Ir para conteúdo

De volta a Cusco e Machu Picchu, 24 anos depois (em 5 dias)


Posts Recomendados

  • Membros de Honra

No ano passado aproveitamos uma promoção e fomos rever Bogotá. A Avianca atrasou o voo de ida em algumas horas. O da volta tava atrasado tbm, e acabou cancelado. Como compensação, nos deram vouchers – e o melhor, na época eu tinha status alto na Star Alliance, ganhei um voucher mais alto ainda! Os vouchers tinham validade de 1 ano, para usar com a Avianca. Leia-se Avianca Internacional, não a brasileira que faliu. Bom, então as opções eram basicamente Colômbia ou Peru. E tinha de ser em feriado. Um antigo prefeito instituiu feriado de São Jorge no dia 23 no Rio. Enforcando o 22, isso deu 5 dias de feriadão em 2019. Ótimo para rever Cusco! E, claro, Macchu Picchu.


Estive em Cusco no meu primeiro mochilão solo internacional, em 1995. Fiz a trilha inca de mochilão pesado nas costas, armando e desarmando barraca. Sei que hoje em dia precisa reservar, pagar taxa e etc, mas na época bastava meter a mochila nas costas, dar um jeito de chegar ao começo da trilha, e... andar. O primeiro mochilão vc nunca esquece! Aliás, nenhum outro. Então, 24 anos depois, retornei. Katia nunca tinha ido, então seria a chance dela. Na verdade Cusco esteve no meu radar em diversos feriados de 5 dias, mas nunca rolava. Geralmente não era época boa de estar lá (Carnaval, fim de ano, etc.), por ser chuvosa. Abril já me parecia melhor.

Os voos que compramos tinham logística perfeita. Chegava em Lima e conectava logo para Cusco. Na volta saía de Cusco no fim de tarde e conectava logo em Lima para o Rio. Mas... a Avianca foi cancelando voos e reorganizando as conexões, sempre piorando. De modo que acabamos chegando no meio da tarde em Cusco e o voo de volta passou a ser de manhã, com o dia inteiro em Lima. Não havia alternativa, então assim foi.

Organizei +- assim:
D1 – chegar e curtir Cusco
D2 – taxi esquema patrão até Ollantaytambo, depois trem para Aguas Calientes
D3 – Machu Picchu, e volta para Cusco
D4 – explorar Cusco, rever sítios nos arredores (sobretudo Sacsayhuaman)
D5 - Lima

No plano original – com os voos e conexões originais – incluíam a rainbow mountain no dia 4, tendo o dia 5 ainda quase inteiro em Cusco e mais tempo no dia 1. Com as mudanças, e diante da incerteza do tempo para a rainbow mountain, acabamos cortando a badalada atração instagram. Fica para um retorno a Cusco, e que não leve outros 24 anos.

Compramos antecipadamente os bilhetes de trem de ida e volta para Aguas Calientes, assim como a entrada para Machu Picchu. Fico me lembrando de como cheguei a Machu Pichhu em 1995, no último dia da trilha inca. Havíamos dormido em algum alojamento e acordado para ver o sol nascer na Porta do Sol. Em algum momento pagamos nossa entrada. Naquela época havia muito menos gente, então era chegar, pagar e entrar. Hoje divide-se por horários. Horário fixo para pegar o ônibus de ida e volta, horário fixo para entrar e máximo para sair. A expansão mundial do turismo leva a mais organização e mais rigidez.


Relato

Dia 1
Chegamos em Cusco e pegamos um taxi para o centro. 20 soles, conforme havia lido. Chegamos ao hostel às 15hs, largamos mochilas e fomos passear.

Como é bom estar de volta em Cusco! Como é bom rememorar o primeiro mochilão! Aquela belíssima Plaza de Armas, felizmente parcialmente fechada para carros durante algum tempo do dia, aquelas igrejas cercando a praça, aquelas colinas ao redor, aquele clima meio que de montanha, aquela sensação de mais altitude, as ladeiras, as pedras. Além de Cusco, na sua parte central e turística, ser muito cosmopolita.

Nesse dia de chegada ficamos apenas rodando pela área a pé. Fiz câmbio, acertei com um taxi o esquema patrão para o dia seguinte – 200 soles para o dia todo, visitando Chinchero, Moras y Moray e até Ollantaytambo. Jantamos alpaca (achei nada demais, parece fígado), curtimos o vai-vem noturno, fiz massagem (saudável atração turística implementada na Plaza de Armas!) e fomos dormir.

