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Olá mochileiros!

Meu primeiro post no fórum. Espero que gostem do relato de uma das viagens mais incríveis em termos de paisagem e boas energias... A Chapada dos Veadeiros!

A viagem teve início em 31/03 quando saí do aeroporto de Viracopos em Campinas com destino à Brasília. Viajei pela GOL e encontrei um preço bastante atrativo para a época (R$ 194,00 ida e volta com taxas incluídas!!). Chegando em BSB fui recepcionada por uma amiga, mas para quem não tem esse privilégio, existem opções de ônibus circulares e taxis para chegar até o Plano Piloto ou cidades satélites.

No dia seguinte parti sozinha para a Vila de São Jorge, que é a porta de entrada para o Parque Nacional das Chapada dos Veadeiros. Consegui uma carona via página do facebook especializada nesse trajeto – Conexão Chapada. Essa página foi recomendada por uma amiga que conheci em outro mochilão e salvou meus planos de chegar cedo à Vila. Acabei indo com uma galera que já é rato da Chapada, conhece cada pedacinho do lugar (um dos caras fazia trabalho de guia lá) e tinham casas para alugar na Vila. Foi demais! Paguei R$ 25.00 pela carona, que incluiu uma conversa boa e várias dicas turísticas. Recomendo, mas lembre-se de selecionar a carona com cautela :D . A viagem durou aproximadamente 3hrs.

A Vila de São Jorge é bem simples e pequena, pertence à cidade de Alto Paraíso e o caminho para chegar até ela agora é asfaltado e tem uma ciclovia. Demais! Antes era estrada de terra. A Vila não é asfaltada e as ruelas são bem esburacadas, tem de tomar um pouco de cuidado para dirigir por lá. Mas tirando isso é tudo muito rústico e charmoso. Algumas ruas não tem iluminação elétrica e as pessoas colocam velas no caminho e papéis pardos em volta dando um clima interessante ao local. Na cidade chega sinal de internet 2G, porém a energia elétrica oscila bastante e é muito comum faltar luz e demorar bastante para voltar... Portanto, quem tiver bateria externa, leve-a e a mantenha sempre com carga.

 

Algumas percepções da Vila:

- possui uma grande quantidade de albergues (hostels), mas a maioria não é encontrada on-line, em nenhum site de busca.

- alimentação é bem diversificada por lá. Tem restaurante para todo tipo de paladar e bolso. Eles vão desde a cozinha italiana à nordestina. São várias opções de pizzaria, lanchonetes que servem tapiocas, açaís, pastéis, caldos. E tem um famoso restaurante cuja especialidade é risoto. Esse é um dos mais caros, mas pela música ao vivo de boa qualidade compensa ::otemo::

- tem um mercadinho lá, que abre às 7hrs da manhã. É um dos lugares que abre mais cedo. Mas se vc procura frutas não se desespere, elas só chegam à cidade duas vezes por semana. Se não me engano nas quartas e sábado, no fim da tarde. Café da manhã nos hotéis, pousada e albergues não é servido antes das 8hrs da manhã. Acredite se quiser! Logo, se pretende madrugar para fazer os passeios, programe-se para preparar seu próprio café da manhã.

