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Mil Perrengues: Bolívia, Chile e Peru


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26.03.2014 – Machu Picchu

 

Graças à injeção de ânimo da jessicahemk, do rafaelvma, do Christian_zZz e da mcarolgarcia, vamos continuar! Escrever relato dá trabalho gente, rs...

 

Nosso grupo foi dividido entre os que falavam/entendiam espanhol e os que falavam/entendiam inglês. Os que não sabiam nem espanhol, nem inglês, não entenderam nada mesmo e foram se enfiando em qualquer grupo.

 

A nossa guia era bem nova, mas sabia muito sobre o povo Inca. Estudou quéchua e fez diversos cursos de especialização em história andina. Era descendente do povo quéchua, que descobrimos era a maioria, pois somente a nobreza recebia o “status” de Inca e eram pouquíssimos, se concentrando entre Cusco e Machu Picchu, muito mais em Cusco.

 

A primeira dica é não se desanimar com o tempo. O clima em Machu Picchu é maluco, muda a cada cinco segundos e se você chegou cedo, certamente estará MUITO nublado, com frio e chuva fininha.

 

Como ficamos no grupo do espanhol, além de nós (únicos brasileiros, de novo), havia uma galera do Chile, um espanhol que ficou constrangido com as histórias de massacre de seu povo no passado, risos, e nossos Hermanos argentinos. Fomos a uma espécie de planície e ouvimos as primeiras teorias sobre o lugar, o motivo de sua construção, as estratégias de defesa contra os espanhóis, lugares sagrados, enfim, a guia era muito bem preparada, respondia as perguntas de bate pronto e estava sempre disposta a discutir sobre as teorias, lendas e histórias do lugar.

 

Após esse primeiro momento, a guia nos levou aos principais pontos de MP. Nessa hora, outros grupos também começam a exploração do lugar e alguns pontos ficam muito cheios, então sugiro que volte em alguns mais tarde, estarão todos livres e poderá apreciar cada pedacinho de pedra, cada vão, cada janela, além de poder tirar fotos a vontade. O legal disso é que em 1h30, mais ou menos, que é o tempo do guia, você já saberá o que é o que e tudo fará sentido quando for explorar sozinho por aí.

 

DICA: Sabe aquela foto clássica de Machu Picchu? Pois bem, não precisa subir Wayna Picchu para tirá-la, basta seguir até a “Porta do Sol”, que fica bem próxima à entrada. Pronto! Digo isso porque teve muita gente que comprou a subida a Wayna Picchu só porque achavam que a foto clássica é tirada de lá. Mas não, todos os guias disseram que é da porta do Sol. Claro que a subida, por si só, já vale a pena, além de se ter uma vista diferente, de muito alto, mas não se preocupe em não conseguir a tão sonhada foto só porque não irá subir a Wayna, ok?

 

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Ao final do tour guiado, já havíamos até criado um vínculo com nossa guia, rs... Não é tão rápido assim, mas estávamos tão impressionados com tudo aquilo que o tempo passou voando. Nos despedimos de todos e fomos, só eu e a Miriam, desbravar Machu Picchu!

 

Foi muito bom. Tínhamos o dia inteiro para andar pelas ruínas e não era nem 9h30 da manhã... Voltamos à entrada e partimos para nosso roteiro próprio, iniciando pela subida à Porta do Sol, claro, e depois seguimos para a ponte Inca, outro ponto muito interessante e pouco visitado. Não tem nada de especial essa ponte, mas o caminho até lá é agradabilíssimo, uma espécie de trilhazinha com sombra e pequenos obstáculos, passando por passarelas e penhascos até a ponte, de onde podemos seguir até certo ponto com a ajuda de uma corda. O restante do caminho é pelas montanhas e está inacessível, mas é possível se ter uma boa ideia de quão malucos os Incas eram... Andavam dezenas de quilômetros, todos os dias, sempre trabalhando ou se preparando para os conflitos, muito legal observar e ficar imaginando como era no passado.