 

Dia 2 
Acordamos cedo e às 7am lá estava nosso motorista Wilfredo nos esperando. Dia nublado. Depois de algum tempo, primeira pausa em Chinchero. Ideia era ir direto para o Parque, mas ele perguntou se queríamos visitar alguma produção de tecidos de alpaca – coisa que geralmente recusamos, mas nem sempre – e topamos. Fomos os primeiros a chegar. Foi bacana ver a diversidade de tipos de milho e batata. Bem legal também de ver a produção de cores dos tecidos. No fim das contas Katia comprou um ou dois cachecóis, os preços eram muito bons. Não tenho certeza se eram de alpaca mesmo, embora esteja dito que sim (e há inclusive um teste para teoricamente saber se é legítimo ou não), e no fundo pouco me importa.

 

 


 

Parada seguinte foi no Parque Chinchero, um belo lugar. Na verdade, visitamos as ruínas, não entramos na cidade. Consta que há vários mercadinhos por lá, mas não era nosso foco. Nas ruínas vimos vários grupos chegando e saindo, guias falando e tal. Estávamos sem guia, apenas curtíamos o visual.

 

 

Em seguida partimos para Moray. Que lugar! Trata-se de um complexo arqueológico com terraços circulares que, conforme se presume, serviam para estudos agrícolas. Olhando as fotos, achei que era bem mais fundo – muita gente fala que é melhor não descer para “não perder tempo”. Não achei perda de tempo algum descer! E até desceria uma 2ª vez, pra falar a verdade. No entanto, hoje em dia não se pode mais entrar na parte mais baixa, vc apenas rodeia.

 

 

Parada seguinte foi na salineira de Maras. E então o sol surgiu, espantando as nuvens. Lugar enorme, a salineira! E cheio. Há um circuito pré-determinado para percorrer e observar, enquanto as pessoas lá embaixo trabalham nas salinas. O caminho é relativamente curto e fácil de percorrer, embora estivesse lotado de gente no começo tirando fotos. Basta seguir adiante e tudo se acalma. Acho que boa parte apenas chega, bate fotos e vai embora, sem percorrer e observar aquela imensidão. Antes da trilha, várias barraquinhas vendendo coisinhas – uma delas era muito recomendada pelo Ricardo Freire, os chips de banana. Compramos alguns, de fato saborosos. Ah, a água evidentemente é salgada. (Com)provamos!

 

 

 

 

Seguimos então para Ollantaytambo. No caminho vimos um famoso hotel que tem cabines penduradas na pedra. Vc desce de tirolesa de sua habitação. Taí uma experiência bacana.

 

 

Em Ollanta, dispensamos o nosso motorista Wilfredo e ficamos por lá. Largamos mochilas na estação de trem e fomos rodar pela cidade. Como pulamos almoço, havia tempo de sobra. Curtimos muito o sítio arqueológico naquele fim de tarde (Ricardo Freire diz que o melhor seria pela manhã, mas era o que tínhamos). Fizemos todos os circuitos disponíveis, em meio a diversos grupos com guias e respectivas explicações. Nosso trem sairia de noite, então fomos buscar um lugar para comer e curtir o vai e vem. Arrumamos um na praça da cidade, que demorou mais de uma hora para trazer o prato (e eu avisando que teria de sair até tal hora para pegar o trem!). Felizmente deu tudo certo, e a comida era bem saborosa. Chegamos na estação de trem a tempo, e partimos para Águas Calientes.

 

 

 

 

 

 

Aguas Calientes me pareceu muito maior do que a minha memória gravou de 1995. Eu tinha na cabeça uma rua principal com algumas transversais. É muito maior. Tem muito mais concreto.

Em tese haveria alguém na estação esperando por nós da pousada que eu tinha reservado, mas não. Sempre saímos rápido e cedo (sem malas, amem!), então fomos direto para a pousada. Seguindo o maps. Demos um rolê pela área antes de dormir. Aproveitei para comprar os tickets de busum para o dia seguinte, 12 USD por perna. O conjunto da obra (bilhetes para MP, trem, ônibus) acaba saindo bem caro. Muito mais, aliás, do me lembro de ter pago em 1995 (ônibus de ida, entrada para MP, trem guerreiro de volta). Mas, enfim, é por uma causa muito mais que nobre. E, mesmo caro assim, cada vez tem mais gente querendo ir.

Todo esse trajeto entre Cusco e MP de 1995 meio que sumiu da minha memória. Lembro-me de ter agendado de ir numa van até o começo da trilha inca, junto com uma galera. Não passamos por atração alguma, e muito provavelmente passei por Ollanta, mas também não tenho qualquer recordação.