Dia 02/04

Me programei para conhecer as principais atrações do parque nacional, levantei cedinho, me arrumei e aguardei o café da manhã. A portaria do parque abre às 8:00, a entrada é gratuita e a contratação de guia não é obrigatória. Como reservei apenas esse dia para o parque planejei fazer todas as atrações disponíveis e abertas ao público nessa época do ano, o Salto do Rio Preto (com as cachoeiras do Salto e Garimpão), as Corredeiras, as Carioquinhas e o Cânion 1, que totalizam pouco mais de 22km a pé. Encontrei uma médica (Mari) no caminho para o parque, ela me ofereceu uma carona e resolvemos fazer o passeio juntas. Havia me programado para um passeio hard e ela se dispôs a me acompanhar. Foi um dia incrível! Ceu maravilhoso, azul e clima agradabilíssimo. Fomos inicialmente para o Salto do Rio Preto, cachoeira enorme e deslumbrante! Do mirante dá para bater umas fotos lindas dela. Mas não dá para descer até a piscina. Na verdade nem é permitido. De lá, seguimos para a piscina da cachu do Garimpão, só tínhamos nós duas, a água estava translúcida e dava para ver os peixes. Ficamos apreciando a paisagem por uns 40min quando os primeiros turistas chegaram. Mas logo depois o tempo começou a fechar e resolvemos sair da água para evitar risco de tromba d’água, MUITO COMUM nessa época. Partimos para as corredeiras, embaixo de uma chuva torrencial, que durou mais de 1hora. Depois de lá, fomos para as Carioquinhas (uma delícia nadar lá, pena que o tempo estava nublado). E para finalizar o dia fomos visitar um dos Cânions, o outro estava fechado para visitação. As trilhas que levam às atrações são bem marcadas com setas de cores diferentes em pedras e no chão. Contudo é fácil se perder em alguns pontos, o caminho não é muito aberto, logo se você não tem uma boa percepção de mato, compensa contratar um guia (R$ 100,00 a diária). Voltamos à base do parque às 17:15, 15 min antes de fechar com a sensação de dever cumprido. Foi um trekking puxadaço, mas tivemos grandes recompensas no caminho (paisagem e cachoeiras lindas, a flora única do Cerrado – vimos um Paepalanthus sp. – e a fauna (tatuzinho) que nos deu seu ar da graça).

Dica: Sempre leve capa de chuva e uma mochila com compartimento impermeável para os equipamentos eletrônicos e documentos. Protetor solar, um chapéu ou boné, água potável, comida e, se possível, uma toalha de secagem rápida. O parque não possui estrutura interna para alimentação.

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Dia 03-04

Dia de conhecer a famosa Cachoeira de Santa Bárbara, localizada em uma área quilombola no município de Cavalcanti – GO. Partindo da Vila são aproximadamente 210 km, uma boa parte dele em estrada de terra com uma sinalização bem precária, porque (pasmem!) roubam as placas! Eu e a Mari fomos de carro com uns amigos que eu fiz no hostel. Saímos por volta das 9hrs da Vila, passamos por Alto Paraíso (onde abastecemos o carro) e chegamos no quilombo logo após as 12:30. Em feriados e finais de semana, a cachoeira de Santa Bárbara costuma ser muito procurada, por isso eu recomendo sair beeeem cedinho, pra chegar lá por volta das 9hr – 10hrs. Nesses dias eles o tempo máximo de permanência na cachu são 60min. O número de visitantes por vez não passa de 50 pessoas. Na baixa temporada ou em dias não muito comuns (dias de semana) dá pra ficar horas apreciando a paisagem. Logo, rola programar bem a época e horário de visita a essa atração. Como chegamos tarde e na véspera de um feriado, a Santa Bárbara estava cheia, então resolvemos ir primeiro na Cachoeira das Capivaras (que não deixou a desejar). Banho muito gostos, vista bem legal de um cânion. Pagamos 20,00 e isso deu direito à visitação das duas cachoeiras + 14,00 guia (valor por pessoa – nosso grupo tinham seis pessoas). Eles também oferecem almoço no quilombo. Não me recordo bem o valor, pois levei lanchinho, mas acho que era 25,00/pessoa à vontade.

Esse passeio vale muitíssimo a pena e ele toma o dia todo. Os guias são moradores do quilombo, eles não falam muito e o que acompanhou meu grupo não tinha uma dicção boa, logo não dava para entender muita coisa. Mas sem eles não tem passeio! Ah, pra chegar bem pertinho da cachoeira Santa Bárbara é preciso OU ter um carro com tração OU ter disposição para caminhar aproximadamente 8 km (ida+volta) OU pagar R$ 10 para usar o transporte deles lá. Já adianto que se você chorar um pouco eles diminuem o preço para R$ 5, porque 10 conto é um roubo! Fomos de carro (pagamos R$ 5) e voltamos a pé (super tranquilo!!). Lá também não tem estrutura de alimentação, só o restaurante mesmo, no qual tem de agendar a hora do almoço, e um ou outro vendedor de lanchinho que você encontra pelo caminho. Somando os gastos com a gasolina (24,00 por pessoa), gastei em torno de R$ 60,00 para fazer esse passeio.

