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  1. Olá pessoal, essa foi minha primeira viagem para o inesquecível Velho Continente, a Europa. E coloco aqui como foi a viagem e, principalmente, a preparação - meu amigo sempre me "cobrou" para que eu apresentasse para os outros o planejamento. Portugal e Espanha – Parte 1 – O Planejamento O planejamento dessa viagem começou em junho de 2017, com a emissão dos passaportes – era um sonho viajar para fora, assim como o é de milhões de pessoas. A ideia de Portugal, por óbvio, era a fama de ser um país desenvolvido barato e a conveniência do idioma. Mas, assim como é a nossa vida, o planejamento não foi tão lógico quanto deveria ser. Passaportes emitidos, era o momento de pesquisar o voo – um baita abacaxi! Não tinha ideia ainda de preços de voos e só encontrava a superiores a 4 mil reais – bateu o desespero. Como ia pagar 4 passagens a esse preço fora o que eu ia gastar lá e que eu ainda não tinha a menor ideia de quanto seria?! Ficava a percepção que a Europa era exclusivamente para a classe média alta e a nós, simples mortais, a América Latina era o sonho, com o limite máximo representados pelos Estados Unidos – e fui pesquisar os voos para visitar o Donald Trump. Estavam bem mais baratos que os da Europa e, mesmo com o custo da emissão do visto americano, ficava ainda viável. Me animei e já estava pesquisando sobre a Costa Leste Americana – entretanto essa diferença de preços de voos ainda me intrigava. Felizmente, eu estava errado (para alegria geral da família). Falei com um amigo meu que conhecia um colega de trabalho que tinha ido para a Europa – e descobri que ele tinha pago, anos antes, 1500 reais – me animei! Traçando novas formas de pesquisas, mesmo assim a passagem para Portugal (Lisboa ou Porto) ainda ficava mais de 4 mil reais – mas tinha encontrado para a Espanha (Madrid) por 2200 reais! (depois incidiu o IOF do cartão de crédito e subiu o preço para 2364 reais – governo brasileiro sempre atrapalhando) – e mala despachada inclusa. Passagens compradas em 1º de setembro, com o voo programada para 23 de novembro – era iniciada a contagem regressiva para a viagem dos sonhos. Só que tinha um problema: e agora? O que tinha de pesquisar? O que tinha de planejar? Qual era ordem de pesquisa (passeios, hotel, ônibus, carro, trem)? O que tinha de saber antes de chegar na Europa? Devo dizer que essa viagem foi, de longe, a mais difícil, por ser marinheiro de primeira viagem mas pelo que também conseguimos fazer. O primeiro ponto é que o desejo da viagem era Portugal, mas íamos descer na Espanha. Achei um simulador de viagens para a Europa (mas não só para ela) e simulei nele o deslocamento entre os dois países (ônibus, trem e avião). O avião, na versão mais barata de low-cost, apresentava um problema – mala despachada encarece [muito] a passagem e aquela eterna dúvida – e se o avião atrasa? Percebi que o avião ia trazer mais dor de cabeça do que benefícios e desisti. O ônibus, para um trajeto de 600 km, tinha por vários horários e preços competitivos – estava mais barato do que o ônibus que paguei de São Paulo – Rio de Janeiro no Carnaval. Já o trem custava um pouco mais de 100 reais por pessoa e meio lento – demorava 10 horas para percorrer as 2 cidades – saía no final da tarde de Madrid e chegava no começo da manhã para Lisboa (era evidente que servia para economizar 1 diária de hotel). As 2 opções, ônibus e trem, considerei válidas. Só que... Como primeira viagem para a Europa, a expectativa (muito bem recompensada) explode e tem a tendência natural de obter tudo quanto informação possível. E nessa procura de informações, vamos atrás de quem já teve a experiência. Um amigo do meu pai tinha alugado um carro e dirigido por alguns países europeus. E lá fui eu saber como era dirigir, como funcionava o aluguel, quais dificuldades encontradas. Até meu corretor de seguros me deu dicas – tinha viajado alguns meses antes e tinha feito roteiro semelhante (fui até visitá-lo na casa dele; coitado, devo tê-lo deixado doido com tanta pergunta – a gente tem de saber de TUDO!). Só que... como meus pais viram a praticidade e facilidade de alugar carro, foi decidido de fazer a viagem inteiramente de carro. Ou seja, todos os modais anteriormente pesquisados de deslocamento (ônibus, trem e avião) não seriam usados, mas perfazem conhecimento para demais viagens (nada pesquisado é inútil). Além de escritor desse texto, eu também teria que ser motorista. Apesar de dirigir ser simples e na Europa Ocidental eles costumam facilitar (na Espanha e Portugal eles aceitam a nossa Carteira Nacional de Habilitação), deve-se lembrar que está sob a jurisdição do país deles. Cabia, então, estudar as regras de direção europeias – e fui pesquisar as boas práticas de direção da Europa e, principalmente, a sinalização do continente, que alguns casos diferem bem da nossa (se você estuda para fazer a prova para obter a CNH, porque acha que não deveria estudar o de lá?). E nessas pesquisas encontrei um arquivo de recomendação práticas para motoristas portugueses (e para mim) para dirigir na Espanha e em Madrid. O arquivo dizia sobre velocidade, boas práticas, das rodovias, dos feriados na Espanha e da área de restrição em Madrid. Assim como em São Paulo temos a zona de rodízio veicular, em Madrid tem restrição – mas muito pior. Na área delimitada, ninguém pode dirigir, só moradores e eventuais pessoas cadastradas (ou acha que vai dirigir o carro na principal rua da cidade? – até pode, pagando a multa salgada). Fui pesquisar o aluguel de carros – e qual carro deveria escolher? E de qual empresa? O ato em si de alugar o carro é muito simples – alguns cliques de botão do computador, um cartão de crédito (sai mais barato pagar no cartão mesmo com o IOF do que pagar em dinheiro no balcão da empresa) e voilá! Mas, como diz o ditado “O diabo mora nos detalhes”, fui ver cada detalhe que podia representar um problema no aluguel. Existem algumas empresas de aluguel bem baratas, denominadas low-cost de locação. Mas considerei que se na aviação qualquer detalhe é justificativa para aumentar o preço, na locação de veículo não seria diferente – li relatos de que estas empresas fazem exames minuciosos sobre o veículo e qualquer motivo é razão para cobrança adicional (acho que essas empresas são para especialistas, consumidores “macacos velhos” – como primeiro aluguel não seria meu caso). Deste modo, fui pesquisar nas empresas tradicionais. Outro detalhe era se aceitava a viagem da Espanha para Portugal ou tinha que ficar delimitado no país (e podia “sair” mediante pagamento de taxa). E mais um era da quilometragem específica ou livre (achei melhor livre – vai saber por onde vai querer visitar). Ocorreu também de empresa que, apesar do governo espanhol admitir a CNH brasileira, só aceitava a Permissão Internacional para Dirigir. A locação em aeroportos é mais cara, porém como tinha descoberto que poderia ser feriado quando devolvesse o carro – e as lojas dentro da cidade trabalhariam em horário reduzido, preferi alugar no aeroporto. Escolhi um carro de 5 lugares, da categoria C, de quilometragem ilimitada, com porta-malas de capacidade para 3 malas grandes, para retirar e devolver no Aeroporto de Madrid-Barajas. No aluguel tem a opção de adicionais, como GPS, assistência, mas extremamente caros. No preço já estava incluso o seguro do veículo, mas com franquia elevada (de 1600 euros). Tinha a opção de deixar a franquia zerada, com o aumento correspondente no valor do aluguel (não escolhi, mas ainda não sei se o melhor é aceitar ou não – vai da escolha de cada um – mas é algo que pode fazer o preço da viagem aumentar muito). Mais caras também são as multas de trânsito – além de ter valor mais caro que o equivalente brasileiro, a locadora te cobra no cartão de crédito, junto com uma taxa de administração por te enviar a multa – por sorte, deu tudo certo; seguir a lei estritamente faz economizar centenas de euros. A locadora também cobra caso não devolva com o tanque cheio – o que fiz? Na véspera de devolver o carro, consultei no Google Maps e pelo Google Street View para encontrar o último posto antes do acesso ao aeroporto (deu certo; a funcionária da locadora não cobrou combustível extra). E as malas que a gente ia levar, como ia saber que caberiam no carro espanhol? Pegamos uma das malas e fomos testar no porta-malas do meu carro. As malas padronizadas de viagem, com rodas 360, é que servem perfeitamente nos carros. Levamos 1 mala de perfil diverso e quase que não coube no porta-malas do carro alugado. Muito se fala sobre o clima do destino de viagem, se é muito frio, chuvoso, quente, ensolarado. A passagem foi reservada para o final do outono