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Neste último fim de semana (25 e 26 de março de 2023) acampei na Lapinha da Serra, Serra do Cipó, Minas Gerais. Saí de Belo Horizonte no sábado de manhã e cheguei de volta pra capital na noite do domingo. Gostaria de compartilhar com vocês minha breve experiência. 

SÁBADO
Da rodoviária de BH, peguei um ônibus da viação Saritur com destino à Santana do Riacho (R$54,57 no guichê). Se você quiser viajar de ônibus pra Lapinha, obrigatoriamente vai passar por esse transporte. Ele sai diariamente de BH às 7h30 e às 15h15 e chega em Santana após 3h de trajeto aproximadamente (com uma parada de 10min no meio do caminho). Em Santana, são três as opções pra seguir pra Lapinha: 1) pegar um Uber/táxi, 2) pegar um ônibus intermunicipal (cujos horários são péssimos) ou 3) pedir carona na estrada. Esta última opção foi a que escolhi. E, para minha surpresa, rolou legal: fiquei 10min na estrada com o dedo levantado antes que alguém parasse por mim.

De Santana à Lapinha são 12,8km de distância por uma estrada de terra com alguns trechos asfaltados. Em menos de meia hora já estávamos no vilarejo. O senhor que me ofereceu carona fez o favor de me levar até a porta do camping (valeuzão, Evandro)! Decidi ficar no camping Bromélias (R$25 na baixa temporada) depois de ter conversado com o Bruno (proprietário) pelo Whatsapp e perceber como são acolhedores. No mais, a área para as barracas é super extensa, na cozinha é possível encontrar vários utensílios para preparar um ranguinho e os banheiros são limpos e abastecidos. Depois de ter montado a barraca, feito o check-in, preparado e comido uma parte do meu almoço de sanduíches e frutas, parti para a exploração.

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Neste primeiro dia decidi seguir para a Cachoeira do Lajeado. Tinha visto que ficava a 15km ida e volta do povoado e sua entrada era gratuita (uma das poucas da região). Para chegar nela é suave. A trilha é bem marcada e vai bordeando a Lagoa ao longo de algumas porteiras e uns três ou quatro riachos de água que descem da serra. O Arnaldo da Lapinha (que trabalha como cobrador da entrada do pico da Lapinha/cachoeira do Rapel) me disse que era possível beber água de qualquer um desses riachos, de modo que enchi minha garrafinha no segundo dele. O trecho final da trilha é um pouco confuso (sobretudo para quem tá ansioso pra nadar). Passada a última porteira, um riozinho com pedras surge no caminho. Visualizando pelo Google Maps, jurava que a cachoeira estaria perto, em alguma queda deste pequeno rio. Porém, para chegar a ela é preciso andar por uns 10min mais.

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Foi ótimo, finalmente, ter escolhido o Lajeado como primeiro rolê. Eu fiquei imaginando durante algum tempo o que sentiria ao vê-lo ao vivo, uma vez que já tinha visto algumas imagens dele na internet. Imaginei que ficaria deslumbrado e, de fato, quando fui me aproximando, foi o que aconteceu. No momento da minha chegada, havia umas 10 pessoas em volta do poço, ora deitadas cochilando ora sentadas trocando ideia. Fiquei admirando por algum tempo o paredão de 50m por onde a água desce antes de me lançar no poço escuro. Passei um bom tempo nadando ali, de uma margem à outra, feliz da vida. Em seguida, me reaproximei da minha mochila, tirei algumas fotos, e então tratei de deitar para tomar um solzinho na barriga. 

Por volta das 16h30 mais ou menos, como o sol vinha descendo e a galera já não restava mais ninguém na cachoeira, decidi puxar o carro. Quando tava me arrumando pra sair, surgiu um último banhista. Nos cumprimentamos e ele me disse que tinha vindo correndo. Respeitei. Estava, pela expressão, tão deslumbrado quanto eu quando cheguei. Nos despedimos e comecei a volta pra Lapinha, tirando fotos durante todo o trajeto, muitas fotos. Já perto da Lagoa, pude ver o sol se escondendo atrás da montanha e formando um jogo bonito de faixas vermelhas, laranjas e amarelas no céu. Fiquei feliz de estar ao ar livre para contemplar essa cena do começo ao fim. Antes de voltar pro camping, passei numa mercearia comprar uma breja pra beber na praça da capela, enquanto a molecada jogava bola no escuro e os mais pequenos andavam de bicicleta. 

