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Fim de semana na Transpantaneira


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Desde quando fomos para a Chapada dos Guimarães, no ano passado, que me bateu a ideia de percorrer a Rodovia Transpantaneira num fim de semana. Não sei exatamente como me veio a ideia, mas vi que cabia num fim de semana.

 

Inicialmente eu achava que seria necessário um guia com carro e tal. Depois, pesquisando, vi que dava para encarar de carro comum na época seca (meio de ano), por conta própria. Então ficou acertado: assim que houvesse alguma promoção, voltaríamos para lá!

 

E rolou promoção, como quase sempre rola. Não com os incríveis R$ 99 por perna que pagamos no ano passado, mas a também muito convidativos R$ 129. Claro, para tanto é necessário comprar com meses de antecedência. Compramos em abril para a viagem em agosto.

 

Lá atrás eu tinha bolado um plano inicial que, hoje, me parece meio louco: passar dois dias rodando a transpantaneira até o fim, fazendo base em alguma pousada guerreira de Poconé. Seria chão demais, já que a Transpantaneira tem 145 km de extensão.

 

Felizmente mudei de ideia e acabamos optando por uma hospedagem no meio da Transpantaneira, aproveitando uma promoção do Pantanal Mato Grosso Hotel. Esquema-patrão, ainda que na Transpantaneira sejam poucas as opções que escapam desse esquema. Somente lá que pude identificar lugares possivelmente mais econômicos para pernoitar. De qualquer forma mantivemos a meta de conhecer o final da estrada, o luar onde a Transpantaneira simplesmente parou: Porto Jofre.

 

Chegamos na madrugada de sexta para sábado em Cuiabá e partimos logo para nosso primeiro pernoite. Tinha reservado o Âncora Hotel pelo booking. Lamentável, não recomendo. Tinha um banheiro inacreditável: sem box, sem cortina, mas com um rodo (!!) para você recolher a água que alagava o banheiro. Surreal. Se ainda fosse um hotel barato, ok, mas custou 140 pratas. Eu deveria ter pedido pra trocar de quarto, mas às 1:30 da matina eu queria um banho e sono, porque o dia seguinte era para acordar cedo e se mandar.

 

E assim fizemos. Sábado de manhã cedo direto para Poconé, a 100 km de distância. Abastecemos no posto que tem logo antes da Transpantaneira e adentramos a clássica estrada. Começava a aventura, e ainda era de manhã cedo.

 

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Chegando a Poconé

 

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Pracinha de Poconé

 

São 145 km de terra. Era começo de agosto, a estrada estava bem seca. Pura terra. Nada de lama, somente em alguns desvios das pontes (caso você quisesse desviar). Mas nos arredores havia muita água, e muitos representantes da fauna local.

 

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Nome oficial

 

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Acabou o asfalto!

 

Uns 15 km de começar a estrada de terra, você chega no famoso portal da Transpantaneira. Ali já tem um jacaré solitário, o Zico. Depois das fotos, seguimos em frente.

 

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O portal

 

Um dos melhores pontos para observação da fauna que encontramos é logo no começo da estrada, pouco tempo depois do portal, entre a primeira e a segunda ponte. Uma enormidade de quantidade de garças, tuiuiús e jacarés. Para quem não quer percorrer a estrada toda, acho que ali estaria de bom tamanho para conhecer um pouco da fauna local.

 

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Galera unida

 

Depois de longa pausa para admirar toda aquela beleza, um verdadeiro zoo a céu aberto (é clichê dizer isso, mas é verdade), seguimos adiante. Ainda paramos em várias outros pontos para ver a bicharada, geralmente nas partes onde há pontes.