na Península Ibérica, justamente quando mais chove – mas o quanto chove? Fui ver no Wikipédia a média pluviométrica em Lisboa em novembro e dezembro e comparei com a média de São Paulo – era o equivalente ao mês de outubro, que nem representa o período chuvoso da capital (se bem que, atualmente, o clima está longe de ficar na média...). E qual roupa levar? Lisboa tem o clima de São Paulo, simples assim. Mas outras áreas de Portugal e principalmente da Espanha podiam ser mais frias – mas levando as roupas mais grossas foi suficiente (mesmo pegando neve). Continuando o estudo para dirigir na Espanha, descobri que, assim como temos o Rodoanel e as marginais em São Paulo como anéis viários, em Madrid eles tem o de mesmo perfil – e melhorado. São a M-30, de perfil mais interno e urbano, M-40, M-45 e M-50, estas já com perfil de rodovias. É a M-40 o principal anel viário e de Madrid saem algumas rodovias radiais (denominadas pela letra R), que são pedagiadas. As rodovias na Espanha são denominadas pela letra A (autoestrada) e AP (autoestrada pedagiada). Parece irrelevante saber isso, mas as rodovias pedagiadas tem uma equivalente estrada (que pode ter qualidade inferior) e, com isso, consegui dirigir pela Espanha pegando somente um único trecho de pedágio (o GPS pode indicar vias sem pedágios, mas talvez indiquem vias urbanas). No caso do aluguel do carro no aeroporto, alugue sempre com a retirada pelo Terminal 1,2,3, pois para sair do Terminal 4, praticamente tem de passar pelo pedágio da rodovia radial – o que não acontece saindo pelos terminais mais antigos. O preço da gasolina (a95) na Espanha era mais barata (5,20 contra mais de 6 reais o litro à época em Portugal) – tive o cuidado de minimizar a necessidade de ir ao posto em Portugal. Em Portugal a questão não seria tão simples. Exista no país um sistema bem semelhante ao do Estado de São Paulo, de rodovias pedagiadas e outras não – essas eram denominadas de SCUT (Sem Custo ao Usuário de Tráfego), custeadas pelo governo português. Só que a crise de 2008 acabou com os recursos e estas foram concedidas – mas ao invés de colocarem pedágio da forma pela qual estamos acostumadas, estas SÓ aceitam pagamento eletrônico – sistema conhecido como Via Verde. E como faria para andar nessas rodovias? E como saber quais rodovias eram essas? Descobri que a tag de pedágio espanhola também era aceita para os de Portugal. Mandei um email para a locadora de veículos (com o auxílio do Google Translate) se eles forneciam a tag. Mas me responderam que não forneciam. Fui estudar o tal Via Verde – tranquilo para quem era ou estava com veículo de Portugal, mas péssimo para quem vinha de outro país europeu. Uma das opções era pegar uma tag num dos poucos postos e dar 25 euros de caução – pela rota que iríamos fazer, não seria possível devolver. O sistema é cruel para quem não o conhece: não há indicativo na rodovia de que a cobrança de forma eletrônica começará no trecho a frente (como aquelas placas de “último retorno antes do pedágio”). O pórtico de leitura da placa para cobrança está instalado na rodovia e se você não tem a tag ou não se preparou, é multado, após um prazo disponibilizado para pagamento nas agências de correios. Durante esse estudo, achei um arquivo da Infraestruturas de Portugal (espécie de agência reguladora), que mostrava quais eram as rodovias que aceitava o pagamento manual e quais era exclusivamente pelo sistema eletrônico – e tracei as rotas possíveis, sem passar pelos de eletrônico. Na região de Lisboa tem poucos desse modelo, o problema era na região de Porto – em Nazaré, descobri que é possível inserir créditos via SMS. Envia-se um SMS para o número da agência reguladora com o código de crédito comprado e o número da placa do carro (deu mais tranquilidade). Em Lisboa, também existe uma zona especial, mas é de restrição de veículos velhos poluidores – o que não devia ser nosso caso. Em Porto, nada achei, então considerei que não existia restrição. Fui pesquisar o hotel para ficar em Madrid, no último dia de estadia da viagem – considerei que, de carro, a versatilidade para procurar hotel é muito mais fácil, somada ao fato de que a época da viagem é de baixa temporada. Para variar, os hotéis que eram mostrados primeiro eram na área central de Madrid – o que não seria possível, já que nem dá para levar o carro até lá (fora a loucura de dirigir numa cidade – e país – que nada conhecia). O espantoso não era nem o valor do hotel em si, mas de ter visto hotel oferecendo garagem para o veículo por 120 reais!!! Desisti de ver hotel em Madrid e fui ver hotel em Lisboa, para ter uma cesta de opções – na verdade, na Grande Lisboa, já que a cidade cobrava um imposto sobre turistas que lá pernoitam, além da dificuldade de dirigir no centro de Lisboa. Não pretendia usar o carro para andar no centro de Lisboa. Então, como achar hotel? No Google Maps, selecionei a opção de transporte público (metrô) e procurava hotéis próximos – assim tinha a economia de ficar fora do centro (e de áreas turísticas caras) e a rapidez de deslocamento representado por trilhos (mas não encontrei um que me satisfizesse). O tempo urgia e restava pouco para a viagem, mas consegui pesquisar as atrações: mas o fiz num prazo curto e isso cobrou o seu preço. Recebi várias ideias de passeios e tive que tentar consolidar num roteiro (como dói numa primeira viagem ter que cortar o passeio), mas selecionei as obrigatórias na Espanha (San Lorenzo de El Escorial e Toledo, além de Madrid) e deixei em aberto em Portugal – conforme usássemos o carro, escolheríamos onde ir (estabelecemos 3 dias em Lisboa). Tinha comprado um guia com o mapa rodoviário de Portugal (não gosto de usar o celular) que serviu para encontrar as atrações durante a viagem. Mas uma boa “sacada” foi ter encontrado as 7 maravilhas de Portugal. Quem, senão o português, conhece melhor as maravilhas de Portugal? Foi um concurso que os portugueses elegeram suas atrações preferidas. E foi em cima delas que planejei parte do roteiro. Nessa pesquisa de passeios, sempre aparece a sugestão do citycard – no caso, do Lisboacard. Quando pesquisei, fiquei um pouco na dúvida sem compensava ou não – acabei acatando. Mas não achei que realmente valesse a pena. Portugal e Espanha – Parte 2 – A Viagem Dia 23/11 (1) O voo estava marcado para 18:45, mas a preparação começou muito antes disso. Afinal, era uma viagem de 15 dias e nada poderia faltar. As malas estavam todas prontas, mas creio que o nervosismo dessa primeira viagem imperava. Infelizmente existe preparação que realmente só pode ser feito no último dia. E isso consome um tempo precioso. Era a conferência de documentos (passaportes, cartão de crédito, CNH, seguro viagem impresso...), era verificar se a casa estava corretamente fechada – vai que deixa alguma luz acesa? São detalhes que ainda não encontrei uma forma de lidar com eles de forma mais “confortável”. Afinal, uma viagem internacional está muito longe de ser algo simples – mas não impossível (no entanto, com um pouco mais de prática a tensão vai diminuindo consideravelmente). Dirigi o carro e deixamos num estacionamento próximo ao aeroporto (calma que eu tinha um acordo – jamais pagaria os absurdos de estacionar o carro no aeroporto), mas posteriormente não creio que fosse uma boa ideia. Apesar de ter visto o trânsito no caminho e saído com antecedência, pode ocorrer problema, pois não se sabe se pode acontecer um acidente com o seu carro ou ele pifar no caminho – é difícil acontecer? Evidente que é; entretanto se isso acontecer vai dar uma baita dor de cabeça. Como eu moro relativamente próximo, chamar motorista de aplicativo fica ainda barato. Mas para quem mora na capital, o uso de transporte público é interessante. Afinal, este é lotado nos horários de pico – basta fazer o deslocamento nos horários de vale. Após passar pelo setor de passaporte, aguardamos o embarque. No avião, não havia filmes disponíveis em português, só em inglês e em chinês. Existem várias dicas sobre o que fazer no avião, mas, sinceramente, não acho que seja necessário. A não ser que realmente não consiga dormir, o tempo de comer as refeições que a companhia apresenta, junto com o sono, consomem a maior parte da duração do voo. Não há muita necessidade de pensar o que levar para fazer no avião, além de que pode refletir mais um pouco sobre o que vai fazer na viagem e, na volta, pode ver as fotos e vídeos feitos (nunca fiz, na realidade, mas é uma ideia interessante). A preocupação maior fica em levantar para fazer exercícios e evitar trombose, que pode afetar qualquer um. E, talvez, saber falar e ouvir em inglês para assistir aos filmes e falar com os nativos dos outros países. RESUMO Faça a