 

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Essa primeira parte levou um bom tempo, mas foi bem aproveitado. Já era hora do almoço e paramos para apreciar nosso delicioso lanche de pão andino com atum, hehe.

 

Ao entrar em MP, você recebe um carimbo datado no boleto, sendo permitida a entrada e saída do local sempre que quiser, bastando apresentar este papel, o que facilita bem as coisas, já que os restaurantes (absurdos de caros) e banheiros, ficam do lado de fora.

 

Só pelo espirito esportivo, fomos ver os preços das coisas, isso no quiosque, porque no restaurante já imaginávamos... Para vocês terem uma ideia, uma coca-cola de 600 ml custava 13 dólares! Um lanche simples, pão, presunto e queijo, chegava a custar 30 dólares! Um exagero.

 

Então, descemos um pouquinho as escadarias e fomos até uma espécie de cabana de palha que fica na curvinha antes de se chegar ao topo. Foi perfeito! Sombra, tranquilidade e uma mureta para se sentar. Montamos nosso lanche de atum e almoçamos aos pés da cidade perdida, foi nosso segundo almoço diferente, o primeiro foi no deserto de sal :D

 

Barriga cheia, voltamos a MP para completar a segunda etapa. Seguimos para o outro lado e fomos andando bem devagar, redescobrindo os locais antes passados rapidamente. Ainda topamos com uma lhama ENORME, que seguiu tranquila seu caminho... Ainda tiramos uma horinha para descansar e somente observar, momento inesquecível, uma paz interior e um sentimento de gratidão por termos a chance de estar ali, naquele momento.

 

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Já quase ao final do dia, resolvemos ainda dar uma última olhada na pedra que simula a montanha, mas começou a chover e o tempo ficou nublado, snif... Nos abrigamos debaixo de um abrigo e acabamos conhecendo um casal de brasileiros. Eram do Ceará, se não me engano, e ficamos conversando um tempão até que a chuva desse uma trégua. Só para se ter uma ideia, aquela era a terceira chuva do dia, sendo que já havia feito muito Sol e depois esfriado repentinamente... Quando a água parou, fomos terminar o caminho para dar uma “volta olímpica em MP”, agora na companhia do casal. Tiramos mais fotos e conversamos sobres as pequenas diferenças entre as explicações de alguns lugares e ainda deu tempo de mostrarmos a eles um altar onde eram feitos sacrifícios de animais, com um desenho de condor na pedra e lugar para que o sangue escorresse, bizarro mas interessante.

 

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Voltamos à entrada para que o casal pudesse carimbar seus passaportes e nos despedimos com a promessa de tomar uma cerveja no Mama África, em Cusco.

 

DICA: Antigamente existia um guichê com um funcionário que ficava carimbando os passaportes dos turistas com aquela imagem clássica de Machu Picchu. Hoje é mais simples, basta ir a uma mesinha de plástico que fica na entrada e carimbar você mesmo seu passaporte, ao melhor estilo self service! Isso é bom, pois evita filas e garante que seu carimbo fique perfeito, pois você irá caprichar né?

 

Ao sair, sem vontade de ir embora, nos preparamos para a descida das escadarias até Águas Calientes. Arrumamos e tudo e o céu começou a desabar! Bateu aquela vontadinha de pegar o ônibus, mas fomos firmes e começamos a descida.

 

Confesso que foi bem mais fácil que a subida, mesmo com as pedras escorregadias e os joelhos pedindo socorro. A chuva atrapalhou bastante, mas conseguimos fazer na metade do tempo da subida.

 

Chegamos encharcados em AC e tudo o que queríamos era um bom banho e uma noite para comemorar a visita a uma das sete maravilhas do mundo!

 

O tempo havia melhorado um pouco e fomos andar pela cidade para procurar um lugar bacana para o jantar. Encontramos um restaurante italiano bem bonito e com lareira ao centro, fechou! Sentamos ao lado da lareira e fomos atendidos pelo próprio dono, cara muito gente fina, indicou cervejas artesanais, discutimos sobre a pizza italiana e a pizza paulistana, namoramos um pouco e pedimos uma pizza típica da Itália, com massa fininha e crocante. A sobremesa nos surpreendeu. Era uma torta de chocolate muito diferente, valeu a pena cada mordida. Um café para finalizar e as lembranças de Machu Picchu para nos fazer pegar no sono...

