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TRAVESSIA DO VALE DA MORTE

 

JANEIRO DE 2015

 

Vídeo da travessia:

 

Ao final, algumas dicas do que levar e comentários do que levei.

 

 

A minha primeira visita ao Vale do Rio da Onça, popularmente conhecido como Vale da Morte, foi no final de outubro de 2014. Naquela época, por falta de companhia e excesso de ansiedade depois de ver o vale a partir do ponto de confluência dos rios Vermelho, Pedra e Solvay numa outra ocasião, acabei indo sozinho e a experiência foi, digamos, estranha. Sempre que voltava a pensar nos dias que passei sozinho naquele vale me vinha um misto de sentimentos que me deixavam muito confuso. O Sol radiante, as águas cristalinas e os contornos dos morros verdes da Serra do Mar - era tudo incrivelmente belo e convidativo, salvo se você decidisse se deslocar por meio de toda essa beleza. É como o Diabo que te tenta a cometer um pecado pra depois te jogar nas profundezas do Inferno. Ali me deparei com um tipo de terreno hostil, com correntezas que com um passo errado te levaria pra uma queda d’água de 4 a 5 metros, vegetação agressiva que destruiu minhas mãos sem a proteção de um par de luvas e muita piramba com o solo macio, forrado de matéria orgânica que cedia a qualquer toque.

 

Os preparativos para essa mais recente travessia começaram há mais de 2 meses, quando conheci o Eduardo Loures, Bruno Dias Conde e o Luciano Lourenço. Eu falava em retornar ao Vale, porém com mais pessoas, e o Eduardo comentava que o retorno já estava programado para janeiro de 2015. Depois disso, conversa vai, conversa vem, o assunto começou a ficar muito esparso pela internet (Facebook) e começavam a surgir muitos trilheiros interessados na descida do Rio da Onça. Com o intuito de organizar melhor as conversas, criei o evento na rede social e deixei que a organização se desse de forma democrática - sugeria roteiros, horários e outras coisas e pedia a opinião dos que pretendiam participar, mas parece que esse povo tem uma dificuldade em se expressar. A maioria nem sequer digitou uma palavra para sinalizar qualquer coisa. Alguns, de última hora, anunciaram suas desistências e outros não se deram o trabalho de dar satisfação nenhuma. No final, de 22 confirmados, compareceram com o intuito de encarar o desafio apenas 6 pessoas: Loures, Bruno, Luciano, Masgrau, Thunder e eu. Além desses, o Kamal, que estava apenas de passagem, mas foi convencido pelo Luciano a nos acompanhar apenas com a roupa do corpo e uma sacola de loja de shopping, se juntou ao grupo, somando 7 pessoas que rumaram juntas da Estação Brás até o início da trilha.

 

Bom, como se nota, vou aproveitar a oportunidade pra fazer um relato misto, visto que não escrevi um para a travessia que fiz sozinho ano passado.

 

O plano inicial era acampar no topo da Cachoeira da Fumaça e, no dia seguinte, descer as sete quedas para posteriormente adentrar no Vale. Infelizmente um grupo de muitas pessoas que estavam a nossa frente também estavam se dirigindo para a referida cachoeira, então, a fim de evitar muvuca e desentendimentos desnecessários, mudamos o plano e decidimos acampar nas proximidades do Lago Cristal, do qual também é possível ter acesso ao Vale por um caminho igualmente agradável. Acordado o novo plano, iniciamos a caminhada já em meio a uma leve garoa, suficiente para em poucos minutos nos deixar quase todos encharcados. Alguns tentaram tomar providências para se protegerem da umidade, mas não sei se ajudou muito. O Eduardo costuma andar todo à prova d’água, sempre, com calça e jaqueta impermeável. O Bruno se enfiou dentro de uma saco de lixo e o Kamal deu sorte: ele que não havia trazido praticamente nada, ganhou uma capa de chuva descartável de uns caras que estavam ali colocando placas de sinalização para uma corrida que seria promovida no dia seguinte.

 

