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Conheça um pouco sobre o Pico do Lopo

 

Pertencente ao estado de Minas Gerais fazendo divisa com o estado de São Paulo, o Pico do Lopo com seus 1.750 metros de altitude está situado na cidade de Extrema oferecendo em seu ponto culminante uma visão de 360° sobre as demais cidades, a represa Jaguari e até uma simples, quase imperceptível vista da cachoeira dos Pretos em Joanópolis. São esses meros atrativos que fazem do lugar um dos passeios mais procurados por aqueles que dão valor ao contato com a natureza.

 

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Relato

 

Todo mundo passa por aquela fase que aparece um monte de B.O. pra resolver, e no meu caso, essa fase já estava completando três meses de inatividade natureba, mas meus amigos não esqueceram de mim rs. Eu nem estava esperando convite por essa data, ainda mais com as chuvas e a friaca que estava fazendo. Mas o convite veio, e com isso surgiu até uma incerteza de saber pra onde ir, uma falta de coragem pra sair de casa com tantas previsões de tempo ruim que os sites anunciavam. Mais sabe comé né!? Os "matero" aqui são como cães de caça procurando o inesperado. Com sol ou com chuva, frio ou calor eles estão lá.

 

Depois de muita conversa e disparo de convites aos aliados, e muita não como resposta, eu e meu brother Léo Almeida decidimos acampar no Lopo mesmo que sozinhos, mas nos 45 do segundo tempo, nosso outro brother (Valério Alves) confirmou presença na jogada que tinha como foco o nascer do sol na manhã de domingo, dia 01/06/2014.

 

Como sábado é dia de "pião" trabalhar, marcamos o encontro às 13h, depois do meu expediente no trampo, acabei saindo com muita pressa do serviço e não prestei atenção em *meros detalhes. No local e horário marcado, cada qual com sua cargueira arrumada, sem muitas delongas saímos rumo ao norte pela rodovia Fernão Dias que dá acesso a Extrema, primeira cidade mineira pra quem parte de SP.

A viagem seguiu tranquila e sem dificuldades, o trânsito livre pra rodar 100 km's em uma hora e meia sem pressa nenhuma. Chegamos.

 

Pela hora que era, e eu só com o café da manhã me sustentando, imagina a fome. A barriga trovejava, e antes de subir a estrada que leva a serra do Lopo compramos água, 1,5L por cabeça, isso pra consumir, cozinhar e lavar talheres rs. Foi aí que dei uma breve abastecida no "estrômbago" rs.

Dali da parte baixa onde estávamos começa a trilha do pinheirinho, essa trilha é atalho bem íngreme pra quem pretende subir a pé e não tá afim de enfrentar a estradinha de terra e calçamentos (esse não foi o nosso caso).

Coloquei meu guerreiro (Fiesta Trail) pra sofrer, o valente tem o poder magnífico de um carro mil ou 1.0 como costumam dizer, mas ele supera muito bem os desafios que eu lhe obrigo a passar.

Uma pausa na rampa de vôo livre já na parte alta da serra nos rendeu algumas fotos com presepadas de saltos ornamentais. rsrs.

 

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Como não pode perder muito tempo em um mirante já visitado outrora, seguimos por mais algumas centenas de metros, deixamos o carro na entrada da trilha e mergulhamos na mata, acelerados e nos perguntando onde pernoitar. A ansiedade de poder ver o sol se pôr do alto da Pedra do Cume, em um céu maravilhoso como aquele nos fez acelerar ainda mais os passos, e a vantagem a nosso favor foi ter um grupo pequeno e rápido. Logo que chegamos na Pedra das Flores as nuvens já começavam a encobrir boa parte da paisagem, porém, na linha do horizonte era possível ver que o alvo do poente permaneceria limpo. Aceleramos de novo.

Chegamos na primeira clareira, sem nenhuma chance de montar as barracas, o lugar parecia um condomínio (cerca de umas 10 barracas ou mais), na segunda clareira a mesma situação: ESPAÇO OCUPADO. Só nos restou mesmo o cume, que pra variar também estava ocupado nos deixando com duas opções: acampar com o vento a chacoalhar-nos a noite inteira, pois a área livre era no olho do furacão, ou dividir hospedagem nas barracas na última área livre que estava ocupada por uma Guepardo com três pessoas, então foi ali mesmo nosso pernoite. Nunca vimos tanta gente acampando no Lopo antes, pensamos que seríamos os únicos nesse dia.

 

Só foi o tempo de tirar a mochila das costas que o sol começou descer. Pareceu que ele nos aguardava para se exibir em um espetáculo para poucos, e que saibam dar valor às dádivas do Pai. Que privilégio.

As várias fotos foram tiradas em grupo, carreira solo, um mix total rsrs. O que os olhos passavam a ver era difícil de acreditar ser real. É muito indescritível para explicar, falta palavras. É muito foda. Só quem vive pra saber como é.

