Membros de Honra rafael_santiago Postado Março 4, 2012 Membros de Honra Postado Março 4, 2012 (editado) As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/130/Pedra_Grande_de_Quatinga_Mogi_das_Cruzes-SP_-_fev12. O tracklog está aqui: Pedra Grande de Quatinga.gpx Dar o nome de Pedra Grande a uma montanha realmente não é algo que se pode chamar de original. Basta lembrar que próximo à capital paulista temos a Pedra Grande de Atibaia, na Serra da Mantiqueira temos a Pedra Grande do Gomeral e mesmo dentro dos limites da paulicéia temos a Pedra Grande da Cantareira. Já tendo pisado em todas as citadas, uma nova montanha homônima entrava para a minha lista, a tal Pedra Grande de Quatinga, sendo Quatinga um bairro de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo). Pois a lacuna foi preenchida num recente sábado de muito sol. Desembarquei do ônibus às 9h15 numa Paranapiacaba incrivelmente ensolarada e de céu limpo. Para quem não sabe, a forte neblina é parte da paisagem dessa vila, que pertence ao município de Santo André. Em outras ocasiões em que lá estive, não conseguia enxergar as casas e os galpões ferroviários a poucos metros. Mas desta vez, aproveitando o tempo aberto, me fartei de fotos dos arredores e do Mirante do Vale do Rio Mogi, onde instalaram uma plataforma de madeira da qual se avista toda a serra até o litoral. Só consegui dar início à caminhada propriamente dita às 10h15 tomando a Estrada do Taquarussu, a nordeste, logo passando pelo portal do Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba e em seguida uma guarita com um vigia que controla o portão de acesso ao tanque que abastece de água a vila. Às 10h35 cheguei à entrada da Cachoeira da Água Fria à direita, onde funcionários da prefeitura recolhiam restos de um trabalho deixado ali, com roupas, velas e tudo mais. Minha discreta vontade de subir o riacho até a cachoeira foi reprimida pela obrigatoriedade de acompanhamento de um monitor já que o local é parte do Parque das Nascentes. Mais 10 minutos pela estrada cruzando com muitos grupos de orientais e passo pelo marco amarelo de concreto à esquerda que registra a divisa entre os municípios de Santo André e Mogi das Cruzes. Depois dele uma descida contínua até a simpática e minúscula vila de Taquarussu, aonde cheguei às 11h. O grande lago cercado por pinheiros é o principal atrativo do vilarejo e parece que todos os orientais, de todas as idades, foram fazer ali seu piquenique sabatino, com direito até a suave fundo musical de seu país de origem (desconfiei que fossem em sua maioria coreanos). Outro atrativo não menos interessante é a bonita Capela de Santa Luzia, muito bem conservada. Notei que muita gente abastece os cantis com a água das torneiras disponíveis por ali. Deixei Taquarussu às 11h30 e segui pela mesma estrada de terra batida ainda mais deserta, onde até o número de bikers diminuiu. Infelizmente a mata alta e fechada do começo deu lugar a árvores mais espaçadas e o sol passou a me cozinhar. Às 11h55 topei com uma bifurcação com placas no poste: à direita, o Camping Simplão de Tudo, e à esquerda, o Pesqueiro de Trutas Pedrinhas. Segui à esquerda por mais 350m e cheguei a um cruzamento de estradinhas com placas do pesqueiro me mandando seguir em frente (à esquerda iria para o bairro Quatinga sem passar pela Pedra Grande e à direita iria para o Simplão). Parte desse trecho de 350m é ladeado à direita por uma lagoa e na serra ao fundo já se tem a primeira visão da Pedra Grande, ainda sob a forma de um topo descampado, característico da sua face oeste. Seguindo em frente no cruzamento logo passo por um convidativo poção à esquerda da estradinha protegido pela sombra de altos pinheiros, um recanto bastante agradável, mas me limitei a algumas fotos apenas pois tinha muito chão ainda. Assim, às 12h40 alcancei o tal Pesqueiro Pedrinhas, onde bati palma mas ninguém apareceu. Por sorte, o morador de uma casa próxima me orientou quanto ao caminho. Cerca de 80m