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Saudações, povo da mochila.

Compartilho aqui relato de uma curta passagem pelo Parque Nacional do Itatiaia no início de maio, junto com minha esposa. Já fazia uns três anos que planejava visitar o Parque, mas indisponibilidade de datas e outros compromissos postergaram a visita. Felizmente, por ter trabalhado nas Eleições/2018, consegui certo número de dias de folga e utilizei dois na sequência do feriado do dia do Trabalhador (1º de maio), que caiu numa quarta-feira. Minha esposa tinha alguns dias de folga para tirar também e dessa forma conseguimos estender um feriado para cinco dias, e seguimos o seguinte cronograma:

  • 3ª feira (translado): Brasília-Campinas; pernoite em Campinas
  • 4ª feira (dia 01): Campinas>Itatiaia ; Pedra do Altar
  • 5ª feira (dia 02): Agulhas Negras
  • 6ª feira (dia 03): Prateleiras ; Pernoite em Maromba (RJ)
  • Sábado (dia 04): Travessia da Serra Negra (1ª parte)
  • Domingo (dia 05): Travessia da Serra Negra (2ª parte) ; retorno à Campinas; pernoite em Campinas
  • 2ª feira (translado): Campinas-Brasília

Optamos por ir por Campinas pois os preços das passagens estavam mais atraentes e a distância e tempo de viagem não aumentavam tanto (40min). Em Campinas alugamos um carro: Fiat Mobi na Foco. É a segunda vez que alugamos um Mobi, não apenas por ser mais barato, mas também por ser bastante econômico (em nossa viagem para Paraty percorremos 700km com um tanque, usando Etanol!). A Foco apresentou os melhores preços mas o ponto negativo é que as lojas ficam fora do Aeroporto, então para quem tem pressa ou horário apertado, recomendo avaliar. Entretanto, a Foco Campinas oferece transporte numa Van para os clientes e o tempo de deslocamento é entre 10 e 15 min. Ainda que eu goste de viajar de ônibus, as opções de horários e pontos de parada para a região do Itatiaia são poucas e péssimas, fazendo com que alugar o carro seja o melhor custo-benefício.

 

Equipamento:

Optamos por pernoite no Abrigo Rebouças e em quarto na Pousada Pico da Serra Negra (com janta e café da manhã). Pernoitar no Rebouças nos ajudou também a otimizar nosso tempo, evitando, por exemplo, ir e voltar do PARNA para fazer Agulhas e Prateleiras, além de andarmos mais leves durante a travessia. Com os pernoites no Abrigo e em quarto na Pousada, pudemos levar o mínimo de equipamento e peso possível, apenas o necessário. Essa escolha nos possibilitou utilizar, durante as atividades, uma Mochila 43L e uma Mochila 36L. Para o despacho dos equipamentos que foram usados no Abrigo Rebouças (sacos de dormir, vestuário, utensílios de cozinha, etc) acabamos utilizando minha mochila de 65L. Nessa hora senti falta de um Duffel, que tornaria tudo mais simples e prático rsrs

Para cozinhar, levamos um fogareiro Nautika Apolo, um kit de panela da Quechua, talheres e outros acessórios. Quanto ao gás, como é proibido o despacho de material inflamável no avião e o Abrigo Rebouças não disponibiliza botijão, a saída foi comprar um botijão TekGás em Campinas e mandar entregar no hotel. Comprei pela internet na Corricos (www.corricos.com.br) e, por telefone, negociei uma entrega rápida. Fui muito bem atendido pela equipe da loja e providenciaram a entrega no hotel através de um motoboy.

Como o Itatiaia é conhecido por suas noites frias, levamos nossos sacos de dormir -5ºC de conforto. Passamos calor. Para quem fica no abrigo, acredito que um de conforto 0ºC ou +5ºC é suficiente. Para quem vai de carro e pode levar, uma opção é levar lençol e cobertas.

Para a travessia da Serra Negra, levamos apenas nossas roupas (camadas de aquecimento e para dormir, Crocs pendurados nas mochilas), água e alimento para 3 dias. Como estávamos sozinhos e não cruzaríamos com outros grupos, levamos também uma barraca de emergência e dois sacos de emergência, pois o peso é insignificante e são extremamente úteis em uma eventual necessidade. Estávamos com GPS de mão, e como backup, celular com App de navegação.