Caminhamos por cerca de 45 minutos até cruzarmos com uma clareira. Não haviam árvores boas para pendurar as redes, então, apesar de passar da meia noite, continuamos em direção ao Lago Cristal, onde possivelmente encontraríamos um lugar melhor para montarmos acampamento. Aqui o rio faz uma curva bastante acentuada, de forma que temos que cruzá-lo duas vezes para continuar a trilha, indo para a margem esquerda, atravessando uma ponta de terra e depois para a margem direita novamente. Logo nas primeiras vezes em que nos deparamos com o rio nessa trilha já havíamos percebido que o nível estava mais alto. Estivemos ali há pouco tempo e a altura da água tinha pelo menos o dobro da outra vez. Ocorre que, ao iniciarmos a primeira travessia para a margem esquerda, enquanto ajudávamos um ao outro a se equilibrar por conta da forte correnteza, repentinamente o rio começou a subir muito mais rápido. Era uma CABEÇA D’ÁGUA! Rapidamente nos deslocamos para a ponta de terra e analisamos a possibilidade em continuar em frente, visto que onde estávamos seria impossível ter qualquer noite de descanso digno. Mal havia espaço para nos acomodarmos no chão, quem dirá armar redes. Entramos na água, miramos as lanternas que sobraram para o outro lado do rio e nada da continuação da trilha. Minha headlamp já estava fraca, a lanterna do Bruno só era melhor que nada e o Eduardo havia perdido a lanterna mais potente dele alguns minutos atrás. O rio continuou ganhando força. Pedras grandes da altura do peito estavam sendo cobertas pela água e o Thunder continuava dentro do rio buscando a continuação da trilha. Mesmo se encontrássemos a vereda, seria complicado atravessar o rio como ele estava. Resolvemos aguardar na ponta de terra até que o nível da água diminuísse um pouco. Ficamos jogando conversa fora, alimentando a esperança, a última que morre, na expectativa de que o as águas se acalmassem ainda naquela noite. Não demorou para percebemos que isso demoraria muito tempo. O Eduardo é sempre inquieto, fica andando de um lado pro outro o tempo todo e se não tem espaço pra andar ele escala, cava um buraco ou abre uma picada com seu facão, mas não fica parado. O Bruno deu a ideia de subirmos uma piramba ao lado para ganharmos altura e não correr o risco de sermos levados pelo rio mais tarde. Juntou o útil ao agradável e terminamos a noite lá em cima, a uns 3 metros de altura de onde o rio estava levando tudo que encontrava pela frente. O Bruno, que pelo visto já está dominando as técnicas de sobrevivência avançadas com maestria, dormiu bem, sem passar frio ou sofrer com os insetos que rasgaram minha pele a noite toda. O Luciano e o Kamal se enfiaram dentro de um mosquiteiro e se cobriram com um plástico. O Rafael Masgrau e eu nos cobrimos como pudemos. Ele pegou até o saco de dormir e eu me cobri com um saco plástico e depois com a capa de chuva da mochila. No meio da noite acordei com uma tremedeira danada. Não enxergava nada e estava com muito frio. Acho que era princípio de hipotermia. Imediatamente peguei meu kit de primeiros socorros com a ajuda da lanterna do Bruno, um daqueles que todo site de atividades outdoors dão extrema importância, mas que ninguém leva pro mato. Tinha um adesivo que poderia ser dividido em dois e que, em contato com o ar, esquentava de forma a auxiliar na recuperação da temperatura do corpo. Colei-os de baixo dos braços e comecei a fazer uns exercícios toscos pra aquecer o corpo. Troquei a roupa que estava encharcada por uma seca e prometi nunca mais dormir de roupa molhada. Felizmente me recuperei e voltei a me enfiar na capa de chuva da minha mochila que estava usando para me proteger do vento e da chuva. Foi uma noite horrível, mas que sirva de lição para as próximas.

 

A luz começa a ofuscar os olhos, mas o sentido que alerta a hora de acordar é a audição. As cigarras não perdoam e nos primeiros raios do Sol elas tratam de acordar qualquer um do mais pesado sono. Bom, na verdade foi só eu que acordei e comecei a falar sozinho até que os outros foram acordando, um a um. Tive uma noite miserável e espero nunca mais passar por isso. Subestimei o frio e acabei sofrendo um bocado, mas o dia se mostrava promissor e logo fui me arrumando para sair daquele barranco onde nos enfiamos para fugir das correntezas furiosas que a chuva trouxe no dia passado. Logo percebemos que haviam pessoas acampadas lá embaixo, na clareira que ignoramos na noite passada. Era uma lona azul já conhecida. Era o Eduardo que havia voltado para lá e havia montado sua rede e dormido como um rei em plena guerra (falei que ele não aguenta ficar parado por muito tempo). Notei que o Thunder também não estava entre nós, então deduzi que ele deve ter se deslocado pra outro lugar a fim de se acomodar melhor e foi isso mesmo.

 

“Desmontamos o acampamento”, tomamos um café rápido, comemoramos o aniversário do Bruno que ficou mais velho nessa semana e ficamos uma hora discutindo o rumo dessa aventura - iríamos voltar para nossas casas e ficaríamos contemplando os temporais previstos para aquele final de semana ou continuaríamos arriscando nossas vidas nesse vale que é um dos mais difíceis da região para se transpor, depois de sermos quase engolidos por uma tromba d’água e dormidos na pior condição que eu já estive em toda a minha vida e em meio à previsão de tempo totalmente desfavorável. O caminho de volta era tão fácil e a insegurança de alguns, inclusive a minha, tornava o retorno tão atrativo. A luz permeava as folhas úmidas da floresta enquanto uma rala neblina bloqueava a visão do outro lado. O céu estava aberto em uma parte e algumas nuvens prometiam mais chuva a qualquer momento e eu não duvidava nem um pouco que se chegássemos no fundo do vale um dragão de águas violentas iria nos devorar e triturar nossos ossos em poucos minutos de chuva. Depois de muito debater o bom senso reinou - tinha um pouco de Sol, então continuaríamos a travessia!