depois do pesqueiro deve-se entrar à direita numa estrada um pouco mais estreita e precária que termina diretamente numa casa com cachorros para alardear a presença de estranhos. A estrada termina mas, cruzado o riacho à direita da casa por uma tábua-pinguela, surge um caminho largo subindo. É o começo de uma subida constante em direção à Pedra Grande, que volta a aparecer cada vez mais próxima. Às 13h30, quando esse caminho largo já se reduziu a dois sulcos paralelos com grama e desenha-se uma suave curva à esquerda, uma trilha à direita serve de atalho. Mas, teimoso que sou, continuei pelo caminho mais largo à esquerda para conhecer. A referência para esse ponto de início do atalho é uma casinha que se avista uns 150m à esquerda. Continuando então pelos sulcos paralelos passo pela citada casinha, depois um portão com muitas hortênsias floridas, um lago à direita e outra casa onde um cãozinho solitário late à minha chegada. Mas o caminho parecia terminar ali e não havia ninguém nas casas para eu perguntar. Avancei ainda um pouco mais mas não encontrei saída. Valeu pela água abundante da segunda casa que matou a minha sede e me deu uma reserva preciosa para as próximas horas. No começo do retorno à primeira casa é que percebi a continuação do caminho numa curva ascendente em cotovelo, algo que passou despercebido na ida pois a curva era para trás. Subi até um portão largo e reencontrei às 14h08 o atalho que havia desprezado. Ele vem lá de baixo à direita e continua subindo à esquerda, para onde continuei. Mas não deu nem 50m que topei com a trilha de subida da pedra (à direita), mais estreita que a trilha do atalho e junto a uma cerca de arame farpado. De uma porteira próxima ao início da trilha pode-se ver o topo da Pedra Grande e sua face rochosa norte. Agora ia começar a parte mais difícil, depois de 14km de caminhada. Entrei na trilha às 14h18 (916m de altitude). Após 300m de subida suave, há um pequeno lamaçal e em seguida uma bifurcação: a trilha continua reta mas os troncos e galhos jogados no chão sugerem que se suba pela encosta íngreme à esquerda. E foi o que fiz. Como acontece nos picos em geral, à medida que subia a trilha ia ficando mais íngreme e o auxílio das mãos era necessário para impulso nos troncos. A subida acontece em sua maior parte em mata fechada na qual se avista em alguns momentos através do arvoredo a parede rochosa da pedra. Mas passado um bambuzal, a trilha sai no aberto e um longo trecho íngreme de capim ainda precisa ser vencido, no meu caso com o sol forte castigando. Enfim, às 14h48, com 30min cravados de subida, chego ao topo da Pedra Grande de Quatinga, com o gps marcando 1155m de altitude. A visão é magnífica, alcançando desde a Serra do Mar ao sul até a Serra do Itapety ao norte com a cidade de Mogi das Cruzes a seus pés. Além disso, grande parte do trajeto já percorrido e o a percorrer ainda. Aproveitei para explorar uma trilha que sai do topo na direção sul mas como meu objetivo era terminar a caminhada em Quatinga, desci uns 700m apenas e voltei. Mas essa trilha continuava, e bem marcada, e segundo informações que obtive por lá ela dá na Fazenda Matarazzo, que é o outro acesso à Pedra Grande, porém de passagem proibida. Depois de mais algumas fotos do cume, comecei a descida às 16h08. Um pouco antes da bifurcação do lamaçal há uma trilha que sai para a direita e deve levar a uma casa com piscina, a mesma da porteira junto ao início da trilha, mas soube que o dono é um policial que fica bastante irritado quando encontra invasores em sua propriedade. A placa "Entrada proibida - não insista" na porteira já sugere isso. De volta ao início da trilha e à porteira às 16h44, notei que voltaria a caminhar por uma estradinha deserta e coberta de capim de tão pouca usada. Olhando para trás ainda vislumbrei a grande parede rochosa da pedra por algum tempo. Passado o Sítio Só Alegria, parei para conversar com alguns moradores e pude matar a sede na torneira da casa de