 

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Você chega perto, se quiser

 

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Pontes: são mais de 120 pontes ao longo da estrada. Chegamos a contar na ida. Mas, claro, volta e meia havia dúvidas se não estávamos repetindo ou pulando algum número. Duas das pontes são de cimento – inclusive elas ficam perto uma da outra e era onde ficava nosso hotel (na área do rio Pixaim) --, todas as outras são de madeira. Outras duas estavam interditadas. Dezenas em bom estado, outras dezenas meio sinistras. Passamos por todas elas (exceto as interditadas, claro). Em algumas delas há desvios para quem não quer passar por elas. Acho que os desvios devem ser intransitáveis fora da época seca e, além disso, há de se tomar muito cuidado porque são áreas onde os bichos ficam e nem sempre são transitáveis, mesmo na seca. Em algumas das pontes é maneiro parar e curtir a galera que fica lá embaixo. Fizemos isso muitas vezes.

 

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A primeira de dezenas de pontes

 

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Algumas pontes apresentam problemas

 

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Uma das pontes com acesso interditado

 

Chegamos ao nosso hotel ainda no final da manhã. Foi apenas para dar uma olhada e dizer oi, logo seguimos adiante para seguir percorrendo a Transpantaneira.

 

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Com a refeição na boca

 

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Carcará na estrada

 

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Em área de risco

 

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O visual vai ficando mais amplo conforme se aproxima de Porto Jofre

 

Depois de várias paradas e percorridos mais 90 km, chegamos a Porto Jofre. Rio Cuiabá. Onde a Transpantaneira simplesmente termina.

 

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Fim da Transpantaneira; Rio Cuiabá

 

Do lado direito (de quem chega) há um hotel para pescadores abastados, de diária na casa das muitas centenas. Havia aviões parados do lado de fora!! À frente, no rio Cuiabá, alguns barcos. Certamente rolam passeios por ali. Um deles estava escrito Barco-Hotel. Deve ser maneiro.

 

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Estacionamento de aviões particulares!

 

Do lado esquerdo, entrada para a pousada e camping Porto Jofre, que foi um achado. Lugar simples e econômico (mas a área de camping não é muito limpa...), de atendimento caloroso. Ficamos conversando com a dona por um bom tempo e ela nos disse que cobra 210 reais pela pousada com pensão completa (ou terá sido por pessoa? Depois rolou a dúvida, o que desfaria a caracterização como “econômico”). Bom preço para a região -- se for para o casal.

 

Depois de curtir o momento, o visual do rio e a conquista (estávamos no Pantanal e no final da Transpantaneira!), iniciamos o retorno. Ainda paramos várias vezes pelo caminho.

 

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Fazendo pose?

 

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Galera unida II

 

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Sai da estrada, amigo!

 

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Os veados são mais arredios

 

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Aves em revoada

 

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Esse aqui virou notícia na região -- aconteceu naquele dia mesmo

 

Chegamos ao hotel ainda no fim da tarde, a tempo de curtir o entardecer. Tinha piscina (falei que era esquema-patrão!), o que foi relaxante. E, assim que a noite caiu, os mosquitos partiram para o ataque! Impressionante a voracidade, mas um simples Off resolveu a parada. Acho que fora da época seca a coisa é mais grave.

 

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Capivaras passeando pelo hotel

 

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Fim de tarde

 

De noite, depois do jantar, fomos fazer um passeio de focagem noturna. Fomos num caminhão com uma lanterna de longo alcance (ou coisa parecida). Vimos alguns jacarés e capivaras, que são relativamente comuns na área. Um veado bem ao longe talvez tenha sido o lance mais atraente. E também um lobeto (que, na minha ignorância, nunca havia ouvido falar), que mal pudemos ver, porque ele se mandou. E o mais belo: um minuto de motor desligado e silêncio geral, admirando o céu estrelado, daqueles que você só vê quando se distancia dos grandes centros. No fim das contas aquele dia de focagem noturna não revelou muita coisa -- mas a natureza é assim mesmo.

 

Rolou uma viola (o hotel é tão esquema-patrão que tinha recreadores! Os recreadores, na verdade, são também os guias dos passeios) de noite, mas fomos dormir cedo.

