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Dia 06 — O último dia do ano, o primeiro em Bariloche

Acordamos mais tarde, e com razão: foram quase 18 horas dentro do carro no dia anterior. O corpo ainda reclamava, mas a vontade de explorar falava mais alto. Afinal, era o último dia de 2023 e, ao mesmo tempo, nosso primeiro dia em Bariloche. Queríamos sair para desbravar a cidade — e, claro, também precisávamos comprar os itens da nossa ceia de Réveillon.

Confesso que minha primeira impressão não foi das melhores. Quando chegamos, na noite anterior, tudo estava escuro e silencioso demais. A paisagem parecia não se revelar. Mas bastou o sol aparecer para que a cidade ganhasse contornos completamente novos: muito verde, flores, lagos cristalinos, tudo abraçado por montanhas nevadas.

À tarde, decidimos explorar as praias mais próximas. O dia estava ensolarado e o clima ameno, perfeito para relaxar ao ar livre. As praias da região são diferentes das que estamos acostumados: no lugar da areia fina, um cascalho grosso que desafia os pés descalços. A água, vinda do degelo das montanhas, é absurdamente fria — só de olhar, já dava pra imaginar.

Foi ali que encontramos um brasileiro vendendo Fernet com Coca na beira da praia. Aquela combinação tradicionalmente argentina, que até então eu encarava com desconfiança. Batemos um papo rápido. Ele me lembrou da época do meu primeiro mochilão — devia ter a mesma idade que eu tinha naqueles tempos. Compramos um copo... depois outro. E ali, sentado sob o sol andino, apreciamos aquela tarde.

Nicolas resolveu testar a água. Se aproximou, entrou devagar... e mergulhou de cabeça. Eu, do meu canto, ainda sentia frio mesmo ao sol, mas diante daquele ato de coragem, não podia ficar pra trás. Levantei sem pensar, corri até a margem e me atirei também. O impacto da água gelada foi de tirar o fôlego, mas aos poucos o corpo vai se adaptando. O pior, na verdade, era caminhar sobre o cascalho — uma tortura silenciosa, mas que também faz parte da experiência.

À noite, após nossa ceia — que, por sinal, contou com lentilha (porque tradição é tradição) e um risoto improvisado como prato principal — saímos para ver a virada do ano. Foi um momento estranho, silencioso até demais. Nada de fogos, festas ou agitação. Para quem está acostumado com o Réveillon brasileiro, tudo pareceu um tanto sem graça. Mas talvez fosse só diferente. E talvez fosse exatamente isso o que a gente precisava para começar o novo ano: silêncio, paisagem, e uma taça erguida sob o céu estrelado.

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Acompanhando! Ótimo relato e as fotos estão lindas!

A Argentina é fantástica!

Editado por luizh91
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Em 29/06/2025 em 11:53, ThiagoHM disse:

Bons relatos e fotos Gbecker, continue postando!

 

Em 29/06/2025 em 13:25, luizh91 disse:

Acompanhando! Ótimo relato e as fotos estão lindas!

A Argentina é fantástica!

 Gracias por acompanhar! Vamos adelante!

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Dia 09 – Mutucas, trilhas e cerveja com vista de cinema

Acordamos mais tarde nesse dia, sem pressa. A Ju e eu aproveitamos a manhã para dar uma volta pelo centro e, na volta, paramos em uma banquinha à beira da estrada para comprar frutas patagônicas fresquinhas. Levei uma porção de framboesas que, sem exagero, foram as melhores que já comi.

Depois de um café reforçado, seguimos para mais um dia de trilhas. Começamos pela Cascata dos Duendes, um caminho curto e tranquilo. A Ju preferiu ficar por lá mesmo, curtindo o som da água e a sombra das árvores, enquanto eu, o Nicolas e a Bárbara decidimos encarar a subida até o Mirador do Lago Gutiérrez.

A trilha parecia simples... até as mutucas entrarem em cena. Sim, mutucas. Aquelas moscas grandes que perseguem como se tivessem radar. E vinham em bando. Corríamos, nos escondíamos, xingávamos — e logo apareciam outras. Foi uma cena caótica: andar, bater nas pernas, espantar com a mão, tentar não tropeçar. Uma trilha de resistência física e emocional.