CONFERÊNCIA de documentos, das malas, da casa e que mais for necessário, deixando tudo previamente planejado. Viajar pede mais tempo do que se imagina. EVITE de usar veículo próprio para ir ao aeroporto. Pode quebrar ou ocorrer acidente no caminho, mesmo saindo com antecedência – muito mais fácil de se esquivar se estiver em veículo alheio. Se não tiver dificuldades em DORMIR, não há necessidade de se preocupar em o que fazer no avião. Dia 24/11 (2) O avião se preparava para chegar ao Aeroporto de Madrid-Barajas e percebia que a temperatura externa subia bem devagar – sinal de que estava longe da primavera quente de São Paulo. O avião aterrissou e NÃO acessamos direto ao aeroporto. Descemos na pista para pegar o ônibus sob o clima gelado em Madrid – ainda bem que já estávamos com as roupas de frio. Pisando em solo europeu, me lembrei das imagens que o Papa João Paulo II beijava o chão em que chegava. Não fiz isso, mas a minha alegria era “divina”. Descemos do ônibus e fomos para a tal tão temida fila da imigração de Madrid. Tinha visto uns vídeos não muito promissores acerca da imigração espanhola. Só tinha a reserva do aluguel do carro, passaporte com todas as suas páginas sem carimbo de imigração, sem reserva de hotel, com o dinheiro no limite mínimo de despesa diária e o seguro viagem atendendo a carta Schengen (só que estava dentro da mala despachada que não estava comigo – primeira viagem é tensa), além da passagem de volta. Ali era o desafio final, onde todo o trabalho realizado podia afundar. Fomos nós juntos e apresentei os passaportes e o grupo (em inglês): sister, mother and dad. O Oficial pediu para ver meu pai que estava “escondido” atrás da gente. O que mais ele iria perguntar? Que desespero! Segurando um dos passaportes, ele levantou a mão direita e... carimbou! “Welcome”. Acabooooooooooouuuuuuuu. Mas feliz que Galvão Bueno na comemoração do Tetracampeonato, a Europa sorria para mim. Fomos pegar as malas na esteira e, empolgadíssimo, fomos à loja de locação do carro, depois de ir ao setor que trata de turismo – pura besteira; já sabia bem mais pelo que tinha pesquisado. Tinha fechado a locação do carro pela internet, com o cuidado de ter visto que eles aceitavam a CNH brasileira; que permitiam levar o carro para Portugal; que o carro alugado era de quilometragem ilimitada. Na loja, pediram minha CNH para tirar cópia e meu cartão de crédito para fazer bloquear um valor de caução (atente-se de ter cartão de crédito de limite alto). Nos deram a chave e informaram como chegar no estacionamento onde estava o carro. Chegamos ao estacionamento e tiramos fotos do carro (era uma recomendação que vi na internet para o caso de, se a locadora alegar que o carro foi riscado/batido, poder provar que isso foi feito anteriormente à locação). Após colocar as malas, previamente testadas em São Paulo (e quase que não couberam, por 1 delas não ter o tamanho padrão), entramos no carro e dirigi [bem lentamente] até se acostumar com o veículo. Saímos do aeroporto para acessar o anel viário de Madrid M-40, mas usei a alça errada e não consegui acessá-la. Mais uns minutos até conseguir chegar ao anel viário, mas fui pelo lado errado dela – tinha previsto ir pelo sentido horário para acessar um supermercado, fui pelo sentido anti-horário (mas já prevendo que erros acontecem, também tinha pesquisado outro supermercado caso o outro falhasse) – seria o caso de GPS? Não necessariamente, já que sabia onde estava indo; o erro foi meu de ter errado o acesso. No entanto, ao longo da viagem (e de outras), o uso de GPS foi importante, mas como meio auxiliar – é preciso ver antes os lugares para onde vai e como chegar. Fomos ao supermercado e, para minha surpresa, foi mais barato do que tinha imaginado (tinha pago R$ 4,01 por euro). Saindo do supermercado e descobrindo que é possível virar à direita mesmo com o farol vermelho, como nos Estados Unidos (após receber uma buzinada espanhola), fomos pela principal via para acessar Lisboa a partir de Madrid – a A-5, via sem pedágio e de excelente qualidade. Tendo a adrenalina baixado consideravelmente, percebi que o mostrador de combustível do painel de veículo não mudava. Já tinha percorrido muitos quilômetros. Será que estava quebrado? Parei num posto e apesar de ter visto inúmeros vídeos sobre como abastecer na Europa, deu aquele branco – a adrenalina ainda afetava. Por sorte, o funcionário da loja de conveniência foi solícito e me mostrou qual bomba usar – o da 95 plomo (gasolina) e como pagar – informar o número da bomba para o funcionário da loja (alguns postos já tem o próprio frentista, como no Brasil). Pedi para encher, mas só deu 15 litros. Depois percebi que o carro gastava quase nada de combustível – calculei em 19 km/l, isso dirigindo a 120 km/h – não sei se o carro era muito econômico, se a gasolina era muito boa ou ambos. Nosso primeiro passeio foi para a cidade de Cáceres, ainda na Espanha, sendo seu centro histórico classificado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO – e entendi o porquê. É um dos conjuntos medievais mais preservados da Europa e, sendo o primeiro passeio turístico, ficou ainda mais impactante. É impressionante ver estruturas imensas erguidas a vários séculos, passeando pelas ruas erguidas inicialmente pelos romanos e posteriormente pelos sarracenos. Infelizmente, o dia se aproximava do fim e não deu para conhecer mais – tinha o acesso pago para a igreja (3 euros), mas como não sabíamos quanto ia gastar durante a viagem não entramos; mas o melhor é entrar e curtir (mas sempre com o cuidado com algumas roubadas, principalmente com cidades com forte vocação turística). Tinha estacionado o carro fora da área medieval de Cáceres e, diferentemente da sinalização rodoviária europeia, a sinalização urbana não é muito boa – tivemos que perguntar para uma espanhola qual o caminho para Mérida, rumo à Lisboa (olha aí a falta do GPS). Estacionar fora de área antiga é importante pois 2 motivos: é provável que seja proibido dirigir na área antiga (às vezes é exclusivo para moradores) e, se permitido, o estacionamento pode ser bem caro. Apesar do risco de parar o carro na rua, os próprios europeus recomendam que faça isso. Regularizado o caminho, dirigi rumo à Portugal e abastecemos o carro em Badajoz, última cidade espanhola e onde o combustível é mais barato. Acessando Portugal pela agora rodovia A6, era a hora de procurar o hotel. Como geralmente os hotéis em beira de rodovia são mais caros, entramos na via lateral que dá acesso às cidades para procurar hospedagem mais barata e, de quebra, se esquivar do pedágio. Surpreendentemente, as cidades onde paramos não apresentavam hotéis (uma portuguesa “indicou” um hotel que estava fechado havia anos – o detalhe que ela sabia que estava fechado). Conseguimos achar uma hospedagem em Borba. Esta hospedagem ficava na área de estacionamento pago da cidade, mas este nos cedia uma permissão para estacionar pondo um cartão no para-brisa do carro. Finalmente encontramos uma hospedagem e, de tão cansado, mal conseguia abrir os olhos para comer. Afinal, era o primeiro dia conquistado pelo trabalho de vários meses antes. RESUMO Não há motivo para pânico na IMIGRAÇÃO: é somente uma pequena entrevista ou nem isso; basta dar respostas objetivas ao que ele (se) perguntar. Dia 25/11 (3) Após passar a primeira noite em Portugal, pegamos o carro e fomos rumo à Lisboa. Na hospedagem não servia café-da-manhã (que eles denominam pequeno almoço e banheiro, de casa de banho). Após verificar que uma loja de conveniência na estrada ainda estava fechada, decidimos comer em Lisboa. Na saída de Borba para à rodovia, os carros passam por cabines – algumas para que tem o sistema de pedágio automático Via Verde ou para quem vai pagar em dinheiro ou cartão. Para quem vai pagar em dinheiro (como eu) a cabine libera um comprovante que indica em qual parte acessou à rodovia e para sair dela basta inserir na cabine correspondente, realizando o pagamento proporcional à quilometragem percorrida. Em Setúbal, a rodovia bifurcava: uma em direção à antiga Ponte 25 de Abril e outra em direção à Ponte Vasco da Gama. E agora? O pedágio da 25 de Abril era mais barato, mas escolhemos a outra ponte. Foi a sorte! A antiga ponte cai quase no centro histórico de Lisboa, junto de ônibus e bondes (estes chegam a andar na contramão). Não que seja difícil dirigir lá. É questão de costume. Mas como teria adquirido costume se acabara de chegar na Europa no dia anterior? A Ponte Vasco da Gama, por sua vez, além de ter uma bela visão do rio Tejo, era muito mais tranquila, com pouco trânsito e desembocava ao norte de Lisboa, longe do centro movimentado e apertado. A fome apertava e era a hora de tomar um