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Paraná x Santa Catarina 2023 - dos altos picos às festividades alemãs


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Hallo, mochileiros!

   Dando sequência às histórias de minhas viagens pelo Brasilzão, segue um relato de algumas semanas andando por Paraná e Santa Catarina. Como tinha algumas pendências nesses estados, e as passagens de Manaus para CWB estavam generosamente baratas na época, aproveitei a oportunidade para tirar umas semanas na região.

   O período escolhido foi o mês de novembro/2023, e na véspera da viagem as expectativas não estavam tão altas em virtude das grandes chuvas que assolavam a região neste ano atípico de el niño. Mas, como sou brasileiro e não desisto nunca, tentei organizar um roteiro viável. Por sorte, pegaria a época de um festival catarinense local, a Schutzenfest (festa dos atiradores) de Jaraguá do Sul.

   Entretanto, a maior motivação para meu passeio era uma trilha de montanha até nada mais nada menos do que o ponto mais alto do sul brasileiro, o Pico Paraná. Apesar das chuvas, estava acompanhando o clima em sites especializados, procurando uma brecha de tempo bom. E como uma feliz coincidência, o sol voltaria a dar as caras para o povo paranaense nos primeiros dias de novembro. Já tinha o primeiro “rolezinho” definido.

   Chegando no dia 5 de novembro em Curitiba numa linda e ensolarada tarde de domingo, estava com melhores expectativas a respeito dos próximos dias. Aproveitei para dar aquela passada obrigatória na decathlon para comprar alguns mimos e passar o resto de tarde “lagarteando” no jardim botânico com um belo caldo de cana sulista.

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   No dia 6, segui para o Parque Pico Paraná, a mais ou menos 45km de Curitiba subindo a BR-116. A primeira informação importante desse roteiro é que existe ônibus de Curitiba que vai para as dependências da serra do Ibitiraquire, porém, encontrei uma forma mais prática: no blablacar, uma viagem bastante comum na região é o trecho Curitiba-Cajati(SP), que é bastante em conta e sobe a Régis Bittencourt. Como existiam várias viagens de carona para o dia, fechei com um motorista de manhã cedo e negociei com ele o valor (uma vez que não iria para o trecho final). O motorista, muito gente boa, concordou (embora tenha ficado desconfiado, à princípio, sobre o fato de me deixar na beira da estrada). Éramos 3, um manaura, o motorista paulista e um passageiro carioca que já começou fazendo troça da minha vestimenta:

“~manauara, tu, de camiseta e short nesse frio? Maix num é mexmo!!!”

  Confesso que dei bastante risada nessa hora, pois nortista que é nortista normalmente pensa que “pegar frio” é sair na rua com 25 graus no termômetro agasalhado. Como me considero "uma ovelha negra manauara", eu me aclimato fácil nesses lugares, e considerando o forno que estava a esfumaçada amazônia nessas semanas de verão e queimadas, poderia pegar negativo, nu, no cume dos picos, sorrindo. :lol:

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   Após uma hora de viagem, sou deixado na beira da estrada e despeço-me de meus breves colegas de trip, desejando-lhes boa viagem. Ainda precisaria andar por 5km de estrada de terra até chegar na primeira base, a fazenda Pico Paraná. Gostei do local. Estacionamento amplo, banheiro com chuveiro quente disponível, uma corredeira com queda disponível para banho e o cadastro de visitantes para o caso de resgate por um valor mais do que justo (10 pila) pareceram-me bastante atrativos. Havia até uma maquete da serra para que fosse explicado da melhor forma o caminho a ser feito.

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   Após o meu cadastro e a explicação das trilhas, começava a subir às 14:00h em ponto. A princípio, pensei em acampar no Pico Caratuva para no dia seguinte atacar o PP, entretanto, fui aconselhado a fazer o Itapiroca para uma primeira vez, uma vez que a trilha seria mais rápida e a melhor bica de água limpa da região se encontrava no caminho.

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   Em um primeiro momento é uma bela subida com desnível positivo para já ir judiando os joelhos do peão. Após aproximadamente 1h15, chegava no topo do morro do Getúlio, onde já dá para ter uma bela vista do que ficou para trás, e onde já é possível contemplar os vizinhos Caratuva e Itapiroca. Curiosamente havia um mar de nuvens retido no outro lado. Pelo que notei em outros passeios é comum isso acontecer, e no final da tarde, com a diminuição da temperatura, as nuvens saem e passam no sentido Curitiba, dando aquele sereno de início de noite comum na cidade.

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   Com duas horas de subida, chegamos na famosa plaquinha de bifurcação das trilhas. Ainda faltaria aproximadamente 1h30 para o Itapiroca. A partir daqui a trilha começa a ficar mais difícil, com bastante subida em pedras do tamanho de carros e raízes do tamanho de....grandes raízes. As cordas e grampos instalados fazem seu trabalho de facilitar a passagem. A meu ver a dificuldade maior desse trecho é o sobe-desce comum, enquanto "rodeamos" o Caratuva. No caminho, cruzo com a bica de água gelada.

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   Após 3 horas de início de trilha, chego na segunda bifurcação, onde começo a subir para o cume do Itapiroca. Essa parte, apesar de ser um puta desnível, é uma subida rápida de meia hora. E já colocava minha cabeça acima do belo mar branco. Ah, ali estava ele, imponente e belo! ::love::

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   Ao chegar numa área aberta e plana, descansei por um momento, enquanto procurava um lugar para montar a barraca. De forma bastante conveniente, havia uma pedra grande com umas arvoretas na base e um pequeno espaço aberto (provavelmente usado por outros visitantes). Seria meu hotel de 1000 estrelas por essa noite. Ainda tinha 1 hora de luz do dia.