 

Dia 3
Acordamos cedo, 5 da matina. Nossa entrada era às 7, o busum sairia às 6:15. E não adianta achegar antes, vc só vai ficar na frente na fila do ônibus. A coisa parece meio não muito organizada, mas cada horário tem sua fila e tem a galera orientando e tentando organizar. Mesmo de madrugada, já tem muita gente por lá. Afinal, quem está em Águas Calientes é pq vai a MP. Seguimos o fluxo.

Pegamos o ônibus e lá fomos nós, morro acima. No caminho fui relembrando a trilha com seus atalhos – foi por onde eu havia descido, a pé, desde MP até a cidade. Tinha gente subindo dessa vez.

Chegamos e fomos para o aglomerado da galera das 7am. No caminho, recebemos várias ofertas de guias. Tinha lido que era obrigatório entrar com guia, mas que estavam flexibilizando isso. Preferimos entrar por conta própria. Passamos por eles e estacionamos na fila. Vimos que a galera que tinha ingresso para as 6am podia entrar até 6:59. Assim que deu 7, chegou a nossa vez.

Nesse ínterim, o sol nasceu. E, meus caros e meu São Pedro dos Viajantes, que sol!     Que dia para coroar meu reencontro com o ápice da viagem que marcou o meu primeiro mochilão! Céu azul, estalando, limpo. Obrigado, São Pedro! Mais uma vez! (vale lembrar que, verificando previsão do tempo alguns dias antes, estava com previsão de chuva para aquele dia).

Passamos pelo controle na entrada. Levamos nossos passaportes anteriores (com os quais compramos o ingresso), mas acho que nem precisava. Não precisa de guia, comprovamos. Não tem como voltar no circuito, e isso é importante saber. É monitorado/policiado pela equipe local. Claro, vc pode dar aquela recuadinha para foto, ou ver algo que passou e está logo ali atrás. Mas nada de andar para trás no circuito, vc será repreendido. Não há banheiros ou qq venda de comidas/bebidas lá dentro. Se vc sair (banheiro, comida), não pode voltar. Isso é imperativo, vimos gente reclamando sem sucesso. Lá fora tem banheiro por 2 soles. Nossa estratégia foi ficar a seco mesmo.

Entramos, e logo de cara já nos maravilhamos. O visual é mesmo estupendo. Com aquele dia então, nem sei o que dizer. Muita gente, sim, mas tem espaço para todos. Curtimos, admiramos, e logo desviei para a Porta do Sol. Foi lá onde cheguei quando fiz a trilha inca. Vimos o sol nascer e descemos até MP. Dessa vez fomos andando até lá. Mais pelo prazer de andar, de rever o lugar (para mim) e de curtir mais tempo naquele templo. Batemos lá, curtimos, e voltamos. 

A ideia era fazer o circuito completo, e assim fizemos. Ainda tinha a Ponte dos Incas (?), mas acabamos dispensando. Tomaria mais umas 2 hs, e tínhamos 4hs no total. Aliás, usamos quase todas as 4hs. Não sei sobre o controle dessas horas lá dentro, não transbordamos o nosso tempo. Há páreas fechadas para manutenção, mas o circuito segue um fluxo muito bem definido, com diversos mirantes e coisas muito interessantes de se ver – e, para essas paradas interessantes, aí vc precisa de guia mesmo.

 

 

 

 

 

Em 1995 eu percorri rapidamente a cidade e logo parti para subir Huayna Picchu. Lembro de ir sozinho, mas havia gente no caminho e lá em cima. Não tenho lembrança de desfiladeiros, precipícios, etc. que li em relatos recentes, mas nossa memória apaga coisas. Lembro do visual lá de cima, e do barato de ter subido aquela montanha. Naquela época não havia o controle atual, com número limitado e devidamente reservado de pessoas para subir. Dessa vez não fui, Katia não curte, prefere a cidade mesmo.

Depois de muito curtir, rodar, sem qualquer pressa – pelo contrário! --, encerramos nossa visita. Deu pouco menos de 4hs. Fomos para a fila do busum, e descemos. Ainda ficamos dando um rolê pela cidade, almoçamos, e pegamos nosso trem de volta de tarde.

 

 

 

 

Águas Calientes é um lugar mais caro que Cusco. Restaurantes ainda cobram 20% de serviço na conta. Ao menos os que verificamos. Certamente deve rolar algum esquema mais guerreiro e sem esses 20% para os orçamentos mais restritos, no entanto.