 

Na manhã seguinte, acordamos tranquilos, pois teríamos que chegar na hidrelétrica somente às 11h30, tempo suficiente para tomar um bom café da manhã, arrumar as coisas e começar a caminhada de volta.

 

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O grande problema foi ter que andar com as roupas ensopadas. A umidade em AC é ridícula, você não consegue secar nada, eu disse NADA! Não adianta pendurar, fazer redemoinho com a camiseta, prender nas costas e sair correndo contra o vento, NÃO SECA!

 

Para ajudar, começou a chover. Compramos uma capa de chuva safada e fomos lá.

 

DICA: Logo na contratação da ida a Machu Picchu, caso vá de van, poderá escolher entre uma ou duas noites em Águas Calientes. Se escolher ficar apenas 1 noite, ficará um pouco mais barato, mas irá prejudicar sua visita a Machu Picchu, pois no grande dia, terá que retornar a Águas Calientes por volta das 10h, para que dê tempo de chegar na hidrelétrica ao meio dia, ou seja, mesmo que você chegue em MP logo cedo, às 7h, terá apenas 2 horas para ver tudo, impossível... Mas se escolher 2 noites, como nós, poderá ficar o dia todo em Machu Picchu, dormir mais uma noite em AC e seguir tranquilo à hidrelétrica na manhã seguinte. Vale a pena.

 

Nunca imaginei que a melhor roupa seria a pior escolha. Explico: Como nossas roupas já estavam úmidas, tentei me proteger para que não ficasse muito molhado dentro da van, por horas, até chegarmos em Cusco. Pois bem, a estratégia foi colocar uma camiseta de secagem rápida e que não detém o suor, tipo aquelas de corrida, sabe? Depois um corta vento impermeável com sistema goretex, que também permite a transpiração e, por último, uma capa de chuva para não molhar. Resultado: Virei uma ESTUFA! Como estávamos caminhando num rápido bom e o tempo, apesar de chuvoso, não estava frio, transpirei pra caramba, o suor do corpo atravessou a camiseta, que atravessou o corta vento, bateu na capa de chuva safada de 2 pesos e voltou! Quando chegamos na cabana já na hidrelétrica, parecia que tinha tomado banho, estava pingando... A Miriam, que usou uma camiseta simples com um corta vento mais simples ainda, estava sequinha... Maldita tecnologia!

 

Aí foi nossa briga. Uma das poucas de tantos anos juntos. Descobrimos do que a fome é capaz...

 

Chegamos na cabaninha da alegria, uma gringaiada lá se secando, batendo papo e fazendo seu lanchinho. Opa, vamos aproveitar para lanchar também, já que durante o trajeto na van, certamente, não iríamos querer comer nada, pois não são as curvas de Santos, mas deixam a galera à deriva...

 

A Miriam tirou o único pão que tínhamos da mochila (graças a Deus que estava com ela, porque a minha mochila parecia que tinha feito nado sincronizado com os itens) e fomos montar nosso pãozinho com atum. Ela, sábia como sempre, disse para dividirmos por igual com o canivete. Eu, muito burro, falei que não precisava, bastava cada um ir dando uma mordida. Não sei se foi por preguiça ou meu subconsciente ativou meus instintos animais de sobrevivência, só sei que catei o pão e dei uma ABOCANHADA MONSTRO naquele pequeno, inocente e desprotegido pão andino... Quando olho para a Miriam, os olhinhos dela estavam cheios d´água, tadinha. Nem percebi, dentei feito um TUBARÃO BRANCO e não sobrou quase nada para ela...triste... :cry:

 

Ela começou a me xingar e eu também fiquei nervoso, os gringos olhavam espantados – decerto pensando: “brasileiros...” – e fomos discutindo até a van... Achei que ela iria pedir o divórcio, mas no final nos acalmamos e percebemos que a culpa foi da fome. Então, caso faça esse tour econômico a Machu Picchu, LEVE MAIS COMIDA!

