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Travessia da Serra Fina - Guia Completo


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A Travessia Serra Fina é uma das travessias de montanha mais famosas e belas do Brasil, a travessia oferece um visual (se o tempo colaborar) maravilhoso sobre o tal famoso mar de nuvens e ela passa por mais de 20 cumes com mais de 2.000 m de altitude acima do nível do mar.

Elaboramos um tutorial completo com todas as informações para você que deseja fazer essa linda travessia, veja abaixo todas informações, verdades, dicas e logística para fazer a Travessia Serra Fina em 4, 3, 2 ou em apenas 1 dia com a família do Cocô no Mato.

 

Curta nossa página no https://www.facebook.com/coconomatooficial?ref=ts&fref=ts e veja a matéria na integra http://www.coconomato.com.br/serra-fina

 

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Três Verdades que você precisa saber antes de encarar a Travessia Serra Fina

 

Veja três verdades que você precisa saber antes de encarar a Serra Fina:

 

Quem da as cartas é a montanha, você só acaba a travessia se ela permitir;

O psicológico e o amor pelas montanhas contam muito mais do que o seu preparo físico, porém não deixe seu físico de lado;

Apesar de toda fama que muitos relatam na internet a Travessia da Serra Fina só é intensamente difícil para quem não esta preparado fisicamente e psicologicamente, não vá com o pensamento que será a travessia mais difícil, vá com o pensamento que será uma das travessias mais lindas e fantásticas da sua vida.

 

Por que muitas pessoas consideram a Travessia Serra Fina como a mais difícil do Brasil?

 

São vários fatores que colocaram a fama de travessia mais difícil do Brasil na bela Serra Fina, veja os principais fatores:

 

- São quatro dias de montanha com um sobe e desce intenso, são aproximadamente 33 kilometros de montanha (2º o GPS!);

- O clima de montanha é instável e em casos de frio intenso, chuva, tempestades e raios muitos abortam a travessia em seus dois pontos de desistência;

- Apesar da gigantesca quantidade de adesivos refletores, fitas vermelhas e toténs durante toda a travessia em casos de neblina intensa você pode ter dificuldades na navegação lá em cima;

- Além de todo equipamento de frio, que torna sua cargueira mais pesada, a Serra Fina só possui 4 pontos de água, fazendo com que todos carreguem em muito mais água do que em outra travessia normal;

Isso são os fatores naturais que podem dificultar a travessia, fora os fatores físicos e psicológicos que sem dúvidas são os primordiais.

 

 

Informações gerais da Travessia da Serra Fina

 

- A Travessia da Serra Fina fica passa por três estados, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, possuindo seu inicio em Passa Quatro – MG e seu final próximo as cidades de Queluz – SP e Itatiaia – RJ.

- São mais de 20 pontos acima de 2000 metros de altitude, tendo em destaque a Pedra da Mina, 5º maior montanha do Brasil com aproximadamente 2798,30 metros;

- A travessia é realizada normalmente em 4 dias, porém corredores de montanha e outros montanhistas mais experientes costumam faze-la entre um período de 11 horas e dois dias;

 

Como chegar até a Travessia da Serra Fina

 

Você tem três hipóteses saindo de SP:

 

- A forma mais barata: Pegue o ônibus da Viação Cometa saindo de SP (Tietê) x Passa Quatro – MG e peça para o motorista descer no 2º trevo sentido Passa Quatro ou no Trevo do Restaurante Pé de Pano e siga a estrada reto durante aproximadamente 13 km até o ínicio a Toca do Lobo, nessa opção você irá combinar com o Eddinho quanto fica só o resgate de volta, que fica aproximadamente R$200,00.

 

- A forma tradicional: Combine com o resgate de ida e volta para Serra Fina, que vai da Rodoviária de Passa Quatro até próximo a Toca do Lobo e da estrada depois do Sítio do Pierre até Passa Quatro. O valor do resgate completo é de R$350,00, este valor é fechado e pode ser dividido em até 10 pessoas (ficando R$35,00 pra cada).