   E que visão, senhores! Apenas o grandioso trio PP/União/Ibitirati, Caratuva, Itapiroca e o solitário Ciririca com suas placas misteriosas estavam à vista. Tive tempo de sobra para assistir o pôr do sol naquele santuário nas alturas. O silêncio, a temperatura amena, o cansaço, a solitude e o êxtase de ter aquela imagem à frente geravam um turbilhão de emoções na minha mente. E pensar que no dia seguinte ainda iria para a melhor parte!

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   No dia seguinte, acabei acordando cedo para olhar o céu estrelado e ver o nascer do sol. Para minha surpresa, o nascer não foi tão legal no Itapiroca pela posição das montanhas (eu perdi o sol aparecendo, de fato). Talvez em outra época o sol até se posicione melhor, mas dizem que no Caratuva é bem melhor.

   Tomei o cafezinho todo agasalhado (diz que deu mais ou menos 5 graus naquela madrugada), levantei acampamento e comecei a descer o Itapiroca às 6:30. Deixei minha mochila cargueira “escondida” atrás de um tronco na segunda bifurcação e comecei a trilha de ataque ao PP “de fato”.

   Esse trecho é bastante marcado por mais subidas e descidas em grandes pedras/raízes. Passei por pequenos córregos de água corrente (aparentemente bons para coleta, desde que seja feita a fervura/uso de clorin) frutos das chuvas constantes no sul. Em estação seca, diz que eles somem.

   Após atravessarmos o “vão” entre Itapiroca e Caratuva, começa o descidão até as dependências do PP propriamente dito. É aqui onde fica o A1 (onde muita gente dorme). Vendo o tamanho da descida, já rolava aquela frustração prévia do esforço para subir tudo de novo na volta. Aqui estava dentro das nuvens baixas, então não senti tanto calor, apesar do sol forte que marcaria aquele dia.

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   Feita a grande descida, começava o processo de subida no ataque final, com direito aos temidos paredões com via ferrata e cordas (o motivo número 1 do cagaço dos menos corajosos que fazem essa trilha). Inclusive haviam passagens estreitas na beira do abismo. Mais um tempo passado, chegava no A2 e numa pedra bastante legal para contemplação da paisagem.

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   Finalmente, às 10 da manhã, dava meus passos finais no desejado cume. Enfim, os 1877m do ápice sulista alcançado!

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   Após os registros, o lanche matinal e o autógrafo no livrinho do cume, alguns minutos de contemplação da região e toda a sua beleza. Apesar daquele momento maravilhoso, o sol forte reinava absoluto, e minha água estava acabando. Vi que tinha trilha para o Ibitirati, mas não quis fazer pelo calor forte. Com isso, iniciava o retorno, dessa vez direto para a fazenda.

   A volta foi bastante cansativa, pois as nuvens baixas tinham se dissipado, deixando-me exposto ao sol forte. Some isso com o longo desce/sobe do PP para Itapiroca/Caratuva, a água potável (3L) chegando no fim, e temos a receita para um dia de caminhada bastante sofrida (do tipo pausas a cada 5 minutos). Por sorte, a bica já mencionada estava caudalosa, e como tinham me garantido de que ela é a água mais limpa da região, resolvi meter o foda-se para a possibilidade de passar mal (já na civilização, esperava), torci para que ninguém mais cruzasse comigo naquele ponto e resolvi tirar meia hora do dia para tomar banho, reidratar-me e encher as garrafas. Revigorante.

Depois da água o mundo voltou a girar e a volta foi muito mais tranquila. Mesmo assim, andava a passo de tartaruga em virtude do cansaço natural. Cheguei na fazenda aproximadamente às 16:00, entupindo-me de analgésico, analisando as condições das unhas do pé (o maluco aqui resolveu usar um tênis recém-comprado para essa aventura ::lol4::), constatando que iria perder uma unha do dedão após alguns dias :lol:, e pensando em todas as receitas possíveis com sardinha enlatada para o jantar, pois como o nortista fala, estava "brocado".

Considerações sobre essa trilha:

Tempo: da fazenda até o morro do getúlio - ~ 1h

Da fazenda até a bifurcação Caratuva/PP/Itapiroca –  ~ 2h.

Da primeira bifurcação até a segunda bifurcação Itapiroca/PP – ~ 1h20

Da bifurcação Itapiroca/PP até o cume do Itapiroca de fato - ~45min. Até o descampado onde eu acampei leva ~ 30min.

Do Itapiroca até o cume do PP - ~ 3h30.

Sinal de telefone: praticamente não há. Uso claro, e em raríssimos momentos o aparelho pegava um sinal meia-boca para receber mensagens da operadora. As antenas do Caratuva, segundo me informaram, eram para sinal de rádio amador. :roll:

Guia é obrigatório? Não. Dá para ir só de boa, embora acompanhado, principalmente se vc for iniciante, seja recomendado. Fui só e inclusive fiquei peladão deitado na grama sob as estrelas :lol: somente no dia seguinte que cruzei com alguns grupos pequenos e um gringo que resolveu fazer o bate-volta de um dia.

Dificuldade: intermediário. A trilha é muito bem definida, não há necessidade de equipamento de escalada, e a pessoa só se perde se quiser ou se ela despencar de um lugar alto. O maior problema é o sobe e desce constante. Numa escalada de ataque direto como o Marumbi, por exemplo, a trilha é honesta contigo: ou vc sobe ou vc desce. Como vc precisa passar por 1 morro e entre 2 montanhas para chegar ao PP, tem muito desnível positivo e negativo, o que pode sobrecarregar as pernas/costas. Como há uma bica de água confiável no lado do Itapiroca (no final das contas nem passei mal e nem peguei bichinho), a hidratação acaba não sendo um grande problema, apesar de muitas fontes secarem na estação seca. Um ataque direto da fazenda até o PP (só a ida) leva entre 6 e 8 horas, dependendo do pique da pessoa. Pessoalmente não acho o bate-volta de um dia interessante. Apesar do Itapiroca ser lindo, a vista do cume do Caratuva é mais bonita, se formos comparar. Mas o Itapiroca em si não deixa de ser um belíssimo lugar para se estar.