 

Após esse momento “DR” culinário no estrangeiro, ficamos P com o cara da van. Demorou muito para chegar, estava chuviscando e não tínhamos nenhum abrigo. Umas galinhas vieram ciscar em nossos pés, uns cachorros a lamber nossas botas e um ataque aéreo de pernilongos. Com fome, cansados, com frio e loucos para chegar em Cusco, o cara apareceu cerca de 40 minutos depois, fez uma chamada que foi uam confusão e botou todo mundo dentro do carro.

 

A volta não foi muito diferente da ida, caminho perigoso e cansativo. A Miriam ficou bem enjoada e foi dormindo à base de Plasil. Eu fiquei num lugar péssimo que a cada curva me lançava no corredor, mas até que suportei bem. Lá pelas tantas houve um desmoronamento gigante e ficamos parados esperando os tratores retirarem a terra. A chuva só aumentava e o calor na van também, todo mundo cansado, ninguém conversava e foi um tédio. Ouvimos histórias de israelenses e desabafos de peruanos. Hora vai, hora vem, finalmente chegamos.

 

Mas... Como tudo tem que ser um pouco mais difícil pra gente, o cara nos largou numa praça qualquer, assim, simplesmente, sendo que o combinado era nos deixar em frente ao Wild Rover. Tentamos discutir, mas como já estávamos de saco cheio da viagem torturante, demos de ombros e fomos congelando até nosso hostel.

Quem chega de Machu Picchu parece astro de Rock, fazem uma roda e fica todo mundo te perguntando como foi, o que rolou, é até engraçado. Bebemos alguma coisa e ainda tiramos forças de não sei onde para pegar nosso pôster do PUB Irlandês mais alto do mundo, o “Paddys´s Irish Pub”.

 

Confesso que me decepcionei um pouco, pode ter sido o cansaço ou o fato de o lugar estar muito cheio e ser muito pequeno, não havia mesa vaga, nem cadeira. Sentamos no balcão mesmo e tomei uma caneca de GUINNESS, claro. Pegamos nosso suado pôster e fomos embora. Comemos mais um frango no KFC e voltamos ao WR, era hora de planejar a ida a Copacabana.

 

No dia seguinte, 27.03.2014, tínhamos ainda um dia em Cusco para andar, comprar alguns presentes e esperar até a noite para nosso ônibus com destino a Copacabana. E como mochileiro é sortudo, ainda tivemos a chance de participar de um CARNAVAL DE RUA! Ao estilo deles, claro. Foi muito legal, as bandinhas, as crianças e as coreografias, as roupas engraçadas... Poxa, ficamos felizes em nosso último dia em Cusco ainda presenciar esta festa, fechamos com chave de ouro.

 

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Continua [...]

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28.03.2104 - Copacabana

 

Esqueci de comentar que antes mesmo de irmos a Machu Picchu, fomos a rodoviária ver as passagens a Copacabana. Pra variar o El Paro ainda fazia suas vítimas e a empresa mais bem cotada aqui no mochileiros não estava fazendo o trajeto, a Cruz del Sur. Não me lembro o motivo, acho que só estavam com metade da frota, mas eles fizeram parceria com uma outra empresa e resolvemos arriscar, já que não queríamos a reprise do dia da marmota. Valeu a pena, ônibus bom, confortável e ainda conseguimos assentos-cama, o que proporcionou uma noite de sono incrível.

 

O trajeto Cusco x Copacabana é bem tranquilo e o fato de viajar à noite ajuda bastante, você economiza uma diária de hostel e ainda tira aquela soneca boa, pois a viagem dura em média 9 horas.

 

Para os que não irão ficar em Puno, basta permanecer no ônibus que ele te leva até Copacabana após uma paradinha de meia hora na rodoviária, tempo suficiente para tomar um café e ir ao banheiro, pois o nosso, à essa altura, já estava interditado.