 

- De última hora: Se você decidiu ir para Serra Fina de última hora e não tem mais passagens de ônibus para Passa Quatro veja na Viação Pássaro Marron e compre suas passagens para cidade de Cruzeiro – SP e veja se o Eddinho pode te buscar lá. Se ele não puder por alguma razão aguarde o ônibus que sai do terminal rodoviário de Cruzeiro x São Lourenço da Serra e passa por Passa Quatro, ele custa em torno de R$16,50 e combine o resgate pela manhã em Passa Quatro.

 

* Resumo, se você conseguir chegar próximo a Passa Quatro, converse com o Eddinho ele pode dar um jeito.

 

Contato Resgate – Edinho: (35) 9963-4108 – Vivo

(35) 9109-2022 -TIM

(35) 3371-1660- Residencial

 

Pontos de água na Travessia Serra Fina

 

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Existem somente 5 pontos de água fixos, em qualquer época do ano estarão cheios para você saciar sua sede, uma é no ínicio da travessia na Toca do Lobo, outra uns 30 minutos acima na altitude aproximada de 1750 m acima , em um platô que você verá uma trilha para direita onde você poderá pegar água também, o terceiro ponto de água é na base da Pedra da Mina , quarto ponto é no final do Vale do Ruah e o quinto e último ponto é na reta final sentido Sítio do Pierre que tem uma bica da água a sua direita.

 

* Além desses pontos existem outros pontos da água que ficam fora do trajeto e existe um alto risco de estarem secos.

 

O que comer na Travessia Serra Fina?

 

Fizemos a travessia da Serra Fina quatro vezes e em todas elas optamos por alimentos que não utilizam água e os alimentos com água fiz nos pontos de água para evitar carregar o peso. Por exemplo:

 

- Serra Fina em 4 dias: levei queijo, tapioca, rap 10, legumes, requeijão, barra de cereal, frutas secas e chocolate (café da manhã, janta e petiscos) e para cozinhar com água levei macarrão, cenoura, pimentão, pvt (proteina de soja texturizada) no caso sou vegetariano mas você pode trocar por salame, linguiça defumada entre outras fontes de proteínas (lembrando que quanto mais sal ou sódio mais sede você terá), molho de tomate, creme de leite e arroz.

- Serra Fina em 3 dias: mesma coisa de 4 dias;

- Serra Fina em 2 dias: Pão Sírio, queijo polenguinho, barra de cereal, bala de goma, amendôas, castanha de caju entre outros grãos, Rap 10, queijo, requeijão entre outros alimentos;

- Serra Fina em 1 dia: Pão Sírio, queijo polenguinho, barra de cereal, bala de goma, amendôas, frutas secas, castanha de caju entre outros grãos e outros alimentos de sua preferência;

 

Evitem alimentos com muito sódio e em caso de miojo utilize somente metade do tempero, pois quanto mais sódio você ingerir mais sede terá, eu particularmente acho que até o LIOS FOOD que é muito utilizado nessa travessia acaba sendo um tiro no pé, pois o que você economiza de peso de comida você levará de água pois terá mais sede. (lembrando que essa é uma opinião minha, não tenho nada contra o Lios Food).

 

Quanto de água preciso carregar?

 

Eu já vi inúmeros relatos de pessoas que carregaram de 6 a 8 litros de água na mochila, faça os cálculos, você bebe mais de 2 litros de água no seu dia-a-dia? Quanto de água utilizará para cozinhar? Tudo isso dependerá do que você irá cozinhar e o quanto de água irá beber. Litragem que utilizamos na Serra Fina em 4, 2 e 1 dia e estamos “chutando” em 3 dias que nunca fizemos:

 

- Em 1 dia: a maior vantagem é que você pode andar apenas com uma garrafa de 1,5 litros ou 2 litros, porque você terá todos pontos de água em apenas um dia;

- Em 2 dias: Levamos duas garrafas de 2 litros, da Toca do Lobo até a Base da Pedra da Mina levei apenas 3 litros e almocei na base da Pedra da Mina e subi com apenas 2,5 litros, pois no dia seguinte você terá água logo no ínicio da caminhada no final do Vale do Ruah;

- Em 3 dias: Levaria três garrafas de 2 litros, com a intenção de dormir na base da Pedra da Mina ou no cume , carregaria 3 litros de água até base da Mina e subiria para o cume com mais 2 litros para pernoitar lá em cima, no Vale do Ruah encheria todas as garrafas já que teria praticamente dois dias de travessia pela frente;

- Em 4 dias: Levamos 3 garrafas de 2 litros, da água após a Toca do Lobo até a Base da Mina com 5 litros, na base da mina levei apenas 3 litros, do Vale do Ruah até o final mais 6 litros;

 

* Se você é um beberrão de água leve mais uma garrafa de 1.5 litros para garantir.