Depois de muito suar (e lutar contra as criaturas voadoras), chegamos ao topo. O visual compensava tudo. Lá de cima, o Lago Gutiérrez se estendia tranquilo, refletindo o céu claro. Fizemos algumas fotos e respiramos fundo. A lembrança daquele momento ficou dividida entre o cenário deslumbrante e o tormento das mutucas.

De lá, seguimos para a charmosa Villa Suiza — uma vilinha organizada, com lojinhas de produtos locais e clima de cartão-postal. Demos uma volta, compramos alguns souvenirs e pegamos a estrada novamente.

No fim da tarde, chegamos à cereja do bolo do dia: a Cervejaria Patagonia. Que lugar.
A arquitetura rústica e elegante se encaixa perfeitamente no cenário: vista para o lago, montanhas ao fundo, gramado bem cuidado e um pôr do sol dourando tudo. É daqueles lugares que dá vontade de não ir embora.

A Ju e eu fizemos a degustação guiada — e valeu cada gole. Aprendemos sobre o processo de produção, desde a escolha dos ingredientes até a fermentação, com um detalhe curioso: a água utilizada ali vem diretamente do degelo da Patagônia. Provamos várias variações, mas a que mais nos marcou foi uma cerveja escura harmonizada com chocolate amargo. Uma combinação inusitada que funcionou absurdamente bem. 

Enquanto isso, o Nicolas e a Bárbara estavam no salão principal, tomando uma Patagonia gelada e admirando a paisagem.

Nos reunimos ao final do dia para uma partida de pebolim — risadas, competitividade e vista cinematográfica ao fundo. Um brinde final àqueles pequenos grandes momentos que fazem uma viagem inesquecível.
 

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Dia 10 — Despedida com vista e medialuna

Nosso último dia em Bariloche já começou com aquele típico clima de despedida. Deixamos para visitar o Cerro Otto, que ficava bem próximo à nossa acomodação. A subida até o cume é feita por um teleférico — e, do topo, é possível ver toda a cidade. Lá de cima, a vista é ampla e impressionante. No inverno, o local se transforma em uma estação de esqui, mas mesmo fora da temporada já valia a visita. Tiramos boas fotos e aproveitamos para tomar um café com medialuna no restaurante giratório. 

À tarde, voltamos ao centro para comprar algumas lembranças da viagem e abastecer o carro para a longa jornada de volta.

Para a noite, tínhamos um plano especial: jantar em um restaurante que a Juliana estava querendo conhecer desde que chegamos. Saímos cedo, animados… mas, ao chegar, descobrimos que havia fila de espera. Ficou para uma próxima. Tentamos outras opções — todas lotadas ou fechadas. No fim, não conseguimos jantar em nenhum dos restaurantes que ela queria. Dá pra imaginar o humor da Ju depois disso.

Mesmo assim, nos despedimos de Bariloche com aquele sentimento bom de quem viveu dias intensos, cheios de paisagens, sabores, silêncios e risadas. Era hora de seguir viagem, mas uma parte nossa já tinha ficado ali.

 

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Dia 11 - Parte 1: Adeus, Bariloche. Olá, pneu furado.

Saímos bem cedo naquele dia — afinal, tínhamos 2.800 km pela frente até chegar em casa. O roteiro de volta seria parecido com o da ida.

Dirigi nas primeiras horas, até deixarmos Bariloche para trás. Depois de umas horas de estrada, trocamos: agora era o Nicolas quem assumia o volante. A viagem seguia tranquila, eu quase pegando no sono, quando o painel do carro acusou que um dos pneus precisava ser calibrado. Paramos no primeiro posto que encontramos, fizemos a calibragem e seguimos viagem.

Mas não muito tempo depois, ouvi aquele barulho inconfundível de ar escapando, seguido pelo som pesado do pneu batendo no asfalto: tá, tá, tá, tá. Encostamos imediatamente. No meio da estrada deserta, vimos que o pneu estava completamente destruído. Precisamos tirar todas as malas do carro — que na noite anterior havíamos organizado como um jogo de Tetris — para alcançar o estepe.