Clima: parece meio óbvio, mas montanhismo brazuca é no inverno e pronto. Entretanto, em outras épocas (como este que vos fala fez), acompanhar a previsão do tempo é vital para garantir um roteiro seguro e proveitoso. o Windy ou o Mountain Forecast são perfeitos para isso.

Outras observações? Condicionamento físico é obrigatório, pois a trilha exige bastante do seu corpo, pelo tempo que você passa andando e pelos tipos de chão que você pisa. Como tinha voltado para a academia nesse ano, não cheguei a ficar com cãibras ou dores musculares pós-esforço (como aconteceu no Marumbi). Não pule os treinos de perna da academia, e se possível leve bastão de caminhada e isotônico que dá tudo certo. Leve somente um calçado de confiança, também ::otemo::

Termo de risco: no início de 2024, após deslizamentos de terra na região, o IAT passou a exigir um termo de reconhecimento de risco assinado para o ingresso no parque. Algo que já acontece por exemplo no caminho do Itupava. Segue o link do documento:

https://www.aen.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2024-01/termo_de_conhecimento_de_riscos_pico_parana.pdf

 

 

Ponta Grossa x Carambeí

   Após a atividade no PP, acampei por uma noite na fazenda. Precisava voltar para a civilização e pensar no que fazer nos próximos dias. Mas primeiro, como retornar para Curitiba?

   Na BR-116 existem algumas paradas de ônibus (acredito que das linhas da rodoviária que atendem o interior, como a que eu pegaria de Curitiba), mas, não tinha a mínima noção dos horários de volta. Teria que esperar na parada, ou tentar a sorte com carona “à moda antiga”, e considerando a natureza reclusa dos paranaenses, poderia ser mais fácil ir a pé para a capital.

   Por sorte, o responsável pela fazenda iria cedinho para a cidade fazer “o rancho” e resolver pendências, o que deu a oportunidade perfeita de negociar uma carona de volta. Tudo certo, e ainda de manhã estava de volta em Curitiba. Fechei um pernoite em um alojamento estudantil do lado do Passeio Público (primeira vez que durmo em um lugar do tipo), e começo a pensar no que fazer nos próximos dias. O clima estava dando sinais de mudança, mas para minha sorte pegaria pouca chuva nessa semana (de sol forte iria para um nubladinho básico na maior parte do tempo).

   Acabei decidindo que passaria uns dias fora da capital. Iria conhecer Ponta Grossa e ver o que faria por lá.

    Arrumei um blablacar para a manhã do dia seguinte, e a princípio tinha pedido para a motorista me deixar no Parque Vila Velha. A ideia, a princípio, era passar o dia aqui e depois ir para Ponta Grossa. Para meu desapontamento, esse passeio acabou não rolando por vários motivos: o preço (R$ 112 nesse dia) que vou confessar que me pegou de surpresa. Nem em Balneário Camboriú vi um atrativo com um preço tão alto, e além do mais, algumas atividades dentro do parque tinham cobrança adicional. Achei o valor alto demais, e perguntei na guarita sobre ônibus para a cidade. Os ônibus eram limitadíssimos, e saíam de um bairro distante do centro de Ponta Grossa – onde a maioria das hospedagens do booking/airbnb estavam - . Por fim, o guarda aconselhou que eu não entrasse no parque com minha mochila cargueira, uma vez que algumas trilhas eram longas, e o dia estava quente/ensolarado. No final das contas, pode ter sido “mão de vaquisse” da minha parte, mas resolvi pular o parque nesse momento. Aparentemente estava tudo orquestrando contra meu bom humor, então agradeci educadamente pelas informações e segui viagem com o blablacar.

   Fiquei em um hostel no centro de Ponta Grossa, e logo tratei de conhecer o que tinha que conhecer. Se você está hospedado na região central, uma boa e uma má notícia: boa parte das atrações da cidade ficam naquele entorno, porém, o que é mais interessante da cidade para o turista conhecer aparentemente fica ali mesmo: um “calçadão” do centro comercial, a estação saudade (uma estação de trem convertida em centro cultural), o shopping Palladium, que dizem ser um dos orgulhos da cidade (o porquê, não sei), e o parque ambiental, que até é legalzinho, mas precisa de uma manutenção de certos espaços, e certos pontos aparentam servir de boca à noite. Levei apenas uma tarde para conhecer esses lugares.

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   Para fechar o dia, seguindo uma recomendação local, fui dar uma voltinha no Lago de Olarias, no bairro que carrega o mesmo nome, para observar a vida selvagem, as famílias passeando, e pensar um pouco na vida. Confesso que gostei do lugar, achei limpo e organizado.

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   Na manhã seguinte, como concluí que não veria mais nada de interessante em Ponta Grossa (nem mesmo a moça do hostel pôde fazer mais recomendações), resolvi dar um bate-volta na pequena cidade de Carambeí, um “pedacinho da Holanda no Brasil” e lar da fábrica da Batavo. Eu tinha tomado conhecimento de um museu que eles possuem lá e achei que daria um bom passeio.

   Como de costume, optei por ir de blablacar, descendo no pórtico da cidade, na beira da rodovia. Três coisas me chamaram a atenção logo de imediato: o número diminuto de ônibus, o que me obrigou a pedir um carro para chegar no museu, a tranquilidade da cidade (do tipo ruas pouquíssimo movimentadas), e a confecção das casas, boa parte delas utilizando o estilo arquitetônico do enxaimel, e outros estilos comuns na europa.

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   Carambeí tem três principais atrações, duas distantes da cidade: uma loja de tortas caseiras (se não me engano é Wolf o nome) , o museu histórico já mencionado e o “vilarejo Het Dorp”, que possui um lavandário, bastante visitado para degustação de especiarias, sessões fotográficas, etc.