 

 

O que levar para Travessia da Serra Fina?

 

Costumamos dizer que para prática do trekking em outras locais não precisam de nada, além de vontade, pois se quiser você consegue se virar com as coisas de casa ou improvisando, porém para montanhismo, devido ao clima frio, é essencial alguns equipamentos para fazer a Travessia da Serra Fina ou qualquer outra travessia de montanha, vou fazer duas listas, o essencial e seguro:

 

Lista Essencial

 

- Saco de dormir com um extremo de no mínimo – 0 ºC e olha que se você pegar uma noite gelada você passará muito frio;

- Mochila Cargueira com o tamanho proporcional para caber alimentos, água e equipamentos que for utilizar durante a travessia (depende dos dias que for fazer);

- Barraca simples, a 1º vez que fui na Serra Fina acampamos na Pedra da Mina com um clima péssimo com uma barraquinha de R$50 comprada no Carrefour porém com uma lona grande;

- E o básico do básico como bota, meia, calça, camiseta de manga cumprida, anorak, luva e toca;

- Manta aluminizada ou saco de dormir de alumínio de emergência;

- Saco de lixo resistente ou saco de ração de cachorro para colocar os equipamentos dentro para não molhar em caso de chuva;

Lembrando que este é o mínimo do mínimo de equipamentos para levar para essa travessia, se você estiver muito afim e não tiver grana, esse é o mínimo para não morrer de hipotermia lá em cima, veja a lista segura logo abaixo e veja a diferença de equipamentos.

 

Lista Segura (Preferêncial)

Tudo da lista essencial mais:

 

- Isolante térmico, o chão da montanha é gelado demais, um isolante térmico grosso ajuda e muito para se proteger do frio;

- Segunda pele para parte inferior e superior;

- Luvas de segunda pele;

- Cachecol;

- Balaclava (Toca Ninja);

- Toca;

- Duas meias;

- Anorak (Corta Vento) e Fleece (Blusa quente e leve) ou Jaqueta impermeável;

- Capa de chuva da mochila (mesmo assim coloque tudo dentro de sacolas plásticas);

 

PS: Lista somente de equipamentos para combater o clima, fora todos apetrechos de higiene, cozinha, lanternas e etc…!

 

Equipamentos em geral

 

Para cozinha: Fogareiro e kit gás ou espiriteira e álcool, panela, frigideira, talheres, cumbuca para comer

Para higiene: Sabão de Coco, escova de dente, pasta de dente, papel higiênico, toalha e se quiser um lençinho úmedecidos;

Para emergência: Kit primeiros socorros, com remédios para dores em geral, inflamação, resfriado entre outros remédios, bandagem, curativos, cordins, anti-sepctico, apito, relato, mapa, bússola e manteiga de cacau para os lábios;

Outros: Lanterna de cabeça, pilhas reserva, gps (se tiver), câmeras digitais, relato, água e comida.

 

Áreas de camping

 

Seguem as áreas de camping mais utilizadas com a quantidade aproximada de barracas de 2 lugares:

 

- Toca do Lobo (8 barracas) , 1º ponto de agua (6 barracas) , Capim Amarelo (8 barracas), Maracanãzinho (15 barracas), Avançado (6 barracas) , Base da mina (10 barracas), Cume da Mina (20 barracas), Vale do ruah (Muitas, muitas barracas!), Cupim do Boi (10 barracas), Base dos Três Estados (10 barracas) e Cume dos Três Estados (12 barracas).

 

Esses são os pontos mais famosos que as pessoas acampam, porém em caso de emergência entre eles sempre tem uma clareira que pode servir como área de acampamento, para poucas barracas.