 

Voltando a caminhada, em poucas passadas chegamos ao Lago Cristal que não fazia juz ao nome naquele dia. Estava barrento, com a água completamente turva. Sem mais delongas, continuamos. Nesse trecho ainda há uma trilha batida de fácil navegação. As cachoeiras começam a surgir pelo caminho, indicando uma inclinação maior do terreno e junto a trilha batida vai desaparecendo, dando lugar a caminhos de pedras, rastros de deslizamento dos dias anteriores e pequenos afluentes que em dias mais secos desaparecem. O terreno se torna bastante acidentado, mas ainda de fácil deslocamento. Passamos pela Queda das Andorinhas onde apenas notamos sua presença e continuamos em frente - a pausa estava prevista apenas para depois da Garganta. Até o “Portal do Vale” passamos por diversos poços que em épocas de tempo ameno são cristalinos e ótimos para um banho, mas estavam turvos e com águas ligeiramente mais volumosas em razão da precipitação do dia anterior. Algo em torno de 50cm a mais que da última vez que estive ali. A título de comparação, postarei duas fotos do mesmo local, mas em dias diferentes para que possam verificar que não estou exagerando. Vamos vencendo as correntezas e os obstáculos ajudando um ao outro e às 09h12 chegamos ao “Portal do Vale da Morte”, um monólito do qual é possível ter uma boa visão do início do Vale até os primeiros e maiores cânios do Rio da Onça. A partir desse ponto o nível de dificuldade sobe por tratar-se de um local onde três rios se juntam para formar um maior, que corta a Serra do Mar até o Rio Mogi, próximo a cidade de Cubatão, cavando diversos buracos nos enormes blocos de rocha pelo caminho em forma de cachoeiras e cânions. Continuamos pela margem aparentemente menos exposta e vamos cruzando o rio conforme a necessidade, sempre ajudando um ao outro para que ninguém seja levado pela correnteza ou sofra um acidente.

 

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Mais uma hora de pulação de pedras e chegamos à “Garganta do Diabo”, um cânion gigantesco que em época de tempo bom é possível pular de uma altura de uns 10 metros para seu interior e depois subir de volta pela encosta ou continuar descendo pela água se você for muito maluco. Após atingir o início do cânion, é necessário escalar uma rocha do lado direito, após a qual surge uma vereda que da acesso a uma clareira boa para acampamento e ao topo da encosta do vale de onde é possível mergulhar em seu interior. Como a chuva do dia anterior foi muito forte e havia grande possibilidade de a água ter levado troncos e galhos de árvore para o interior do vale, colocando em risco a integridade daqueles que pulassem para lá, resolvemos que não era uma boa ideia saltar dali naquele dia e ficamos apenas contemplando sua beleza e imponência.

 

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Depois de tirar umas fotos e fazer umas filmagens, lamentamos a quantidade de lixo abandonada ali e continuamos a caminhar sempre pra baixo, perdendo altura, sempre acompanhando o fluxo do rio. Alcançamos uma grande queda d’água após a Garganta do Tinhoso onde nos deparamos, mais uma vez, com um cânion cabuloso que começa com os paredões laterais com inclinação de uns 30˚ e ficam mais inclinados até que depois de nada mais que uns 10 metros seguindo as correntezas, que viram para a esquerda, ficam super inclinados e impossíveis de serem transpostos beirando o rio. Aqui nos separamos em dois grupos e nos deslocamos cada um de um jeito diferente. Uns foram até onde era possível pela rocha que beirava o rio, agarrando-se nas agarras disponíveis até que a inclinação não permitisse mais seguir em frente, apenas subir para cima para depois entrar no mato. Outros, incluindo eu, voltaram um pouco até o mato e se embrenharam novamente para continuar por cima, sem perder os outros de vista.