  O museu parque histórico é considerado o maior museu a céu aberto do país, e posso dizer que a visita valeu bastante a pena! O local possui restaurante, loja de souvenirs, e uma réplica de um vilarejo ao estilo colono/pioneiro, onde é contada a história da imigração holandesa na região, e vários aspectos da cultura local. Tudo limpo, organizado e bem didático. Muitos itens são frutos de doações de famílias dos primeiros imigrantes, tornando a visitação ainda mais imersiva. Só faltavam atores encenando o cotidiano da época para que eu me sentisse, de fato, no início do século passado.

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   Além da pequena vila, há um “parque das águas” embaixo onde há algumas casinhas de arquitetura típica onde você pode consumir alguns produtos locais. As fotos mais belas e famosas do parque são tiradas aqui (quando o tempo colabora, o que não foi no meu caso).

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   Apesar de ser uma sexta, o espaço estava bem vazio, salvo por dois casais e uma excursão escolar. Passei aproximadamente duas horas aqui, e pensei em chamar outro carro para me deixar no Het Dorp, quando o tempo começa a anunciar uma grande mudança com uma ventania e tanto (do tipo galhos de pinheiro voando e tudo). Para minha “sorte”, não tinha nenhum carro por aplicativo nas dependências, e embora um funcionário do parque tenha jurado de pé junto que logo iria passar um ônibus para o centro da cidade, não queria arriscar ficar preso ali, com um possível “toró” a caminho. Como eram apenas 4km do museu para o centro, resolvi voltar a pé, embaixo de ventania e chuvisco. No final das contas não passou nenhum ônibus, e embora eu tenha me molhado um pouco, ter voltado a pé foi a coisa certa a fazer.

   Queria ter ido na fábrica da Batavo (essa fica no caminho para o museu) e perguntado se era possível fazer visita guiada, mas com a chuva e a ventania, acabei nem parando para isso. Tive que pular a casa de tortas também. Com isso voltava para Ponta Grossa embaixo de chuva fraca. Como não pensei em mais nada para fazer na região (que não precisasse de carro), optei por pegar outro blablacar na manhã seguinte para Curitiba.

 

   Considerações sobre as duas cidades:

   Dizem que Ponta Grossa é um polo industrial e uma cidade desenvolvida do estado. Turisticamente achei ela um pouco sem sal. Posso estar enganado, mas, mesmo os moradores não puderam me dar muitas direções para atrações ou coisas para fazer. Entretanto, por ser uma cidade mais “completa”, e perto de lugares como o buraco do padre, o parque vila velha em si, Castro (dizem que lá é legal para um bate e volta, mas não quis arriscar) e Carambeí, acredito que o melhor é se hospedar aqui e ir de carro para os lugares no entorno (não sou de alugar carro sozinho, eu sei, mancada minha). De fato, tem muita coisa a se fazer fora. Poderia ter tirado um dia no parque vila velha, mas como já citei, achei o valor um pouco abusivo (e descobri que agora no final do ano havia um desconto de 50% em virtude do aniversário do parque, se fosse nessa época a história seria outra!)

   Carambeí é pequena, pacata, e suas principais atrações ficam na zona rural, é quase imperativo que você esteja de carro para aproveitar bem a viagem. O museu por si só é bem legal, e já vale a visita. O lavandário parece ser interessante de visitar no final de tarde. Infelizmente não posso falar mais, pois o mau tempo desse dia me impediu de andar mais pela pequena cidade. :roll:::grr::::putz::

   No dia seguinte, cheguei bem cedo em Curitiba. Depois de acertar minha estadia, e vendo que ainda tinha tempo, resolvi dedicar o dia a mais uma visita ao Morro do Anhangava, este localizado no município de Quatro Barras, na serra da Baitaca. Já tinha andado nesse local há 2 anos atrás, numa visita anterior ao estado, mas para lugares bacanas, como diz aquele programa da globe, “vale a pena ver de novo”.

   Relembrando, é possível ir para o Anhangava/Morro pão de Loth/ caminho do Itupava de ônibus a partir do terminal Guadalupe, em Curitiba. Você pega o primeiro ônibus para o terminal Quatro Barras (~ 1h de viagem), e do terminal um segundo ônibus até a última parada, bem do lado da base do IAT, onde você faz o cadastro e a entrada nas trilhas. A trilha é fácil, agradável, você chega no topo com 1 hora de trilha, consegue ver Curitiba lá de cima, e ainda pode tomar um delicioso banho de cachoeira no final. Para o dia, não queria mais nada.

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Editado por StanlleySantos
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Em 08/12/2023 em 00:46, D FABIANO disse:

@StanlleySantos Deu sorte,acho que foi o único fim de semana de calor no mês em Curitiba.Esse ano tem chovido demais, como 2016,é chuva que não para e houve muitos desabrigados na região metropolitana. 

Siim, em termos, diria que dei uma puta sorte. As primeiras duas semanas foram quentes e ensolaradas, acho que São Pedro foi gente boa comigo justamente nesses dias em que resolvi subir a montanha, hehehe.

Já em SC tive um revés, peguei bastante chuva e não pude curtir tanto alguns lugares. Mas comparando com outubro, estava bem tranquilo. Espero que as grandes enchentes tenham passado definitivamente no sul. 

Editado por StanlleySantos
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Blumenau e arredores....embaixo de chuva

   Chegando o final de semana, resolvi descer o país e conhecer um pouquinho do interior catarinense. Era algo que deveria ter feito em 2021, mas, em virtude da pandemia, não foi possível. Fechei uma hospedagem de 5 dias em Blumenau, na região de colônias conhecida como Vale Europeu, famosa pela forte influência da cultura europeia (O RLY? 😑) e alvo de 5 em cada 10 xingamentos xenofóbicos em brigas de instagram/X :lol:

   Faria algo semelhante ao que fiz em Ponta Grossa: usar a cidade como hospedagem e ver o que tinha ao redor. No outro final de semana iria para Jaraguá.

