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Serra Fina em 17h - A Travessia que merece respeito.


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Olá Mochileiros, estou aqui escrevendo mais um relato da nossa aventura desse sábado dia 24-06-2017, dessa vez foi a famosa Travessia da Serra Fina.

Antes da chegada da nossa tão aguardada travessia da serra fina, estávamos todos ansiosos pela data do dia 24-06-2017, Treinávamos toda semana - cada um fazendo seu treino particular e postando no grupo do WhatsApp para incentivar o outro.

Anteriormente fizemos a travessia Marins x Itaguaré, como podem ler nesse link: travessia-marins-itaguare-1-dia-otimo-treino-para-serra-fina-t143519.html.

 

Apesar de estarmos treinando firme e fazendo todos os planos, o "medo" da serra fina incomodava alguns do grupo. Às vezes eu me perguntava "será que eu vou dar conta de acompanhar a turma?", mas ao mesmo tempo eu queria fazer. Não para me sentir "o cara" ou "contar vantagem" para ninguém, mas eu queria por superação e por orgulho de fazer a serra fina com esse grupo. Quando eu digo "eu", referi-me a todos do grupo. Enfim, vamos ao relato.

 

Saímos de Santa Rita do Sapucaí 0:05 rumo a Passa Quatro e chegamos na cidade às 2:20 da manhã, o Diego da Trans Manti, com o qual combinamos o resgate, já esperando para nos levar até a Toca do Lobo, local do inicio da travessia. Chegamos lá às 3:20.

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Toca do lobo

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Como começamos bem cedo, não deu para tirarmos foto na clássica Crista da Serra, que é o motivo do nome Serra fina. Após passarmos pela Crista, começamos a primeira subida até o Morro do Cruzeiro. Logo depois passamos pelo primeiro local onde se pode pegar água, mas não pegamos, pois estávamos muito bem abastecidos. Fizemos uma pausa para comer e atacamos o Pico do Capim amarelo que, por sinal, é uma subida que exige um pouco de esforço. Chegamos ao topo às 6h20min.

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Lá em cima conversamos com um pessoal do Rio de Janeiro que estava acampado no topo e um integrante dessa turma nos disse que o Pico do Campim Amarelo era um termômetro - que se a gente chegou até lá, faríamos a travessia numa boa...Mentira! Vocês entenderão a seguir.

Depois do Capim Amarelo é descida e subida sem parar. Passamos por vários acampamentos base, por lugares cheio de barro preto chamado de charco, encontramos com outras pessoas e depois subimos mais até chegarmos ao Morro da Asa, onde pegamos um fôlego e partimos para o acampamento base da Pedra da Mina. Quando olhamos para cima e vimos a 4ª maior montanha do Brasil com os seus 2798 metros de altura nos esperando, bateu aquele desânimo - nessas horas que a gente começa a fazer reflexão das coisas. Estava eu e mais duas pessoas para trás e uma delas disse "não é possÍvel que temos que subir mais essa", e eu respondi "É meu amigo. No nosso dia a dia a gente toma decisões a todo momento. Se não quisermos ir à escola não vamos, se não quisermos ir trabalhar, não vamos e tudo tem suas consequências. Agora, quando se trata de uma travessia, não há opção - temos que subir sim essa e a outra, porque voltar não tem como "(fui filósofo, eu sei...hehe). Montanhismo é assim, um encorajando o outro, e fomos rumo ao topo. Chegamos lá às 10h20min.

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Lá no cume da Mina estava um rapaz da Staff porque, justamente nesse dia, estava acontecendo um evento lá chamado KTR, corrida de montanha. Ele nos deu um pedaço de queijo, que caiu muito bem por sinal. Descemos da Mina e passamos pelo Vale do Ruah, um dos mais altos do Brasil.

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Após abastecermos nossos reservatórios com água, caminhamos até o Pico da Brecha, um caminho, chato cheio de Capim Elefante atrapalhando a caminhada. Quando chegamos lá em cima, todos estavam cansados e exaustos, então logo pensei "o rapaz que disse que aquele pico era um termômetro nos enganou certinho". Descansamos 5' e partimos para mais uma subida - o Pico do Cupim do Boi - mais mata fechada com bambú e várias subidas. Chegamos às 13h40min.

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Descansamos um pouco e já fomos rumo ao Pico dos Três Estados (MG, RJ e SP) com seus 2660m. Estávamos descendo quando o GPS apitou - estávamos no caminho errado. Quando isso acontece na montanha, o psicológico de todos é derrubado. O corpo já estava moído de dor e tivémos que voltar um pouco. Entrando na trilha novamente fomos atacar o Pico Três Estados, quando eu parei e olhei o tamanho da montanha, eu entrei em choque, me deu vontade de desistir, pensei que não daria conta de subir e passou mil coisas na cabeça, uma delas foi que eu poderia prejudicar a equipe e que se eu ficasse lá iria morrer de frio à noite - esse último foi o principal...hehe.

Chegamos no topo dos Três Estados às 15h12m.

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Em cima do pico a turma desabou, para se ter uma ideia, uma parada de 10' era o suficiente pra gente pegar no sono, até o Nandão dormiu. Nessa hora eu pensei "a coisa está feia mesmo".

O próximo pico seria o Alto dos Ivos, outra subida desanimadora. Essa hora foi o momento de outros companheiros dizerem que estavam com vontade de chorar, estávamos acabados, mas chegamos ao topo às 17h10min.

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Perguntamos pro Nandão se seria o último lugar que iríamos subir e ele disse que sim, mas não era nada, haviam mais duas subidas - bem menores mas haviam. Depois de andarmos mais um tanto - e quando eu falo um tanto é um tanto mesmo - finalmente chegamos ao sítio do Pierre, onde o resgate estava nos esperando, isso era 20h30min. Quando vimos a Kombi, a alegria foi imensa, não tenho palavras para descrever a felicidade de todos, a gente podia sentar por horas e não por 5 ou 10 minutos...isso não tinha preço.

Chegamos na cidade Passa Quatro às 21h30min e em Santa Rita do Sapucaí à 0:00.

Considerações finais do relato: sem dúvidas, foi a trilha mais díficil da minha vida e de todos que foram, aprendi que o companheirismo é o principal em uma ocasião dessas e que o psicológico conta muito, porque chega uma hora em que o corpo já não aguenta mais e só o psicológico é que faz você não desistir. Mesmo treinando todos os dias, vimos que devemos respeitar a montanha, porque quem dá as cartas é ela e a gente tem que respeitar isso. Não tenho palavras para agradecer ao grupo que foi comigo, o companheirismo deles é 100% e a motivação nem se fala. Criamos um laço de amizade muito forte. Queria agradecer ao Diego que fez o resgate, uma pessoa muito gente fina e também ao nosso motorista oficial Edson, ele sempre está com a gente nas nossas aventuras. Obrigado a todos.

Às vezes, as pessoas nos perguntam o motivo de querer fazer isso. Sentir dor, passar frio ou até mesmo perguntam se a gente não tem algo melhor pra fazer. Para essas pessoas vai uma frase de um livro que eu li há um tempo, chamado "Mar sem fim" de Amyr Klink:

 

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.

Saída de SRS: 0h05min

Chegada em P4: 2h40min

Toca do Lobo : 3h20min

Alto do Capim Amarelo: 6h20min

Pedra da Mina: 10h20min

Cupim de Boi: 13h40min

Pico dos 3 Estados: 15h12min

Alto dos Ivos 17h10min

Ponto de Resgate: 20h30min

Chegada em P4: 21h30min

Chegada em SRS: 0h00min

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