez falta nenhuma A chegada ao Paratepuy veio com gosto de sucesso, completamos o trekking, concluímos uma experiência que será para sempre grandiosa em nossas memórias. E ainda era cedo, logo teríamos um almoço de verdade e um dia pelas maravilhas fluviais da Gran Sabana. Eu demorei muito pra ficar impaciente, nas cerca de 4 horas de atraso de nosso transporte. O grupo que deixamos dormindo no acampamento do Rio Têk inclusive acabou descendo antes de nós, apesar do veículo deles também ter atrasado bastante. E quando fiquei impaciente, foi só isso, já falamos sobre as condições do abastecimento lá em Santa Elena, todo mundo foi compreensivo. Eventualmente o 4x4 chegou, trazendo um grande grupo de coreanos que aparentemente não tinham ideia de que estavam ingressando num trekking de vários dias com quantidades cavalares de lama e chuva. Trouxe também um grande isopor cheio de cerveja, para brindarmos o trekking concluído. A descida foi emocionante, pode-se dizer. Perrengues veiculares são algo por que já passei um milhão de vezes, então minha reação ao ouvir o carro inguiçando foi um “bem, acho que isso era inevitável” mental. Quando tivemos que parar pro motorista fazer alguma gambiarra pro carro voltar a andar eu fiquei calculando de quantas horas poderíamos precisar para estarmos de volta em Santa Elena se ele quebrasse ali no meio do nada no caminho do Paratepuy. Seriam muitas, na certa. Mas no fim do tudo certo, chegamos ao Kumarakapuy e o motorista foi embora levar o carro pra consertar, em breve viria uma substituição. Foi o tempo de darmos uma volta pelas poucas lojinhas abertas - já que era sábado e os moradores são de maioria adventista - e almoçar. Fiquei surpreso com o prato vegano que chegou: arroz, feijão vermelho, repolho, mandioca, banana da terra e abacate, todos maravilhosamente temperados. Eu pessoalmente não gosto de abacate e nem de comer bananas fora de seu estado mais natural possível, mas as duas coisas caíram muito bem com um pouquinho da pimenta tradicional dos indígenas. Tudo acompanhado por um belo suco natural de maracujá, o favorito dos venezuelanos, pelo jeito. Nas lojinhas comprei um modesto chaveiro representando o Roraima, um suporte de incenso para minha noiva e um pote da famosa pimenta. Eles tem uma versão dela com o acréscimo de cupins inteiros na receita, o que achei bastante curioso. Tudo muito barato mesmo em bolívares. Isso feito, embarcamos já um pouco tarde para o passeio pela Gran Sabana, concordamos em tirar uma das cachoeiras do roteiro para aproveitarmos bem as demais, e partimos na road trip mais divertida que já fiz. O carro voava pela estrada enquanto dentro soavam de novo as músicas animadas que no Brasil seriam de uma cafonice extrema. A primeira parada foi o Oasis, uma cachoeira que faz jus ao nome, praticamente ao lado da estrada. Queda pequena no meio de uma concavidade formada por um paredão, resultando num poço simplesmente magnífico e perfeito para nadar. A água estava ótima, o dia seguia quente apesar de ameaçar chuva nas próximas horas. Passamos um bom tempo curtindo o local, não há nada melhor do que uma bela piscina natural após uma montanha. Quando subimos de volta ao carro, começou a chover, mas nada que fosse interferir com os planos. Partimos para o próximo ponto enquanto ríamos de nosso colega no banco de carona quando ele, ao tentar fechar a janela, constatou que não havia vidro. O passeio definitivamente não seria tão divertido num carro novo e arrumadinho, de forma alguma. E a chuva não durou o bastante pra aquilo ser realmente um problema, afinal. Seguimos até uma ponte onde paramos para observar o rio Yuruani, um curso de água bastante largo e que corria forte. Ficamos tirando algumas fotos no meio da estrada com a turma toda, correndo de um lado para o outro para procurar os melhores ângulos. Dalí, o carro avançou pela margem direita do Yuruani, nosso próximo ponto de interesse era uma queda um pouco acima no rio, a Cortina do Yuruani. Desembarcamos numa área de picnic aparentemente abandonada há algum tempo, seguimos perto da margem parando nos pontos de visibilidade para a cascata, ficando mais próximos dela a cada um. A Cortina