O Abrigo Rebouças:

O Abrigo Rebouças possui energia elétrica mas não possui  - ainda, vamos ver como ficarão as coisas após a concessão - nenhum serviço de alimentação, não oferece botijão de gás, apesar de haver um fogão industrial, e não possui chuveiros quentes nem geladeira. A diária sai R$ 35,00 por pessoa, sendo necessário realizar reserva entre 30 a 7 dias de antecedência da data de entrada. A estrutura é de abrigo de montanha, com quarto e banheiros compartilhados. As camas são em beliche, havendo um gavetão para cada pessoa, localizado abaixo da cama inferior. A estrutura, apesar de rústica, é bastante confortável. 

Inicialmente havíamos planejado dormir três noites no Abrigo Rebouças e pegar um táxi de Maringá para o PARNA no final da travessia, para recuperar o carro. Entretanto, após conversar com o taxista Marquinhos (tel/whats 35 8428-1059), preferi pernoitar em Maromba no dia anterior à Travessia e deixar o carro na pousada. Assim ficamos menos dependentes de terceiros e horários para retornar a Campinas.

 

1. Chegando…e já saindo

Saímos de Brasília na noite de terça-feira, em voo com escala da Azul. Chegando em Campinas, fomos resolver o aluguel do carro. Chave nas mãos, fomos primeiramente comprar mais algumas coisas no Extra e depois para o Hotel Casablanca (http://www.hotelcasablanca-campinas.com.br/). O hotel é bastante agradável, com ótimo custo benefício, bom café da manhã e estacionamento grátis. 

Apesar da correria conseguimos descansar bem e acordamos cedo no dia seguinte para tomar um bom café-da-manhã e, às 8h, sair rumo à parte alta do Parque. A estrada é movimentada, mas excelente. Os pedágios...são aos montes - não esqueça de levar dinheiro para isso!

Pouco depois do meio-dia já estávamos no Graal Alemão, onde paramos para abastecer e almoçar. O preço da gasolina estava bom; o da alimentação, caríssimo. Como não sabíamos se haveria restaurante mais acima, acabamos comendo lá mesmo. Mas para você que está lendo, fica a dica: em Engenheiro Passos há banquinhas e restaurantes bastante convidativos, talvez o maior e mais movimentado seja o Restaurante do Juquinha. De Engenheiro Passos até o Posto Marcão é curva que não acaba mais. Felizmente a estrada estava ótima, com asfalto e pintura recentes. Mas isso até a Garganta do Registro, onde começa a estrada que leva da rodovia até o Posto Marcão. Estrada ruim, mas transitável para qualquer veículo. Para um Parque tão movimentado quanto o de Itatiaia, já deveria ter sido melhorada. Entre 1ª, 2ª e raros momentos de 3ª marcha, pouco antes das 14h estávamos no Posto Marcão. Fizemos o cadastro, pagamos o ingresso, pegamos a chave e fomos largar as coisas no Abrigo.

O estacionamento estava movimentado, pois um grupo do Exército estava fazendo reconhecimento para uma futura atividade de treinamento. Havia carros, tendas, caixas e muitos soldados. No abrigo estava tudo calmo, apenas sinais de duas pessoas. Pudemos escolher com tranquilidade nossas camas e organizar alimentos e equipamentos. Como ainda estava cedo, resolvemos ir para a Pedra do Altar. Saindo por volta das 15:30, cruzamos com o casal que estava no abrigo, voltando de um caminhada.

A trilha para a Pedra do Altar sai (também) do Rebouças e segue parte da trilha para o Agulhas Negras. Em alguns pontos, sinais da sinalização rústica da Transmantiqueira. A trilha é bastante tranquila, sem lances técnicos. Fomos com bastante calma e apreciando a paisagem e pouco antes das 17h estávamos no cume da Pedra do Altar. O céu ensaiava o pôr-do-sol e um forte vento soprava, mas tínhamos a montanha e toda a vista só para nós: de lá apreciamos Agulhas Negras, Asa de Hermes, Couto. Na descida fomos presenteados com o Agulhas Negras tingido de laranja. Pouco tempo depois de passarmos a ponte pênsil a noite caiu. Sacamos as lanternas e seguimos para o Rebouças, atrás de um grupo que voltava do Agulhas.