Conseguimos fazer a substituição, mas o estepe de emergência não podia rodar muitos quilômetros nem ultrapassar 80 km/h. Seguimos com cautela até Neuquén, a cidade grande mais próxima, distante cerca de 100 km dali.

 

Parte 2: Missão impossível: pneus, dólares e vinho

Neuquén, com seus 300 mil habitantes, nos deu esperança. Afinal, estávamos só no começo da longa jornada de volta. Chegamos por volta do meio-dia e começamos imediatamente a buscar uma loja de pneus. Nossa primeira parada foi na concessionária Jeep — onde, sinceramente, esperava um atendimento melhor. Informaram apenas que não tinham a medida do nosso pneu, mas indicaram uma rua onde ficavam as principais lojas da cidade.

Partimos para lá, mas logo percebemos que não seria fácil. Nosso carro, um Jeep Renegade Limited, usava pneus aro 19, medida 235/45 — uma raridade na Argentina, onde esse modelo específico nunca foi fabricado. Depois de muita procura, finalmente encontramos um pneu da medida certa em outra loja. Ufa, problema resolvido? Quase.

Quando o vendedor fez a conversão, o baque veio: o preço era o equivalente a R$ 4.000 por um pneu. No Brasil, esse valor daria para comprar um jogo completo! Tentamos outra loja: desconto e tudo, mas o preço caiu pouco — R$ 3.900.

Rodamos mais um pouco até encontrar a Mil Ruedas, uma loja grande que também trabalhava com pneus usados. Ali conhecemos o Simon, que, mesmo super atarefado, nos atendeu com muita atenção. Fomos até o depósito e, para nossa alegria, encontramos pneus na nossa medida! Nossos olhos brilharam.

Infelizmente, a alegria durou pouco: os pneus estavam infiltrando e não podiam ser usados. Simon, sem desistir, propôs uma solução: colocar câmaras de ar para reforçá-los. Enquanto a equipe da Mil Ruedas trabalhava nisso, começamos a negociação. Descobriu-se que um segundo pneu traseiro também estava danificado e precisava ser trocado. Dois pneus novos custariam cerca de R$ 8.000 — um absurdo.

Simon pediu 100 dólares por pneu usado com câmara. Caro, mas era a melhor (e única) solução naquele momento. Ainda assim, negociamos. Expliquei que estávamos no limite financeiro, voltando de viagem, quase sem pesos argentinos. No bolso, tínhamos apenas 60 dólares, alguns reais e umas garrafas de vinho que compramos num mercadinho chinês em Buenos Aires.

Depois de uma negociação ferrenha, fechamos o negócio: 60 dólares, alguns reais e uma garrafa de Angélica Zapata. Todos saíram felizes. Colocamos os pneus e, com 8 horas de atraso, voltamos à estrada.

Não andamos muito e senti a traseira do carro “dançar”. Já sabia: tinha problema. Encostamos. Os dois pneus estavam no chão. Descemos tudo de novo, colocamos o estepe e, como Simon havia nos passado seu número para emergências, ligamos para ele e voltamos à Mil Ruedas.

O clima no grupo era de desânimo. Nicolas e eu ponderávamos pagar os R$ 8.000 nos pneus novos, mas era difícil engolir. Simon, solidário, continuou tentando encontrar uma solução. Depois de muito vasculhar o estoque, encontrou um par de pneus usados de medida diferente — um pouco mais largos, mas em condições aceitáveis. Dessa vez, o teste foi positivo!

Montamos os pneus, ajustamos a calibragem e, finalmente, com 12 horas de atraso, retomamos a viagem. Adotamos uma velocidade reduzida, entre 80 e 100 km/h, e toda atenção era pouca: desviávamos de cada buraco como se fosse uma bomba.

 

Parte 3: Caminhoneiros, conselhos e um puma na pista

Conseguimos cruzar a província de Neuquén e entrar em La Pampa. A paisagem ficou monótona, a noite caiu, e decidimos ganhar o máximo de quilometragem possível. Por volta da meia-noite, paramos em um pequeno posto no meio do nada para abastecer.