do Yuruani é uma queda não muito alta, mas muito bonita, que vai de uma margem a outra do rio e cai uniformemente. Pelo que disseram, com o rio baixo é possível caminhar por trás dela de uma margem a outra. Definitivamente não era o caso, o rio estava violento, impressionantemente bravio, uma queda ali seria morte certa, mas fiquei curioso de como seria na época de baixa, quando é comum as pessoas praticarem rafting e nadarem perto das margens. Já perto do fim da tarde, subimos no carro para voltar a Santa Elena, agora mais calados conforme a escuridão se assentava. Chegando à cidade, demos entrada na pousada e combinamos de nos encontrarmos em uma hora para jantar lá perto, tempo suficiente de tomar um banho e colocar roupas limpas. Pegamos de volta as bolsas que havíamos deixado na recepção, sem incidentes. A uns cinco minutos da hospedagem, jantamos em uma pizzaria, esta bem mais modesta – e – do que o Papa Oso, mas que também não devia no sabor. Uma deliciosa massa pan. Eu, o vegano, pedi uma pizza individual, a que tinha mais vegetais no cardápio, sem o queijo. Pensei que a pequena seria menos adequada do que a média, afinal, os últimos dias me autorizavam a comer bastante. Acabou que a média tinha 8 pedaços, e dali pra cima entrávamos numa terra de gigantes. Acabei comendo 7 dos pedaços, estava delicioso. Voltamos para a pousada, confirmei nossa partida na manhã seguinte com o taxista, que viria nos pegar às 8 horas. Nos encontraríamos antes com Jesus e Randy para um café da manhã típico e despedidas. Dormir numa cama foi uma mudança bem-vinda. Custos no dia 8 R$ 15 de jantar em Santa Elena, pago em bolívares, valor aproximado. Dia 9 - De Santa Elena a Boa Vista, Lethem e Manaus Depois de uma semana em campo, o relógio biológico já está regulado ao tempo da natureza, despertei pouco antes do amanhecer e não voltei a dormir. No meu típico hábito de estar com tudo pronto antes da hora, já deixei todas as minhas coisas preparadas, quando o táxi chegasse era só pegar tudo e partir. Nos encontramos com Jesus e Randy em frente à pousada e fomos comer o que Jesus disse que seriam as coxinhas de padaria da Venezuela. Arepas e domplins com os mais variados recheios. Nenhum vegano, claro, então pedi um domplin simples, pra comer puro. Bem, o domplin que comemos no Roraima não era frito em óleo, obviamente, então fiquei um pouco surpreso de receber um enorme pastel redondo, do tamanho de uma pizza brotinho. Melhor. Café. Da. Manhã. De. Todos. Era mesmo um pastel, só com a massa um pouco mais grossa. Nada saudável, que seja, mas muito bom. Acompanhou novamente um suco de maracujá. Voltamos à pousada e nos despedimos calorosamente de nossos guias e agora amigos, já pensando em reencontros quando voltássemos à Venezuela ou eles fossem ao Brasil. Vendi os cartuchos de gás que não utilizamos para eles, a menos do que paguei na loja, só para recuperar um pouco do valor. No horário, embarcamos no táxi de volta para Boa Vista. A saída da Venezuela foi muito mais rápida e tranquila do que imaginei que seria, apenas entregamos os permisos e seguimos a longa viagem pro Brasil. O valor ficou em 75 reais por pessoa, agora que estávamos em quatro pessoas. Passaríamos a tarde em Lethem, para ir pra lá é possível pegar um ônibus sentido Bonfim, no valor de cerca de 35 reais, que para na fronteira da Guiana, e de lá ir de táxi para o centro comercial da cidade. Para voltar é a mesma coisa. É possível também pegar um dos mesmos táxis que fazem o percurso a Santa Elena, em torno de 500 reais para o grupo. Questão de ver o mais rentável. O caminho para a Guiana passa pelo Rio Branco, e na época de cheia a visão é bem impressionante, a estrada cortando campos alagados pontilhados por árvores e construções. Depois disso vai plano por entre plantações até chegar a seu destino. A fronteira Brasil-Guiana é completamente diferente da Brasil-Venezuela, se nesta há um monte de gente pra todos os cantos e filas grandes, naquela há muito menos movimento, entra-se rápido no país e a primeira coisa que se nota é a mão inglesa do trânsito. A mudança súbita do lado da estrada por onde se deve trafegar causa certo estranhamento, rs. A cidade