um deles. Depois disso, ou seja, nos últimos 3km, a estradinha alargou e começou o movimento dos carros que me fizeram comer um pouco de poeira. Alcancei a rua principal de Quatinga às 18h36, bem na hora do ônibus para Mogi. Após uma viagem de quase uma hora, saltei no Terminal Central, junto à estação Mogi das Cruzes, mas podia ter descido próximo da estação Jundiapeba se quisesse chegar mais cedo em casa. Total da caminhada: 23,1km em 8h20min. Dicas: . Para chegar a Paranapiacaba deve-se pegar o trem da CPTM para Rio Grande da Serra na estação Brás e descer no final. Numa rua transversal toma-se o ônibus intermunicipal para Paranapiacaba (R$2,90). . As linhas do Terminal Central de Mogi para Quatinga são C192 - Quatinga via Tomoki Hiramoto e C193 - Quatinga via Barroso. Do Terminal Estudantes sai a linha E395 - Taiaçupeba via Quatinga. A passagem custa R$2,90 e os horários podem ser obtidos pelo site www2.transportes.pmmc.com.br ou pelo telefone 0800-195755. Rafael Santiago fevereiro/2012 Editado Maio 21, 2013 por Visitante Citar
Membros mohamed Postado Maio 25, 2012 Membros Postado Maio 25, 2012 Beleza de trip cara parabéns, vou fazer essa mesma pedra no dia 02/03 de Junho.... O caminho que vc fez creio que não seja o mais facil para se chegar lá, mais valeu pela conquista. Na minha trip pra pedra espero poder acampar lá encima....vamos ver...tem algum lugar bom pra armar a barraca lá? Falow Citar
Membros de Honra rafael_santiago Postado Maio 28, 2012 Autor Membros de Honra Postado Maio 28, 2012 Olá, mohamed No topo tem bastante espaço, porém é totalmente exposto (ao vento) e boa parte do terreno é inclinado. Mas dá para acampar sim. Bom acampamento pra você e depois conta como foi passar a noite vendo as estrelas lá na Pedra Grande. Abs Citar
Membros Renato37 Postado Março 31, 2013 Membros Postado Março 31, 2013 Relato muito bem escrito e exclarecedor Rafael. Fui lá no dia 30/03/13, porém, ao ler seu relato (no qual imprimi a parte final entre o pesqueiro até a entrada da trilha) que se leva 3 horas de pernada para chegar até lá por estrada de terra, resolvi ir com minha moto, afinal, andar em estrada de terra não é mto minha praia, gosto de andar somente onde realmente interessa, ou seja, na trilha. Resolvi conometrar o percurso partindo do inicio da estrada do taquarussu até lá, descontando as paradas para pedir informação, que foram 2 no caminho. Levei 40 minutos até a entrada do atalho que corta caminho, me fazendo crer o qto é longe. Sai de Paranapiacaba as 11h00 e as 11h45 após estacionar a moto e pegar a mochila do bagageiro, entrara na trilha. Levei exatos 32 minutos para chegar até o cume, e fiquei lá por 1 hora. Não encontrei uma alma viva na trilha e nem no cume, achei que por ser feriado e o tempo bom, poderia encontrar algum grupo acampado lá no topo, mas o lugar é pouco conhecido da grande maioria mesmo, ficando limitado somente a trilheiros de anos de pernada ..... E só demorei 40 minutos para chegar até a entrada da trilha por causa da estradinha de terra que tava mó lamaçal a maior parte do percurso, por conta das chuvas dos ultimos dias. Foi mais dificil seguir de moto pela estradinha de terra ida e volta do que a subidona da trilha em si...Como já havia percorrido mto essas estradinhas de terra a pé em ocasiões anteriores (trilha que da a volta pelo meio, comunidade, cachu do banquinho e tobogan, entre outros), agora só faço ela no conforto de veiculos motorisados, que é outra coisa...rsrs As 14h00 iniciei a descida e as 16:00hs já estava na indio tibiriça voltando para Sampa...=) Parabéns pelo relato e o Mirante da Pedra Grande é um espetaculo a parte! Citar
Membros de Honra rafael_santiago Postado Abril 3, 2013 Autor Membros de Honra Postado Abril 3, 2013 Olá, Renato Muito bom que o relato foi útil e te ajudou a encontrar o caminho certo para chegar ao início da trilha. E o tempo, estava bom? Tem fotos? Abs Rafael Citar
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