 

A trilha segue até uma pequena cachoeira a qual acessamos utilizando corda. Ancorei numa árvore aparentemente firme, coisa difícil por estas bandas, e desci uma rocha de uns 4 metros de altura e cheia de limo, tornando-a super escorregadia. Anda-se mais poucos metros, após o rapel de pobre, e chegamos ao “Panelão”, famosa Cachoeira do Anubis. Trata-se de um buraco com uns 15 metros de diâmetro esculpido na rocha onde desaguam duas cachoeiras lindíssimas e imponentes. Parada obrigatória para apreciar essa obra da natureza. Há relatos de pessoas que descem desescalando as paredes pelo lado direito, mas sem cargueiras. Então fomos pela caminho “tradicional”, jogamos nossas cargueiras para o lado esquerdo do rio, atravessamos a correnteza com cuidado e ajuda pra não ser levado pro Panelão e virar sopa de gente moída e iniciamos a subida de uma piramba - a primeira de muitas - para contornar aquele enorme poço. A subida foi mais tranquila que da outra vez que ali estive. A vegetação estava mais firme, porém a umidade deixada pela chuva da noite anterior tornou o solo muito escorregadio, tornando árdua a subida para alguns. Na medida em que se ganha altura, aumentam a quantidade de cipós que se enrolam em qualquer ponta sobrando nas mochilas e dificultam ainda mais a subida. Alcançado o cume do morro a visão recompensa. Nesse dia a neblima já ameaçava bloquear qualquer tentativa de contemplar o litoral, mas ainda pudemos dar uma bisbilhotada no mar e no emaranhado de rios que iam em sua direção. Como a subida foi longa, nos acomodamos em meio ao mato denso daquele lugar e retomamos o fôlego para a descida. A partir daqui começam a surgir os malditos vegetais cheios de espinhos que destriuiram minhas mãos da outra vez. Cheguei em casa com as mãos parecendo dois pãezinhos de tão inchadas, pois não havia levado luva. Desta vez me equipei com uma luva de couro e fui agarrando em qualquer coisa que servisse de apoio para não sair rolando o barranco abaixo e terminar, possivelmente, jogado de um penhasco para o além.

 

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Na descida, interceptamos um afluente e o seguimos até alcançar o rio novamente. Esse trecho pode ser um pouco complicado de ser vencido se a água estiver muito forte. Pode-se varar mato por mais um tempo até contorná-lo ou ir pulando de pedra em pedra, com muito cuidado, pelo lado esquerdo, como fizemos. O progresso pela água não dura muito mais que 30 metros de deslocamento e temos que alcançar o lado direito do rio para voltar a varar mato pelas encostas super inclinadas e com o solo traiçoeiro que cede com muita facilidade, por isso qualquer coisa ao alcance das mãos são bem vindas para não deslizarmos piramba abaixo e causar um acidente. Galhos, troncos caídos, bromélias - era tudo agarra naquela hora. Na medida do possível, sempre tentávamos retornar ao rio e varar menos mato, mas não tardava a termos que nos embrenhar novamente na mata. A essas horas o Bruno aponta para o céu e me lembra da previsão de tempo. Sim, ainda não havia chovido naquele dia, mas tudo indicava que não faltava muito. Tivemos o dia inteiro de Sol com algumas nuvens nos agraciando com uma boa sombra, mas as nuvens começaram a adquirir aquela tonalidade cinzenta que os trilheiros adoram. Além disso, já era quase 15:00 e ainda não tínhamos arrumado um bom local para acampar. O plano era chegarmos a Cachoeira do Pé de Limão e nas proximidades dessa queda montar o acampamento, porém acabamos desviando o caminho e passamos batido por esta pequena e bela cachoeira. Da outra vez lembro de ter tomado um café na sua base que lembra uma prainha, com areia fina e poucas pedras, diferente de qualquer outro lugar naquele vale. Infelizmente não vou saber dar as coordenadas para acessá-la.

 

Como a situação não estava muito boa em termos de tempo, apesar de ainda termos algumas horas de luz, o Eduardo, o Bruno e eu entramos no “modo emergência” e aceleramos o passo, rasgando o mato das encostas, subindo e descendo barrancos até perder de vista os outros participantes. Em meia hora cruzamos com mais um afluente e logo ao seu lado uma área plana, grande o suficiente para acomodar muitas barracas e redes, mas que estava com o solo barrento, dificultando um pouco a vida dos que iriam dormir no chão. Perfeito! Tínhamos água próximo e um local plano para acampar, com árvores com copas generosas para nos proteger da chuva. Gritamos um tanto para sinalizar onde estávamos e esperamos mais alguns minutos até que o restante nos alcançasse e iniciamos a montagem dos nossos lares daquela noite. Eu ainda tenho uma dificuldade danada em armar a minha rede. Apesar de ter aprendido uns nós muito bons, ela ficou horrível e depois de uma ajuda do Bruno fiquei extremamente confortável. Montei o toldo de forma que um dos lados ficasse mais alto, possibilitando que eu cozinhasse debaixo com mais conforto. Segui a dica de um amigo e levei linha de pesca para algumas coisas e é uma boa ideia. Só não ficou bom pra suportar o toldo, mas pra amarrar suas pontas ficou ótimo. Não absorve água e é mais leve.