de Lethem é minúscula, e evidencia a austeridade do país, as largas ruas sem asfalto acumulam lama, os prédios são baixos, pouco luxuosos, não há nada de particularmente vistoso por lá. O centro comercial é uma área com lojinhas de tranqueiras, é um bom lugar pra comprar presentes pra trazer de volta pro Brasil. Eu havia ouvido falar sobre um refrigerante de banana que só existe lá na Guiana, e fiquei de olho para ver se encontrava, é de uma marca chamada I-Cee. Acabei encontrando num pequeno restaurante, paguei 5 reais por garrafa de 710 ml, e valeu a pena, é bom. Há algumas opções de almoço por lá, desde comida brasileira até umas opções mais locais, que não são muito diferentes da comida chinesa mais simples que encontramos por aqui, o que se explica pelo grande influxo de imigrantes orientais que a Guiana recebeu historicamente. Com 20 reais se paga um bom almoço com bebida. Percebam que estou dando os valores em reais, lá não é preciso trocar dinheiro, as lojas aceitam reais. A língua da Guiana é o inglês, mas presumo que os lojistas estejam acostumados a se comunicarem com brasileiros de uma forma ou de outra, se for necessário. Não imagino que não-falantes do inglês tenham dificuldades para se virar por lá. Enfim, não é um passeio espetacular, mas é uma experiência definitivamente muito interessante, até porque não é muita gente que pode dizer que visitou a Guiana, não é mesmo? De volta para Boa Vista, fizemos hora na rodoviária - já que não há nada de interessante pra se ver por perto dela - até a partida do nosso ônibus. Dessa vez ele saiu cheio, todas as poltronas ocupadas, muitas delas por passageiros venezuelanos. Fui sentado ao lado de uma moça bem falante que me deu várias dicas sobre Manaus. Num momento o ônibus parou e adentraram dois militares ordenando que todos mostrassem os documentos. Os estrangeiros foram tirados do ônibus para uma verificação ou algo do tipo. Fiquei um pouco espantado, mas aparentemente, é de rotina. Só mais um sintoma da situação fronteiriça. O ônibus logo partiu, adentrando a escuridão por entre as árvores. E eu dormi até o amanhecer. Custos no dia 9 R$ 75 de táxi de volta a Boa Vista; R$ 100 de transporte para ir e voltar de Lethem, valor aproximado; R$ 20 de refeição em Lethem; R$ 15 de refeição simples e petiscos para o ônibus na rodoviária em Boa Vista. Dia 10 – Manaus, praia da Lua e Mercado Municipal Acordei novamente com os primeiros raios de sol, quase chegando a Manaus. Nosso camarada que não fez o trekking já estava lá, em um hostel perto do centro histórico da cidade. Da rodoviária pedimos um Uber para lá. O Hostel Manaus, onde ficamos, é uma hospedagem a preço bastante razoável, limpa e com excelente atendimento, fica a recomendação. Dividi um quarto privativo com um colega ao valor de 45 reais a diária para cada um, há diárias mais baratas nos quartos coletivos. O hostel pede um caução de 20 reais, que pode ser usado em consumo de cervejas e refrigerantes vendidos por lá, ou recuperado no check-out. Depois do check-in deixamos as coisas nos quartos e partimos logo para conhecer a cidade. Nesse dia, quente e abafado, optamos por visitar uma das praias do Rio Negro, e o atendimento do hostel foi muito solícito em nos dar informações e sugestões. Optamos pela Praia da Lua, para chegar lá pegamos um Uber para a Marina do Davi e, de lá, um barco até a praia. O lugar é fantástico, uma faixa de solo corta o Rio Negro entre a floresta inundada. A água é boa e ver sua própria pele parecer vermelha sob a água escura do rio é bem interessante. Lá há quiosques para comer e beber, bem como aluguel de pranchas de Stand Up Paddle. A água calma e as copas das árvores despontando formam um lugar excelente para marinheiros de primeira viagem, como eu, terem uma experiência bastante divertida, rs Passamos um bom tempo lá, quando cansamos apenas voltamos ao pequeno píer para esperar o próximo barco voltando para a Marina. Embarcamos e chegando lá já pedimos um Uber para mais um rolê, agora no Mercado Municipal. O lugar é enorme e tem muitas opções de presentes e lembranças para levar pra casa, acabei trazendo uma garrafa de cachaça de jambu, uma fruta do Norte que provoca