   Na manhã ensolarada de domingo, sem encontrar viagens pelo blablacar, colei na rodoviária de Curitiba para descer de buzu até Blumenau. Muita gente acha viagem de ônibus chata, mas, estava curtindo as belas paisagens repletas de morros e montes no fundo. Baseando-me pelo google maps, vi que muitos dos cumes que via já possuíam nomes e trilha, e que passava perto da região dos campos do quiriri, famosa por trilhas do gênero. A vontade de descer e acampar num daqueles lugares era forte.

O curioso é que ao passar por Joinville começava a pegar sinal de rádios locais que tocavam música alemã.

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     Como o dia estava ensolarado e limpo, notei uma galera saltando de parapente no Morro das Antenas, ao passar por Jaraguá do Sul. Já sabia que necessitava subir ali em cima ::hahaha::. Mas isso ficaria para mais tarde.

   Cheguei em Blumenau mais ou menos umas 14:00, e apesar de ter um tempinho sobrando, acabei não saindo para conhecer nada. Precisava achar o hostel, pegar as direções para os lugares úteis, fazer compras para o “almoçojanta” e a comida da semana, lavar roupa (tudo acumulando desde a o PP, pensa numa catinga da miséria), fora o cansaço. Sairia no dia seguinte.

    Na segunda-feira, o tempo mais uma vez estava começando a dar sinais de mudança, e considerando as últimas semanas de chuva forte e cidades inundadas, já estava dando aquele receio básico de ficar encalhado na cidade. Ainda assim, dava para sair.

  Estava hospedado bem próximo do centro, até para a Vila Germânica era possível ir à pé. Nesses dias na cidade, o uso de ônibus ou transporte por aplicativo foi quase zero (até pela cidade ser razoavelmente segura, embora eu tenha ficado alerta o tempo todo).

A primeira parada foi o prédio da prefeitura de Blumenau, obrigatória para quem está de passagem. Um prédio imenso bem de frente para o rio Itajaí-açu (bem forte e carregado de argila e restos de árvores, fruto de sua ação erosiva em bandas anteriores, imagino), com seu letreiro "instagramável" bem localizado.

 

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   Na sua base, notei uma série de banners informativos sobre a vida e obra de Fritz Muller, naturalista “alemon” que foi morador da cidade, e inclusive colaborou com os estudos e teorias do patrono da biologia moderna, Charles Darwin (estudei biologia por 5 fucking jahre e não cheguei a ver menção alguma nas aulas acerca desse cientista! Fico abismado só de pensar! ::vapapu::::putz::). Na cidade existe, inclusive uma praça com uma estátua em sua homenagem. É, mais uma daquelas personalidades importantes que ficam na sombra e não recebem o devido reconhecimento dos brasileiros (algo semelhante com os irmãos Rebouças, quando você estuda a história da construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá).

   Naturalmente nessa região ficam alguns dos cartões postais mais conhecidos, como a locomotiva “Macuca”, primeira da cidade, a rua mais famosa da cidade, a XV de novembro (antigamente chamada de “rua da linguiça" em virtude de histórias sobre suas curvas), o antigo castelinho Moellmann, atualmente prédio da Havan, e várias casinhas de fachada ao estilo enxaimel, tudo para agradar o público. Fora do período de festividades, o centro é tão comum quanto qualquer outro, apesar das decorações de algumas lojas evidenciarem a essência da cidade.

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   Passando o centro comercial, chego na parte mais histórica, onde boa parte dos museus e acervos históricos ficam localizados. O primeiro ponto que me chamou a atenção de cara foi o mausoléu do fundador da cidade em pessoa, Dr. Blumenau. Como uma forma de respeitar uma vontade pessoal explicitada em uma carta a D. Pedro II, os restos mortais dele e família foram trazidos para a cidade, num espaço de homenagem, informações históricas e reconhecimento da comunidade blumenauense a seu "patrono". É a primeira vez que vejo uma edificação do tipo em uma cidade, então não nego que fiquei bem cativado pelo lugar.

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   Infelizmente, por ser segunda, outros museus estavam fechados, logo não pude visita-los no dia. Teria que fechar aquele passeio na rua das palmeiras. Considerada o marco zero da antiga vila, nos dias atuais embeleza a cidade com um corredor de grandes palmeiras. O local parece ser tão popular que nas ocasiões que por ali passei cheguei a ver matéria jornalística, alunos fazendo vídeo para algum trabalho escolar e o que parecia ser uma influencer local gravando vídeo.

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   Almocei, voltei para o hostel para descansar e no final da tarde resolvi conhecer a Vila Germânica. Curiosamente, mesmo fora da Oktoberfest quase todos os estabelecimentos abrem diariamente, com seus souvenirs, especiarias culinárias e claro, diversos tipos de chopp. Um passeio básico naquela pequena vila temática. Fico imaginando o formigueiro que esse lugar vira durante as festividades.

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    E para fechar esse dia, uma voltinha no parque Ramiro Ruediger. Aparentemente esse é o point do sul da cidade, mas confesso que achei ele pequeno (para o tanto de gente que visita), mas não dá para negar que é razoavelmente limpo e organizado. Dei uma volta rápida e retornei para o hostel.

   Apesar de poder visitar os museus na terça, optei por dar uma passadinha num município vizinho e que já fez parte do território blumenauense, Pomerode, considerada “a cidade mais alemã do Brasil”.

   Mas a vida é uma caixinha de surpresas....🌦️🌦️🌦️

   Como já estava adivinhando, a terça começou com forte chuva, e a previsão era de mais água para a semana na região. Não do tipo que causasse alagamentos, graças a Deus (o sul já tinha sido castigado o suficiente), mas do tipo que poderia deixar turistas nortistas teimosos presos nas hospedagens. Após uma abertura do tempo, peguei um blablacar para Pomerode.