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Dia 04-04

Dia da Cachoeira do Segredo, passeio tão esperado! Durante a noite choveu tanto, tanto, mas tanto, o dia amanheceu nublado e, por isso, corri na agência de turismo – Agência Segredo – para perguntar se a atração estaria aberta, se era seguro, se haveria mesmo grupos saindo para lá e guias para nos conduzir. Por mais que não seja obrigatória a presença de guia nessa atração eu SUPER recomendo a contratação de uma pessoa que conheça a região e os perigos que essa trilha reserva. A sinalização da trilha é péssima e o clima muda muito rapidamente, principalmente na área da piscina da cachoeira, pois ela está escondida entre três paredões. Além disso, é necessário atravessar dois rios, um deles mais de 11 vezes. Em alguns pontos a travessia é simples, água bate no tornozelo, não tem correnteza e há algumas cordas pra ajudar. Em outros não tem onde se segurar, a água chega ao quadril e quando tem correnteza forte meu amigo é contar com a sorte e ajuda dos coleguinhas. Muitas vezes não está chovendo lá na cachu, porém na cabeceira do rio sim, e por isso o nível da água sobre muito rápido. Resumindo, um dos agentes disse que era sussegado fazer o passeio e que o guia já estava nos aguardando. Diante disso, entramos nos nossos carros e seguimos viagem. A agência não dispõe de veículo, tem de usar o nosso mesmo. Pagamos R$ 26,40 por cabeça (guia + taxa da agência) + R$ 25,00 da Cachoeira do Segredo por pessoa, nosso grupo tinha sete pessoas. Lá não tem nenhum tipo de assistência, não pega celular, nada. Logo, levar comida, repelente, protetor solar, chapéu, essas coisas...

Assim que chegamos o pessoal que estava lá disse que o tempo estava virando novamente, ou seja, havia risco de chuva. Mas fomos adiante mesmo assim, sempre seguros de que o guia iria nos alertar de qualquer problema, ou que ele estava treinado para isso. A trilha tem um percurso de aprox. 9 km por mata fechada. Logo na primeira travessia nos molhamos da cintura pra baixo. Continuamos firmes e fortes, até começar a cair os primeiros pingos de chuva. Fomos adiante, cada vez mais rápidos. Até chegar a um ponto no qual estávamos encharcados e o guia disse que era melhor voltarmos. Nesse momento o grupo ficou bem angustiado, pois faltavam pouco mais de 2 km para a cachoeira e teríamos de encerrar o passeio. Decidimos continuar, foi aí que o guia deixou escapar que não queria nem ter saído da Agência com aquele tempo, que ele sabia que não daria para fazer o passeio. Ficamos todos muito indignados e optamos por continuar, pelo menos para visualizar a cachoeira. Já estávamos conformados de que entrar nela seria impossível e loucura. Faltando aprox. 1 km encontramos com um grupo voltando de lá e o guia nos alertou do perigo de ir a cachu caso a chuva apertasse mais. Terminamos o percurso na pressa, na última curva chegamos à cachoeira do Segredo que é absurdamente linda. Debaixo daquele aguaceiro já foi demais, imagina com o ceu limpo e sem chuva. Tiramos algumas fotos, fizemos uma pausa para um lanche rápido e aí a chuva pegou de vez, começou a relampear e trovejar. Pegamos nossas coisas e saímos rapidinho de lá, em uma corrida contra o tempo e torcendo para que o nível dos rios não tivesse subido. Já na primeira travessia sentimos a diferença. Para reduzir a quantidade de travessias o guia nos levou a um caminho alternativo, por uma trilha atalho, passando por uma área descampada (parecia um pasto). Bateu um medo de encontrar alguma cascavel ou outra serpente peçonhenta em meio aquela vegetação, mas deu tudo certo. Até chegarmos a um dos rios que estava altíssimo e com correnteza. O guia olhou o cenário, parou e disse que teríamos de aguardar. Que talvez não desse para atravessar e que poderíamos, inclusive, dormir no mato. Pra que?!?! O povo ficou doido! No fim das contas, o guia resolveu tentar a travessia sozinho. Não foi nada fácil, mas ele encontrou um ponto menos complicado e nós o seguimos, um por um, em fila indiana. Antes de força, foi preciso muita calma e paciência para saber onde apoiar os pés durante a travessia. E pra completar, no final dela, ainda me aparece uma cobra coral nadando e passa entre as minhas pernas. Ainda bem que foi comigo que sou bióloga. Se outra menina do grupo visse isso ela teria sido levada pela correnteza...