efeito anestésico na boca, não é pra todos os gostos mas é muito interessante e gerou muitas reações engraçadas com o pessoal aqui, hahaha. Experimentei algumas marcas e a que mais gostei foi a Meu Garoto, que foi a que comprei. Meus colegas foram comer um almoço tardio no Mercado, pratos tradicionais de peixe. Eu como não encontrei nada de vegano, comprei um açaí. Eu sabia que era diferente do que conhecemos aqui em São Paulo, e honestamente achei o nosso muito melhor. Questão de hábito, talvez. Não que tenha achado ruim, mas realmente é um pouco amargo. Enfim, se não me agradou no sabor, na sustância não deixou a desejar. Feito isso, fomos dar uma volta na avenida em frente ao Mercado para analisar as opções para nosso passeio do dia seguinte. Havíamos pegado contato com a companhia que nos levou e trouxe da Praia da Lua e negociamos um barco privativo no valor de 600 reais para fazer o passeio turístico tradicional pelos Rios Negro e Solimões. O melhor valor que conseguimos nos operadores de rua, para ir num barco lotado com mais 30 pessoas, foi de 100 reais por cabeça. Pagando 120 cada um, preferimos ter o conforto do barco privativo, até pra podermos ver tudo rapidamente e termos tempo de emendar algum outro passeio depois desse. A quem possa interessar, seguem os contatos do barqueiro, chamado Grande: (92)99981-8463/99157-8495/99227-3999 (WhatsApp). A pé, fomos para um Carrefour nas redondezas comprar comida pra fazermos no hostel e seguimos para ele na sequência. Não saímos à noite nesse dia, aproveitamos para organizar nossas coisas, descansar e jogar umas cartas entre nós. O Hostel Manaus é populado principalmente por mochileiros estrangeiros, pelo que pude perceber, então as interações por lá foram consideravelmente internacionais, o que é sempre muito interessante. É fantástico ter três línguas diferentes sendo faladas ao seu redor num mesmo lugar. Fomos dormir não muito tarde, o passei no dia seguinte seria nas primeiras horas da manhã. Custos no dia 10 R$ 20 de Uber ao hostel, divisível por 4; R$ 90 de duas diárias de hospedagem em quarto privativo pra duas pessoas; R$ 20 de caução no hostel, podendo ser recuperado no check-out ou usado em consumo; R$ 15 de Uber à Marina do Davi, divisível por 4; R$ 10 de barco para a Praia da Lua, já contando ida e volta; R$ 15 de Uber ao Mercado Municipal, divisível por 4; R$ 8 de açaí no Mercado Municipal; R$ 30 de comidas e bebidas no supermercado, para dois dias. Dia 11 – Rios Negro e Solimões, INPA e bar O café da manhã incluso na diária do hostel era simples, mas suficiente e saboroso, o suco natural de cupuaçu ou graviola na certa era a melhor parte. Comemos bem e partimos para a Marina do Davi novamente. Encontramos nosso barqueiro, Grande, e embarcamos na Apuaú III, uma lancha grande e confortável que tínhamos só para nós. Navegamos pelas águas escuras do Rio Negro até chegar ao primeiro ponto de interesse do passeio, uma aldeia indígena bem pequena, claramente apenas um espaço de recepção de turistas. Lá há artesanato para comprar, algumas coisas interessantes para fotografar e, pra quem é dessas, a opção de degustar as saúvas defumadas consumidas pelos indígenas. Para quem quiser pagar, há a opção de assistir a uma apresentação e realizar pintura de pele, mas como não era de nosso interesse, logo seguimos viagem. A próxima parada foi num braço do rio, e é ponto polêmico considerando meus colegas veganos: É o rolê de nadar com os botos. Acessa-se o local por uma plataforma flutuante onde os operadores solicitam que se remova todo o protetor solar da pele e dão instruções para os visitantes sobre como interagir com os animais sem incomodá-los. Os bichos vêm soltos do rio, atraídos pelos peixes que um funcionário dá no bico deles. Esse tipo de interação meio domesticada com animais selvagens é sempre questionável, sobretudo considerando que depois do nosso barco chegaram dois daqueles que carregam 30 pessoas cada. Enfim, questão de consciência, esse passeio é cobrado separado de qualquer forma, 10 reais por pessoa. Daí, seguimos por um igarapé do Rio Solimões, um curso de água por entre as árvores que, nessa época do ano, estavam inundadas. A