    Conversando com o motorista, pude entender parte da rivalidade entre o sul e outras regiões. O educado, porém, sério motorista primeiramente me perguntou se estava a trabalho ou a negócios. Depois me contou sobre os amigos de escola dele, agora donos de várias empresas da região (inclusive ele), e como eles trabalham bastante para deixar as coisas em ordem, assumir negócios da família, coisa e tal, como a população local, apesar de ser festiva, não tem o hábito de tirar muito tempo de férias, e a demonstração de surpresa dele quando falei da minha viagem, em como gosto de bater perna por aí, mesmo não conhecendo ninguém, e do estilo meio “vida louca” em ir de cidade em cidade (talvez tenha pensado que eu estava perdendo tempo ::lol3::). Ele também me recomendou uns lugares em Pomerode e me deixou no pórtico, onde deu para fazer bons registros e comprar lembrancinhas.

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   Achei a praça daquela área bastante linda, apesar de ser uma via pública de cidade, estava me sentindo dentro de um condomínio privado. Na verdade a cidade em si é bem bonita e limpa. Achei um pouco mais movimentada do que Carambeí (mas ainda meio pacata).

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   Infelizmente, como não era período de festividades, não peguei nenhuma decoração na cidade, e para minha decepção, nem a famosa Osterbaum (árvore de ovos de páscoa) estava montada. Mas ainda assim, passear a pé não deixou de ser uma atividade prazerosa.

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   Passei no museu pomerano, onde é contada parte da história e cultura da cidade, com vários artigos de época, também frutos de doações. Uma visita rápida e interessante.

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   Ali na pequena região do centro, além do pavilhão de eventos, onde rola a osterfest, há o Zoo Pomerode, bastante popular, porém, não curto muito zoológico, então visitei a Pomerode alimentos, onde comprei algumas especiarias e me apaixonei pela balconista, com quem tive uma produtiva conversa sobre meu estado :lol:. Bem, uma jovem sudestina e agora sulista, simpática, bonita, espero que num outro ponto do multiverso eu tenha chamado aquela moça faceira para sair, pois até hoje me arrependo de não ter deixado nem meu instagram para ver “se rolava algo no futuro” ::putz::.

    De lá, peguei um carro de app para o outro lado da cidade, no início do Rota do Enxaimel, uma pequena estrada de alguns quilômetros que passa por fazendas, algumas casas de famílias conhecidas (na região), alambiques e lojinhas de produtos coloniais, e claro, muitas residências no estilo de enxaimel. Apesar da rota ter aproximadamente 10km, não teria problema algum em ir e voltar a pé, afinal, para quem andou 30km/dia no caminho da fé, um passeio desses era fichinha.

  Infelizmente, após começar a andar, o chuvisco voltou, e o chuvisco virou chuviscão e o chuviscão começou a virar chuva. Sem condições de seguir adiante na rota, retornei para a cidade, e fui procurar umas cucas nas panificadoras locais. Nossa Senhora, que trem gostoso! Já tinha comido cuca em Gramado, mas sem comparação. Cuca de farofa normal, cuca de morango, cuca de linguiça, romeu e Julieta, e a minha favorita, com sonho de valsa. Cuca é amor, cuca é vida. Comam cuca. Compensa a possível dor de barriga que você pode ter. Fui pro trono de madrugada, pois sou levemente lactofóbico, mas feliz ::otemo::. Passei a semana comprando cuca na região.

   Na volta, fui descobrir que tem uma linha de ônibus que faz a integração entre Blumenau e Pomerode, da empresa Volkmann. Vou deixar essa informação aqui pq não tinha conseguido infos sobre ônibus entre as cidades na internet. Nem o google maps possuía paradas registradas em Pomerode, o que tinha me deixado encabulado. Estava começando a achar que esse negócio de sulista não querer a presença de gente de fora era real mesmo ::lol3::. Num guichê da empresa uma muy, muy simpática atendente loirinha me passou informação de sobra e ainda me deu um papelzinho com os horários.

   A quarta era feriado de 15 de novembro, logo, Blumenau ficou bem deserta, com muita coisa fechada. Pensei em dar um bate-volta em Timbó, nomeada recentemente como capital do cicloturismo e início/fim do Circuito do vale europeu, que gostaria de fazer um dia. Infelizmente, sem viagens no blablacar num horário bom, e aparentemente na rodoviária os horários eram meio limitados. Além disso, estava chovendo para aquelas bandas, segundo o google. Ao invés disso, resolvi pegar um blablacar para Balneário Camboriú, pois aparentemente a blumenauazada tirou o feriado para “descer”, pelo tanto de viagem para lá.

   Infelizmente o rolê também durou pouco, pois a chuva ia e voltava, o que me fez apenas andar no calçadão da cidade e tirar umas fotos nos molhes do sul. Se o tempo estivesse melhor, teria ido na roda gigante, ou no passeio do barco pirata. Então retornei cedo para Blumenau. Na viagem de volta, conheci uma dona que disse ter perdido os dias livres dela em Florianópolis, pois não parava de chover para lá.

   A quinta foi igualmente chuvosa, mas, ainda deu para dar outro passeio no centro comercial/histórico. Na frente do mausoléu Dr Blumenau existe um museu da cerveja, mas como eu não bebo, não achei que valeria a pena visita-lo. Passei no museu de hábitos e costumes, uma visita rápida, onde fica uma coleção de vários artefatos do cotidiano de diversas épocas. Para quem gosta de uma viagem ao passado, uma visita divertida. Em seguida, fui no museu da família colonial, localizada na antiga propriedade de alguns membros da família Blumenau, e onde é contada a história da família do fundador e alguns descendentes.

Uma curiosidade é o pequeno jardim botânico localizado na parte de trás da propriedade, antigamente pertencente à Edith Gaertner, atriz da época e importante descendente da família fundadora. Ali existe um curioso cemitério de gatos, local de descanso final dos companheiros da senhora em seus anos de “reclusão” na cidade. O espaço transmite uma quietude e sensação de paz que devem explicar a preferência da atriz pelos fundos de sua propriedade às rodas de senhoras no chá das 5.

