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uma historia de 30 dias_pedindo carona na America do Sul


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Amanheci super cansado e com dor nas costas,a terra úmida da praça em San Pedro não havia me deixado dormir direito.20120417230205.JPG

 

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Comi as sobras da bolacha,e dei uma volta na cidade: como é rústica San Pedro,cheia das casa de barro e construções,é também uma cidade totalmente turística com seus vales ,salares;cercada da natureza ariada e incomum do Atacama.como não estava com dinheiro para conhecer as atrações turísticas que existem no deserto;fui rumo a aduana para entrar na Argentina,ali enfrentei um problema...o homem da imigração tava pedindo a identificação do meu ônibus:

 

_Estoy haciendo dedo,maestro.

 

E ele me disse que eu teria que estar em um veiculo identificado,então a solução seria pegar um ônibus ate a cidade mais próxima na Argentina;assim pelo menos cruzaria legalmente a fronteira,mais quando fui nas agencias estava tudo cheio, só teria vaga no ônibus em fevereiro,fiquei sem chão,então tentei os caminhoneiros na aduana mais nenhum quis me levar.

Estava prestes a agir de ma fé,anotei o nome de um ônibus que havia chegado,entrei na fila novamente e iria dizer que estava nesse ônibus,mais sucedeu que fui atendido por outro e quando fui dizer isso,ele já estava carimbando meu visto,acho que o outro agente falou aquilo só de sacanagem. então estou legalmente permitido a entrar nas terras argentinas,agora só me falta alguém para me levar.

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Pedir carona na cidade do Atacama, não e uma coisa fácil,por horas a fio esperei,os carros passavam cheios de gente,e os que passavam vazios, não ligavam para minha presença na pista,não obstante o Sol do deserto se tornava insurportavel;e havia mais de 30 caroneiros a me fazer concorrência

mais ali teria uma sorte grande para mim, tinha um grupo de Brasileiros,caras que não costumavam pegar carona,mais possuíam consigo uma carta unica,

 

eles era puxadores de zero(levam para um pais um veiculo novo dirigindo,e voltavam de onibus)mais San Pedro como eu mesmo havia verificado só havia onibus pra dali uma semana,a cartada a mais era essa,conversariam com algum caminhoneiro paraguaio,que eles sabia passar a tarde levando veículos semi-novos nas cegonheiras dito e feito,as 15:00 passa 3 cegonheiras do Paraguay,pararam na aduana e la foram meus companheiros de carona falar com os caras,estava combinado eles sairia de madrugada oferecendo para os brasileiros e para mim,a melhor carona que eu poderia desejar: centenas de quilometros vencidos a uma altura suficiente para ver os detalhes das paisagens e o melhor de tudo,sozinho com horas e horas de silencio absoluto para descansar,sem ter que dizer ou ouvir nada,pois as vezes o grande incomodo da carona e voce ter que ficar ouvindo o motorista por horas,para que ele se convença que nao foi uma ma ideia ter parado o veiculo para um estranho.

enquanto não chegava a iluminada hora,nos juntamos a um caminhoneiro brasileiro;e la o Ivan fez almoço para gente :um arroz com frango de um jeito que so existe no Brasil,fiquei o resto da tarde sem me preocupar com absolutamente nada,contei alguma historias da estrada e também ouvi algumas,mais a tarde apareceram alguns malucos que estavam fazendo um percusso parecido com o meu,indo da argentina rumo chile bolivia e todo resto,eram tres: França ,Argentina e Chile ,dividi um pouco de rapadura com eles,dei algumas dicas dos próximos lugares para se pedir carona,e lugares sossegados para acampar;trocamos sinais sinceros de boa sorte,e eles se foram.era empolgante para mim ver jovens de mente tão desprendida e iluminada,dava vontade de seguir com eles,mais percebi que eu não tinha meios de ganhar a vida nas ruas.um dia volto e nos veremos de novo.

voltei para nossos amigos brasileiros ,o motorista havia preparado um molho de salchichas ,o cara era gente fina,meio louco,mais disposto a ajudar sempre.depois disso disso ele se foi;e fomos ao encontro dos paraguaios,estava tarde e tivemos um receio que se confirmou... os caras estavam dormindo.tentamos sem sucesso acorda-los;a noite do Atacama era fria e seca,seria impossivel aguardar ate as 04:00 do lado de fora,então cada um se ajeitou em um carro,e no interior quente de uma Nissan,adormeci.