passagem é simplesmente magnífica, a vista da flora e da fauna é linda, tiramos muitas fotos belíssimas no caminho até o restaurante flutuante de onde sai o caminho elevado para se ver as vitórias-régias. Eu quando criança, depois de uma aula na escola sobre essas plantas, sonhava com viajar à Amazônia para conhecê-las enquanto ainda era leve o bastante para que suportassem meu peso. Eu não teria podido subir nelas, de qualquer modo, então o atraso de alguns anos não mudou nada para a realização do sonho, eu acho. A vista das vitórias-régias é linda, mas por entre tantas coisas maravilhosas acaba não se destacando tanto assim, acho que dentre meus colegas eu fui o que mais se deslumbrou, considerando meu velho desejo infantil. Fora as plantas, há a exuberante fauna amazônica para pontilhar a paisagem: macacos, sapos, aves, insetos etc. O restaurante flutuante é um ponto de parada para almoço nos passeios tradicionais. Também há artesanatos indígenas para serem adquiridos, a preços mais altos do que na aldeia. Como Já havíamos decidido não parar para almoçar ali, seguimos logo para o próximo ponto de interesse. No caminho pelo rio, passamos pelas ferragens de várias grandes embarcações abandonadas e vimos botos despontarem hora ou outra na superfície, passamos por baixo da grandiosa Ponte Jornalista Phelippe Daou e enfim chegamos ao gran finale, o Encontro das Águas, o local onde os rios Negro e Solimões se encontram para formar o Amazonas. As águas de diferente densidade, velocidade e temperatura não se misturam, empurram uma à outra como se competindo pelo espaço. A vista é um espetáculo, e botando a mão na água pode-se perceber a diferença da temperatura. Alguns dizem que não vale a pena ir até tão longe no rio para ver esse fenômeno, mas discordo. Esse foi o último ponto do tour, na volta contornamos a cidade e vimos o grande porto, a Zona Franca, os vários postos de gasolina para barcos (o que é curioso para nós que não vivemos às margens de um rio como esse, rs). Grande nos deixou no píer em frente ao Mercado Municipal, onde comemos uma coisinha rápida (eu fui de açaí de novo) e logo pedimos um Uber para nos levar ao Bosque da Ciência do INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), uma pequena área de preservação com animais silvestres soltos e recintos de animais resgatados sendo cuidados pelo instituto, além de um museu com exibições biológicas e históricas. O bosque é um local bem agradável, e é fácil avistar diversos animais por entre as árvores. Vimos macacos, preguiças e uma paca jovem. Junto com os animais em cativeiro: peixes-boi, jacarés, tartarugas e uma ariranha, o instituto oferece uma amostra bem diversificada da fauna amazônica. E bem, se Manaus é difícil para veganos, pelo menos tem tapioca pra todo canto, e mesmo a simples – lembrando de pedir sem a manteiga - já é uma refeição relativamente saborosa e de sustância. O melhor de tudo é que é extremamente barata, normalmente 2 reais. Aproveitei e comi uma numa lanchonete lá dentro pra complementar, e ela e o açaí de antes já foram o bastante até chegarmos de volta ao hostel. Voltamos já eram umas 17h e fomos arrumar as coisas para partirmos sem problemas no dia seguinte. Com tudo pronto, começamos a falar sobre sair à noite para ir a um bar, decidi jantar antes para não ter problema de não encontrar comida pra mim. Pouco depois partimos de Uber para a praça do Teatro Amazonas, que não fica longe, mas todo mundo nos alertou pra não andarmos por aí de noite. O seguro morreu de velho e a tarifa mínima do Uber não ia quebrar a banca de ninguém. Nosso destino foi a Casa do Pensador, um bar legal com preços bons e um cardápio diversificado. Entornamos algumas cervejas, mandamos umas porções de batata pra dentro e experimentamos uma caipifruta de Graviola que, apesar de um pouco fraca no álcool, estava deliciosa. Enquanto estávamos lá, um grupo de mochileiros profissionais artistas de rua parou lá perto pra fazer uma apresentação de música e acroyoga, foi bem interessante. Voltamos pro hostel quando o bar começou a fechar. Eu já estava um pouco tonto pela bebida, então quando deitei não demorei a adormecer. Custos no dia 11 R$ 15 