A noite não estava tão fria e a água gelada do chuveiro não foi tão ruim. De qualquer forma, o banho nessas situações é tomado aos poucos: mãos, pé, cabeça, pernas, tronco, e por último as costas rsrs.

No abrigo, novas pessoas. Além do casal havia agora um grupo de aproximadamente 10 pessoas que fariam a Travessia da Serra Negra no dia seguinte. Descobrimos que a cozinha do abrigo ficou pequena para tanta gente, e ainda por cima gente espaçosa: São apenas duas mesas grandes com bancos. Com muito custo conseguimos um espaço para fazer nossa janta e comer com calma. Fizemos o bom e velho macarrão com atum, acompanhado de chá. Acabamos indo dormir cedo. Infelizmente a noite foi barulhenta: roncos, despertadores tocando de madrugada sem que seus donos - ou os amigos dos donos - desligassem. Pense você: o despertador tocando quase 10 minutos, as pessoas do grupo acordando e discutindo de quem era o celular, e ninguém se movendo para desligar. Em um rompante de indignação com a inação e incapacidade das pessoas de conviver no coletivo, desci da beliche, abri a mochila alheia e desliguei o celular. “Desculpa gente, mas se ninguém desliga eu desligo”. Voltei a dormir, para 1 hora mais tarde acordar com o barulho dos soldados na área externa.

 

2. Agulhas Negras

Café-da-manhã tomado, cuscus paulista para o almoço devidamente preparado, nos arrumamos para o Agulhas Negras. Por volta das 8:30 o guia Carlos da Barba Negra Aventuras (Telefone: 24 998235501), chegou no abrigo e às 9h partimos para o Agulhas Negras. O tempo estava nublado, mas o horizonte estava limpo: tempo perfeito! Nossa progressão foi tranquila e rápida até a base do Agulhas. A partir da primeira rampa o ritmo foi mais devagar, o que era esperado. O Carlos nos conduziu em ritmo muito bom e com toda a segurança. Não me prendi muito a marcar o tempo, pois estávamos ali para curtir o local e a ascensão. Que paisagem. O Agulhas é realmente um lugar muito único e considero uma das montanhas mais bacanas que já subi aqui no Brasil, pelos seus muitos lances de 'escalaminhadas' e por exigir mais que a simples caminhada. Apesar de não ser uma montanha com muitos lances expostos, pode causar medo e vertigem em algumas pessoas e, para quem não está fisicamente preparado, pode ser exigente. No cume, tínhamos novamente a montanha só para nós. Essa foi a primeira vez da minha esposa em montanha, e mesmo com receios e incertezas encarou o desafiou. Comemos algo e aí Carlos e eu fomos para o cume verdadeiro. Assinado o livro, voltamos, tiramos algumas fotos e iniciamos a descida, também em ritmo bem tranquilo, sem pressa, sem ansiedade. Chegando no Rebouças nos despedimos do Carlos, que nos encontraria no dia seguinte para irmos ao Prateleiras, e entramos. O banho dessa noite foi um pouco mais sofrido, pois estava mais frio que na noite anterior. Mas tudo bem, água fria ajuda na recuperação muscular rsrsrs. Após o banho, fomos jantar. O cardápio do dia era purê de batata instantâneo com lombinho defumado. Nessa noite o abrigo estava mais agradável e espaçoso. O grupo grande havia partido, e agora estávamos nós, o outro casal, e mais um casal que havia chegado. Só gente bacana, e bom papo rolando. A noite foi bem mais tranquila e silenciosa, inclusive porque a atividade do exército já havia terminado.

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No cume verdadeiro do Agulhas Negras.