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Chegamos por volta das três da tarde em Jujuy,apesar de minha insistência com os paraguaio, eles me deixariam ali,não podendo me levar mais adiante,mais estava de bom tamanho, afinal haviam nos tirado do Atacama e nos levado por centenas de Quilômetros através dos andes,ali me despedi de toda a turma,do Ivan,do Velho,e de todo resto da galera,afinal dali eles pegariam um ônibus para Corrientes,e depois para o Rio Grande do sul onde estariam suas residencias.me sentei em um muro próximo a Autopista,refletindo sobre o próximo passo,afinal esperava que os paraguaios me levassem ate a fronteira próxima a Assunção.então decidi sair de "San Salvador de Jujuy" que era a capital da provincia e pegar um coletivo rumo Guemes,uma cidadizinha vizinha,e ir em alguma estação de serviço para tentar pedir carona,quando cheguei a rodoviária,para minha surpresa Ivan estava la,o restante dos companheiros haviam pegado o ônibus,mais ele estava sem dinheiro suficiente,então ele me propôs a mesma ideia que eu tive, só que muito melhor: iriamos pegar o coletivo ate Guemes e la havia um hotel que a empresa que ele trabalhava tinha convenio,eu me hospedei no hotel como Chofer da empresa de graça usando o nome"Sr.Juan Pablo Ferreira,Choffer". ::lol3::

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fiquei maravilhado com a oportunidade de tomar um banho de verdade,e depois de dias voltar a dormir em uma cama,tomei banho e dormi quase que de imediato,na manha seguinte,a gente foi ao pedágio e la depois de horas de espera por algum caminhão brasileiro,surge o Rodrigo um sulista brasileiro que me levou ate Resistência.

o Ivan tinha tirado a sorte grande,por que o rodrigo passaria praticamente na porta da casa dele.despedi da galera e me fui,muito gente fina esse pessoal da estrada, conhecê-los e oque faz a aventura valer a pena,do trevo de Resistência caminhei algumas horas pela estrada ate chegar a uma capelinha de "Gauchito Gil"

 

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Capelinha de "Gauchito Gil"

pelo que me contaram os caminhoneiros foi uma especie de Roobin Wood argentino,roubando dos ricos e dando aos pobres,procurado pela policia,foi pego por um rastreador em uma emboscada,nos últimos momentos de vida,pediu para ser morto com seu próprio punhal,antes de morrer disse ao seu assassino que filha deste estava muito doente;e a unica forma de salva-la seria pedindo perdão a ele ,na descrença do outro,gauchito foi morto amarrado as pés de uma arvore,o seu assassino tendo regressado ao lar encontra sua filha no leito de morte,e apos retornar e pedir perdão frente ao corpo sem vida de Gauchito teria a enferma se recuperado.

desde então se tornou uma personalidade popular entre os argentinos que constroem capelas vermelhas a sua homenagem e fazem pedidos de cura deixando cigarros,bebidas e flores sempre junto a bandeiras e fitas vermelhas.

 

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cumprimentando o velho espirito,e pegando alguns cigarros emprestados continuei seguindo meu caminho,ali perto havia um carro da policia rodoviária,os policiais me levaram por 5 kilometros ate um posto de gasolina,me garantindo que ali conseguiria carona.

logo que cheguei havia dois caminhoneiros argentinos:

 

_hola,cavalheiros,buenas tardes

_buenas tardes

_maestros,¿siguen Usteds,por la ruta rumbo assunçion ou Formosa ?

_si,vamos a formosa

_que bueno,,mira,estoy haciendo dedo rumbo assunçion,donde vuelvo a brasil,a casa de mi mama,entonces ¿usteds puedem me acercar de formosa?

_si,no tienem poblema,pero vamos nos quedar mas un rato aca

_si,entonces,voy buscar una botilha de agua e vuelvo

 

quando fui buscar água tinha certeza que havia conseguido,como foi rápido isso,mais então escutei barulho de motores;e quando sai eles haviam dado partida e fingiram não me ver

 

_perros safados,Hijos de una puta.

 

depois disso me veio novamente,o que eu chamo de a depressão da estrada, os carros vinham,ficavam para comer alguma coisa e iam embora,e para piorar havia um enxame de pernilongos me deixando irritado e cheio de bolhas,peguei meu repelente e na hora de aplicar;sem querer eu mirei um jato no meu olho,pronto agora estava com fome,sozinho,cansado e cego de um olho, um belo jovem que morava no posto havia me oferecido sua casa para passar a noite,estava em uma moto com sua filhinha,eu via uma bondade ancestral e imensa em seu olhar,mais eu não pude aceitar,meu desejo de sair logo dali era imenso,logo começaram a aparecer prostitutas e homens pervertidos,vi que não sairia dali aquela noite,comi o pão que veio junto com meu almoço e umas quitandas que um caminhoneiro havia me dado,peguei meu saco de dormir e ali mesmo do lado da estrada eu adormeci.

 

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Acordei minutos depois de ter adormecido,pois havia parado um caminhão ao meu lado,e seu dono estava conferindo o estado dos pneus com uma marreta,quando ele passou para os pneus que estavam ao meu lado,me perguntou:

 

_Chico,lo que haces?

_me quede aca desde temprano haciendo dedo,e hablando com los camiones,yo quero llegar a assunçion para ir rumbo Foz do Iguaçu,soy brasilero,pero estan todos llenos,ou no quiseram levar-me

_que lastima,buen estoy indo rumbo Formosa,se quires puedo acerca-te

_o si,graçiassssssss,vamos

 

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aquilo praticamente explodira em meu coração,e na madrugada Argentina,o peregrino pouco a pouco avançava para casa,ele me deixou em um posto de serviço em Formosa,onde de imediato dormi ate o amanhecer,e pela manha,com os primeiros raios de sol,bastariam 10 minutos para um Argentino de nome Michel, me levar indo justamente para Assunção,aquilo me soava divino e antes do almoço,o Andorinha estava nas "tierras del Paraguay" dali mesmo foi fácil conseguir carona ate Ciudad del este.