 

Antes de entrar em Copacabana, lógico, passamos pela aduana. Me desculpem os bolivianos, mas toda vez que temos que entrar ou sair do país, temos problemas e é tudo muito enrolado – até parece um país que eu conheço...rs. Primeiro que eles não te informam de nada, depois te cobram um monte de bolivianos sem explicar do que se trata. Ficamos com pena dos gringos, que sempre pagam MUITO mais do que os brasileiros ou a galera da América da Sul. E nem adianta argumentar que eles recebem em euros ou dólar, a taxa, independente de qualquer coisa, deveria ser a mesma, até porque conhecemos uma galera da Europa muito, mas muito mais sem grana que a gente, fazendo bicos e trabalhando em hostel por aí para seguir viagem, então não acho justo este tratamento diferenciado.

 

Logo após resolver tudo, passamos a fronteira e não andamos nem 10 minutos... Um policial boliviano parou o ônibus e nos cobrou propina na cara dura! (no sentido brasileiro da palavra, não no sentido espanhol da coisa, como gorjeta). Todo mundo ficou indignado, perguntando do que se tratava, já que TODOS haviam pagado a taxa de entrada no país. O cara não queria nem saber, pegou a grana e entregou um bilhete FAKE escrito: “Obrigado por visitar o santuário”. P****! Sacanagem, muita exploração, nem entramos na cidade, muito menos visitamos o tal santuário!

 

A galera ficou xingando um monte em todas as línguas possíveis e a gente já pensando que começamos mal nossa estadia em Copa, até que surgiu o imponente Lago Titicaca.

 

Meus Deus, o que era aquilo? Se eu não conhecesse o mar, juraria de pé junto que era um oceano... Impressionante.

 

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O ônibus nos deixou numa rua qualquer, pegamos nossas mochilas e já fomos atacados pelos “cambistas” de hostel! Odeio isso, nem olhamos para frente e o cara já veio grudando no meu braço, querendo me empurrar pacotes para as Ilhas, quartos, passeios, etc. Resolvemos entrar em um hotel qualquer para ver. Não gostamos.

 

Então descemos a rua em direção ao lago e percebemos que lá é que estão os melhores points. Assim como aconteceu em San Pedro, havíamos planejado que este seria o segundo lugar para tiramos férias das férias. Iríamos ficar num lugar melhor e curtir ao máximo o que a cidade tivesse a nos oferecer, já que estávamos quase no fim da Trip e queríamos uma experiência diferente dos perrengues ocorridos até então.

 

Avistamos um lugar bonito, bem em frente ao lago, mas que também não tinha cara de hotel 5 estrelas. Fomos lá perguntar e a diferença para os mais baratos ficava em torno de 80 reais, para os dois. Topamos! Ficamos num quarto de casal, com água quente, sacada com vista para o lago e mesinha para as refeições. Tinha wi-fi e TV a cabo, coisas não vistas há muito tempo...

 

Curtimos muito o lugar, deu tempo ainda de ver o pôr do Sol no lago antes de sairmos para jantar, foi incrível.

 

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Mas antes disso tudo, fechamos as diárias no hotel e já fomos pesquisar como ir à Ilha do Sol. O lance é seguir até o lago e perguntar nos guichês dos próprios barqueiros, pois se fechar com agência ou no seu hotel, certamente será mais caro.

 

Você tem a opção de seguir para o Sul ou para o Norte da ilha e, ainda, ir e voltar no mesmo dia ou passar uma noite (ou mais) por lá e voltar no dia seguinte. Para quem irá fazer a trilha, recomendo seguir para o Norte e ir descendo até a parte Sul, pois acredito que canse um pouco menos.

 

Depois fomos conhecer a cidade e é engraçado como tudo lembra o litoral. Copacabana se parece muito com aquelas cidadezinhas do litoral, com suas casinhas, pescadores, quiosque à beira mar (beira lago), poxa que legal. O clima é muito bom, famílias fazendo piquenique, galera tomando uma breja, pedalinhos, comida boa... Nos sentimos na praia em plena Bolívia!