 

Dicas importantes para fazer a Travessia Serra Fina

 

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- Se você for fazer a travessia tradicional em quatro dias ou em feriados prolongados se prepare para encontrar as áreas de camping lotadas, pois além de vários montanhistas, muitas agências enviam alguem antes para montar as barracas para garantir a vaga dos montanhistas pagantes, por isso tente chegar o quanto antes e caminhe procurando áreas de camping “substitutas” das oficiais, para em caso de lotação voltar e dormir em um lugar alternativo;

- A travessia é repleta de marcações e toténs que ajudam e facilitam muito na navegação;

- O trajeto todo é bem demarcado, se você se manter na trilha principal é muito, mas muito difícil se perder;

- Da Toca do Lobo até a Pedra da Mina existem adesivos refletores da cor branca que ajudam na navegação; (Até final do inverno de 2014)

- Após a Pedra da Mina existe algumas fitas vermelhas e amarelas que ajudam na navegação;

- Os únicos dois pontos que você pode se confundir é na saída do Capim Amarelo e no final do Vale do Ruah, isso se estiver sem GPS e com um tempo muito fechado;

Serra Fina - Se o céu estiver aberto durma fora da barraca

Serra Fina – Se o céu estiver aberto durma fora da barraca

- Independente de quando for, caminhe com 99% do corpo coberto, botas, meias, calças, camisa de manga cumprida, luvas são essenciais, pois os capins e bambus cortam e castigam muito durante o trajeto, principalmente se você esta indo no ínicio da temporada de inverno. Se achar melhor leve até um óculos de sol e um chapéu.

- A melhor época do ano para visitar a travessia é Abril a Outubro, fora dessas épocas fique bem atento ao clima tempo e vá ciente que a chance de pegar uma tempestade é muito maior que na época indicada.

- Se o tempo estiver aberto durante a noite, bivake (durma fora da barraca), não perca nem um segundo do espetáculo do céu estrelado, com cadentes e a lua estalando no céu ;).

 

Dia-a-dia na Travessia Serra Fina

 

Agora vamos falar sobre cada dia da Travessia Serra Fina do primeiro ao quarto dia da forma tradicional:

 

Primeiro dia da Travessia Serra Fina

 

Vamos supor que você não pegou nenhum resgate e esta indo para Serra Fina no ônibus a noite com a intenção de iniciar a travessia pela manhã, eu sei que a ansiedade é imensa, mas tente relaxar no ônibus e avise o motorista da sua parada. Desca no Trevo e siga a via principal durante aproximadamente 13 km, após alguns kilometros você verá placas apontando o “Refúgio Serra Fina!” siga as mesmas.

Passando pelo Refúgio siga o único caminho e após alguns minutos você chegará a Toca do Lobo.

Aproveite esse momento para tirar fotos e fazer o seu café da manhã, se for utilizar água, ótimo, abuse da mesma.

O segredo desse dia é não ter pressa, você vai chegar no Capim Amarelo, você pode chegar em 3 horas ou em 10 horas, não importa o tempo, o importante é você chegar lá em cima curtindo o visual, então se cansar, pare e descanse!

 

Antes de iniciar a subida não pegue água na Toca do Lobo, suba com no máximo 1 litro por pessoa, com certeza será o suficiente para você chegar até o próximo ponto que fica acima da Toca do Lobo, fique atento nesse ponto que é bem claro, mas se você perde-lô ferrou-se, mas qualquer trilheiro com um básico de experiência consegue identificar esse ponto de água.

A trilha começa atravessando o rio da Toca do Lobo, a entrada do outro lado é bem nítida, os primeiros 100 metros da subida é ingríme, esta é a parte mais íngrime de toda travessia, quando passei por aí pela primeira vez pensei: “Se for tudo assim eu não vou conseguir!”, mas após alguns minutos a subida fica mais tranquila e você já terá um visual maravilhoso (se o tempo colaborar).

Continue pela trilha única e principal, sempre subindo, você chegará na parte da tradicional foto da Travessia da Serra Fina, aproveite e bata muitas fotos, pois o visual é lindo.

Aproximadamente na altitude de 1750 (se tiver com o GPS) ou no máximo 30 minutos após a parte da foto tradicional fique atento quando chegar em um plato descoberto de árvores onde cabe umas 6 barracas, você verá uma trilha subindo e outra descendo a sua direita (água), vá com cuidado para pegar essa água, você caminhará uns 30 metros e verá o seu último ponto da água deste dia, abasteça os cantis com o necessário, creio que 5 litros (no máximo) por pessoa é mais que o suficiente.