Qual lição ficou desse passeio? É um lugar maravilhoso, muito lindo mesmo. Vale a pena o passeio, mas é fundamental escolher bem a época para fazê-lo. É perda de dinheiro, tempo e humor se embrenhar nessa trilha nos meses que ainda chovem (de fevereiro a maio com certeza!). Talvez junho já seja um mÊs mais propício. Não se engane com o que diz os funcionários da Agência de Turismo. Eles estão interessados no seu dinheiro e não na sua segurança e vão falar que dá sim pra fazer o passeio sussegado. Assim que voltei, passei lá e conversei com dois guias. Disse que foi muita imprudência deles enviar um grupo diante daquelas condições climáticas. Que nós, como turistas e desconhecedores da região, fomos enganados e, além de não usufruir de metade do que o passeio poderia oferecer, ainda corremos sérios riscos. Sinceramente, não recomendo a Agência do Segredo!

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Dia 05-04

O último dia na Vila, o último dia de viagem. Reservei para esse dia um passeio interessante. A Janela/Mirante e cachoeira do Abismo. Essa última é uma cachoeira temporária, que só de forma na estação chuvosa. Ela é bem diferente das demais, sua água é tão amarela, tão amarela. Provavelmente reflete a composição da rocha, mas não sei dizer qual o elemento químico predominante. Esse passeio não necessita de guia e está localizado perto da Vila de São Jorge, não tão perto para ser feito a pé, mas um carro convencional chega tranquilo. Pagamos R$ 10,00 na entrada, que é a mesma para todas as atrações. Caminhamos aproximadamente 4 km do estacionamento até a Cachoeira do Abismo, trilha muito tranquila, nível fácil. Entretanto, acabamos ficando tempo demais na cachoeira (que estava com uma água deliciosa!!) e tivemos de optar. Ou seguir até a Janela/Mirante ou retornar e seguir para o Vale da Lua, outro atrativo famosíssimo da Chapada. Optamos por conhecer o Vale da Lua, que decepcionou bastante. Nessa época do ano (chuvosa), duas piscinas ficam fechadas para natação. Logo, só tivemos a visão de uma delas. E havia vários pontos nos quais a passagem estava proibida. Não pudemos ver, por exemplo, a famosa Pedra da Lua. Uma pena! O lugar tem umas formações rochosas bem surreais, é diferente de tudo que eu vi na Chapada. Mas posso garantir que há lugares melhores. A entrada custou R$ 15,00 e lá dentro tem um barzinho onde vende sucos, refris, cervejas, água de coco e alguns salgados. Saindo do Vale, seguimos viagem rumo à Brasília. No caminho ainda passamos pela Pedra da Baleia (avistada com perfeição apenas de um ângulo). O retorno levou quase 4hrs, pois o trânsito pós-feriado até a capital do país estava um caos!!! Foi uma sensação tão forte de “back to the reality”.

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  • 2 semanas depois...
  • 5 meses depois...
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Que relato legal! Vou para Veadeiros no fim de janeiro e seu relato ajudou muito.

Você poderia me passar o link do grupo de caronas do Facebook? Procurei e não achei.

 

Obrigada :P

 

Oo Gabi, desculpe a demora (e bota demora nisso...).

Espero que seu passeio tenha sido excelente. Ai vai a página do Face, caso ainda precise ou queira compartilhar com alguém...

Beijos

 

https://www.facebook.com/groups/240194479350012/

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