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Voltei para o camping às 20h, botei o celular pra carregar, preparei novos lanches, comi, e fiz uma leitura até pegar no sono. Descobri, nesta noite, que venta demais na Lapinha.

DOMINGO
Despertei às 6h para subir o Pico da Lapinha, o principal destino que tinha em mente. Tomei o café da manhã, organizei minhas coisas, e fui. No dia anterior, tinha combinado com o Arnaldo de pagar pelo acesso à trilha por pix (R$25), visto que ele só começaria a trampar na entrada às 7h. O caminho pro Pico conta com 9km de extensão ida e volta com várias placas de indicação. Logo no começo, há uma bifurcação da trilha. Se pegamos à esquerda, acabamos na Cachoeira do Poço da Pedra e na Cachoeira do Rapel, e se seguimos pra direita rumamos para o Pico. Apesar da distância ser menor do que a da Cachoeira do Lajeado, o grau de dificuldade desta trilha é um pouco mais acentuado, sobretudo na ida onde existem umas subidas mais fortes. 

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Eu estava me sentindo animado de ter saído cedo pra caminhada. Considerei que era um bom horário pra andar: o vilarejo adormecido, o sol escondido por trás da montanha e o vento lateral soprando sem dar trégua (quase levou meu boné em certo momento). E parecia que a natureza, a essa hora, igualmente estava animada: vi vários pássaros voando, grilos cantando, insetos bizarros e, logo ao pé da montanha, uma pequena cobra que cruzou o meu passo. Isso foi doido. Se eu não tivesse parado, talvez eu tivesse pisado nela. Parecia uma coral (ou falsa coral, não sei). Tinha uns 50cm de cumprimento, uma bebezinha. Fiquei tentando ver por onde ela tinha ido, mas ela entrou no mato e desapareceu.

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Na última parte do caminho, há uma pequena casa onde é possível encontrar água e banheiro. Fiz uma pequena parada ali para me refrescar e passar protetor. Depois, não mais do que 1km, já estava finalmente pisando no Pico da Lapinha, de onde se pode ver todo o povoado, parte da Lagoa, e alguns outros picos que conformam a Serra do Espinhaço. É uma visão deslumbrante para qualquer lugar que você olhe, e sinto que foi o melhor rolê que pude escolher para quem só tinha dois dias na Lapinha. Ali em cima comi um pouquinho, acendi um cigarro, tirei algumas fotos, caminhei de um lado a outro e, por fim, comecei a percorrer o regresso, muito mais rápido (e incômodo, pelo sol) do que a subida.

Antes de entrar no vilarejo, decidi conhecer a Cachoeira do Rapel e o Cachoeira Poço da Pedra. Para ter acesso a essas cachoeiras é preciso desembolsar R$20. O Poço da Pedra é legalzinho, tem realmente um poço (pequeno) e algumas pedras boas para deitar. Fiquei pouco tempo ali. Já a Cachoeira do Rapel é mais interessante. O poço dela é bem mais amplo, e é possível nadar ali enquanto algumas pessoas, de fato, descem por pelo paredão da cachoeira de rapel. Passei muito tempo ali nadando, tomando sol e vendo a galera curtindo a onda do rapel. Por ser bem próxima do vilarejo, havia muita circulação de gente, muita família. Entre essas duas e a Cachoeira do Lajeado, fico com a do Lajeado: mais misteriosa, privada e bonita.

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Já era a hora do almoço quando voltei pro Camping Bromélias. Preparei e comi mais sanduíches, botei o celular para carregar e fui tirar um cochilinho antes de voltar para a cidade. Sabia que o busão para BH iria sair de Santana do Riacho às 17h. Achei prudente estar na estrada para pedir a carona lá pelas 15h30. Cheguei às 16h e fiquei com o dedo levantado embaixo duma sombra. Dessa vez, não foi tão fácil. Ou me diziam que o carro estava lotado ou simplesmente me ignoravam. Quando estava a ponto de desistir (já estava dando o horário), uma família de quatro pessoas parou por mim. Meus salvadores. Cruzamos toda a estrada até Santana trocando uma boa ideia e desci no ponto de saída do busão 5min antes dele chegar. Ainda deu tempo de comprar uma pipoquinha e um sorvete. Para a volta, a passagem custou mais barato: R$49. Vim cochilendo durante toda a viagem.

Espero voltar em breve para explorar mais a região e fazer a travessia para a Cachoeira do Tabuleiro. Se alguém animar para um futuro próximo, dá um toque.

Tessálio 🙃


 

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