PS: Se você veio antes e chegou na Travessia Serra Fina a noite com a intenção de dormir na Toca do Lobo para iniciar a subida na manhã seguinte, adiante a subida até o ponto de água, fiz isso uma vez e ajudou e muito no dia seguinte, pois adiantamos 1 horinha de caminhada.

A subida continua praticamente com a mesma intensidade durante todo o tempo, o terreno é formado de pedras ou barro no meio de imensos capins cortantes.

 

Você terá um visual de vários cumes o Capim Amarelo é o mais alto deles, em um trecho, bem próximo ao cume você terá um lance simples de escalaminhada e um pouco exposto que acaba assustando um pouco algumas pessoas, mas vá tranquilo é um lance com muitas agarras e bem fácil de seguir adiante.

Se você chegou em uma rocha com vários de capins gigantes atrás, parabéns, você esta no Capim Amarelo.

Se o tempo colaborar você terá um belo visual daí e já terá visão completa do seu destino do dia seguinte, que é nada mais nada menos que a Pedra da Mina a 5º maior montanha do Brasil.

Lembre-se esse é o dia mais difícil da travessia, você terá muitos sobes e desces pela frente, mas hoje você ganhou muita altitude, daqui pra frente será mais fácil.

Se você chegou tarde no Capim Amarelo e o espaço esta lotado, você terá que caminhar até o acampamento Avançado que cabe umas 6 barracas espalhadas, você terá que caminhar aproximadamente 45 minutos até o camping, mas vá tranquilo pois 80% do trajeto é descida.

Independente onde dormir coloque todos celulares para despertar para você assistir o nascer do sol.

 

* Evite deixar apetrechos de cozinha e comida fora da barraca pois existem alguns ratinhos que devoram sua comida;

* Se informe com todo mundo que encontrar no caminho se muitos grupos passaram e pergunte onde cada um deles irão acampar, para você ter noção se haverá espaço para você e seus amigos;

 

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Segundo dia da Travessia Serra Fina

Pernas doendo né? Normal! Prepare um café reforçado, arrume as cargueiras e vai pra CIMA dela, pra cima da 5º maior montanha do Brasil a majestosa Pedra da Mina.

 

Se você esta derrotado e exausto e tem certeza que não irá conseguir, agora é hora de voltar!

Fique atento nessa parte pois existem algumas trilhas que levam você para outro lugar, saindo da área de acampamento fique atento na trilha a sua esquerda.

Encontrando a trilha siga a mesma, descendo e muito, essa parte é repleta de bambus e se o clima estiver úmido se prepare para escorregar, utilize os bambus para ajudar na descida e vá com cuidado, essa é uma das partes mais fáceis para se machucar e acabar com o seu passeio.

No fim da descida você entrará em uma mata mais fechada e úmida, você iniciará uma leve subida, fique atento aos toténs, você chegará a um local plano com capins tão altos quanto o do Capim Amarelo, você esta no acampamento Avançado.

Atravesse todo o capinzal e siga a única trilha que sai a esquerda por trás de todo capim (dentro do capim você terá inúmeras bifurcações que levarão a pequenas clareiras onde cabem as barracas, mas mesmo assim não tem como se perder alí, rodando 2 minutos você encontrará a trilha).

Pegue a mesma, você passará por uma parte plana com descida, você sairá da mata e chegará a uma área de camping bem grande a sua direita esse é o acampamento do Maracãnazinho, onde cabe várias barracas, chutando aqui umas 25 se bem organizadas.

 

Seguindo em frente você terá uma bifurcação, você terá a opção de ir reto ou pegar a esquerda, pegue a esquerda.

A subida continua por dentro da mata e você sairá em uma clareira gigantesca formada por rochas e lama, nesta lama existem vários sapinhos pretos e vermelhos iguais do Itatiaia. Siga em frente e você terá só mais uma descida até chegar no ponto da água do dia que fica na base da Pedra da Mina, se neste ponto você ainda estiver carregando mais de 1 litro de água, pode se livrar do resto ou dar para seus companheiros, pois a água esta próxima.