café. Tinha planejado chegar em Lisboa no sábado no qual imaginava que seria mais fácil encontrar vaga para o carro na rua, bem como circular com ele pela cidade. Lego engano. Não encontrava vaga para o carro de jeito nenhum, mesmo afastado do centro. Eles colocavam carro até cima do canteiro central, algo mais difícil de ocorrer em São Paulo. Quando encontrei uma, era vaga para deficiente. Que saco! Indo cada vez mais longe, consegui achar uma vaga – no limite da área da zona azul, que não funciona no sábado (se no fim de semana é assim, imagina durante a semana). Pelo menos dirigir fora de zona histórico de Lisboa foi bem tranquilo – o problema é prestar atenção no volante e querer ver a cidade. Perto de onde estacionamos fomos para uma padaria tomar um café-da-manhã e ver o caminho para chegar à Amadora, terminal do metrô de Lisboa à época e que imaginava que teria uma tarifa mais barata. Portugal e Lisboa estavam (e ainda são) como destinos turísticos em voga e Lisboa cobra uma taxa de pernoite na cidade. Ficando mais afastado do centro da cidade (mas perto do metrô) evitava o pagamento da taxa, de estacionamento caro e teria a praticidade e rapidez do metrô. Só que o processo não foi tão simples assim e ficamos próximo à estação de trem Amadora, não de metrô, com o auxílio de um casal de idosos portugueses. Deixamos o carro no estacionamento do hotel (apesar do próprio funcionário falar para deixar o veículo na rua fora da zona azul) e fomos pegar o trem para chegar em Lisboa. Compramos o bilhete Viva Viagem (0,50 euros cada por pessoa) e descemos na estação Rossio, onde compramos o Lisboacard para 3 dias. Fomos para primeira atração mais próxima indicada no Lisboacard, o Mirante da Rua Augusta, além da própria Rua Augusta e a Praça do Comércio, com a visão sobre o Rio Tejo. Na Rua Augusta existem vários restaurantes, todos os que vi a 10 euros o prato – suspeitava que esse preço não condiz com a realidade. Na frente da Praça do Comércio, pegamos o bonde e fomos para Belém, para acessar o Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém. Porém, a ansiedade e o desconhecimento da primeira viagem começaram a cobrar seu preço e quando chegamos as atrações estavam fechando. Mesmo assim foi possível acessar a igreja do mosteiro, onde estão enterrados Luís de Camões e Vasco da Gama, além de outros célebres portugueses. E, claro, próximo deles fica o monumento Padrão dos Descobrimentos (só que o Lisboacard não concedia desconto para essa atração). Em Belém, não podia ser diferente, fomos numa padaria comer os famosos Pastéis de Belém. Vale muita a pena. Só tem de ter cuidado com os valores: enquanto numa padaria custava 0,99 euros o pastel, em um supermercado cobrava 6 pastéis por 0,95 euros. Eis algo simples que faz uma baita economia. Pegamos o bonde de volta só que o leitor do transporte não estava reconhecendo o Lisboacard. Fomos na estação Rossio e a funcionária não quis muito ajudar – seria um problema para nós resolvermos no dia seguinte, com o agravante que seria domingo e vários postos de atendimento do Lisboacard estariam fechados. Decidimos voltar para o hotel mesmo com o problema na leitura do cartão já que tínhamos a data da compra e o registro de início do uso do Lisboacard, caso algum fiscal passasse. Dia 26/11 (4) O primeiro ato do dia, após o café-da-manhã (este incluso no hotel) foi regularizar o Lisboacard. Tive que descobrir em qual lugar tinha de ir para arrumar o cartão num domingo (primeiro fui na Western Union, e me indicaram uma banca na frente da Praça Dom Pedro IV, onde consegui arrumar), o que fez perder um tempo precioso, mesmo saindo cedo. Regularizado os cartões, voltei ao hotel para irmos à Sintra e seus palácios. É um passeio para preparar bem a perna. Descendo na estação, fomos à pé até o Castelo dos Mouros (tinha vestígios milenar dos antigos habitantes) e depois ao Palácio da Pena (percebi que os antigos portugueses eram bem pequenos – a cama parecia de criança). Infelizmente, novamente por erro no planejamento (faltou o GPS) e agravado pela falha do Lisboacard, não deu tempo de conhecer o Palácio Nacional de Sintra e a Quinta da Regaleria. É possível fazer esse caminho por ônibus, mas tem de tomar o cuidado que ele não leva na porta da atração. Por exemplo, no caso do Palácio da Pena o ônibus de Sintra levava até o portão da bilheteria. Se quisesse chegar mais próximo, tinha de pegar outro ônibus interno (3 euros à época). Ou pode seguir por trilhas internas. Mas chegando cedo com planejamento é possível conhecer os 4 palácios tranquilamente. Dia 27/11 (5) Pegamos o trem, agora mais frequente por ser segunda-feira, para irmos até o Castelo de São Jorge. No caso, para acessar o castelo tem de pegar um ônibus na Praça Dom Pedro IV (conhecido pelos brasileiros como imperador D. Pedro I). Fortificação da cidade, possui uma vista incrível de Lisboa e seus arredores e, claro, de muita história portuguesa. Fora do castelo, voltamos a pegar o bonde rumo à Belém, para irmos ao Mosteiro e a Torre. E mais uma vez o planejamento incompleto cobrou o seu preço (pelo menos pela última vez) – era o dia em que eles estavam fechados! Apesar de eu ter o guia em mãos e constar tal informação, não tinha percebido. E agora, o que iria fazer? Os portugueses falam muito das belas vistas de Cascais, mas, com o guia em mãos [e aberto], encontramos o Palácio de Queluz, que estava aberto e ficava na estação seguinte à Amadora, onde era o nosso hotel. Ou seja, podia ter realizado um roteiro de passeios bem melhor na Grande Lisboa. Mas como primeira viagem para Europa enxergo que isso foi um aprendizado para entender como funciona o planejamento de uma viagem barata (é fácil falar agora – na hora dá uma raiva). Nas viagens seguintes esses erros não aconteceram ou o foram por motivo de força maior, o que as tornaram ainda mais divertidas. Pegamos o bonde de novo para voltar à Lisboa e acessamos o trem para descer dessa vez em Queluz-Belas, que dista 1 km do palácio. O Palácio de Queluz pertence ao grupo dos Parques de Sintra e é conhecida como a versão Versailles portuguesa (óbvio, nas suas devidas proporções), sendo a residência real durante os séculos XVIII e XIX. E, apesar de ser ainda mais próximo de Lisboa do que Sintra e ainda mais magnífica do que o Palácio da Pena, é praticamente vazia, com pouquíssimos turistas, bem diferente de Sintra. Saindo do palácio, fomos jantar numa padaria próxima à estação de trem, de preços mais baratos em comparação aos encontrados em Lisboa – é impressionante como a majoração de preços é proporcional ao fluxo turístico. Voltamos à Lisboa e andamos pela área central da Lisboa, aproveitando a última noite lisboeta. Fomos no elevador da calçada da Glória (na prática, um pega-turista, mas que estava incluso no Lisboacard; mas não o pegaria se tivesse que pagar avulso). O cansaço chegou e era hora de voltar ao hotel. Dia 28/11 (6) Último dia em Lisboa – e última tentativa para acessar o Mosteiro dos Jerônimo e a Torre de Belém. Pegamos o bonde e descemos em frente ao Mosteiro e tivemos nova surpresa: o Mosteiro estava FECHADO! F-E-C-H-A-D-O! Era um evento de Estado entre Portugal e a Suíça, e a solenidade estava sendo feito no mosteiro, bloqueando o acesso aos turistas – não acreditava no que via. Que ódio! Restava a nós conhecermos a Torre de Belém – e que maravilha. Construída durante a época de ouro portuguesa, serviu de [óbvio] como torre de observação, forte, posto alfandegário, prisão, farol e agora é umas das 7 maravilhas de Portugal. Seus acessos para os pavimentos superiores são meio apertados, mas isso não intimidou um casal que subiu com um carrinho de bebê pela torre (!!!). Fora da torre, nova surpresa: os suíços fora embora. Finalmente conseguiria conhecer o Mosteiro dos Jerônimos, outra maravilha portuguesa. Coincidentemente, a tal chuva forte característica de novembro resolveu aparecer e ficamos presos no mosteiro (melhor do que estar no meio da rua) e deu para conhecer e apreciar mais o complexo. Tendo conhecido o complexo (e a chuva diminuída), era o final do período de validade de Lisboacard e da nossa permanência em Lisboa. Pegamos o trem e retiramos o carro no hotel rumo ao norte de Portugal. Dessa vez a próximo destino seria Mafra, onde fica o convento homônimo. Apesar de não termos o GPS no carro, estava com o guia rodoviário de Portugal e a sinalização rodoviária é muito boa na União Europeia e conseguimos chegar ao município de Mafra tranquilamente, apesar da chuva que voltara. Só que a rodovia cortava a cidade ao meio. Tinha acesso para a cidade indo para a esquerda quanto à direita. E agora? De que lado fica o convento? Arrisquei para a direita – como já escrevi, a última “cobrança” da falta de planejamento foi em Lisboa – e acertei. Passamos a rotatória e lá estava o enorme Convento de Mafra. Só que pelo dia – dessa vez tinha visto no guia (e pela chuva) não seria possível visitar no dia e fomos procurar hotel – meio burrice, sem internet, mas Mafra não possui muitos hotéis; aliás, pouquíssimos. A chuva apertava; isso dificultava e “acelerava” a escolha do hotel mais próximo. Estava com tênis sem ser impermeável e era horrível ficar molhado (junto com as meias) no frio. Para evitar de ficar gripado, fechamos o hotel. Na verdade, ele não era caro – mas os hotéis e apartamentos que conseguimos reservar posteriormente mostrou que ele também não foi barato. Seu preço foi de 85 euros para 4 pessoas, com café-da-manhã e a conveniência de ser próximo ao convento e NÃO estar na área de zona azul da cidade (ele ficava no limite; um lado era na zona azul e outro não). Posteriormente, fomos ao supermercado comprar o “jantar”. Dia 29/11 (7) Depois de tomar o café-da-manhã, fomos a pé ao Convento de Mafra. Um dos finalistas das 7 maravilhas portuguesas, possui uma biblioteca maior do que a da Universidade de Coimbra, sendo protegida por... morcegos! Eles não permitem conhecer melhor a biblioteca, somente uma visão por umas das entradas; mesmo assim tem uma seção com a apresentação de alguns livros – é espantoso a riqueza de detalhes dos desenhos feitos séculos atrás (o que faz até sentido, numa época sem internet e grandes comunicações – havia tempo de sobra para fazer trabalhos perfeitos). Também tem uma área médica, arte barroca e uma área privativa da realeza para assistir a missa de uma janela do convento (a monarquia portuguesa tinha seus privilégios). De volta ao carro, agora já mais acostumado com o carro e com a direção da União Europeia, fomos a Óbidos, cidade que ainda resguarda uma enorme muralha no estilo medieval e um castelo restaurado que virou uma pousada de luxo. Estacionamos o carro no estacionamento com zona azul e percorremos pelas ruas da cidade. É um passeio muito interessante, mas preferi outros lugares desta viagem (sem contar que a área do castelo nem pode entrar – a entrada é permitida só por reserva na pousada...). Fora de Óbidos, tinha decido ir ao Mosteiro de Alcobaça, na cidade homônima (e umas das 7 maravilhas). Devido à proximidade, decidimos não usar a autoestrada – para conhecer um pouco mais do interior de Portugal e evitar o pedágio da autoestrada. Paramos o carro no estacionamento bem em frente ao mosteiro (com aquela eterna dificuldade para saber o tempo que ficaríamos no mosteiro para comprar o bilhete da zona azul). De Luís de Camões, “Inês é morta”, descobrimos que a Inês de Castro continua morta... e enterrada no mosteiro (sua tumba está meio “machucada”, mas não deixa de impressionar). A estrutura antiga do mosteiro me lembrou muito de algumas cenas do Castelo de Hogwarts, de Harry Potter. Fora de Alcobaça, tínhamos planejado ir à Fátima, mas em Lisboa o funcionário do hotel tinha indicado que seria melhor ir para Nazaré. Cidade de onde partiu Vasco da Gama, é famosa por suas ondas gigantes para os surfistas. Fomos para conhecer a cidade, mas caímos em algumas ruas estreitas e, sem GPS e com a parca sinalização urbana, não estava conseguindo sair – pedimos ajuda para um menino na cidade que, com sua bicicleta (como no filme do E.T.), nos guiou à nossa frente até chegar ao caminho para o centro da cidade (eis um caso que um aparente problema vira uma bonita história para contar sobre viagens). Dentro do carro, conhecemos um pouco do centro de Nazaré (sem indicação de restrição a eventuais motoristas de fora da cidade) e, claro, onde percebia que podia ser mais difícil dirigir (como a rua que trocava o asfalto pelas pedras antigas) eu manobrava para sair da área. A noite tinha chegado e tinha de encontrar a hospedagem – como? Na área central de Nazaré, mais próximo da praia, havia zona azul. Fui, então, para a área não abrangida pela zona azul – afinal, não é foco da viagem conhecer a praia de Portugal e, assim, evitaria o custo de pagar o estacionamento. No limite entre essas duas áreas, parei na frente de um pequeno mercado de bairro e perguntei para a portuguesa se ela conhecia uma hospedagem na região. Ela largou a vassoura, saiu do mercado, parou em frente à casa adjacente ao mercado e tirou uma chave – que sorte! Ela era a proprietária de um pequeno apartamento, a um custo de 60 euros, com quartos, sala e cozinha. Com essa conveniência da cozinha, fomos ao supermercado próximo da hospedagem para uma refeição mais completa, junto com os sempre presentes pastéis de Belém. A única “dificuldade” dessa hospedagem é que você deixa a chave dentro de uma caixa quando vai embora – caso esqueça algo ou feche o apartamento com a chave dentro, estará com um certo problema (mas nada que um pouco mais de atenção não dê um jeito). Dia 30/11 (8) No dia seguinte, ainda estava preocupado com os tais pedágios exclusivamente eletrônicos que eram próximos da região de Porto. E tendo estudado no dia anterior, percebi (só nesse dia) que existia a possibilidade de mandar um SMS com o código de crédito de pedágio comprado e a placa do carro. Fui comprar um chip de telefonia (€ 7,50 – e ainda teve mais utilidade posteriormente) e comprar os créditos na agência de Correios de Portugal – comprei o de valor mínimo (€ 5,00 mais taxa), já que, caso caísse em um deles, o valor cobrado por cada pórtico do pedágio eletrônico é relativamente baixo, sendo esse valor suficiente. Após o café-da-manhã, fomos à pequena igreja da área antiga de Nazaré – o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, que apesar de pequena tem seu charme. Foi em Nazaré (e à Santa) onde Vasco da Gama pediu proteção para suas viagens – o local deve ter uma força e tanto; funcionou bem para o Vasco, com a chegada dele à Índia em 1498. De Nazaré, voltamos para a auto-estrada rumo à cidade de Coimbra, que no passado já foi a capital portuguesa. Paramos próximo à Universidade de Coimbra (com o auxílio – finalmente – do GPS no celular) e conhecemos seu Jardim Botânico, seus estudantes com a capa preta no estilo dos alunos do Castelo de Hogwarts e a faculdade de Direito – tinha visto até uma pichação contra o governo brasileiro que vira no jornal no Brasil... Lógico, fomos a tal Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, porém cobrava o acesso (€ 10,00) e tendo visto a biblioteca no Convento de Mafra (que é maior, por sinal), achamos que não valeria o gasto – talvez, se não tivesse conhecido o de Mafra, teria entrado. Depois de passear pelos domínios da Universidade e conhecer os Aquedutos de São Sebastião (obra do reinado de Sebastião, que aproveitou os restos do primitivo aqueduto romano), decidimos o próximo passeio: a Sé de Coimbra, mas devido às ladeiras da cidade, resolvemos ir de carro. Só que ele fica na parte antiga da cidade e no caminho vi a placa de exclusivo aos moradores (e cadastrados) para utilizar a rua – e o pior que não conseguia retornar. POR SORTE (que só tive a certeza depois) esse acesso exclusivo era em determinadas horas do dia – e estávamos nela fora desses horários; caso contrário seria multa na certa. Só que, na hora, isso estraga o passeio, já que a possibilidade de pagar uma multa salgada estava na cabeça. Depois de “refazer” a cabeça (e desistido de ir à Sé de Coimbra), com a tarde acabando, andamos um pouco mais por Coimbra para finalizar o passeio, rumando à cidade de Porto. Já próximos de Porto, chegamos à parte final da autoestrada e, por consequência, a cabine de pedágio – que calcula a distância percorrida pelo veículo, inserindo o bilhete retirado quando acessa a autoestrada (nesse caso, o de Coimbra). Inseri o bilhete na máquina, que calculou a tarifa (€ 7,15). Comecei a colocar o dinheiro, com uma nota de 5 euros – e a máquina acusava que faltava ainda € 7,15. O QUÊÊÊÊÊÊÊ?!?! Fui logrado em 5 euros!! E agora? Existe na máquina como chamar um atendente remoto (ainda bem que em português) para explicar o caso – mas explicar numa terra distinta, mesmo que em português não é tão fácil assim. Iniciei a conversa com o atendente, à quem informei que tinha inserido os 5 euros na máquina que não foram reconhecidos e ele disse que seria avaliado a situação e pediu meus dados (posteriormente, recebi uma ligação e uma carta pedindo meus dados bancários da Europa para que fosse realizada a transferência – estou até agora tentando receber esse dinheiro...; pelo menos é uma história para contar e, mais importante, NUNCA coloque em máquinas notas de alto valor – deixe estas para situações de atendimento pessoal). Passado o causo do pedágio, chegamos em Porto e... onde iria parar? Era uma