 

 

 

 

 

Quando o crepúsculo acabou com o degradê entre o azul e o alaranjado do final de tarde que decidimos levantar morada. Arrumamos nosso canto, preparamos nossa janta, que na verdade era pra ser uma gororoba por que errei o modo de preparo, mas ficou até que gostosa.

Com tudo ajeitado voltamos ao cume pra jogar conversa fora e admirar as estrelas, aliás, que cena. O tempo limpou de repente e expôs um céu estrelado que eu não me lembro de ja ter visto igual. Uma pena não ter uma máquina com tecnologia suficiente para fazer um registro.

Nos escondemos atrás de uma rocha pra nos proteger do vento, o danado soprava forte a ponto de desequilibrar enquanto a gente andava (perigoso ficar pelas beiradas). O esconderijo foi o canal, ficamos por mais de uma hora sentados com exclusividade observando as constelações e focados no CRUZEIRO apontando para o sul, imaginando como os antigos navegantes usavam-no como instrumento de direção. O espetáculo estava tão favorável pra nós que até uma estrela cadente veio rasgar a escuridão embelezando ainda mais o cenário noturno.

 

*ESTRELA CADENTE: são fragmentos de pedras espaciais, meteoritos que entram na atmosfera terrestre com uma velocidade de aproximadamente 250.000 km/h. Isso acontece a cerca de 50 km da superfície da terra, e devido ao atrito se tornam incandescente, vindo a se desintegrar deixam um rastro de luz.

 

A noite estava previsto 8°, mas a sensação térmica era de uns 6° por causa do vento gelado e incessante que chegava a zunir subindo a montanha ::Cold:: . Foi difícil dormir, pelo menos pra mim e pro Valério que vira e mexe iniciava um papo pra ver se as horas passavam mais rápido, acredito que eu consegui apagar só depois das três da matina.

Eu tinha colocado o celular pra despertar a tempo de levantar e ver o nascer do sol, mas esqueci e deixei desligado. O bom foi que às 06:20 a.m. o Léo já estava todo aceleradão chamando: levanta, levanta que já está clareando e vem vindo uma tropa trilha a cima. Num pulo de gato me pus de pé rapidinho, e logo na sequência já estávamos mais uma vez absolutos a assistir o show. A rapaziada que subia a trilha não chegaram a tempo de ver a melhor parte.

 

 

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Depois de alimentar a alma com aquele momento único, aquecemos o corpo com um chocolate quentinho preparado no fogareiro, completamos o "café" da manhã e recolhemos acampamento. Como ainda estava bem cedo e tínhamos um atrativo famoso na cidade vizinha fomos visita-lo. A Cachoeira dos Pretos fica em Joanópolis, a 30 km a partir da entrada da trilha das flores em Extrema, oferece grandes obstáculos para quem vai (como eu) com carro baixo pela íngreme estradinha de terra que desce a direita da serra a partir do trevo das placas que indicam: Pedra do sapo, Pedra Sacerdotisa, Torre da Embratel, e etc... É o caminho mais curto.

 

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Passando pelas ruas principais dava pra perceber que vários eventos acontecem por lá, pois de todos os cantos surgiam cavalos, alguns até de raça nobre indo em direção ao centro da cidade. Por hora também desfilavam inúmeros "cavalos do diabo" com seus motores potentes fazendo aquela barulheira toda, mas o que tirou mesmo nossa atenção foi a quantidade de Homens Lobo, isso mesmo, LOBISOMENS espalhados por toda parte, a enfeitar e nomear a pequena e pacata cidade como a cidade do Lobisomem devido a várias lendas e histórias.

 

Chegando no ponto em que queríamos ensaiamos de subir a trilha que leva ao topo da Cachoeira, mas optamos por subir de Jeep a R$13,00 por cabeça. Enquanto aguardávamos o retorno do Jeep, fomos procurar o que comer pq a fome era gritante. A comida caseira a moda mineira e com um preço justo foi nossa benção do dia.

Tiramos algumas fotos com o tempo fechado mesmo, e fomos desanimando cada vez mais de irmos fazer o passeio, o risco de não aproveitar nada por causa da chuva era grande. Desistimos, ótima escolha, foi só o tempo de entrar no carro pra ir embora que o pé d'água caiu.

 

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*mero detalhe: na hora de irmos embora, cadê a habilitação e o documento do carro? Procurei rápido, meio por cima e não achei. Pensei: deve estar na mochila, mas também pensei que poderia ter perdido na mata. Aí me preocupou. Chegando em casa, procurei por todo o carro, mochila, roupas que usei, e nada achei. No dia seguinte encontrei os documentos dentro do meu armário no trabalho. Ainda bem que não tomamos nenhum enquadro, ou passamos por alguma situação que precisasse deles. Uuufa.