de Uber à Marina do Davi, divisível por 4; R$ 120 de passeio Rios Negro e Solimões; R$ 8 de açaí no Mercado Municipal; R$ 15 de Uber ao INPA, divisível por 4; R$ 5 de ingresso no Bosque da Ciência do INPA; R$ 2 de tapioca no Bosque da Ciência do INPA; R$ 15 de Uber ao hostel, divisível por 4; R$ 10 de Uber à praça do Teatro, divisível por 4; R$ 20 de comes e bebes no bar; R$ 10 de Uber ao hostel, divisível por 4. Dia 12 – Teatro Amazonas e retorno pra São Paulo Dormi como uma pedra e fiquei surpreso quando, no café da manhã, estava todo mundo admirado com a chuva cabulosa que caiu durante a noite e sobre a qual fiquei sabendo apenas naquele momento. Os benefícios de um sono suavemente etílico, hehehe. Acordei cedo querendo aproveitar a manhã para fazer o tour do Teatro Amazonas e ir ao Palacete Provincial, que abriga cinco museus. Ninguém mais quis ir comigo e, desdenhoso da falta de espírito de exploração de meus colegas, parti sozinho pelas ruas manawaras sob o sol que já desde cedo escaldava a pele. Cheguei no Teatro antes dele abrir e entrei com a primeira turma, o tour custa 20 reais a inteira e passa pelo interior do prédio com uma guia explicando detalhes da História, Arte, Arquitetura e curiosidades do local. É um passeio bastante interessante, apesar do tamanho do prédio não impressionar o paulistano frequentador do nosso enorme Theatro Municipal. Mais do que compensando por isso, o Teatro Amazonas é magnífico e os detalhes de sua construção e decoração são tantos e de tal esmero que impressionam qualquer um. Como um apreciador da ópera, devo dizer que acrescentei na minha lista de coisas a fazer antes de morrer uma visita ao Teatro quando estiver ocorrendo seu famoso Festival Amazonas de Ópera, evento anual com diversos artistas internacionais e apresentações que me pareceram fantásticas. O tour, infelizmente, demorou bem mais do que eu esperava, o que me deixou sem tempo hábil para a visita ao Palacete, então retornei ao hostel para encontrar meus camaradas. Antes de fazer o check-out, fomos fazer uma refeição numa lanchonetezinha simples mas gostosa lá perto, a Skina dos Sucos, onde comi uma tapioca com recheio de uma raiz da região, o tucumã, que se parece um pouco com cenoura, e tomei um suco de uma fruta cítrica também local, o taperebá. Tudo muito bom. Voltamos para o hostel, fizemos o check-out e usamos a grana do caução para tomar uma saideira da geladeira de lá. Seguimos para o aeroporto e logo embarcamos no voo de volta pra São Paulo. O último presente que Manaus me deu foi a vista aérea do Encontro das Águas, magnífica. Chegamos em casa no começo da noite, findando assim essa viagem fantástica e exótica que agora compartilho com vocês. Custos no dia 12 R$ 20 de tour do Teatro Municipal (ou 10 a meia); R$ 15 de suco e tapioca na lanchonete; R$ 20 de Uber ao aeroporto, divisível por 4. Acaba aqui o relato, agradeço a você que chegou até aqui e fico alegremente disponível para auxiliar na medida do possível com qualquer dúvida que os leitores possam ter. Não hesitem em mandar mensagens, rs, e boa viagem!
  6. A Guiana é um país localizado no norte da América do Sul, entre a Venezuela, o Brasil, o Suriname e o oceano Atlântico. A zona mais habitada é a faixa litorânea constituída por um terreno plano, pantanoso e, em grande parte, posicionado abaixo do nível do mar, para evitar inundações, foi construído um complexo sistema de diques e canais. O interior do país é ocupado pela densa floresta amazônica. O território foi colonizado no século XVII por holandeses da Companhia das Índias Ocidentais. Tornou-se colônia britânica em 1831. Com a vitória eleitoral do Partido Progressista do Povo em 1953, 1957 e 1961, teve início o processo de indepêndencia do Reino Unido em 1966. O país, no entanto, permaneceu como membro da Comunidade Britânica. Em 1970, tornou-se república. O que você não pode deixar de ver na Guiana Inglesa Georgetown Kaieteur Falls COMO CHEGAR? Através de bonfim na fronteira com roraima! Tranguyana Meta linhas aereas saindo de Boa Vista ONDE DORMIR? Florentenes Hotel - north rd - 11 usd eenas guest house - north rd - 14 usd
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