Desca seguindo os tótens por trilha batida até chegar na água.

Enfim água, aproveite esse momento para esticar as pernas, saciar sua sede e de fazer o seu almoço caprichado e até para se banhar.

Se você tiver a certeza absoluta que o cume esta lotado, você pode acampar na água ou em alguns descampados acima dela, porém recomendo arriscar e encontrar algum espacinho no cume e se o mesmo tiver 100% lotado, adiante a caminhada e acampe no Vale do Ruah que fica a 20 minutos (de descida) do Cume da Pedra da Mina.

Você esta na reta final do segundo dia. Abasteça sua água, creio que no máximo do máximo 3 litros por pessoa é o suficiente para beber e cozinhar lá em cima, pois no dia seguinte você terá água rapidamente.

 

A subida segue da mesma forma com uma única trilha, porém desta vez com mais rochas no seu caminho, siga os toténs e os adesivos refletivos que estão por toda parte, não tem muito segredo a subida é constante e entre 30 minutos e duas horas você estará no cume da 5º maior montanha do Brasil.

Se tiver sorte pegue as áreas de camping próximas ao livro que estão rodeadas de murinhos feitos por pedras ou desca para sua esquerda que tem uma outra boa área de acampamento (a mesma pega menos vento).

Assine o livro, leia suas histórias que são bem engraçadas ou inspiradoras e curta a sua noite na 5º maior montanha do Brasil (se o tempo colaborar).

* Esse dia é o 2º dia mais difícil em relação a desnível, os próximos dias serão mais tranquilos, porém seu desgaste físico pode pesar bastante;

* Deixe uma garrafa de água com pouca água fora da barraca e pela manhã veja se a mesma congelo;

* Amarre as lonas das barracas nas pedras espalhadas por alí, escolhas pedras grandes e pesadas pois em caso de tempestade elas irão ajudar e muito.

 

Terceiro dia da Travessia Serra Fina

 

Coloque todos celulares para despertar antes do nascer do sol, não perca esse espetáculo por nada nesse mundo! Ah você dormiu na base da Mina ou no Vale do Ruah? Faz um esforçinho e sobe no cume de novo, poxa você esta na Serra Fina!

Se o tempo estiver um CAOS e pessoas extremamente cansadas, recomendo que aborte pela trilha do Paiólinho (no final explicaremos a trilha do Paiólinho).

Todos felizes e firmes, ótimo! Siga o sentido que você chegou na pedra, sempre reto e você verá os tótens sentido o Vale do Ruah, se o tempo estiver muito fechado, pode até parecer um abismo eterno, porém pode seguir tranquilo que o caminho irá aparecendo dentro de toda a neblina. Siga os toténs e vá indo pelo seu lado direito tranquilamente.

Em poucos minutos você estará de frente para o Vale do Ruah, se o tempo estiver aberto você verá um “V” formado pelos morros no final do Vale olhando praticamente em linha reta quando chega nele, siga nessa direção, no “Vale do Ruah” existem várias trilhas, mas é só seguir sempre a direção indicada.

O Vale do Ruah é um lugar único no mundo, o lugarzinho fantástico, adoramos andar no meio de todo aquele matagal e se você der sorte ainda pegará muitos dos capins congelados pela manhã.

Próximo ao “V” a trilha segue beirando o rio (último ponto de água), quando não existir mais trilha beirando o rio, pare e abasteça os seus cantis, neste ponto aconselho levar no aproximadamente 6 litros de água pois você só terá água no final do próximo dia.

 

A trilha segue a direita subindo, tem uma árvore com uma fita vermelha que é fácil de se localizar, logo você encontra a trilha oficial, você subirá um pouco e seguirá por uma crista que oferece um visual TOP, mas também é uma das partes que mais judia se você estiver com as pernas de fora, pois os bambus estão prontos alí para bater na sua canela, se você esta indo no começo do inverno ou fora de temporada prepare-se eles estarão lindinhos para te machucar, se forem em alta temporada eles já estarão arregaçados para trás de tanta gente que já passou por alí, lembrando que uma calça e uma meia já é o suficiente para você passar por alí tranquilamente.