3. Prateleiras

Café-da-manhã tomado, cuscus paulista para o almoço devidamente preparado, nos arrumamos para o Prateleiras. Mochilas prontas, chave do abrigo devolvida na portaria. Acabamos saindo mais tarde, umas 9:30. Eu havia alimentado uma possibilidade de fazer Prateleiras e Couto nesse dia, mas como atrasamos a saída, o Couto ficou para uma próxima. A trilha até a base do Prateleiras é tranquila e muito bonita, como é toda a parte alta do Itatiaia. Os vales que se descortinam são dignos de receberem gravações de filmes como Senhor dos Anéis e o Hobbit. A trilha que sai do Rebouças, segundo consta, era uma antiga estrada que cruzava o parque. Tanto é que parte dela é asfaltada. 

Rapidamente se chega à base do Prateleiras e é aí que começa a diversão. Apesar de mais baixo, sua ascensão é muito mais desafiadora e exigente: pedras para subir, pedras para descer, fendas, rastejo. Para quem não está acostumado, pode dar uma abalada. Apesar disso, indo com calma e com um bom guia, não há razões para se apavorar. Chegando na parte final, no primeiro trecho onde se recomenda o uso de cordas, Ana já estava cansada física e mentalmente, e decidida a ficar. Carlos então subiu e montou a corda para eu subir. Passamos rapidamente o pulo do gato e os demais trechos e enfim, cume. Que vista! Um carcará solitário numa das pontas nos observava, e observava a paisagem, certamente procurando uma presa.

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Vista incrível a partir do Prateleiras.

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Ana e eu na base do Prateleiras.

Ficamos algum tempo ali e Carlos me mostrou as ancoragens do rapel que é possível fazer dali, ao invés de descer pela trilha. Voltamos e encontramos a Ana e descemos para uma fenda onde almoçamos. Iniciamos o retorno e pouco antes das 15h estávamos no Rebouças. Acertamos o pagamento e nos despedimos. Pegamos o carro e partimos para Maringá (RJ). Se for seguir esse roteiro, recomendo demais se planejar para chegar em Maromba antes do pôr-do-sol. São 2h30min até lá e a estrada é bastante sinuosa, com trechos estreitos e o asfalto nem sempre conservado. Chegamos em Maringá às 17:45 e já estava escuro. Seguimos direto para a Pousada Santa Clara, que fica próxima à cachoeira Santa Clara e ao Restaurante Truta Rosa. Havia reservado um quarto com a Maria Margarida (24 992690350), bastante simpática e solícita. A pousada é bem bacana, quartos limpos e confortáveis. Deixamos as coisas, tomamos banhos e fomos jantar. O centro de Maringá é bem bacana e agradável, bastante organizado. Por recomendação do pessoal da pousada fomos no restaurante Paladar da Montanha. Apesar do prato típico ser a truta, optamos por uma picanha na chapa. Prato muito bem servido e preço muito bom. Maringá estava tão agradável que Ana quase me convenceu a ficar lá rsrs mas como sou obstinado, fui fiel ao planejamento. A região da pousada é bem agradável e silenciosa. Dormimos muito bem.

 

4. Travessia da Serra Negra - Pt. I

Acordamos às 5h. Já havia deixado todas as coisas separadas e o que não ia ser útil, na travessia foi para o carro. Maria Margarida gentilmente adiantou o café para nós. No estacionamento, vi um táxi de Itamonte que só podia ser o Marquinhos. Ele saiu tarde da noite de Itamonte e pernoitou no carro. Convidamos ele para tomar um café. Apesar de relutar um pouco, acabou aceitando. Às 6:30 saímos da pousada com destino ao Posto Marcão. A estrada estava tranquila e o Marquinhos é uma ótima pessoa e ótimo motorista, bastante prudente, e muito bom de papo. Deu uma aula sobre as possibilidades de passeio e lugares para visitar na região. Às 8:40 estávamos no Posto Marcão. Papéis preenchidos, cantis abastecidos, iniciamos a caminhada às 9:40. Escolhemos iniciar via Circuito dos 5 lagos, pois o outro lado, do Rebouças, já conhecíamos. A trilha já começa com uma subida, que vai ficando gradual. Nada muito intimidador, mas já dá uma agitada. O visual na primeira parte é muito bonito. O campo, lagos e o Agulhas Negras ao fundo é realmente fascinante. Depois começam os trechos nos lajeados, que dão um pouco mais de trabalho. A sinalização aqui não é das melhores e a progressão não foi muito rápida. A referência de direção é a Pedra do Altar.