 

Acampamento armado, tratei de tomar um banho no afluente ao lado que contava com uma pequena cachoeira e iniciei o preparo da janta. Como não sou desses de fazer miojo, todo o processo demora uns 30 minutos ,ao invés de 3, e acabo carregando uns 2Kg a mais, mas eu não fico sem uma boa alimentação no final do dia de jeito nenhum. Até levo dois pacotes de miojo em todas as trilhas que faço, mas para uma situação emergencial. Cozinhei uma batata com arroz e fritei duas calabresas com muita cebola e alho. Nada muito original, mas era comida e deu pra encher o bucho. Logo após a janta cai pra dentro da rede, me enfiei dentro do saco de dormir pra me esconder dos mosquitos e tirar o sono que não pude na noite passada.

 

Na manhã seguinte, acordei muito cedo ao som das cigarras, novamente, mas todos os outros já estavam de pé fazendo seus cafés da manhã ou desmontando suas redes. Eram 6:00, mas pra quem foi dormir antes das 20:00 era um bom horário. Passei frio novamente. A parte que deixei mais alta do toldo permitia que todo o vento gelado passasse por mim levando o calor do meu corpo. Mais um aprendizado aqui. Tirando isso a noite foi boa. Fiz um suco de limão com a água gelada da cachoeira do tributário ao lado e adocei com mel. Me alimentei, escovei os dentes e às 08:10, depois de muita enrolação, voltamos a caminhar rumo ao Rio Mogi. Parece que está virando costume nosso enrolar muito após acordarmos. O Eduardo e eu sabíamos que não faltava muito e que esse dia seria mais “light”, mas deixamos que o restante descobrisse por conta própria. O terreno fica visivelmente mais plano e ganhamos metros com muito mais facilidade. Se no dia anterior tínhamos que transpor uma cachoeira de 5 a 10 metros a cada 10 metros de deslocamento, nesse dia conseguíamos caminhar uns 30 a 50 metros sem que um penhasco nos interrompesse, apenas algumas pequenas quedas de até 3 a 4 metros de altura.

 

Não foram mais que 30 minutos de caminhada e, ao escalarmos uma pedra para transpor um cânion e entrar na mata, de repente o Eduardo volta gritando “RECUA! RECUA!”. Na hora me lembrei da vez em que nos deparamos com uma jararaca na Trilha do Sistema Funicular e o Luciano ameaçou mexer com o bixo e eu, cabaço que sou, tratei de me distanciar o máximo que pude com medo da peçonhenta vir nos atacar. Não deu outra - era uma jararaca e das mais grandes. O Thunder tirou ótimas fotos da criatura e poderão notar que essa era das grandes. Passado o susto, resolvemos nos desviar do caminho, pois ela insistiu em permanecer no lugar. Acho que até ela estava convencida de que era grande demais pra míseros sete mateiros ameaçarem seu território.

 

Às 08:45 cruzamos com uma sequência de duas cachus de um tributário do Rio da Onça bem gostosas e fizemos a primeira pausa pra nos refrescarmos. Com um poço raso e cristalino alguns molharam o corpo, já que o Sol prometia nos condenar com muitos cânceres naquele dia que a mídia burra e manipuladora anunciou tempestades. Ainda bem que somos todos revoltados e não acreditamos nesse tipo de bobagem. A partir daqui começamos a nos deparar com vários poços, todos com a água ainda turva, mas que me pouparam de fazer tanto esforço quanto os outros - aproveitei minha mais recente aquisição, uma mochila estanque, e fui me jogando de poço em poço a deixava que a correnteza me levasse. Foi ótimo, além do frescor da água, podia assistir aos meus amigos pularem sobre as pedras e transporem os obstáculos da forma mais desgastante. O Luciano, que não estava com uma mochila impermeável, mas que era pequena suficiente para ele não se importar em molhá-la, me acompanhou e também veio com a ajuda das correntezas que naquele trecho se tornam mais brandas.

 

Enfim, às 09:15 chegamos em um dos poços mais legais. Uma super piscina natural com direito a hidromassagem e um pequeno escorregador. Ao avistar suas águas, os mais acelerados Bruno e Eduardo jogaram suas cargueiras e saltaram nas águas marrons daquele lugar que é um marco desta travessia. Um daqueles lugares em que todos concordam que valeu a pena todo o esforço, os machucados, as picadas e o risco que assumimos ao entrarmos na trilha a dois dias atrás. Os mais sossegados logo repararam na presença de uma pequena cobra que, assustada com nossa presença, também saltou no poço e fugiu dali sem causar muito alvoroço. Ficamos uns 40 minutos nesse poço nos deliciando com suas águas. Tiramos muitas fotos e filmei muito. Subimos em pedras pra pular na água. O Luciano sempre com mais destreza que nós pra saltar na água. e retomamos a caminhada, pois eu sabia muito bem que ainda haviam três cânions um pouco mais complicados pela frente e depois uma longa caminhada pelo Rio Mogi até Cubatão.