 

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A cidade é bem pequena e simpática, vale a pena sair para passear sem rumo. Conhecemos cada canto, desde o centrinho lotado de turistas, até os lados mais frequentados pelos locais, com aqueles mercadinhos estranhos e açougues suspeitos.

 

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Ainda deu tempo de ver os carros enfeitados com flores em frente a igreja e tomar um sorvete no banco da praça. São momentos como estes que constroem suas lembranças da viagem, não é raro eu e a Miriam, do nada, nos lembrarmos de situações “bobas” como estas, um sorvete na praça em Copacabana, um cachorro engraçado de San Pedro ou aquele carrinho de pipoca em Cusco... São momentos que você não registra com fotos ou vídeos, mas que permanecem na lembrança para sempre...

 

Ao anoitecer, fomos descansar um pouco e curtir nosso hotel, pois no outro dia iríamos seguir para a Isla del Sol, lugar mágico que você PRECISA conhecer.

 

Acordamos tranquilamente e seguimos ao ponto de saída dos barcos.

 

Esperamos um pouco e a galera foi juntando, como estava frio, somente eu, a Miriam, um casal brisado com seu cachorro e outro casal que tiveram coragem de ir lá em cima, curtindo o vento gelado no rosto e aquela vista que não sai da minha cabeça.

 

O azul do lago com as ondas formadas pelos barcos causam uma espécie de miragem, você não sabe mais se está no lago Titicaca ou numa praia do Caribe. O casal brisado pegou sua lata de Neston (que não tinha 10 cereais + vitaminas dentro) e foi lá para a frente do barquinho puxar um fumo, HAHAHAHAHA. O cachorro ficou com a gente (a Miriam estava lá) e os dois adeptos de JAH foram um show à parte. A mulher dançava sentada e o cara viajava com suas teorias sobre a formação do lago, foi hilário.

 

 

Logo que pisamos na ilha, um cara se apresentou como guia e já foi nos mostrando um mapa, dizendo que teríamos que comprar um bilhete para fazer a trilha e blá, blá, blá... Ficamos meio desnorteados e até começamos a segui-lo, mas nos tocamos da coisa toda e resolvemos nos separar do grupo. Sem problema, você não é obrigado a contratar um guia, que, de verdade, não faz a menor diferença, pois a ilha é repleta de locais e placas explicativas, se você quiser entender uma ruína ou saber como chega em algum lugar é só perguntar ou ler as placas.

 

Queríamos tranquilidade para fazer nosso caminho, devagar e aproveitando cada pedaço de chão. Seguimos sozinhos e foi bem tranquilo, ninguém nos importunou, a não ser os “postos de controle” no decorrer da trilha.

 

Isso eu achei sacanagem, porque ninguém te avisa com antecedência e ainda te cobram uma suposta entrada ao parque do não sei o que, que na verdade é a trilha.

Poxa vida, nada contra cobrar uma entrada para preservar o lugar e conservar a trilha, quem já fez trilhas em locais pagos e gratuitos sabe bem a diferença que isso dá. Mas não, parece que querem te explorar.

 

Teve gente que pagou desde que desceu do barco e foi pagando até chegar de volta a Copa, não acho isso certo. Ou DEVE-SE pagar, ou não. Não pode ficar essa coisa de uns pagam outros não, mas enfim, foi um desabafo, risos...

 

A trilha Norte/Sul, assim como ocorre com as escadarias de Machu Picchu, pode surpreender alguns desavisados... Se você já faz trilhas ou mesmo possui um certo condicionamento físico, tranquilo. Mas se você for daqueles sedentários ao extremo, que cansa só de levantar o copo de cerveja, aí meu amigo (a), pode ser que esse caminho não traga boas lembranças.