quinta-feira, véspera de feriado (1º de dezembro é o dia da Restauração da Independência) e a cidade, apesar de menor que outras cidades famosas, estava com um trânsito de saída de Carnaval em São Paulo (ainda bem que já tinha me acostumado ao volante). Evitei de entrar no centro da cidade e parei num posto de combustível para pesquisar hospedagem – já que é um horror encontrar vaga para parar/estacionar o carro na Europa, os postos servem para “quebrar esse galho”. Entrei no site de buscador de hospedagem e encontrei um apartamento por € 45, com vaga de garagem inclusa (posteriormente, verifiquei que o preço dele estava o dobro – deve ter derrubado naquele dia para encontrar um eventual cliente de última hora – para minha sorte). Com o endereço informado e com o GPS no celular, peguei o anel viário – e o trânsito – de Porto até o apartamento. Minha ideia era evitar pagar o IOF no cartão de crédito de 6,38% e dar em dinheiro ao proprietário, mas não foi o caso – tive que fazer pelo cartão; mas mesmo com IOF, compensou muito ter encontrado essa hospedagem. Dia 01/12 (9) Depois de tomarmos o café-da-manhã no apartamento e assinarmos os papéis de exigência do município para este tipo de hospedagem, pegamos o carro e dirigi (com o trânsito mais tranquilo por causa do feriado) por parte da cidade de Porto. Já esperto quanto a dificuldade de dirigir em áreas mais antigas (fora eventuais restrições) percorri com o carro perto da área central, mas fora dela. Cabia, agora, encontrar um estacionamento. O primeiro lugar encontrado tinha os preços para até 15 minutos; olhei a placa de valores e manobrei para sair – muito caro. Ainda na mesma quadra, perto da Câmara Municipal de Porto, encontrei numa rua sem saída um estacionamento com preços bem mais acessíveis. Deixamos o carro e fomos à pé pela cidade. A praça onde fica a Câmara Municipal de Porto (um belo prédio, por sinal) continha aqueles letreiros como em Amsterdã – e também o enxame de turistas para tirar foto; melhor partir para o próximo passeio. De lá, fomos à Livraria Lello, que [dizem] inspirou a J.K. Rowling para imaginar a escadaria da livraria Floreio e Borrões, no Beco Diagonal – apesar de tantos anos terem se passado desde a publicação do último livro, a fila para entrar ainda era grande. Próximos da livraria, ficam as Igreja do Carmo e Igreja dos Carmelitas Descalços (vale uma passada rápida pelo local – ou para quem não quer ir à livraria). Curiosamente, entre as 2 igrejas tem uma pequena portinha – uma minúscula casa, quase imperceptível (só descobri depois que tinha passado por Porto...). A fome apertava e buscamos o que comer. Na praça em frente às igrejas, um dos restaurantes tinha um painel, mostrando um almoço por € 3,00 – achei estranho, já que na Rua Augusta, em Lisboa, os restaurantes cobravam € 10,00. A diferença era gritante. Será que que tinha alguma taxa embutida, alguma pegadinha? Resolvemos arriscar. Pedimos três da refeição indicada no painel: arroz, feijão, peixe e algo mais de que não lembro. Minha irmã pediu macarrão a 4 queijos; esse mais caro, o cardápio mostrava a € 4,00. A fatura chegou: € 13,00 – sem nenhuma pegadinha ou taxa extra, foi um almoço mais barato do que muitas refeições disponíveis em São Paulo. A partir daí a minha suspeita se confirmou – esses preços de € 10,00 por refeição não condizem com a realidade; são, na verdade, preços para turistas endinheirados ou que não tem noção real de valores, ou, por exemplo, de lugares com alta incidência de escritórios, como a região da Berrini em São Paulo. Ou seja, para uma viagem a “preços normais”, compre comida em supermercados e/ou pesquise onde ficam os restaurantes e lanchonetes “alinhados” com o custo real da cidade. Abastecidos por uma boa e barata refeição, fomos à próxima atração lindeira: A Igreja dos Clérigos, patrimônio da UNESCO e um dos finalistas das 7 maravilhas de Portugal. De estrutura barroca, tem acesso [pago] à torre e ao museu. Mas como nossa estadia em Porto seria curta e a igreja, por si só, é muito bonita, o passeio já foi o suficiente. Fora da igreja, saímos da área alta da cidade ao Rio Douro, passeando pelas suas margens, com vista das pequenas casas (ornamentadas pelos azulejos portugueses), da ponte D. Luís e encontrei na região outro lugar de visita. Para variar, outra igreja: Igreja Monumental de São Francisco, de acesso pago e que não podia tirar foto (que saco!). Apesar de turistas não terem os apetrechos que o MI6 apresenta ao James Bond, percebia inúmeros turistas que estavam dando uma de agente secreto para tirar foto. Dentro da igreja existem impressionantes obras barrocas compostas por ouro (que, imagino, vindo do Brasil...). De lá, subimos a ladeira até a icônica estação São Bento, com as paredes enfeitadas com os azulejos portugueses (deu uma vontade de passear de trem, mas isso ficou para uma próxima vez). Perto da estação, fica a Sé do Porto, mas devido ao horário não seria possível conhecê-la – fora que seria mais uma igreja para conhecer no dia. Com o final da tarde, era o caso de procurar nova hospedagem. Os próximos ao centro, para variar, eram bem mais caros do que o apartamento que tinha encontrado no dia anterior. Pesquisei no celular novas hospedagens – e encontrei um hotel por 50 euros. Voltamos ao estacionamento e retiramos o veículo, após o pagamento de € 6,30 pelo período. Lembra de que percorri as ruas perto da área central, mas fora dela? Foi a sorte naquele dia. Era feriado nacional e os portugueses aproveitavam esse dia para se divertir no centro, se preparando para o Natal. E o trânsito na área estava insuportável, mas começava imediatamente após o acesso à rua de saída do estacionamento; ou seja, tinha conseguido parar próximo do centro e evitar o trânsito (no caminho de volta, via filas de carros parados semelhante em São Paulo quando chove...). Chegamos ao hotel e dessa vez consegui me esquivar do IOF do cartão de crédito – dessa vez o pagamento foi em dinheiro. O hotel tinha um convênio com estacionamento por € 5,00, mas o funcionário da hospedagem recomendava parar na rua, apesar da sinalização. Mas é melhor seguir as regras estritamente no exterior para evitar maiores prejuízos e deixamos no estacionamento. Dia 02/12 (10) O hotel não servia o pequeno almoço (o café-da-manhã), mas havia uma padaria logo à frente para isso e, novamente, tinha uma funcionária brasileira na área (mesmo morando muito tempo em Portugal, a ausência de sotaque é perceptível). De volta à estrada, fomos para a cidade de Guimarães – era por causa dela que a nossa existência, a do Brasil, a do Império Português era devida pois foi nela que Dom Afonso Henrique fundou Portugal, recebendo o título de Afonso I, primeiro rei português. Paramos o carro no estacionamento da principal atração da cidade, o Castelo de Guimarães. Apesar de pequeno perto dos outros castelos já conhecidos e um pouco destruído durante a passagem dos séculos, é muito divertido pois mostra a história de Portugal e a formação do Estado português, até de forma interativa. Próximo ao Castelo, fica outro denominado Paço dos Duques. Este castelo é de uma estrutura mais completa e ainda mais impressionante. Existem tapeçarias enormes pelo complexo que cobrem toda a parede, quartos fiéis à época medieval, além de armas e espadas da época – um ponto que me chamou a atenção é que as salas têm pé-direito alto, mas possuem (quando têm) janelas pequenas e no alto; além disso as portas e camas são perfeitas para os 7 anões da Branca de Neve (pelo jeito os homens medievais eram bem pequenos). Finalizado o passeio pelo Paço dos Duques, descemos para o centro de Guimarães que, apesar de pequena, é muito bonita, com seus traços da era medieval e da era moderna. Apesar da logística dessa viagem não permitir o pernoite na cidade, é um local que me hospedaria tranquilamente. A magia do lugar não encontrei em paralelo nenhum nem na Espanha, França, Inglaterra (que é minha paixão), Suíça ou Itália. Depois de conhecemos Guimarães (tem inclusive uma praça com placas em homenagem à fundação de Portugal – uma delas era do Sarney), era necessário irmos para a próxima cidade: Braga. Como era sábado e já tinha passado das 13 horas, era possível para na área mais central sem medo de zona azul (ou alguma multa). Na cidade, fomos ao Museu dos Biscaínhos, uma antiga casa portuguesa e seu jardim – era bem interessante como era a cozinha antiga, com o “fogão” no chão (haja coluna para abaixar e levantar...). De lá, andamos pelo centro e fomos conhecer a Sé de Braga, uma das inúmeras igrejas da área central da cidade, de acesso pago (depois de tanta igreja, nem lembro mais do que vi nela – ou, o que é mais provável, confunde com o que viu em outro