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Morro do Japão: Sobrevivendo a Montanha Sagrada


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Relatório - Morro do Japão

 

Olá Aventureiros(as)!

 

Meu nome é João Quadros, sou Matogrossense e Blogueiro.

Bem... DEcidi dividir com vcs essa que é uma das histórias mais "punks" que sobrevivi!

Espero que gostem!

 

...

 

Na terça passada (27/05/2011) fui a uma “Aventura modo hard”!

Senta que lá vem história...

 

19 horas de terça-feira, meu pai me liga e me pergunta se tenho um cantil, um chapéu, uma calça e um tênis. Respondo todas as perguntas positivamente, então ele me diz:

- Ótimo! Arruma a mochila que amanhã nós iremos subir o morro do Japão.

Tudo bem... Normal!

O morro do Japão fica em Chapada dos Guimarães (MT-BR) e pertence ao Shogyo Gustavo C. Pinto, um monge paulista que uma vez por mês faz um ritual de caminhada em volta do morro

(saiba mais na reportagem da national geografic).

 

Meu pai, Hélio Ramos Caldas e Mário Friedlander (Projeto Paralelo 15) já haviam subido o morro a 14 ou 15 anos antes, com duas laranjas e um pouco d’agua.

 

Acordo as 5:00 da manhã, como combinado. Arrumo-me e eu e meu pai vamos pegar o Mário e o Victor Friedlander(filho). No caminho eles nos falam que o caminho seria difícil. Um pequeno atraso, por causa do geólogo que nos acompanharia na caminhada.

 

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Sou Budista e faço o rito da caminhada desde muito pequeno, mesmo assim o morro do Japão sempre me impressiona com seu “gigantismo”.

Começamos a caminhada para achar o melhor ponto de subida 8h. Caminhamos rápido. Chegamos ao ponto de subida em 15 minutos, normalmente esse trecho se faz em 20 ou 30 minutos. Eu estava levando quase 2 litros de água. O coitado do geólogo já havia tomado um cantil de 1 litro e meio.

Começamos a caminhada em mata fechada (Cerradão úmido). Não havia trilha.

Eu tinha levado meu facão novinho e Mário o dele. Passei meu facão para o meu pai, pois ele tem muito mais experiência do que eu. O primeiro trecho foi fácil, ficava pensando em coisas mil, tipo, o filme que havia assistido e o meu computador ligado. Tentava estar sempre prestando atenção onde botava a mão, onde pisava e nos sons da mata. Sou alérgico a abelhas (descobri isto fazendo uma caminhada neste morro - um rito budista, onde levei uma picada), por isso qualquer zumbido me faz ficar atento.

 

A caminhada começou a ficar mais íngreme, tive que me segurar nas árvores e muitas vezes as usei como corda para me puxar.

Hélio e Mário, de vez em quando, paravam e procuravam um melhor caminho. O Objetivo da segunda etapa era chegar a fenda que tínhamos que escalar para chegar a quarta etapa de caminhada. Chegamos a um ponto alto onde descansamos um pouco enquanto meu pai, com quase 50 anos, escalou de modo invejável uma fenda para ver se era o caminho certo. Não era essa a fenda. Quando desceu estava “um caco”.

Já fazia algum tempo que não via meu pai tão cansado, lhe dei um pouco de água.

 

Depois do descanso, fomos a segunda opção de subida, nela havia uma pedra que tínhamos que escalar e depois a borda do paredão que tínhamos que nos rastejar verticalmente até um caminho aberto pela água das chuvas. Subir não foi tão difícil, usei aquelas dicas básicas de escalada: Manter no mínimo três pontos de contato e se impulsionar com os pés, para direcionar as mãos.

Rastejar pela borda do morro também não foi difícil, pois Mário montou um sistema de cordas para ajudar na escalada.

A quarta etapa foi na sombra com um pouco de vento, um alivio para o sol de 40ºC. Após alguns minutos chegamos ao topo, finalmente! Lá avistei uma Águia Chilena pousada em uma rocha, já havia visto voando, caminhando com Mário algumas semanas atrás. Linda!

 

Deitamos, exaustos, em baixo de uma árvore e juntamos todas as garrafas de água que havíamos trazido, tínhamos 3 ou 4 litros.

Não era o suficiente para passar "bem" o tempo que iriamos passar ali caminhando no cerrado com um sol quente na nuca.

Admito que sou fraco em relação a água, odeio passar sede. Deixamos algumas de nossas coisas em baixo da árvore e começamos a andar.

 

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Mário felizmente tinha um GPS para marcar onde ficava o acampamento. Nunca havia caminhado em cima de um morro na chapada que nunca tivera sido visitado por humanos antes.

Era um cerrado baixo, cheio de pés de tucum (espinhos). Bebia o mínimo de água possível. Botava um pouco de água na boca para beber, e depois pegava meu colar indígena e mordia para produzir saliva.

 

O motivo de estarmos ali era alguns pontos que seriam marcados pelo geólogo com seu GPS gigante. Em cada um dos quatro pontos a beira do paredão ficávamos de 15 a 30 minutos. No 4º ponto minha água acabou. Para beber água eu tinha que ir até o outro lado do paredão. A sede que eu sentia na subida não era nada comparada com a sede que senti dali para frente. Eu olhava para o céu azul com quase nenhuma nuvem e implorava por chuva. Meu colar já não adiantava, acabou a saliva. Começou um processo que chamo de língua branca, que acontece quando meu corpo não tem quase nenhuma água e minha boca esta seca. Minha língua começa a ficar grudenta e branca embora seca. Em alguns pontos matava minha sede com uma laranja ou um gole de água de outro caminhante. Não gosto de beber água dos outros em situações como essas, acho antiético, mas...

 

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Depois de algumas voltas perdidas achamos o acampamento! Que alivio! Pude finalmente matar minha sede. Meu pai havia levado algumas maçãs que devorei deixando apenas o galinho, nada mais. Recuperados, nós começamos a descer. Descemos rápido. A subida que levou 4 Horas se resumiu a quase 2 horas de descida. Chegamos a um banheiro onde deixamos os carros, lá bebi a água da torneira que vem de um córrego mais abaixo. Como foi bom!

 

Descemos de carro ate a case de apoio da fazenda onde fica o morro, onde nos esperava um arroz, feijão e peixe ensopado. Foi uma das mais difíceis aventuras que tive o prazer de participar. Eu agradeço a todos que acompanhei e ao Luiz, o moço que fez a comida.

 

Texto: João Quadros

Fotos: João Quadros (Detalhe Morro do Japão) - Hélio Caldas (Mario friedlander, Victor Amadeo Friedlander e João Quadros) - Mario Friedlander (Victor Amadeo friedlander, João Quadros e Hélio Caldas)

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