 

observação: aqueles que não possuem carro também podem fazer esse passeio pelo transporte rodoviário. Por exemplo: no Term. Rodoviário do Tiete- SP, saem ônibus direto para Extrema a custos de R$ 20,90/ida (atualmente), porém, tendo de encarar um dos dois caminhos: trilha do pinheirinho ou a extensa, íngreme e cansativa estradinha que leva à rampa de vôo livre. Isso pode levar horas rs.

 

É isso.

 

Ah, já ia esquecendo...

 

...se vc leu desse relato, gostou, e ele te instigou a fazer algo parecido, seja vc novato ou experiente em trilhas, seja no Pico do Lopo ou em qualquer área natural desse planeta, seja consciente, NÃO SEJA MAIS UM ::grr::::vapapu:: que leva seus kits pra conforto na mata e deixa pra trás uma imundícia total. Você é capaz de levar o trouxe!

Deixo esse recado pq já é maçante esse tipo de coisa. Na primeira clareira por onde passamos, haviam dois "guias" com rádio de comunicação e outros aparatos pra impressionar e conduzir o pessoal que acamparam com eles, mas no nosso retorno foi impossível na se incomodar com a quantidade de lixo deixada ali. Se vc não estiver com guias, se policie, mas se estiver acompanhado de algum, você tem todo direito de cobrar a preservação a partir deles ::toma:: .

 

Fica a dica.

Editado por Visitante
  • Obrigad@! 1
  • Membros
Postado

Mais uma vez um relato show Vagner, Esta trip vai ficar na memória, uma das melhores que fiz com acampamento (e olha que não sou muito chegado a acampar).Foi tudo perfeito, até o que poderia dar errado deu certo. Show!!!

  • 2 semanas depois...
  • Membros
Postado

Ola amigo!

 

Parabens pelo relato e as fotos ficaram otimas! Parabens!

 

me tira uma dúvida, quanto tempo de trilha até o topo? e distancia?

 

quais equips vc usou? barraca e o saco de dormir....

 

abrs

  • Colaboradores
Postado

Oh Fiasqui, td bem!!!

 

O tempo de percurso é relativo, depende muito do seu ritmo e da quantidade de pessoas envolvidas (grupos grandes são lentos). Eu estimo 2h/ida + 2h/volta em média.

A distância, mesmo que sem infos precisas, creio que deve chegar perto de 7 km.

 

Os equipos foram:

Barraca, saco de dormir, isolante térmico, lanterna de cabeça, fogareiro, e utensílios para cozinhar. Tudo dentro de uma mochila cargueira de 75 litros.

 

*Não esqueça de levar água para consumir e também cozinhar, pois não tem onde pegar água pelo caminho.

 

Basicamente é isso. Qualquer dúvida é só falar, irmão.

 

Obrigado por prestigiar o relato.

 

Bons ventos...

  • 9 meses depois...
  • Membros
Postado (editado)
Oh Fiasqui, td bem!!!

 

O tempo de percurso é relativo, depende muito do seu ritmo e da quantidade de pessoas envolvidas (grupos grandes são lentos). Eu estimo 2h/ida + 2h/volta em média.

A distância, mesmo que sem infos precisas, creio que deve chegar perto de 7 km.

 

Os equipos foram:

Barraca, saco de dormir, isolante térmico, lanterna de cabeça, fogareiro, e utensílios para cozinhar. Tudo dentro de uma mochila cargueira de 75 litros.

 

*Não esqueça de levar água para consumir e também cozinhar, pois não tem onde pegar água pelo caminho.

 

Basicamente é isso. Qualquer dúvida é só falar, irmão.

 

Obrigado por prestigiar o relato.

 

Bons ventos...

 

Existem duas nascentes que podem salvar o seu acampamento, a primeira fica no meio na Trilha que vai para a Pedra das Flores, é a única passagem então com certeza será encontrada, salvo se estiver em tempos de estiagem.

 

A outra fica na trilha que vai para à Pedra Cume, tem que sair da trilha principal em uma pequena entrada à esquerda, e descer por ela aproximadamente 5 minutos, é uma bica de água cristalina, poucos conhecem esta bica e ela permite até um "banho tcheco" ::otemo::

 

Viva a Serra do Lopo! ::hahaha::

Editado por Visitante
  • Colaboradores
Postado

Poxa Flávio...

 

Interessante essas dicas, man. Ajudará bastante quem as encontrar. Eu mesmo, serei um dos que vão tentar numa próxima oportunidade hehehe.

 

Vlw, abraço

  • Membros
Postado

Bacana o relato e o entusiasmo parabéns,

Fiz um bate e volta ano passado sozinho, durante a trilha encontrei um senhorzinho "japa" com uma foice na mão rs*, ficamos conversando e depois chega a esposa e os netos bem legal, já na pedras das flores encontrei pessoal de Araras seguimos ate o pico, pernoitar no pico deve ser gratificando.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203829558890768&set=a.10203829556890718.1073741919.1573899643&type=3&l=86cf425995&theater

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