No restante do dia curtimos nosso retorno de trem (achei que o visual nem é tão assim) e van de volta para Cusco. Pegamos trânsito na volta para a cidade. E ainda demos um tradicional rolê noturno + janta em Cusco. Um dia de MP, relax em Aguas Calientes, e transporte de volta. Ficamos numa pousada histórica (e econômica!) mais perto da plaza de armas, cheia de motociclistas brasileiros.

 

 

Dia 4
Foi o dia reservado para caminhar por Cusco. Compramos o bilhete (30 soles) para as igrejas e saímos visitando geral. Do que eu anotei aqui, San Cristóbal, San Blas, Catedral e ainda 2 templos vizinhos. Ou coisa parecida, mas o barato mesmo é andar e curtir as ladeiras, construções, visuais e etc da cidade. Demos sorte quando estávamos na Catedral, pq começou a chover quando entramos e quando saímos já tinha parado. Catedral imponente, que não estava mais na minha memória. Da cidade de Cusco de 1995 eu me lembrava bem somente da Plaza de Armas, Sacsayuaman e Qenqo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Descolamos um tour na plaza de armas por 15 soles que nos levaria às ruínas nos arredores, que era o que queríamos. Passaria tbm em Qorikancha, que fica na cidade, então pulamos esse lugar no nosso passeio de manhã.

 

 

 

 

De tarde lá estávamos na plaza de armas para o passeio. Aliás, sobre esse passeio: há uma relativa diversidade de roteiros e preços. Verifique o que se encaixa melhor no que vc quer. Nós queríamos basicamente só o transporte para os sítios nos arredores.

Primeiro fomos para Qorikancha, que estava lotada. Naquele esquema de segue-o-guia-e-tenta-ouvir. O lugar é bacana e mereceria uma visita mais pausada. Ficamos lá um tempo e depois seguimos para o busum para conhecer os famosos 4 sítios dos arredores próximos: Qenqo, Sacsayhuaman, Puca Pukara, Tambomachay. Fomos em todos eles, curtimos o pôr do sol (sem sol) no Tambomachay.

 

 

 

Como eu faria com mais tempo: o tempo padrão do tour para Puca Pukara e Tambomachay está ok. Qenko talvez eu ficasse mais tempo. Mas Sacsayhuaman, mesmo sendo o local com mais tempo para curtir, eu entendo que demanda muito mais. Dia inteiro talvez seja demais, mas eu ficaria ao menos metade do dia lá. Eu ainda tinha na memória o esplendor que aquilo é, aquelas rochas monstruosas e precisamente entrecortadas num tempo longínquo da humanidade. Era o sitio mais impressionante dos arredores da cidade na minha retina. E reconfirmei, é mesmo.

Minha lembrança de 1995 é que eu fiz tudo isso de busum e a pé. Eu me recordo de voltar de Qenko andando, e cortando caminho pelo mato. Acho que fui de busum, ou de van alternativa (na época já tinha esse tipo de transporte por lá).

Na volta de noite demos nosso tradicional rolê de despedida da cidade. Cidade muito agradável.


Dia 5
Acordei cedo para dar uma volta pela cidade antes de ir embora. Tomamos o café e partimos para o aeroporto. Descemos em Lima e a única alternativa de locker para deixar as mochilas era uma bela de uma facada de 56 soles para o dia todo. PQP. 

Pegamos um taxi green (45 soles) para o Museo Larco, que havia nos faltado quando estivemos na cidade. O museu é um espetáculo arqueológico. Impressiona pelo acervo, e tbm pela excelente apresentação. E a descrição, as peças, a conservação (ou recuperação) delas, etc. Além de ter um belo jardim.

 

 

Pegamos um uber para o centro histórico, onde ficamos rodando por toda a tarde. Revimos alguns lugares, verificamos que agora a região fica fechada para carros, revimos a impressionante limpeza da plaza de armas e arredores (sem comparação com praças centrais brasileiras nesse quesito). Acho aquele centro histórico de Lima muito bacana de passear, muito bonito. Muitas igrejas para visitar, geralmente cobram 10 soles para entrar. 

 

 

 

No fim da tarde fomos curtir umas saideiras e depois pegamos um taxi para o aeroporto (uber tava mais caro). Aeroporto, voo de volta, etc. Dia seguinte já era batente novamente.

Mais um feriadão explorando algum canto!

  • Gostei! 4
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

@mcm  Salve Galera!! Que Relato Top,

Estou com uma duvida, Notei que vcs na volta sairam do aeroporto de Lima devido ao longo tempo de espera de conexão, vcs pagaram alguma taxa de retorno no aeroporto, pois li alguns relatos que saindo do aeroporto de lima em voo de conexão pagava uma taxa de retorno? vc sabe me informar sobre isso ? 

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...