Essa parte é bem plana e possui várias áreas de acampamento, você terá uma subida tranquila até o Cume do Cupim do Boi. No cume você terá um belo visual do Parque Nacional do Itatiaia onde você consegue ver nitidamente aquela coroa do imponente Pico das Agulhas Negras.

A descida para do Cupim do Boi é bem nítida também por conta dos toténs que estão por todos os lados, se você tiver a informação que o Pico dos Três Estados esta lotado, você terá uma área de camping bem protegida entre o final da descida do Cupim do Boi e o inicio da subida do Pico dos Três Estados.

A subida dos Três Estados é meio escorregadia, mas nada fora do comum. Chegando ao cume dos Três Estados você verá as áreas de camping e o monumento em um formato triangular que marca a divisa dos três estados, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, lá de cima você também tem o visual do Parque Nacional do Itatiaia.

Coloque todos celulares para despertar para não perder o nascer do sol.

Aproveite para esticar as pernas e relaxar!

 

* Se o cume estiver lotado você pode continuar a descida que no máximo em 30 minutos de caminhada você encontrará outra área de camping;

* O Pico dos Três Estados tem sinal de celular;

 

Quarto e último dia da Travessia Serra Fina

 

O quarto e último dia é o mais tranquilo de todos é descida quase o tempo todo. Tome um café reforçado e siga a trilha descendo do Pico dos Três Estados.

Esse dia não tem muito erro, siga a trilha descendo e os tótens para se localizar, você terá uma única subida forte que é para o Alto dos Ivos.

Você perderá altitude muito rápido e logo menos chegará a uma mata mais úmida e fechada, neste ponto você já esta perto do final da travessia.

Dentro desse mato você pode seguir as fitas vermelhas ou simplesmente se guiar pela única trilha.

Quase no final da travessia você terá um ponto de água a sua direita, pegue a água se quiser, mas afrente após o sítio do Pierre na estrada entre o sítio e a rodovia tem mais um ponto de água.

Você chegará em uma velha estrada bem aberta, pegue a sua esquerda, siga adiante, pegue um pouco de água (se quiser) e logo chegará ao Sítio do Pierre.

Você pensou que acabou a travessia da Serra Fina né? Na na ni na não! Até o portão onde as vans chegam ainda tem um chãozinho e se o seu resgate estiver lá na rodovia pode colocar mais uma hora de caminhada.

Na descida corte pelo mato, não siga pela estrada se não você perderá muito tempo dando voltas, atravesse o portão e não se intimide com os cachorros.

 

Abortando a Serra Fina pelo Paiólinho

 

- A descida do Paiólinho saindo do Livro do Cume da Mina fica a esquerda e é repleta de toténs, não tem muito erro, só o local do resgate que irá mudar, então fique atento com o sinal de celular para comunicar o seu resgate.

- Não pense que a desistência é fácil, são aproximadamente 6 a 8 horas até o local do resgate e você terá dois pontos de água no percurso;

 

Informação Bônus (Para reflexão!)

 

Por que você quer conhecer a Serra Fina? Por que as pessoas querem fazer a Serra Fina? Por que julgam a travessia mais linda como a mais difícil? Quem pode julgar se ela é ou não é a mais difícil do Brasil?

 

A TRAVESSIA SERRA FINA É A MAIS DIFÍCIL DO BRASIL!

Não acredite em tudo que você encontra na Internet! Infelizmente muitas pessoas exageram nos perrengues e dificuldades porque querem se vangloriar e de coração espero que você não seja mais uma pessoa assim. Espero que realmente faça tudo isso por amor.

Quanto mais você ama, MAIS você prática e naturalmente, você ganha mais resistência física, psicológica e o melhor, faz tudo isso com o MAIOR PRAZER. NÃO SOU MONTANHISTA, NÃO SOU TRILHEIRO, NÃO SOU TREKKER, sou apenas um cara APAIXONADO pela natureza em geral, pelas sensações que ela me oferece, pelos momentos de reflexões, pelos momentos de superação física, psicológica e dos perrengues que me tornam uma pessoa melhor, pelos grandes amigos que tive o prazer de conhecer por causa desse amor, pelos visuais maravilhosos que já presenciei é por isso que eu subo uma montanha.

Desejo a vocês muita montanha com muito AMOR, aprendizado e momentos inesquecivéis.

