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Expedição Represa dos Andes - A saga


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Amigos haviam planejado essa expedição há tempos. A verdade é que eu não tinha muito ideia do local exato da expedição, tinha apenas uma leve noção que era próxima a Pedra do sapo / Pedra Furada. Iríamos realizar o grande feito no domingo anterior, mas por questão de logística abortamos. Sem desistir da missão, adiamos para o outro fim de semana. Realizaríamos a trip no domingo como havíamos planejado. Tudo certo, mas o clima não estava ajudando. Dias antes, o tempo virou, sexta, sábado e a madrugada de domingo choveu, imaginei q a expedição seria abortada novamente, mas para minha surpresa, essa hipótese nem foi cogitada pelos veteranos.

 

Estavam todos animados, mas eu estava com certo receio, já fiz alguns trekkings, agora expedição era uma novidade singular. Mata fechada, previsão de chuva, nenhum integrante da trupe tinha experiência no local, se não por mapas, croquis, pesquisas e afins, alto índice de sermos surpreendidos por algum animal silvestre q habita o local, não havia “O guia”, mas sim quatro expedicionários, enfim isso evocava muitos riscos, não poderia ignora-los, por isso refleti bastante sobre minha presença nessa expedição. Inexplicavelmente queria ter essa experiência e topei. O grupo era composto por 4 loucos hehe. Em primeiríssimo o mestre Albino Cesar, mas conhecido como Carioca, um sábio bombeiro e veterano na arte de se embrenhar no mato, um legitimo contador de estórias e histórias e detentor de informações valiosíssimas sobre sobrevivência na selva, em seguida Marcus Vinicius, biólogo, dono de um humor comicamente ácido, responsável pela maioria das piadinhas feitas na trilha, Marcus tem uma habilidade impar de compartilhar seu conhecimento com os menos informados, uma excelente fonte para se sugar informações sobre comportamentos de animais e afins, logo em seguida Vanderlei Junior, mas conhecido como Bueno, o jovem bombeiro, cheio de complexos e medos, mas uma pessoa extremamente solicita, sempre pronta a ajudar e por fim, mas não menos anormal eu... uma estudante de psicologia, apaixonada por montanhas e trilhas, avida por aventuras e que ainda questionava a não importância da sua presença nessa expedição, mas enfim as 07 a.m me encontrei com a galera, meio atrasada e mancado pq havia esfolado meu calcanhar em uma trilha um domingo antes (nada q uma caixa de bandeides não resolva). Pegamos a estrada Mogi-Bertioga e fomos em direção a nossa aventura, agora mais aliviados pois a chuva já havia cessado e os singelos raios de sol lutavam entre as nuvens para dar o seu ar da graça naquele dia.

 

 

Chegamos ao começo de tudo, Posto da Balança, estabelecimento localizado na Rod. SP- 98, deixamos o carro por lá, tomamos um café e começamos a pernada pelo acostamento da rodovia em direção a Biritiba Mirim, onde realmente começaríamos a tão esperada expedição. Como havíamos chegado cedo, mantemos um ritmo leve. Uma hora depois chegamos à entrada q daria para trilha, uma propriedade particular abandonada, conhecida como “Vereda do seu Geraldo” . O que bloqueia a entrada da propriedade é uma cancela de ferro, mas o acesso é muito fácil, sendo possível fazê-lo contornando o bloqueio, pulando ou dançando macarena, isso fica a critério do aventureiro, nós resolvemos contorná-lo. Por uma infelicidade do destino, após ultrapassarmos parcialmente o bloqueio, a barra de ferro desabou no pé do Carioca, eu estava atrás dele, ficamos todos preocupados, mancando o Carioca sentou se próximo ao bloqueio, agora já dentro da propriedade. Não sabíamos qual era o estrago que o impacto havia feito nos seus pés. Rápido nos juntamos p/ auxilia-lo, quando de repente um grito espontâneo ecoa “Caralho, uma abelha” era o biólogo, uma abelha o havia picado, automaticamente ignoramos este fato e voltamos a total atenção para o Carioca, q neste momento abria a mochila para pegar algo q aliviasse a dor, mas novamente outro grito e em seqüência outro, e por fim o golpe de misericórdia “ É um enxame, corre dessa porra!”