 

Nosso objetivo para domingo de manhã era fazer um passeio de barco para ver o sol nascer, mas infelizmente não rolou quórum. Somente nós dois nos inscrevemos! O jeito foi fazer o passeio das 9 da manhã. Ainda assim, acordei às 6 da manhã pra ver o dia clareando. O sol nascia um pouco antes disso, mas deu para curtir.

 

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Sol nascendo

 

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Onde construir o seu lar?

 

O passeio de barco pelo rio Pixaim, depois do café da manhã, foi bem legal. Pássaros voando ao nosso lado, jacarés em todos os cantos, capivaras, tuiuiús... Tinha de tudo. E nosso barqueiro-guia andou ensinando alguns truques aos pássaros para voos rasantes.

 

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Em pleno voo

 

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Convivência harmônica (?)

 

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Tuiuiu, Todo imponente

 

Num determinado momento o barqueiro parou numa área de jacarés, desceu e foi lá trocar ideia com um deles. Ahahahah, festa das câmeras.

 

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"E aí, tudo bem?"

 

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O barco chega, eles saem

 

Curtimos o resto da manhã no hotel, almoçamos e começamos nosso retorno. Com muita calma e tranquilidade.

 

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Galera toma conta

 

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Araçati

 

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Carcarás são de casa

 

Na volta, mesmo abaixo da velocidade, eis que uma cobra – a única que vimos – que estava do outro lado na estrada resolve correr rapidamente para o mato, passando na frente do carro. Freei, o carro deslizou na terra e... felizmente ela tinha se retirado para o mato a tempo. Ufa. Foi na volta também que vimos um tamanduá cruzando tranquilamente a estrada. Mal houve tempo para máquinas fotográficas em ambos os casos, somente pudemos admirar o tamanduá e torcer para a cobra ter se livrado dos pneus.

 

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Aquilo ali na frente era um tamanduá

 

Aquele domingo estava MUITO quente. Depois li que foi o dia mais quente do inverno. Paramos em alguns pontos para mais contemplação de toda aquela beleza do Pantanal.

 

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Trilha sonora: Sempre enchemos um pendrive para ouvir nas viagens, mas programei uma coisa radical para essa viagem. Somente Almir Satter e trilha sonora da novela Pantanal. Quem nasceu nos anos 70 ou 80 deve ter curtido a novela, ou ao menos sabe o furor que ela representou (um raríssimo momento em que a Globo foi derrotada sucessivamente no horário nobre). Posso dizer que foi muito maneiro, para mim, ouvir aquela trilha sonora estando no Pantanal. :D

 

De volta a Várzea Grande (dessa vez nem entramos em Cuiabá), fizemos check-in no Hotel Express (uma boa opção, hotel colado no aeroporto), tomamos uns chopes num bar nos arredores e fomos dormir bem cedo. Acordaríamos no meio da madrugada para pegar o voo de volta.

 

E a Localiza (outro esquema-patrão da viagem, ainda que com o esquema de desconto/upgrade da Gol) ainda me cobrou taxa de lavagem. Em dezenas de locações que fiz pelo país, é a terceira vez que me cobram isso. As outras duas tinham sido locadoras pequenas locais. Queimou o filme, eu achava que a Localiza era maior que isso. A Avis, onde eu tinha alugado no ano passado, não cobra.

 

E assim foi mais um fim de semana desbravando o Brasil. Espero retornar outras muitas vezes ao Pantanal.

Editado por Visitante
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  • 2 semanas depois...
  • 2 meses depois...
  • Membros de Honra

Acredito que agora esteja, digamos, menos seco por lá. Já assisti a alguns vídeos no youtube da Transpantaneira encharcada e é meio sinistro, acho melhor evitar -- a não ser que vc tenha experiência nisso.

 

De qq forma, acho que agora ainda está começando a encher por lá. Melhor ligar para algum hotel da região e se informar.

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Vou deixar para o inverno, assim o clima estará mais ameno e é mais seguro, até porque não pretendo usar um 4x4.