 

Confesso que subestimamos essa pequena trilha. Não sei se foi porque estávamos já há muitos dias sem comer direito ou se o cansaço acumulado estava dando as caras, mas ao final da primeira metade, sentamos numa mureta e deu vontade de arrumar um jetsky para nos levar até o outro lado... O Sol estava pegando e não havia uma sombrinha sequer, os pontos de compra de água estavam cada vez mais escassos e nós, como sempre, estávamos com fome. Seguimos firmes sem pensar muito, mas os últimos quilômetros não foram os mais legais, ainda mais porque o final é uma ladeira gigante com areia e pedrinhas escorregadias que tornou a descida um tanto emocionante.

 

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Obs. No final você poderá descer pelas escadas (GIGANTES), mas fomos seguindo uns tiozinhos com suas mulas e uma galerinha do Japão que havia nos pedido ajuda, quando percebemos, já estávamos brincando de rolling stones (literalmente e sem referência musical) quase capotando naquela ladeira assassina.

 

Chegamos lá embaixo e fomos correndo ver se conseguia bilhete para o penúltimo barco, mas não teve jeito, tivemos que esperar pelo último. Só valeu por conhecer um salgadinho delícia de bacon com pimenta (!), que nos salvou de uma hipoglicemia...

 

DICA: Em todo o percurso da trilha, existem 3 postos de controle, como eles dizem, e te cobram 10 BOB, 15 BOB e 10 BOB, respectivamente. Dizem que esse dinheiro fica para cada povoado, inclusive te entregam um recibo com o nome do povo que você ajudou, rs. Não queríamos nos estressar com isso e pagamos. Teve gente que ficou brigando, teve gente que ignorou e foi xingado, teve gente que parou para tomar um chá de coca, enfim, decida o que fará, mas saiba que vão te cobrar! Então vá preparado com bolivianos trocados.

 

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Pegamos o barquinho simpático rumo a Copacabana e foi bem tranquilo.

 

Presenciamos a ingenuidade – ou excesso de confiança – de uma família americana que largou TODOS os seus pertences, incluindo um Mac Book Pro, Iphone, carteira, máquina fotográfica e etc., e saiu do barco para subir até o mirante (uma parada que eles fazem antes de voltar)... Ficaram cerca de 20 minutos por lá e não tinha ninguém olhando suas coisas... A não ser dois mochileiros brasileiros (Bruno e Miriam) que, pasmos, ficaram feito cão de guarda, hahahahaha. Sei lá, cada um sabe das suas coisas, mas não largamos as nossas jogadas por aí nem no Hostel, muito menos num lugar que transita muitas pessoas, seja o país que for, seja a cidade que for.

 

Seguimos viagem e é impossível se cansar de olhar ao infinito do Titicaca. Às vezes parávamos de conversar e ficávamos apenas admirando aquela água azul do lago com pequenas marolas que te enganam a cada movimento...

 

De volta à terra, já estava escurecendo. Nem voltamos ao hotel e já fomos ver passagens para La Paz. Existem inúmeras agências que vendem as passagens, sendo que a diferença de preço é grande, então vale a pena pesquisar bastante. De novo: NÃO CAIA NO CONTO DAS FOTOS! Já estávamos espertos com isso e escolhemos as passagens mais baratas, até porque não é difícil desconfiar daquelas fotos maravilhosas de ônibus duplex com ar condicionado e pneus novos, é só dar um rolê na praça de onde eles saem e verá que é um pau velho atrás de outro!

 

A única diferença que há, realmente, é que dependendo do horário, os ônibus percorrem trajetos diferentes em La Paz, sendo que você terá a oportunidade de parar no centro, próximo ao cemitério ou mesmo no aeroporto. Então fique ligado e pergunte sobre as paradas que o seu ônibus irá fazer.

 

Após comprarmos nossas passagens, andamos por Copacabana, fizemos algumas comprinhas e fomos comer uma pizza muito boa de um lugar que não lembro o nome, mas foi indicação do dono de um restaurante que disse ser a melhor pizza de Copa. Fomos lá conferir e realmente era boa, nada de mais se comparada às pizzas do Brasil ou mesmo a de Águas Calientes, mas valeu pela experiência.