Eu não faço ideia de como eu atravessei o bloqueio, mas corri metros pelo acostamento da rodovia, eram muitas abelhas, o barulho era irritante, ensurdecedor. A minha frente o Bueno corria como um desequilibrado, sacudindo as mãos em movimentos frenéticos acima da cabeça, largando a cargueira pelo caminho, tirando as blusas, eu corria desesperada fazendo movimentos brusco, o q me incomodava não era nem as picadas em si, mas aquele barulho insuportável q elas emitiam ao pé do meu ouvido, atrás de mim corria o Marcus. A cena era incomum e me fez rir, mesmo em meio ao caos. Corri praticamente a maratona são silvestre, e as abelhas já haviam parado de zumbizar no meu ouvido e de me agraciarem com seus ferrões, quando me lembrei do nosso companheiro q ficou caído, com uma possível fratura no pé, limitado, entregue aquelas malditas criaturinhas de Deus. Meu coração apertou, deixei um soldado ferido, de pressa comecei a retornar, de repente eis que a Fenix ressurgi em meio ao enxame, (um alivio enorme) Carioca corria em nossa direção, corria não, mancava, em suas mãos uma blusa de frio q era utilizada pelo msm para espantar as abelhas, girando incessantemente sobre sua cabeça, e para coroar essa cena, os movimentos dele eram acompanhados pela trilha sonora de buzinas do carros q passavam a mil por hora pela pista. (a cena era hilária ::lol4:: hahaha) Depois q nos aproximamos do alvo das abelhas (Carioca) corremos mais alguns metros para longe do coitado... pois ele praticamente carregava o enxame de abelhas na cabeça. Quando estava em uma distância segura, gritei p/ os meninos pedindo ajuda, mas a resposta foi unanime “ O repelente esta nas cargueiras, largadas em algum lugar no acostamento da estrada” mil vezes merda, foi quando tive a "brilhante" ideia de espantar as abelhas com um desodorante spray q sobreviveu na mochila q eu carregava em meio aquela loucura.

(Dica: Dias depois, li que em hipótese alguma deve se usar desodorantes ou spray contra as abelhas, fazer movimentos bruscos ou tentar afugentá-las, elas ficarão agitadas e consequentemente iram atacar com mais frequência, ou seja não faça o que fizemos!!, p/ mais dicas confira este link: http://www.abc.med.br/p/301385/picadas+ferroadas+de+abelhas+quais+sao+as+consequencias+como+se+proteger.htm,

É evidente que raramente imaginamos ser atacados por um enxame de abelhas, mas escute meu conselho, as abelhas existem e estão por aí, e quando menos se espera elas atacam :roll: então é bom manter-se informado)

 

Enfim eu não sabia nada disso, assim q comecei a perfumar as bonitinhas elas se afastaram (talvez não tenham gostado da fragrância). Novamente o Carioca nos alcança, dessa vez agimos como leais parceiros de equipe. Espantamos algumas abelhas q insistia em persegui-lo e verificamos se estava bem. Ele havia sido picado por muitas, mas inacreditavelmente manteve se calmo, e riu de si msm e da própria situação. Concluímos q acabávamos de presenciar um milagre, pois o pé dele havia sido curado instantaneamente. Nada como um bom enxame de abelhas p/ sanar qualquer fratura hahaha. Gracinhas à parte, graças a Deus nós não somos alérgicos, mas a dorzinha latente dos ferrões era inevitável.

O Marcus estava equipado com remédios antialérgicos, adrenalina e etc, mas o uso não se fez necessário. Depois daquele “Bom dia” q recebemos da mãe natureza, retornamos para o inicio de tudo a Vereda do seu Geraldo. A pergunta parou no ar... abortar ou não? A resposta foi consensual, estávamos vivos e bens, então optamos por continuar a missão. Entretanto surgiu outro problema, não era possível utilizar a msm entrada novamente, a colmeia de abelhas estava muito próxima a cancela e as danadas estavam muito agitadas, tínhamos q arranjar outro método para entrarmos, e assim o Carioca o fez fizemos, descemos um morro ligeiramente íngreme a esquerda q dava acesso a propriedade e entramos.

 

Nem tínhamos iniciado a trilha ainda e situações épicas já haviam ocorrido, mas aquele sentimento de chegar ao objetivo nos motivou a continuar a saga. A trip de inicio é muito aberta, é uma estradinha de pedras, não utilizada há tempos. Alguns minutos dentro da propriedade e encontramos pegadas frescas, supostamente feitas por uma suçuarana, segundo o biólogo. Tal acontecimento me amedrontou bem mais q o ataque das abelhas. Mas tínhamos uma missão q agora eu já sabia ao menos qual era hehe chegar a Represa dos Andes e depois do auê q passamos, me senti obrigada a cumpri-la. Se um ataque de abelhas não fez retrocedermos, não seria eu a causadora disso. “Entramos juntos e iremos sair juntos. Se alguém por qualquer motivo retornar, todos voltaremos” disse o Carioca com sua sabedoria e cabeça cheia de ferrões rs. Prontamente eu respondi “Claro q não, vamos continuar”. Precisava fazer jus a bandeira feminina já q eu era a unica representante da raça naquele momento. Sim, eu já estava com o coração na boca, “suçuarana, o q é isso, meu pai do céu? ” eu pensei. As pegadas eram grandes parecidas com as de uma onça, mas logo fui acalentada pelas informações do biólogo sobre o animal. (Para alguém q assim como eu, fez uma associação irracional errônea do nome suçuarana com alguma espécie de aranha (espero não ter sido a única a fazer essa relação. P.S. Esta associação foi feita antes de ver as pegadas na trilha) sinto informar, mas não tem nada a ver. A Suçuarana ou Puma Concolor, conhecido também como onça- parda, Jaguaruna, Leão da Montanha e outros, é o segundo maior felídeo neotropical, carnívoro, se alimenta de gados, carneiros, ovelhas, cervos, sendo capaz de digerir até roedores e insetos. Tem hábitos noturnos e tem o comportamento solitário, evita contatos com seres humanos, e é raro relatos de ataque a humanos)