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   Na visita, não pude deixar de notar a proximidade de prédios tão importantes ao grande Itajaí-Açu, o que certamente representaria uma catástrofe cultural e histórica em caso de uma enchente sem precedentes. Não cheguei a perguntar se havia um projeto para mudar os museus de lugar, embora eu entenda (não concordando, claro) se eles quiserem deixar os locais onde estão, dada a importância histórica.

   Como choveu durante o resto do dia, não pude ir até o museu Hering, um pouco mais afastado do centro,ou na trilha da placa, que dizem que dá num mirante bacana da cidade, ou no parque Francisco de Assis. Sendo assim, tudo o que poderia fazer era comprar besteiras e terminar o dia no meu quarto de hostel assistindo filmes.

 

Impressões de Blumenau e Pomerode

   Gostei de Blumenau, mas, fora das festividades da Oktober não há muito para fazer ali. Com 2 ou 3 dias você já conhece o principal, que fica no centro e na Vila Germânica. Aparentemente na parte norte da cidade ficam os bairros mais periféricos, e não há muito o que ver. Entretanto, a cidade é bem localizada. De um lado, o litoral e suas cidades bem conhecidas, e do outro o vale europeu, onde você pode conhecer outros municípios turísticos e muitas atrações naturais de carro ou mesmo de bicicleta, se você tiver o pique. E como ela é uma cidade “grande”, é interessante para hospedagem (semelhante ao que vi em Ponta Grossa).

   Pomerode é pequena, e você consegue conhecer praticamente tudo em dois dias. Gostaria de poder falar mais sobre ela, mas infelizmente o mau tempo me impediu de ter ido a mais lugares. Se fosse diferente, teria a visitado em dois dias. Mas com certeza recomendo a visita, pois a cidade é bonita e bem interiorana, além da presença forte de elementos da cultura alemã. Fico imaginando como ela deve ficar na época de festividades. E prove a culinária deles, é uma maravilha.

 

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🎵🎵 Wir gehn zum schutzenfest, nach Jaraguá...🎵🎵

 

   Os últimos dias de passeio por terras catarinenses foram em Jaraguá do Sul, pequena cidade com algumas famas distintas: matriz de grandes empresas como a Malwee e a gigante WEG, a "capital nacional dos atiradores", e considerada a cidade mais segura de Santa Catarina.

   No final do ano eles comemoram a tradição germânica com música, bang-bang e bebedeira na chamada Schutzenfest, que lembra bastante a oktoberfest (misturar bebida e tiro, quem diria que isso podia dar certo, ein :lol:). Aliás, o final de ano catarinense é marcado por festas semelhantes em várias cidades, tornando o estado um excelente destino para quem gosta de encher a cara e comer iguarias. Inclusive tal realidade é tema de uma das músicas da banda Vox 3, “enchente de chopp” (uma das minhas favoritas deles, diga-se de passagem).

   Na sexta de manhã já estava me despedindo de Blumenau. Tinha uma reserva de 3 dias num apartamento pelo airbnb no centro de Jaraguá, e para minha alegria o apartamento ficava bem pertinho do Morro Boa Vista, onde fica a Chiesetta Alpina (a famosa igreja) e o ramal para o Morro das Antenas, onde tinha visto a galera saltando de parapente. Para minha sorte o tempo estava dando sinais de trégua, ficando nublado sem chuvas.

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   Feito o check in no apartamento, sendo apresentado à anfitriã e com tudo guardado, resolvi dar uma volta no centro comercial da cidade. Queria ver se achava lembrancinhas da cidade (alimentar o vício), e precisava comprar um chapéu tirolês para a festa. Em Curitiba, tinha encontrado um traje típico na OLX a um preço bem em conta, mas o kit não estava completo.

   Ao anoitecer, fui para o parque municipal de eventos, onde os portões tinham acabado de abrir para mais uma noite de festa. Por "estar de traje típico", não paguei ingresso.

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   A noite foi bastante divertida, apesar de ser um turista solitário naquele mar de estranhos. Dei meus tiros (tudo bem organizado pelas sociedades de tiro da região), ganhei brinde de pontuação, me enchi de batata recheada, pão com bratwurst (uma maneira mais fresca de dizer hot-dog ::lol3::) e strudel. Onde mais poderia ver o Homer Simpson de Fritz dançando funk? :lol:

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   As bandas da noite levantaram o astral do público, indo desde flashback, rock, música italiana, até os grandes sucessos das festas que misturam brincadeira e tradição, como “segue a Frida”, “Herr Schmidt”, “Jetzt geht´s los” “ e a clássica “centopéia de chopp”. Montar o mega-trenzinho e andar pelo salão inteiro é o ponto mais alto da parte musical, sem dúvidas.

   Apesar da festa “começar de verdade” de madrugada, já tinha visto, comido e brincado o suficiente, então retornei cedo (00:00) para “casa”. Voltar a pé para o apartamento com celular na mão e sem ver uma alma sequer de moto para travar o forévis vai ficar registrado nas minhas lembranças mais gostosas ::love::. Naquelas bandas só anda de moto quem realmente precisa, e não quem quer ostentar ou fazer aquele “lôlôlôlôlôlô” desgraçado. Deus abençoe Jaraguá ::otemo::

   No sábado, tinha o dia inteiro livre para vagabundar pela cidade. Como o tempo estava dando uma colaborada, e iria fazer um pouco de sol, peguei meu rumo para o morro da Boa Vista. A via é toda pavimentada, embora seja uma subida bastante inclinada e sinuosa. Subir a pé com certeza foi um senhor exercício para os meus já condicionados cambitos. Ali também é passagem de motocross e MTB. Eu sou ciclista, mas juro por uma cebola que provavelmente não aguentaria aquele tranco.

   Com mais ou menos 1 hora de subida, chegava na Chiesetta Alpina, um dos cartões-postais da cidade. Infelizmente ainda tinha muita nuvem, logo a vista não ficou das melhores para fotos. Azar dos recém-casados que estavam saindo do templo naquele dia.