 

DICA: NUNCA aceite nota rasgada, amassada ou riscada de caneta. Foi um sufoco conseguirmos usar algumas que nos passaram. Depois ficamos espertos e toda vez que pegávamos troco já conferíamos nota por nota e devolvíamos aquelas zuadas.

 

Curtimos mais um pouco da noite ao lago Titicaca, compramos umas cervejas e fomos admirar a paisagem da sacada do nosso quarto, com o céu estrelado e aquela brisa que parecia do mar...

 

Na manhã seguinte era hora de dar tchau. Acordamos bem cedo, pois nosso ônibus a La Paz sairia às 7h ou 7h30, se não me falha a memória. Fomos fazer o check-out e fomos surpreendidos positivamente com a galera desse hotel.

 

Só um cara estava atendendo e como ainda era cedo, não havia café da manhã. Mas... Ele fechou nossa conta e pediu para esperarmos um segundo. O cara foi lá e fez um cafezão especial só pra gente! Tinha ovos mexidos, café, leite, pães, geléia, manteiga, queijo, presunto... Hummm... Foi ótimo o tratamento VIP!

 

De barriga cheia, saímos correndo pois estávamos perdendo a hora. Mera ilusão, chegamos lá e ainda esperamos pra caramba até o ônibus lotasse para poder sair, droga!

 

O bus parecia de circo. Era MUITO antigo, se fosse aqui no Brasil estaria naquelas exposições de carros. Lembrava uma Kombi com teto alto, que aliás, era o “bagageiro”. Fomos rezando pra não chover, seria um desastre molhar tudo lá em cima com nossas mochilas, farinha de milho, peixes em latas, batatas, etc., etc., etc...

 

Por dentro não era melhor. Cheirava à escama de sardinhas seca. O estofado pinicava suas costas e você vai se coçando por todo o trajeto. Olhamos para o lado e eles tinham aqueles saquinhos para aqueles que desengolem fácil, putz, eram SACOLINHAS DE SUPERMERCADO! ::xiu:: Vermelha e ficava pendurada no encosto do motorista, imagina a situação... Bom, ainda bem que ninguém desengoliu e chegamos vivos em La Paz.

 

O trajeto possui muitas curvas e o motorista é aquele de sempre co habilitação para matar, corre feito uma lhama com rodinhas e faz as curvas comendo as faixas.

Quase batemos de frente VÁRIAS VEZES! Não é exagero, quase mesmo! Faça o percurso e depois me conte, he he.

 

Um pouco antes de chegar ao centro, uma galera desceu num bairro bizarro. Para vocês terem uma ideia, tinha um espantalho (parecido com aqueles bonecos de Judas que fazemos no Brasil) enforcado num poste, todo ensanguentado e com uma plaquinha com os dizeres em espanhol: “Quem rouba aqui, perde a cabeça” ::ahhhh::

 

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Fomos chegando e chegando. La Paz nos esperava e já estávamos ansiosos por conhecer uma das cidades mais doidas do mundo...

 

Continua [...]

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Olá mcarolgarcia,

 

Se não me engano, o horário mais cedo é esse mesmo, por volta das 7h. Lembro que no dia só nosso ônibus saiu, mas atrasou um pouco porque eles esperam lotar e ficam tentando vender passagem na hora.

 

Não paramos em Puno porque não tínhamos mais tempo, lembra que ficamos presos em Arequipa? Pois é, aí nosso roteiro ficou bem apertado e tivemos que escolher entre Copa e Puno, preferimos Copa. ::cool:::'>

 

Quanto ao Hotel, nem eu, nem a Miriam conseguimos lembrar, vou tentar achar algum papel ou anotação que fizemos e te falo, ok? Mas é super fácil de achar: Descendo até o lago pela rua principal, quando chegar na rua de terra, vire à direita, ande um pouquinho e verá um hotel com uma placa grande bem em frente ao lago. Ele fica entre um mais simples e outro de luxo. Em todo caso, vale a pena descer até lá e pesquisar em todos eles, são poucos e vale a pena verificar os preços e os quartos.

 

Abraço.

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