 

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Em dois ou três minutos de caminhada chegamos ao próximo cânion. Aqui, se o rio estiver baixo, é possível atravessar tranquilamente de pé, erguendo a mochila no alto e caminhando pelo lado direito. Desta vez, porém, a água estava bem alta e, tirando o Luciano e eu que estávamos à vontade dentro da água, o restante teve que erguer bem alto suas cargueiras para se pouparem de carregar uma mochila encharcada pelo resto da travessia até Cubatão, com as águas até o pescoço dos mais baixinhos. Sem muitas dificuldade e depois de todos emergidos daquele poço com uns 1,60m de profundidade em sua parte mais funda, mais cinco minutos de caminhada e nos deparamos com mais um vale de rochas com águas caudalosas, o qual tentamos subir pela inclinação da direita, mas fomos interrompidos por um pequeno penhasco que terminava no meio de uma correnteza furiosa, então nos alinhamos novamente cruzando o rio e jogamos nossas mochilas de um em um até o outro lado do rio para depois atravessarmos e continuar a caminhada pelo outro lado.

 

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Vamos seguindo, o Luciano e eu boiando sempre que possível para economizar energia e o restante pelo caminho das pedras, passamos por mais algumas rochas verticais que emparedam o rio, mas sem muita dificuldade em transpô-las, até que às 10:40 chegamos a um lugar muito bonito. Trata-se de uma rocha plana que forma um bico e divide o rio em duas cachoeiras, novamente cercado por dois pendores inclinados e escorregadios. Abaixo dessa rocha plana há outra rocha plana que forma um pico para a direita, dando acesso, se você não tiver medo de pular de uma pedra pra outra com um liquidificador logo abaixo, a um pequeno platô, após o qual é possível descer com o uso de uma corda que até a data em que estivemos lá estava amarrada, estratégicamente, em uma pequena árvore, em péssimas condições. Aqui nos dividimos novamente. Eu fiquei olhando para aquele lugar tentando me lembrar de como eu havia vencido esse trecho da outra vez, e quando vi a ponta virando para a direita me lembrei que eu havia jogado minha mochila pra baixo e depois pulado para a pedra de baixo e depois pulado o vão acima do liquidificador que dava acesso à corda e, consequentemente, ao restante do caminho para a casa. Relatei minha experiência para o Eduardo e então ele topou seguir o mesmo caminho, enquanto o Thunder e o Bruno já estavam se pendurando no declive do lado direito para chegar a algum lugar plano depois daquele cânion. O Luciano e o Rafael vieram conosco, mas aquele desistiu pra poupar os joelhos. O Rafael até pulou pra baixo sem dificuldades. Era o mais alto da turma e foi moleza pra ele, mas depois que ele viu as correntezas cavarem as pedras debaixo do vão entre a ponta de uma rocha para a continuação da trilha do outro lado, acabou retornando e optando pelo caminho da “escalada horizontal”. Aqui, realmente, a correnteza não estava fraca. Até agora eu não entendi direito como o Eduardo consegui entrar no meio daquele monte de água pra ajudar os outros a descerem suas mochilas, sem ser levado rio abaixo. Vencidas as dificuldades dessa parte, com a ajuda da corda descemos uma altura de 3 metros e continuamos...e paramos novamente. Logo em seguida temos mais uma fenda erodida pelas correntezas que não dava acesso a qualquer barranco que pudéssemos subir para desvia-la. Essa é a mais funda. Há três pedras que formam uma escadinha e depois um poço estreito que, no seu início tem cerca de 2 metros de profundidade. Não é muito fundo, mas pra quem está de bota e uma cargueira pesada, acaba tornando uma tarefa um pouco mais complicada. Quando estive sozinho, coloquei a capa de chuva na minha mochila e a cobri com um saco de lixo de 100L e a joguei na esperança de que ela fosse flutuar. Na verdade eu sabia que ela flutuaria, pois é uma questão de física básica. Se o saco tem 100L e 100L de água pesa 100Kg e minha mochila não passava dos 16Kg, é claro que a força de empuxo não permitiria que a dita cuja afundasse. Então orientei o restante a fazer o mesmo. Emprestei a capa de chuva que havia levado para o Eduardo que estava sem e assim fomos. Joguei a minha na água e fui nadando atrás. Depois desse grande cânion, o restante é tudo plano. Quando digo plano, entende-se que o terreno não tem inclinação maior que 15˚, não quer dizer que o terreno seja liso, sem pedras. Muito pelo contrário. É pedra o caminho todo e aqui elas se tornam menores e mais chatas. Às 11:00 chegamos a última cachoeira onde o Luciano tratou de se banhar novamente e o Kamal deve ter tomado uns 28 banhos seguidos, enquanto o restante preparava algo pra comer, pois já era hora do almoço, coisa que dificilmente temos quando estamos trilhando por aí. Geralmente só preparamos algo na janta. O resto do dia é na base de barra de cereal, amendoim, biscoitos e frutas. Como ainda tinhamos tempo, resolvemos juntar tudo que havia sobrado e o Eduardo preparou um miojo e depois um pouco de arroz. Eu fiz um café e comi com umas bolachas que sobraram.