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No início da Travessia da Serra Negra, via 5 lagos.

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No início da Travessia da Serra Negra, via 5 lagos.

Chegando na bifurcação da Pedra do Altar, toma-se o rumo da Cachoeira do Aiuruoca. Segue-se em single-track em terreno bom, com algumas pedras, mas aqui avançamos bem. Há um ponto de água muito limpa. Infelizmente a área ao redor está visivelmente erodida e é necessário alguma intervenção. Acredito que uma ponte/pinguela aliviaria a pressão. Andamos bem até chegarmos na próxima placa, apontando a direção da Serra Negra, Cachoeira do Aiuruoca e Rancho Caído. Tomamos mais à esquerda e prosseguimos. Passamos por um trecho mais fechado, uma espécie de taquaral, até sairmos e ter a primeira visão da Cachoeira do Aiuruoca lá embaixo, onde um grupo que seguiria para o Rancho Caído banhava. Paramos para comer um pão com patê de atum e frutas secas. De lá partimos, desfrutando do belo visual do alto da serra. Não sei precisar o tempo, mas depois a trilha entra na mata fechada e assim vai por muito tempo. A trilha está bem demarcada, não deixando muita margem para erros, a não ser na área chamada de “Invernada”. Aqui duas vacas pastavam tranquilas e nos observavam quando nos aproximamos e, para trás, fica um enorme lajeado por onde cai uma cachoeira. A sinalização na invernada não está presente (ou apagou com o tempo) e, se não estivéssemos com GPS, poderíamos ter nos perdido, como já aconteceu com outros grupos. A trilha aqui segue na beira do barranco onde está a cabana, descendo e cruzando o córrego. A partir daqui ela fica bem visível. Pouco tempo depois encontra-se o rio Aiuruoca, onde pode-se abastecer as garrafas e, para os corajosos, tomar um banho. A trilha volta para a mata e por ela vai. Na área da Cabanas do Aiuruoca, um pouco de luz. Na ocasião dois rapazes estavam trabalhando na estrutura, dando a impressão de que a área será reativada como local de pernoite. Lá avistamos mais uma marca da Transmantiqueira. Seguimos pela trilha, um carreiro bem largo que aparenta ser uma estradinha. E aí foi pela mata até finalmente chegarmos na Sônia, às 17:30. Foram pouco mais de 7h30min, em um ritmo bem tranquilo, principalmente nas descidas, pois o joelho da Ana estava começando a doer.

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Chalés na Pousada Pico da Serra Negra, propriedade da Sônia.

Fomos muito bem recebidos na Pousada Pico da Serra Negra pela Sônia e seus irmãos. Um deles trabalha na Posto Marcão ( e foi quem nos recebeu no nosso primeiro dia quando chegamos no PARNA), o outro é guia e também faz o serviço de levar seu carro até Maringá (R$ 250,00+R$15,00 do estacionamento). Nosso quarto já estava preparado e era bem agradável. Gosto muito de camping selvagem, mas confesso que o um quarto bacana com cama boa e chuveiro quente é algo difícil de resistir. Fizemos nossos alongamentos, tomamos banho e a noite já havia chegado com um céu bastante estrelado. O pessoal preparou uma janta reforçada com truta frita. Uma delícia!

Bem alimentados, parti para a sessão de convencimento da Ana, que estava pensando em desistir de continuar no dia seguinte. Depois de muita conversa, análise do tracklog e da dificuldade de outra alternativa a não ser prosseguir, ela aceitou rsrsrs Por isso só decidam o dia de amanhã depois de banho tomado e bem alimentados!