lugar; mas todos os lugares vistos são bonitos, sem exceção). Queríamos comer um prato de bacalhau (afinal, estávamos em Portugal) mas o restaurante que vimos já estava fechado. A gente fica acostumado com tudo aberto em São Paulo mas não é assim que o comércio e serviços funcionam na maior parte do mundo. Restou, então, procurar a salvação dos turistas: o fast-food. Aproveitei a internet da lanchonete para procurar hospedagem, mas depois de chegarmos ao local descobrimos que se tratava de um hostel e perguntei o preço – se tivesse um preço competitivo (e conforto), OK. A resposta: € 14,00 por pessoa com banheiro compartilhado. Ou seja, não era OK. Ora, tinha pago por pessoa em Borba € 15,00; em Nazaré € 15,00; em Porto € 11,25. Esse preço não era competitivo (e nem sei se esse valor incluía café-da-manhã). Com a versatilidade do carro nas mãos, a solução era óbvia: sair de Braga e encontrar hospedagem em outra cidade. De volta à autoestrada, agora a noite, estávamos percorrendo o trecho final da viagem em território português, já que não havia mais cidade famosa turística em Portugal a ser conhecida. E qual cidade que iria parar? Não fazia a menor ideia, mas a dificuldade de encontrar hospedagem no primeiro dia de viagem na Europa mostrava que parar em cidade muito pequena não dá muito certo – fora que, se ficar muito tarde, é capaz de achar nada aberto – era uma corrida contra o tempo. Seguimos pela rodovia, cada vez mais para o norte, e cada vez mais frio: o painel do carro mostrava a temperatura externa (quando saímos de Madrid, marcava 17ºC). Em Braga, o carro marcava 8ºC. E na viagem pela rodovia, 7ºC, 6ºC, 5ºC, 4ºC... e aos 4ºC apareceu no painel o símbolo de gelo e um alerta em amarelo em espanhol – opa! Isso quer dizer o quê? Que pode ter gelo na pista? O carro não tem corrente para neve. O que ia fazer? Por óbvio, reduzi a velocidade dos 120 km/h e, por sorte, estávamos no lado de uma cidade de um tamanho considerável, Valença (não confunda com Valência, na Espanha). Coincidentemente, era justamente a última cidade portuguesa, limítrofe com a Espanha. Tinha passado o último pedágio em Portugal e entrei em um dos acessos da cidade. Como esperado, logo na entrada dessas cidades existem hospedagens para viajantes de estrada (como nós) e fui pesquisar os preços. Na Europa, percebi que quartos de hotel para 4 pessoas não são muito comuns como no Brasil – a hospedagem mais barata que encontrei só tinha quartos para 1, 2 ou 3 pessoas – mesmo pegando 2 quartos para nós quatro, o custo saiu a € 16,00 por pessoa com café-da-manhã. Problema da hospedagem resolvido. Mas e do carro? Mostrei aos funcionários do hotel (e, adivinha, um era brasileiro...) uma foto do painel do carro mostrando o alerta. Não era para se preocupar. Era apenas um alerta sobre eventual diminuição da pressão do ar nos pneus decorrente da queda de temperatura (depois perguntei ainda para o perito da família que confirmou que não teria problemas). Para completar a boa sorte na viagem, vi num jornal na hospedagem que o outono daquele ano estava sendo o mais seco nos últimos 50 anos na Península Ibérica – ruim para muitos, bom para turistas. Tranquilizado acerca do carro e tendo encontrado uma hospedagem confortável e barata, acabava enfim a viagem por Portugal. Vários meses de pesquisa e planejamento condensados em dias que ficarão para sempre na memória (e nesse blog). Dia 03/12 (11) Esse dia seria o oposto ao dia 24/11, já que teria 23 horas, decorrente da diferença de fuso entre Espanha e Portugal. No fim, foi fundamental ter saído de Braga na noite anterior e a hospedagem servir um café-da-manhã mais cedo do que a maioria para que pudéssemos realizar o passeio no dia a tempo, já que esta fechava até às 17 horas, como é de praxe no inverno europeu. Saímos da hospedagem e iniciamos o trecho de carro que seria o maior da viagem. Só que o para-brisa começou a embaçar, decorrente do frio de 2ºC daquela manhã. Mas isso não é novidade; todos os anos tem de acionar o desembaçador do carro durante o inverno (ou com chuva no forte no verão) em São Paulo. Pois bem, acionei o desembaçador... e nada mudou. O para-brisa estava cada vez mais embaçado e mal conseguia enxergar as placas na rodovia (até perdi o acesso da rodovia para Madrid pela A-52). Fui procurar um posto para poder parar o carro, enxergar e ainda aproveitar para abastecer (lembra que o preço do combustível na Espanha é mais barato do que em Portugal?). No posto pedi ajuda para conseguir limpar o para-brisa, só que só conseguia pensar em frases em inglês (clean the glass...). Mesmo assim, conseguiram entender e me mostraram a mágica: bastava ligar o desembaçador e o ar-quente. Viajar tem disso: passar por “humilhação” por atos triviais que desconhecemos. Agora com o carro abastecido e para-brisa limpo, estávamos prontos para percorrer centenas de quilômetros conhecendo as paisagens das regiões Oeste e Central da Espanha, passando inclusive pela cidade de Tordesilhas (onde foi feito o tratado que dividiu o mundo em favor da Espanha e Portugal). Ainda bem que tinha descoberto que o símbolo de alerta de gelo no painel não era preocupante, pois a temperatura caía ainda mais, apesar de cada vez ser mais tarde – chegou a 0ºC. E o símbolo não aparecia só no painel – também havia placas de trânsito na rodovia com o sinal (o que era uma de minhas preocupações da viagem, já que jamais tinha dirigido na neve – aliás, nunca sequer tinha visto). Seguimos pelo corredor rodoviário A-6, sem pedágios, mantido pelo governo espanhol. Em Adanero a rodovia bifurcava em duas para a mesma direção – a N-VI e AP-6. Só que, nesse trecho, a N-VI subia por montanhas e era cheia de curvas, enquanto a AP-6 manteria a qualidade de via, mas com o pedágio equivalente (bem caro, por sinal – enquanto em São Paulo o preço chega a R$ 0,27/km, na AP-6 chegava a R$ 1,00/km, com base no euro a 4,01 reais). Mas com carro alugado a economia resultante de usar vias mais perigosas é o que se pode definir de “economia porca” ou o “barato que sai caro” – melhor usar a via mais segura e deixar a outra para locais. O trajeto pela rodovia começava a subir as montanhas e somente ali percebemos que as “pedras” (ou “sal”) que vimos em outros pontos na lateral da rodovia desde a saída de Portugal tratava-se, na realidade, da neve que retiraram da estrada e jogaram para o lado. Jamais tinha visto e não é muito usual encontrar neve no começo de dezembro no caminho realizado pela viagem. Foi um bônus e tanto. Mas o melhor estaria por vir. A rodovia entrou num vale, na área da cidade de El Espinar. TODO forrado de neve, cercada por altas montanhas, com a rodovia serpenteando pelo vale, ao som de I Say A Little Prayer (dá para perceber que foi inesquecível). Uma das mais lindas paisagens que vi na vida, até reduzi a velocidade do carro para poder apreciar, mas não tinha local para estacionar – depois fui ver no Google Street View imagens do vale. Porém não estava tão bonita como eu tinha visto – acho que era a neve que fazia o lugar virar um espetáculo. Depois de alcançar o fundo do vale, a rodovia voltava a subir para furar uma das montanhas rumo à Madrid – mas nossa parada estava logo após a saída do túnel. Depois de ter pago o pedágio – dessa vez sem necessidade de pegar qualquer bilhete – cruzamos o túnel e saímos da rodovia para ir ao Valle de Los Caídos, onde fica a basílica de mesmo nome – criação decorrente da Guerra Civil Espanhola, estava no noticiário atual pois Francisco Franco estava enterrado na abadia. Alguns críticos alegavam que admiradores de Franco faziam peregrinação ao local em homenagem ao ex-líder da Espanha. Mas não fomos lá por peregrinação, e sim visitar como turistas o local. O local é um espetáculo. Apesar de ser uma obra moderna e com poucas peças de arte, do século XX, sua enorme estrutura e perfeitas estátuas traziam ao ambiente uma aparência de grandiosidade e respeito incomparável, sacramentada pela cruz de 150 metros! E, no nosso caso específico, a neve tinha chegado lá, conseguindo deixar o lugar mais perfeito ainda (reconheço, é um lugar que voltaria – com ou sem neve). Próximo ao vale, fica o Mosteiro de El Escorial, mas era tarde demais – já estaria fechando. Fora do vale, voltamos pela A-6, rumo à Toledo, que outrora foi capital de um dos reinos que agora pertencem ao Reino da Espanha. Acessamos o anel viário de Madrid (a M-40) e chamou a atenção o tamanho da Lua (percebi que aquelas imagens da Lua bem grande que aparecem nos jornais é vista no hemisfério norte. Jamais tinha visto daquele tamanho em São Paulo). Na M-40, aparecia o acesso à Toledo pela AP-41. Só que sabia que essa era a via mais moderna e pedagiada, criada para desafogar a