 

Depois de uma longa pausa de uma hora e meia, retornamos ao caminho até o Rio Mogi que se encontrava logo a frente, não mais que 15 minutos de caminhada. Chegando ao Rio Mogi, algumas pequenas celebrações e já vou acelerando o povo porque, embora tivéssemos bastante tempo, depois de uma hora e meia parados fazendo nada, acabou ficando um pouco tarde e o caminho era longo. Joguei minha mochila na água, providenciei um bastão para me auxiliar na caminhada dentro daquele rio cheio de pedras redondas, pequenas e lisas e fui seguindo em frente. Reparamos que nas margens do rio havia muito mato derrubado. Nos dias anteriores, o rio estava a pelo menos 1,50 metro a mais de altura. Havia arrastado muita coisa e mais uma vez percebemos o perigo de se embrenhar nesses lugares em dias de chuva. Aqui o caminho, na minha opinão, é chato. O Rio Mogi, nessa altura, se torna um rio monótono, sem nenhum atrativo em especial. Sem falar do visual apocaliptico dos contêineres abandonados na sua margem direita somado ao som crescente das estações do pátio de manobras da ferrovia MRS que sinalizam que estamos nos aproximando da civilização, embora não na forma como gostaríamos.

 

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Vamos caminhando e o Eduardo insistia em encontrar uma suposta trilha que dava acesso a um sítio, mas da outra vez que fizemos isso tivemos que varar muito mato e não houve economia de tempo, então insisti que continuássemos pelo rio, pois sabia que em pouco tempo estaríamos bem ao lado de uma estação de manutenção de trens, dando acesso a uma estrada de terra que nos levaria a onde queríamos. Depois de uma hora e meia de caminhada por esse rio, já com o som dos trens ao nosso lado, viramos para a esquerda e cruzamos com um tributáirio do Mogi que da acesso à antiga estação Raiz da Serra, onde pude me trocar para roupas limpas e secas, já que eu ainda teria que retornar para Campinas, e o restante se deliciou com um pé de jacas logo ao lado. Aqui é possível seguir a estrada de terra e ir de ônibus para Cubatão, conforme narro a seguir, ou subir o trilho da ferrovia cremalheira até Paranapiacaba, percurso que não sei quanto tempo deve gastar, mas não deve ser mais que 3 horas.

 

Às 14:55 retomamos a caminhada em direção ao ponto de ônibus que ainda estava bastante longe, mas eu há um atalho que descobri da outra vez e nos aproveitamos dele para cortar um longo caminho por aquela estrada de terra sem graça. Logo após o pátio de manobras, a uns 10 minutos de caminhada, há uma bica d’agua muito boa em frente a um quilombo. Da outra vez que estive ali eu me esqueci de pegar água no rio e passei uma sede danada, então me sentei do lado da bica para me recuperar do calor que fazia naquele dia, quando um senhor veio ao meu encontro e começou todo aquele interrogatório que todo trilheiro pós trilha está acostumado. Expliquei a ele a situação e ele se admirou com o fato de eu ter descido a Serra sozinho. Então o sr. Francisco, nome do sujeito, começou a contar suas histórias de mateiro e eu fui só escutando e comparando com minha experiência, pois desconfiado que sou, queria cruzar as informações pra ver se aquilo tudo não passava de conversa de pescador. Até que os relatos não eram tão surreais, mas como o tempo tava curto e eu queria zarpar dali logo, peguei minha mochila e me despedi do simpático senhor que no dia seguinte pretendia passear pelo Rio Mogi. Foi aí que ele me convidou para passar por dentro da propriedade e me orientou que eu cortaria um bom caminho, segundo ele mais de 2Km de caminhada. Eu não pensei duas vezes. Apontei para o portão e perguntei “é por aqui mesmo?” e já fui adentrando com medo de que ele mudasse de ideia. Dessa vez, como eu estava acompanhado de mais pessoas, foi mais fácil chamar a atenção do sr. Francisco que, mais uma vez, veio “trocar ideias” com agente. Ele se lembrou de mim da outra vez, mas isso não foi suficiente para ele não repetir todos os relatos novamente para os demais que não estavam comigo na minha primeira travessia do Vale. Conversamos, conversamos, deixei ele conversar só mais um pouco, pois o plano era cortar caminho por sua propriedade novamente. Então depois de 15 minutos de muita conversa, peço permissão para cortar caminho e é claro que ele não ia negar tamanha gentileza para um bando de trilheiro com cara de acabado. Atravessamos o quilombo, interceptamos um trilho abandonado e, em meia hora, chegamos ao ponto de ônibus que nos levaria ao centro de Cubatão. Queríamos a linha 2 que vai direto à rodoviária, porém um outro coletivo passou antes e, como não queríamos esperar, pegamos esse mesmo e paramos a umas 5 ou 6 quadras da rodoviária. Às 17:10 pegamos o ônibus para São Paulo/Jabaquara e damos por concluída a nossa aventura.