Enquanto Juliana e eu comprávamos um energético na loja de conveniência, avistamos dois caminhoneiros brasileiros jantando. Resolvi perguntar a eles sobre o trajeto até a próxima cidade, Santa Rosa, onde pretendíamos dormir. Um deles, com voz grave e misteriosa, me perguntou:

— Você precisa mesmo chegar lá hoje?

Expliquei o nosso atraso por causa dos pneus, mas ele repetiu a pergunta, como se estivesse me alertando para algo. Insisti na justificativa, até que ele foi direto:

— Você acredita em bicho?

A conversa foi ficando cada vez mais estranha. O caminhoneiro contou, com a calma de quem já viu de tudo na estrada, que certa vez um puma — "do tamanho da frente do meu caminhão", ele disse — cruzou bem diante dele no meio da pista. E ainda alertou que o trecho à frente era pior: mais buracos, estrada estreita, nenhum tipo de iluminação e risco real de acidentes. — Se eu estivesse com a minha família, não seguiria — concluiu, olhando direto nos meus olhos.

O conselho foi claro: seria arriscado seguir. Melhor descansar e pegar estrada ao amanhecer. Decidimos acatar. Alugamos um quartinho na própria pousada do posto — cama macia, banheiro limpo e um preço camarada. Ali, exaustos, caímos no sono.

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Dia 12 – O Dia que não teve fim 

Parte 1: O buraco, o aviso e o anjo da guarda

Acordamos cedo — afinal, ainda faltavam quase 2.000 km até chegarmos em casa. Já nos primeiros quilômetros percebi que as condições da estrada não eram boas, então segui cauteloso na direção.

Não havia se passado nem uma hora desde nossa partida quando acertei em cheio um buraco. Rezamos para que nada tivesse acontecido, mas em instantes o painel acusou perda de calibragem. Paramos no acostamento, e lá estava tudo acontecendo de novo.

Na hora, me veio à cabeça o alerta do caminhoneiro da noite anterior: estrada precária, sem iluminação, cheia de buracos — e com risco de encontrar pumas. Imagine se não tivéssemos dado ouvidos a ele? Teríamos furado o pneu no meio da madrugada, distantes de tudo. Às vezes, a sorte não é um acaso . Até hoje me pergunto se eram pessoas reais, mas a Juliana também estava comigo durante a conversa e pode confirmar.

O sentimento do grupo era de descrença. Agora não dava mais para esconder: estávamos em uma situação difícil. Ainda assim, Nicolas e eu seguimos em frente. Retiramos as malas, trocamos o pneu e colocamos novamente aquele estepe de emergência, que só roda por poucos quilômetros. Seguimos em direção à cidade mais próxima, com esperança de encontrar uma solução.

 

Dia 12 – Parte 2: General Acha e a improvável salvação

Durante o trajeto, começamos a refletir. Sabíamos que seria difícil encontrar um pneu da nossa medida naquela região. Buenos Aires ainda estava a 800 km, e seria muito arriscado chegar até lá rodando com o estepe. A ideia que venceu (depois de muito debate) foi substituir nosso jogo de rodas traseiras por rodas de ferro simples com pneus comuns. Parecia a melhor alternativa.

Chegamos em General Acha, uma cidadezinha de interior quase esquecida no mapa. Consultamos algumas borracharias no Google e fomos até uma que tinha algumas avaliações. O local era precário, nada animador — mas era o que tínhamos.

Nicolas e eu explicamos nosso plano ao borracheiro. Era óbvio que ele não tinha pneus com a nossa numeração, mas topou tentar encontrar um jogo de rodas com pneus para colocar no carro. Falamos de valores e ele sugeriu algo em torno de R$1.000. Não era o valor em si, mas a sensação de que ele queria faturar e não resolver o problema. Desconfiados, demos a desculpa de que iríamos sacar dinheiro e fomos embora em busca de outra opção.