Estamos abertos a debates, sugestões e correções, um abraço!

 

Quem quiser ver os relatos na Serra Fina segue os links da Serra Fina em 1,2, 4 dias e a vez que abortamos pelo Paiólinho:

 

Relato da Serra Fina em 24 horas:

http://coconomato.com.br/travessia-serra-fina-24-horas/

 

Relato da Serra Fina em Dois dias:

http://coconomato.com.br/travessia-da-serra-fina-em-dois-dias/

 

Relato da Serra Fina em Quatro Dias:

http://coconomato.com.br/travessia-da-serra-fina-em-4-dias/

 

Relato da Serra Fina em dois dias abortada pelo Paiólinho:

http://coconomato.com.br/travessia-serra-fina-em-dois-dias-abortada-pelo-paiolinho/

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Show de bola, um guia completo!!!

Uma única coisa que eu discordo, sobre abrir novas clareiras... claro, na hora do aperto, sem lugar pra dormir, a última coisa que pensamos é no dano ambiental.

Mas sempre que possível tente dormir nos locais já determinados, evitando abrir novos acampamentos. Nem que tenha que dormir na trilha, no meio de duas barracas, inclinado, torto, amontoado.

No mais, SF tá no caderninho faz tempo, uma hora sai.

PS: AH! Faltou a pázinha de plástico, item essencial para enterrar seu cocô no mato! :mrgreen:

:arrow:Regras para fazer as necessidades na montanha: Sempre fazê-las a pelo menos 50 metros de qualquer fonte de água e SEMPRE enterrar as fezes e papel higiênico.

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  • 2 semanas depois...
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Show de bola, um guia completo!!!

Uma única coisa que eu discordo, sobre abrir novas clareiras... claro, na hora do aperto, sem lugar pra dormir, a última coisa que pensamos é no dano ambiental.

Mas sempre que possível tente dormir nos locais já determinados, evitando abrir novos acampamentos. Nem que tenha que dormir na trilha, no meio de duas barracas, inclinado, torto, amontoado.

No mais, SF tá no caderninho faz tempo, uma hora sai.

PS: AH! Faltou a pázinha de plástico, item essencial para enterrar seu cocô no mato! :mrgreen:

:arrow:Regras para fazer as necessidades na montanha: Sempre fazê-las a pelo menos 50 metros de qualquer fonte de água e SEMPRE enterrar as fezes e papel higiênico.

 

 

Olá Luís, não sei se me expressei mal ou você leu errado rs rs, onde estamos incentivando a abrir novas clareiras? Me mostre por favor para corrigirmos!

 

Um forte abraço!

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  • Membros
Muito bom,

certamente ajudará muito a quem deseja fazer a Travessia!

 

E a reflexão final foi oportuna. É claro, relatos são fotografias momentâneas de dado lugar, mas não restam dúvidas que lemos muitos exageros sobre a Serra Fina na internet; alguns dignos de filmes de ficção, cuja entonação e palavreado deixa o lugar como o mais inóspito das galáxias...

Acho a Serra Fina uma pernada exigente, e quem se dispor a fazê-la seria altamente recomendável experiência em travessias e noções de orientação. Além disso suará bastante, mas o estado da rota está muito longe do ambiente quase intransponível que alguns teimam em pintar por aí...

 

Parabéns pelo texto e por dissecar o trem...

 

Obrigado pelas dicas e pelo apoio Francisco =)

 

Um forte abraço e vamos pra cima delas!

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  • Membros de Honra
- Se você for fazer a travessia tradicional em quatro dias ou em feriados prolongados se prepare para encontrar as áreas de camping lotadas, pois além de vários montanhistas, muitas agências enviam alguem antes para montar as barracas para garantir a vaga dos montanhistas pagantes, por isso tente chegar o quanto antes e caminhe procurando áreas de camping “substitutas” das oficiais, para em caso de lotação voltar e dormir em um lugar alternativo;

Eu entendo "substitutas" como áreas não utilizadas normalmente.

Mas volto a dizer, nada na vida é definitivo, e a necessidade pode nos obrigar a acampar numa área não "oficial". O importante é minimizar ao máximo nosso impacto na natureza, e acampar em áreas já utilizadas é uma maneira.

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