 

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senti a incrível sensação de voltar a minha pátria,era uma sensação de sucesso e conquista,o sol começava a se por quando cheguei a foz do iguaçu,fui a rodoviária e comprei um bilhete para cidade vizinha chamada "Santa Terezinha do Itaipu"vaguei pela rodoviária,e comecei a bater papo com um moto-taxista,quando contei que ia dormir na rodoviária,ele me disse que não longe dali eu encontraria um Albergue da caridade,onde eu poderia tomar banho,comer e dormir de graça,aquilo me soava extremamente agradável,principalmente quando ele disse que me levaria de graça na moto,fui muito bem recebido no albergue,pegaram meus dados (documento de identidade e exigência)e jantei,e tomei um banho quentinho para depois disso dormir em uma cama agradável,havia alguns moradores de rua no quarto,era incrível as historias que escutei deles. .pelas 06:00 o pessoal estava chamando a gente ´para tomar cafe e sair,pois as 07:00 o albergue fechava e voltava a abrir as 18:00.

voltei a rodoviária e peguei meu ônibus para S.T Itaipu,era domingo e pegar carona nesse dia como todo mochileiro sabe: e inviável.o sol logo começou a se por e não havia saído dali,fui a uma lan-house,de onde novamente receberia ajuda do grande "Léo Carona" :ali perto ele tinha uma amiga chamada "Maria Bona",ele entrou em contato com a família dela e pediu a eles para me darem hospedagem por um ou dois dias,

Maria estava viajando ,mais sua mãe e irmã me receberiam de braços abertos.

apesar de ter voltado confiante ao pedágio,o sol já estava se pondo e logo escureceu de vez,e eu sabia que naquele dia não chegaria a Corbélia,tentei dormir no pedágio ,mais a segurança disse que ali eu não poderia ficar,e como Santa Terezinha estava a 6 km eu não animei a voltar,então me encaminhei a 300 mts do pedágio,comi algumas bolachas e resolvi dormir ali mesmo debaixo de uma velha arvore.

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Acordei do mesmo jeito que havia dormido,e a unica diferença na paisagem da noite anterior,e que havia uma linha rósea no leste indicando que o sol nasceria logo,e tinha um gamba do tamanha de um cachorro olhando para mim,infelizmente na hora que ele percebeu que eu havia acordado ele correu em disparada em direção a arvore, não sendo possível sacar foto.como era segunda-feira;tinha certeza que seria fácil sair dali e em 15 minutos estava em um caminhão de constituição rural indo direto a cascavel.

em Cascavel-PR paguei R$2,00 um coletivo direto a Corbélia,tinha que explicar por que não havia ido na noite anterior,e tinha muita vontade de conhecer a "Maria".

foi fácil pelas indicações do Léo encontrar a casa dela.

Sua mãe se mostrou a mim,uma mulher de força e extrema bondade,ela e a irmã da Maria a "Gabriela" me receberam de braços abertos,a própria Maria não cheguei a conhecer,a família estava fazendo m almoço maravilhoso,e depois disso fiquei indeciso se seguia a estrada ou se passava um dia ali,meu cansaço estava me deixando frágil, já não levava a mochila com a eficiência de 10 dias atras,mais o desejo de chegar o mais rápido possível em arcos falou mais alto.

me despedi de Vera .e em 20 min já estava em uma carona,o motorista estava fazendo entregas na região,ajudei ele a descarregar varias mesas e ele me deixou em Ubiratan,de onde peguei carona ate londrina,e de la quase que imediato a Ribeirão Preto,agora vou buscar algum lugar barato para dormir pois essa noite não dormi nada para chegar ate aqui,e amanha cedo saio rumo a minha tão amada cidade.

 

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Acordei na madrugada de Ribeirão,e fui ao trevo tentar carona para Minas Gerais,com algum tempo de espera consegui uma carona ate Passos,ali eu já estava em estradas conhecidas,.pois Passos eu já havia estado antes,e estava perto de casa. não era nem hora do almoço e eu já tava indo para Formiga,minha terra natal.o motorista me deixou no trevo de Divinópolis;eu podia praticamente sentir Arcos atras dos cerros,aquele trevo já era um amigo intimo meu,pois houve um tempo em que ia sempre a Formiga de carona.ficando ali,em menos de 3 minutos eu estava indo para Arcos e nem havia começado a pedir carona.

 

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quando você volta a sua terra você percebe que ela não mudou nada,o que mudou foi você

você e a mudança,e cabe a você a obrigação de espalhar-la

 

"o ser humano e um nômade por excelência,somos livres,se fosse pra permanecer para sempre no mesmo lugar,

seriamos apenas uma diferente variedade de planta."

FIM.

 

 

 

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João paulo ferreira o "Peregrino Lunar"

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