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Comemos carne enlatada com milho e legumes, carne esta q o Carioca fez propaganda o dia todo, eu não curti muito o gosto, mas me alimentei bem, afinal cavalo dado não se olha os dentes rsrs

Todos plenamente satisfeitos, voltamos p/ o grande impasse, direita ou esquerda. Optamos pela esquerda, e neste sentido havia muitos rastros de trilhas alternativas feitas por animais silvestres, um forte cheiro de urina (fato q rendeu algumas piadinhas) percebemos q estávamos em um território demarcado, hora de zarpa dali e assim fizemos, voltamos p/ bifurcação e fomos todos p/ direita, andamos e andamos. Havíamos combinado de q se até 13h30min. não encontrássemos a Represa ou um sinal de q estávamos na direção certa, retornaríamos, pois o relógio super, blaster barométrico do Carioca, apontava q iria chover. Já era 14 h. e pouco, envolvidos na trilha nem tínhamos notado q já havia passado da hora de retornarmos.

Sem saber p/ onde ir ou onde estávamos, com a probabilidade gigantesca de chuva forte na região resolvemos retornar.

A volta foi bem tranquila e rápida, o retorno foi em outra vibe, me senti como se já fizesse parte daquele ambiente, totalmente diferente da ida, q cada passo era uma exploração. Confesso que no retorno me senti até meio idiota por ter ficado tão apreensiva quanto a minha presença naquele lugar. A vida naquele local é tão autônoma que entendo nossa presença naquele dia como algo indiferente aos dinamismo natural. Os únicos seres q fizeram questão de expor seu protesto quanto a nossa presença foram as abelhas, maribondo e borrachudos.

Infelizmente não alcançamos o nosso objetivo, mas estamos com projetos e iremos retornar em breve p/ dar continuidade a essa grande experiência.

Este contato real com a natureza sempre me motiva a laçar-me ao inesperado.

Mesmo ciente dos riscos eu decido arriscar, pq intimamente eu sei q vai valer apena, sempre vale!

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  • Membros
Parabéns, show de bola a aventura e o relato.

Ataque de abelhas é muito comum no mato, por isso muito cuidado, pois pode ser fatal.

 

Hahaha eu q o diga, obrigada pelo conselho, Otávio Luiz. Fico feliz q tenha gostado.

 

Eu sei q aqui não é o local adequado, mas talvez vc possa me dar uma mãozinha... o que acha da mochila Trilhas & Rumos Crampon 60 lts ?

Vou comprar minha cargueira, mas estou desesperada, é muita informação, detalhes etc ::dãã2::ãã2::'> hehe

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  • Membros de Honra

Não é a melhor mochila, nem a pior...

Já deu uma olhada nas Quechua linha Simbyum? O legal das Quechua é que tem a linha feminina, acho um bom diferencial... lembrando que a morfologia feminina é diferente da masculina, nas mochilas reflete em barrigueira e alças diferentes.

Outra que vi e gostei foi a Alto Estilo, não sei se você vai achar fácil, é feita aqui em Curitiba.

Posta sua dúvida no fórum de mochilas, assim mais gente pode te ajudar.

Boa sorte!!! ::otemo::

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  • 1 mês depois...
  • Membros

hahaha obrigadão, Ótavio Luiz.

 

Realmente a linha da Quechua é show de bola, e Alto Estilo não consegui encontrar por SP =/, mas acabei comprando a Trilhas & Rumos 60 L. msm, já fiz 2 trips com ela (Petar -SP e Pico da Bandeira-MG) não é ruim, mas não é uma das melhores, desconforto com os ajuste nas costas, mas da p/ ir quebrando o galho e agora já estou pegando amor pela bichinha hehehe...

 

mas valeu msm pelas dicas ::otemo::

 

Abraços

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