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   Mais uns 20 minutos de subida e chegava no topo do morro das antenas. A vista ali de cima é espetacular. Ventava horrores. Ao lado havia o pico Jaraguá, mas tinha a informação de que o mesmo é de difícil acesso. Como não cheguei a ver o início da trilha que dava para lá de onde estava, não quis arriscar. Já estava satisfeito demais da conta em estar ali.

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Fiquei por aproximadamente 1 hora lá em cima, mas o sol estava começando a incomodar. A descida seria uma via sacra de mais 1 hora, mas resolvi puxar conversa com dois senhores que estavam visitando o local, e acabei ganhando uma carona. Ufa!

   Após o almoço, decidi que iria procurar uma cachoeira. Aquela região em particular tem vários atrativos naturais, e estava doido para me refrescar, depois do morro. A anfitriã do airbnb, para minha sorte, é atleta, personal trainer, e tinha uma bicicleta. Como era gente boa, acabou me emprestando. Haviam algumas opções de cachu nas dependências da cidade, e resolvi ir na Cachoeira molha, bem na divisa de municípios entre Jaraguá e Massaranduba. Ficava a quase 10km de onde estava, mas era uma puta subida de morro para chegar lá, então levaria mais ou menos 1 hora.

   Durante a subida, o tempo fechou e deu receio de chuva (após ter o trabalho de subir aquele trem seria sacanagem), mas no final das contas deu certo. A cachoeira fica no acostamento de uma estrada de terra, em um acesso por uma pequena trilha. Visual lindo e água esverdeada, gelada. Infelizmente, por não ser privada, estava mal-cuidada pela porquisse dos visitantes (um pouco de lixo em alguns lugares, e para completar alguém tinha soltado um barreado na trilha. Na T R I L H A, caceta!!!!!! ::grr::::vapapu::::grr::)

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   Apesar disso, o local era perfeito para sentar na pedra, fechar os olhos e pensar na viagem e em tudo que tinha rolado. Não tinha ngm de JBL entre os visitantes do dia. Ao menos isso.

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   Retornei no final da tarde para Jaraguá, curtindo aquela (agora) descida gigante no meio da mata atlântica. Apesar de ser a penúltima noite da Schutzenfest, optei por não ir, pois tinha feito muita coisa no dia e estava cansado.

   O domingo começou cedo e bastante animado, pois era dia de desfile da Schutzenfest. Todas as entidades que organizam a festa, sociedades de tiro esportivo, comunidades diversas de cidades vizinhas, grupos culturais e patrocinadores desfilariam na frente do pavilhão de eventos cativando quem está de passagem. Tinha dado sorte, pois naquele domingo em particular os corredores da Corrida Maluca de Schroeder (uma prova ao melhor estilo soapbox gringo) participariam.

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    Foram duas horas divertidas de desfile. Dos grupos folclóricos aos tratores decorados, foi tudo muito lindo. Fora os brindes. Ganhei churrasco (um moço num caminhão literalmente deu na minha mão ::lol3::), torresmo e muitos copos de chopp #Prosit 

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    Menção honrosa ao pessoal do Rollmopswagen, uma celebridade da Oktoberfest que animou bastante os dias de festa.

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   Após o espetáculo, hora do mata-broca. O restaurante da Schutzenfest estava aberto, logo fui apresentado a uma amostra do melhor da culinária local. Descobri que chucrute é uma delícia, e que marreco recheado é uma coisa divina. Além, é claro, do joelhito de puerco, as linguiças diversas, etc. Repeti duas vezes no processo. De fundo, uma banda tocando música alemã.

   Queria fazer algo pela tarde, mas na verdade eu estava tão recheado quanto os marrecos servidos, sem condições de sair ::dãã2::. Tinha me programado para bater no Parque Malwee, mas, poderia deixar para o dia seguinte. Voltei para o apartamento, cochilei a tarde toda, e pela noite, voltei para a Schutzenfest. Era encerramento da festa, então estava um formigueiro de gente. Nesse dia estava rolando as premiações das sociedades de tiro e das majestades da festa, mas como isso é uma coisa mais deles, não preciso entrar em detalhes. A rádio local distribuiu muitos brindes ao público nesse dia.

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   Na segunda-feira, retornaria a Curitiba para a viagem de volta. Mas aproveitei a manhã para conhecer o Parque Malwee, como disse anteriormente. Esse local foi uma doação do antigo dono da Malwee (sim, aquela marca de roupas) para a cidade, e o local é a imagem da beleza e organização! ::love:: Fiquei admirado pelo tamanho do espaço e o estado de conservação. E o melhor: estava apenas em uma parte da propriedade. Ainda existia o Pico Malwee, em outro fragmento de mata preservado, onde é possível ver lhamas, acampar e ver a cidade de um lindo mirante. Como já tinha um horário para retornar à Curitiba, não deu tempo de visita-lo, mas como sempre falo, isso só motiva mais o retorno.

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Impressões de Jaraguá do Sul

   UMA BAITA CIDADE!!! ::otemo:: Junto com o PP, foi o lugar que mais curti nessa viagem. Cidade tranquila, segura, na base de um morro legal para práticas esportivas, cortada por um rio onde é possível fazer caiaque, cercada por lugares bacanas para o ecoturismo e afins, com mato pra cacete ao redor, um parque maravilhoso, cidades vizinhas interessantes, acho difícil não se apaixonar. O que eu senti em Morretes no Paraná eu senti ali em Santa Catarina. A anfitriã do airbnb ficou surpresa pelo meu feedback, pois ela tinha falado que as pessoas que ela hospedou acharam a cidade “sem sal”. De fato, fora do período de festividades a cidade aparenta ser pacata, como em Blumenau, mas, ali há mais opções para quem é "do mato", como eu.

   Gostei bastante da Schutzenfest. Um lance bacana para todos os gostos e idades. Mesmo para quem não bebe (como eu), um negócio animado e divertido com muita coisa para ver e fazer. Teria sido melhor se tivesse conhecido alguma Frida, mas, não dá para ter tudo na vida 🤷‍♂️

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