 

Há, certamente, uma infinidade de vales na Serra do Mar tão belos e desafiadores quanto o Vale do Rio da Onça, contudo, por ter o acesso facilitado pela disponibilidade de coletivos que transitam pelas diversas trilhas que dão acesso ao mesmo, embora este aspecto se torne um contra em algumas situações, este vale se torna uma excelente opção aos que buscam alguns dias selvagens cercado de muitas cachoeiras e com dificuldade elevada. A menos que a pessoa tenha muita experiência com trilhas e orientação em mata fechada, é altamente desaconselhado se embrenhar nessas pirambas sozinho, pois a qualquer momento pode-se perceber o risco de algum acidente - deslizamentos, terreno extremamente acidentado, travessia de rio com correntezas fortes, animais peçonhentos etc. No mais, qualquer informação que tenha faltado é só me deixar uma mensagem que procuro ajudar.

 

Abaixo, deixo dicas de equipamento a serem levados e comento o que levei:

 

- Cargueira - tratando-se de uma trilha que acompanha o curso de um Rio e, muitas vezes, requer seja atravessado por dentro do mesmo, a mochila deve ser preferencialmente à prova d’água. Isso irá facilitar muito no deslocamento e protegerá todo o equipamento que extará exposto às intempéries da Serra do Mar. Se não tiver uma mochila estanque, leve ao menos um saco de lixo grande suficiente para colocar a mochila dentro para fazê-la boiar nos trechos com água. Caso o planejamento seja completar a travessia em um dia, o que é possível, é claro que deverá se optar por uma mochila menor condizente com a logística de uma trilha de um dia;

 

- Alimentação - algo muito pessoal. No meu caso, lelo frutas (maçã, pera e laranja), cenoura, barras de cereal e nozes ou amendoim sem sal para comer de 2 em duas horas e na janta preparo arroz, frito calabresa com alho e cebola e, conheço o local e sei que da pra levar mais peso, complemento com batata, cenoura, pimentão ou brócolis. Sempre levo dois pacotes de miojo para um situação emergencial na qual eu precise de algo rápido e prático;

 

- Sistema de abrigo - altamente desaconselhado acampar com barraca. Há pouquíssimos locais planos e os que existem são cheios de pedras. Para o Vale da Morte deve-se considerar uma rede e um plástico/lona de uns 3mX3m. É leve, possibilita dormir num local mais alto e protegerá de possíveis elevações do nível do rio. Não é necessário o uso de mosquiteiros. No meu caso, coloquei calça, meia por cima desta, camisa de manga longa e me cobri com um saco de dormir e não tive problemas com inseto na noite em que dormi na rede. Recomendo levar duas cordas de 4 a 5 metros com 5 a 6mm de espessura para amarrar a rede e linha de pesca para amarrar as pontas do toldo;

 

- Calçado - depois de alguns “river trekkings”, percebi que botas com cano mais alto e impermeáveis mais atrapalham que ajudam. Seguram muita água e tornam-se pesadas, dificultando o deslocamento. Desta vez optei por um tênis de trilha com pouco acolchoado e solado voltado pra terrenos acidentados. Como foi importado da China e seu acabamento não ajuda, ficou bem destruído ao final da travessia, mas deu pra notar que optar por tênis é uma boa em trilhas com muita água;

 

- Hidratação - ao longo de todo o percurso pode-se encontrar água de boa qualidade para beber, mas se chover ela pode tornar-se um pouco sedimentada. No meu caso apenas um cantil de 700mL bastou para a travessia inteira, embora eu sempre leve uma garrafa maior para colher água e utilizar no acampamento de noite;

 

- Outros:

- 10 metros de corda é o suficiente para transpor os trechos em que passamos, mas sempre levo 20 metros por precaução;

- Saco de lixo de 100L a 200L é sempre bem vindo, pois pode virar um poncho improvisado e também proteger a mochila em trechos com muita água, além de não pesar quase nada.

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