Foi aí que encontramos a R33 Neumáticos, uma loja muito bem estruturada para o tamanho da cidade — representante da Pirelli, o que nos pareceu um bom sinal. A loja ainda estava fechada, mas esperamos um pouco e logo fomos recebidos com simpatia. Explicamos nossa situação à atendente, que demonstrou empatia imediata.

Contamos a ela nosso plano de trocar as rodas traseiras, mas ela nos alertou que não seria uma boa ideia, especialmente se feito naquela borracharia anterior. Informou que seria possível encomendar um pneu da nossa medida, mas custaria cerca de R$4.000 — e ainda corríamos o risco de ele não chegar no mesmo dia.

Estávamos indo em direção ao carro e discutindo o que fazer — se pagar os R$8.000 em dois pneus ou seguir com a ideia das rodas de ferro — quando ela nos chamou de volta. O Fabian, funcionário da loja que cuidava da parte de pneus usados, poderia ter algo com a nossa medida. Esperamos, e logo ele apareceu carregando dois pneus grandes, em ótimo estado. Quando vi que eram run flat, soube que era mercadoria boa. A chama da esperança renasceu.

Comecei a conversar com o Fabian, contei um pouco sobre nossa viagem e os problemas com os pneus. Foi então que ele comentou ter um filho que estava morando em Curitiba, no Brasil — com aproximadamente a minha idade (30 anos). Ali, criamos uma conexão. Negociamos um valor justo: R$500 pelos dois pneus. Tudo certo.

Enquanto ele desmontava as rodas, Nicolas e Bárbara foram ao centro da cidade tentar sacar o valor. Mas o tempo foi passando e nada deles voltarem. Quando chegaram, a notícia: haviam rodado a cidade toda e não existia nenhuma agência da Western Union, como indicado pelo Google. Nenhuma casa de câmbio, nenhum local para sacar.

A venda seria feita diretamente com Fabian, então a loja também não aceitava nossos cartões. A situação complicou. Mas a atendente teve uma ideia: sugeriu que fizéssemos o pagamento via Mercado Pago — muito usado na Argentina.

Nicolas fez malabarismos para enviar o valor da Western Union para o Mercado Pago. A princípio, a transação foi aceita, mas o sistema informou que o pagamento cairia em 48 horas. Enviamos o comprovante e, na confiança, Fabian deu o serviço como pago e nos desejou boa viagem.

Também não demos muito tempo para ele mudar de ideia. Entramos no carro e saímos acenando, rindo de nervoso — mas aliviados.

Localização Gen. Acha:

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Dia 12 – Parte 3: Noite de Carnaval, sono no carro e mosquitos como trilha sonora

De volta à estrada, agora com pneus em bom estado, seguimos com toda a cautela do mundo. Mas sabíamos que precisávamos avançar o máximo possível naquele dia. A tensão ainda nos acompanhava — ninguém ousava dizer que o problema dos pneus estava resolvido. Da última vez que fizemos isso, deu ruim.

Revezamos a direção e os dramins para quem precisava descansar. Rodamos bastante. Estávamos exaustos quando nos aproximamos de Buenos Aires. Decidimos seguir mais um pouco, para dormir mais perto da fronteira.

Era quase 23h quando paramos numa pousada de beira de estrada. Sem vagas. Seguimos em frente. Começamos a contatar por WhatsApp os hoteis da região. Todos lotados.

Achamos estranho. Paramos em um hotel grande, ao lado de um paradouro, e acreditamos que ali, com certeza, conseguiríamos um lugar. Para nossa surpresa: também lotado. Ao perguntar o motivo, veio a explicação: estava acontecendo o Carnaval na região. E seria muito difícil encontrar qualquer lugar para dormir.

A recepção nos ofereceu, como única opção, estacionar no pátio do hotel e dormir no carro. E foi isso que fizemos. Quatro pessoas, dentro de um carro lotado de malas, tentando dormir entre o barulho dos foliões e os zumbidos dos mosquitos que entravam pelas frestas da janela.

Foi desconfortável. Foi improvisado. Mas foi uma daquelas noites que, de tão fora do comum, acabam entrando para a memória da viagem.

 

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