 

5. Travessia da Serra Negra - Pt. II

A noite foi revigorante. Acordamos bem descansados, tomamos um reforçado café, acertamos as contas com a Sônia, abastecemos os cantis e partimos às 8:40. Seguimos pela estrada e confundi na leitura do Tracklog, perdendo uma saída à direita antes da curva à direita. Acabamos chegando numa outra casa e uma senhora falou: “sobe tudo aí que vai achar a trilha”. Já estávamos pensando em voltar para achar o traçado oficial mas ela insistia, e depois um filho dela saiu e insistiu: “só subir tudo aí e já vai ver”. O problema é que era um baita morro bem inclinado. A insistência foi tanta que acabamos subindo e de fato, achando a trilha. A partir daí foi basicamente um single track, subindo quase 500m. Combinamos de ir em ritmo suave, sem esgotamento e aproveitando o visual, que é realmente incrível. Convém destacar que da Sônia é possível atacar a Pedra Preta - inclusive a trilha parte de uma ramificação desse segundo trecho da Serra Negra - mas é uma caminhada pesada e em geral, o pessoal dedica um dia apenas para isso. Pouco a pouco subimos e depois de 1h30min chegamos na altitude máxima daquele dia.

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Sobe, sobe, sobe!

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Daqui a pouco é desce, desce, desce!

A partir daí foi basicamente descer, alternando entre campo aberto e floresta, em trilha cavaleira. A erosão dessa trilha é assustadora. Há pontos nos quais a trilha está 1.8m abaixo da altura original. O trecho final, já nos sítios, é muito bonito. Foram 5h30min de caminhada e pouco antes das 14h estávamos na Cachoeira Santa Clara, limpando o corpo e fazendo a recuperação muscular em suas águas geladas. De lá andamos uns 800m até a Pousada, onde só trocamos de roupa, pois o banho já tinha sido tomado na cachoeira. Nos despedimos do pessoal e às 15h partimos. Paramos em Penedo apenas para conhecer rapidamente a cidade, comer um Hambúrguer (Kako´s) e comprar uns chocolates. Às 17h partimos rumo à Campinas, nas 5h de direção mais cansativas da vida. Afinal, foram 33km de caminhada. Chegamos em Campinas, no Hotel Casa Blanca pelas 22h. Na manhã seguinte, bem cedo, estávamos no aeroporto, chegando em Brasília a tempo de cumprir nossa jornada diária de serviço. Bota suja, alma lavada!

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Trecho final, já em estrada.

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Bota suja, alma lavada!

Impressões sobre os atrativos

Agulhas Negras e Prateleiras, ao contrário da Pedra do Altar e Morro do Couto, são montanhas cuja ascensão de forma autônoma exige bom condicionamento, habilidades de orientação e conhecimento técnico. Para novatos, o acompanhamento de alguém que conheça a rota e os lances técnicos e esteja com os equipamentos requeridos é essencial para garantir a segurança e o aproveitamento do atrativo. Apesar de eu ter conhecimento e experiência avançada de trekking e intermediária em escalada, ainda assim optei por contratar um guia. Com isso também evitei ter de levar equipamentos como cordas, cadeirinha e mosquetões.

A Travessia da Serra Negra é um trekking pesado. Ainda que não haja lances técnicos, são quase 19km no primeiro dia e pouco mais de 15km no segundo dia com muita variação altimétrica, principalmente no primeiro dia, o que exige bom preparo físico e mental. Não recomendo para iniciantes e pessoas sem experiência em trilhas. Caso escolha ela para uma primeira experiência de travessia com pernoite, esteja bem preparado. Na dúvida sobre sua capacidade de percorrê-la, recomendo ir com guia e comprar o pacote completo na Sônia, ou ter um carregador - isso não é nenhum demérito. Água não é um problema ao longo do percurso. A trilha está bem demarcada e visível e a navegação não é difícil. A sinalização, porém, está deficitária, principalmente nos trechos críticos (bifurcações), não sendo possível confiar apenas nela. Assim, recomendo levar um GPS ou celular com App de Navegação (Wikiloc, Avenza, LocusMaps) como referência. Utilizei esse trakclog.

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Sinalização da Transmantiqueira, apagada.

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Sinalização da Transmantiqueira, conservada.

 

Contatos:

Marquinhos (Taxista Itamonte): 35 8428-1059 (tel/whatsapp)

Pousada Santa Clara: 24 99269-0350 (tel/whatsapp)

Guia Carlos: 24 99823-5501 (tel/whatsapp)

Pousada Pico da Serra Negra: 35 9965-6515 (whatsapp)

Corricos: (19) 3258-5385

Hotel Casablanca Campinas: (19) 3272-7575

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