Ah, quanto a "taxa de lavagem", recentemente a Localiza aprontou dessas comigo e um camarada lá em Santarém-PA. Antes já havia acontecido também em Natal-RN. Sinceramente, acho que já virou regra. ::hein:

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  • 1 ano depois...
  • Membros de Honra

Voltamos à Transpantaneira. Cuiabá é base para muita coisa legal pra se fazer (Pantanal, Chapada dos Guimarães, Bom Jardim), então não deixo passar promoções para lá no meio do ano, período seco na região. Ano passado estivemos em Bom Jardim (Nobres), este ano voltamos à Transpantaneira. Pela primeira vez pegamos voos diretos, na ida e na volta. Isso acabou encurtando o nosso domingo, tivemos de sair logo após o almoço. Mas valeu. Sempre vale – e muito.

 

Chegamos de madrugada, pegamos um carro e apenas fomos dormir num hotel nas redondezas do aeroporto. O vlt que estava em construção desde a primeira vez em que estivemos por lá estava finalmente... abandonado. Ê, Brasil!

 

Sábado saímos cedo para a Transpantaneira. Não tão cedo assim, mas era necessário dormir! Era julho, a estrada estava habitualmente seca. No entanto, o nível da água dos rios estava bem mais alto do que o esperado. A chamada “torda”, área que geralmente concentra grande variedade de bichos, não estava tão povoada dessa vez.

 

Dessa vez ficamos no Pouso Alegre, o que revelou-se ser quase uma salvação do fim de semana. Foi na estrada da pousada que encontramos o melhor lugar da viagem para observação da fauna. MUITOS bichos. Tudo aquilo (e até mais!) que eu esperava ver na Torda, vimos nos arredores da pousada. Jacarés às dezenas (centenas?), tuiuiús, pássaros de diversos tipos (estou muito longe de ser sequer um iniciante no assunto), capivaras, veados, tamanduás e até porcos (javalis?). Curtimos demais nosso tempo por ali.

 

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O símbolo do Pantanal, em pleno voo e no ninho

 

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A Jacarezada. Vc acaba se enturmando com eles.

 

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Há bocas para todos os gostos

 

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Outros habitantes voadores

 

Na pousada ainda fizemos uma caminhada pelos arredores e curtimos um por do sol no pantanal.

 

No dia seguinte acordamos antes de o sol nascer para voltar ao lugar em que vimos a bicharada. Dá pra ir a pé da pousada, é coisa de 1-2km. Então assistimos a um espetáculo da natureza. Os jacarés todos pareciam dormir em conjunto. Dezenas (centenas) de “morrinhos” dentro da água, cercados de pássaros (também às dezenas, centenas). Quando o sol começa a bater ali, eles saem, quase que um a um, para o lago/rio e vão se dispersando. É hora de aquecer o corpo. Enquanto isso, alguns pássaros davam voos em círculo, sempre de olho no alimento dentro da água. Alguns deles chegavam a voar com o bico dentro da água. Ficamos ali umas duas horas, mas podíamos ficar a manhã inteira.

 

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Esses "morrinhos" na água eram os jacarés

 

Mas voltamos, tomamos nosso café e pegamos o carro. Fomos até o Rio Pixaim, onde fizemos um (sempre ótimo) passeio de barco. Foi onde vimos um Tuiuiu todo imponente, de asas abertas, à beira rio. E ariranhas todas assanhadas (bem mais ambientadas do que as ariranhas que vimos no Pantanal Sul!). Isso além de famílias de capivaras, jacarés de sempre e pássaros de diversos tipos. Outro espetáculo.

 

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O imperial imponente!

 

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Ariranha!

 

Depois disso voltamos para almoçar e voltar para Várzea Grande para tomar nosso voo de volta ao Rio. Espero voltar todo ano. O Pantanal merece mais e mais visitas!

 

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Ainda nos deparamos com esses habitantes na estrada, no caminho de volta

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