via mais antiga, a A-42 ou Autovia de Toledo – de qualidade um pouco inferior, porém tranquila de dirigir (e pela quantidade de carros que haviam nela, não era só eu que queria economizar o dinheiro do pedágio). Depois de passar num supermercado na periferia de Madrid num dos acessos da A-42, chegamos à Toledo. Como a cidade é extremamente turística, a disponibilidade de leitos é enorme, mas parte deles é na parte histórica da cidade, inacessível de carro (fora que os que tinha visto eram meio caros...). Fomos procurar hospedagem na área mais moderna e encontramos um hostal (pensão em espanhol, que não vejo diferença prática para um hotel) no limite da entrada da cidade. Além de ter um bom preço (€ 55), ainda podia deixar o carro na frente da hospedagem sem custos – como a cidade é muito turística, várias ruas têm zona verde (o equivalente a zona azul daqui); mas o hostal ficava exatamente no limite fora da zona verde (existem outros estacionamentos livres em Toledo, mas de deixar na frente da hospedagem é mais difícil). Como percebi que o preço do hostal estava bom e sem custos para o veículo, fiz 2 diárias – menos uma hospedagem para procurar no dia seguinte e se preocupar (me surpreendeu que o funcionário do hotel conseguia falar menos inglês do que eu). Agora, restava preparar a comida que fora comprada no supermercado. Dia 04/12 (12) Era o dia disponibilizado integralmente à Toledo. Fora do hotel, saímos rumo à área antiga da cidade e aproveitamos para tomar um café-da-manhã numa padaria fora da área turística. A despeito do termômetro marcando -3ºC, estava tranquilo andar nas ruas – exceto do frio que subia pelo tênis em alguns lugares sombreados. Não é preciso se preocupar muito com um guia para andar pela cidade pois as hospedagens oferecem gratuitamente um mapa com as atrações. Toledo se assemelha a Veneza em alguns pontos: o melhor ato para um turista em ambas as cidades é se perder por suas ruelas (ou canais, no caso de Veneza); o preço de alguns bens ou serviços podem ser demasiadamente caros; existem inúmeros golpistas ou outros que só querem arrancar dinheiro de turistas. Só que isso só descobri após ter conhecido as 2 cidades e ter adquirido um pouco da experiência. Mas experiência a gente só ganha... experimentando. Estávamos na Plaza Zocodover vendo o mapa para encontrar o caminho para a próxima atração, quando um homem se aproximou, puxou um papo para fazer aquela amizade e indicou um local para que conhecêssemos, e ele se ofereceu como guia para mostrar o caminho – faltou malícia da nossa parte; só faltava ele cobrar por isso ou ser um assalto. Felizmente, o local era só uma loja de venda de joias em ouro (Toledo é famosa pela produção de espadas e trabalhos com ouro). Mas o homem não devia ser bom para reconhecer potenciais clientes – se conhece esse blog, capaz de passar bem longe da gente. Por sorte, apesar da perda de alguns minutos com esse “passeio” o qual não queríamos, voltamos para o foco que era conhecer a cidade. A mistura de arquitetura romana, sarracena e medieval torna a cidade uma visita obrigatória. Pesquisávamos no guia uma atração que achássemos interessante (fora os que eu tinha visto ainda no Brasil) e, assim, fomos à Puenta de Alcántara e Puenta San Martín, que permitem a travessia do Rio Tajo (isso mesmo, o rio Tejo de Lisboa passa por Toledo com a “mudança de letra”), andamos pelas muralhas da cidade e fomos para a primeira atração paga do dia: a Sinagoga de Santa Maria de La Blanca. Era a chance de conhecer uma sinagoga e ainda por cima, secular. Nos perdemos mais um pouco e chegamos ao Monasterio de San Juan de Los Reyes, que lembrava outros prédios antigos vistos em Portugal, mas não deixava de ser muito interessante – cada local de sua beleza intrínseca que não dá para comparar. Existem outras atrações na cidade, inclusive de graça, como as Cuevas de Hércules (mas estavam fechados no dia). Posteriormente, fomos à Iglesia de Santo Tomé, no qual pagamos € 3,00 cada um para ver a igreja e ver UMA pintura de El Greco (essa igreja foi cara... 48 reais para ver um quadro!! Tudo bem que é uma obra-prima de El Greco, mas o que não falta na Europa é obra-prima...). Caímos na pegadinha de passeio caro em Toledo. Depois da furada de pagar pelo “passeio relâmpago” (acho que não durou nem 5 minutos), ficamos mais reticentes em pagar pelas atrações e fomos em outras igrejas da cidade que possuíam acesso gratuito – e o que é pior, eram ainda maiores que a de Santo Tomé. Em Toledo, existe uma pulseira turística que permite acessar até 7 atrações da promoção por € 10,00. Contudo, repare que fomos somente a 3 atrações dessa promoção, a um custo total de € 9,00. Depois da experiência com o Lisboacard em Portugal, considerei que esse tipo de “ganho” podia não ser muito vantagem para nós. Pode até ser que você vá nas 7 atrações, mas que garante? Para turistas de primeiro, segundo e até terceira viagem é melhor ir com calma na compra de combos de ingressos. Essas “facilidades” podem custar caro... A tarde avançava e era preciso comer – mas todos os lugares que via o preço era de, pelo menos, € 10,00. Sabendo do preço que tínhamos pago pelo almoço em Porto (€ 3,00, lembra?), sabia que era preços para turistas. O que fazer? Solução: fast-food (não tem jeito. Para não gastar horrores com comida, vá no supermercado e leve comida na mochila e/ou vá no fast-food). Tem ainda a Catedral de Toledo, mas consideramos caro o acesso de € 10,00 por pessoa. Ora, tínhamos visto já muito mais igrejas durante a viagem e eram bem mais baratas (fora a raiva de ter pago € 3,00 para ver somente UM quadro). Pode ser que valesse a pena. Mas o que não falta na Europa é igreja e o melhor para “turistar” em Toledo é conhecer a cidade se perdendo por suas vielas. Depois de andar mais um pouco pelas ruas e vielas, o cansaço bateu – e a tarde já estava acabando. De volta ao hostal, fui pesquisar a hospedagem para o dia seguinte em Madrid. Apareceu um hotel por 140. Euros? Não, reais! (Era por € 32,00 para 4 pessoas). Dia 05/12 (13) Como tinha encontrado a hospedagem que ficava próxima ao centro de Madrid, o carro não seria mais necessário (apesar da reserva ser até o dia 06) e deveria devolvê-lo à locadora no aeroporto. Depois de tomar o café-da-manhã no hostal (não se iluda, não é barato – mas foi mais proveitoso do que pagar para ver UM quadro do El Greco), entrarmos no veículo para percorrer o trecho final rodoviário pelas A-42 e M-40 até o Aeroporto de Madrid-Barajas. Queria aproveitar a conveniência do carro e fomos ao supermercado que ficava próximo à M-40 (que era o supermercado que tinha planejado para ir na chegada à Europa), aproveitando que tínhamos espaço nas malas para despachar – geralmente esses supermercados na periferia são maiores e mais baratos do que os na área central da cidade. Fora do supermercado, tinha visto ainda no hostal onde era o último posto de combustível antes do aeroporto pelo Google Maps para minimizar eventual pagamento para completar combustível. De volta ao estacionamento da locadora no aeroporto, a funcionária apareceu e perguntou se queria que a vistoria fosse feita depois ou na minha presença. Pedi, óbvio, para fazer na hora (vai saber o que podiam alegar depois?). A funcionária olhou a lateral do carro, o ponteiro do combustível, mais 1 minuto e acabou. Eles me mandaram o comprovante de forma eletrônica por e-mail, simples assim. Bastava devolver a chave no guichê da locadora – e esperar alguma cobrança no cartão de crédito pela locadora por multa de trânsito ou outro motivo; mas considerando o intervalo entre a realização da viagem e a construção desse blog sem nenhuma “novidade”, devo considerar que o resultado da minha experiência ao volante pela União Europeia foi um sucesso. Encerrado o assunto do carro, fomos à estação de metrô do aeroporto. Assim como em Lisboa, tinha cometido o erro de não ter estudado direito o sistema de transporte público em Madrid – por sorte, fica um atendente do metrô para auxiliar os perdidos que saíram do avião para comprar o bilhete e, inclusive, mostrou a opção que era a mais barata para nós (mas isso não é motivo para não se preocupar. Entender e estudar o sistema de transporte no exterior é obrigatório). Embarcamos no metrô e descemos na estação Alonso Martinez. Tinha recebido a mensagem com o código para liberar a entrada e chegamos no hall do hotel. Sabe aqueles ambientes típicos de mafiosos, de salas de madeira escura e sofá preto? Era esse a imagem do hotel. Procuramos o atendente... cadê o atendente? O hotel era todo eletrônico, tinha de falar por um comunicador, como se fosse uma ligação por telefone – só que não em português. Haja paciência do atendente. Vai uns bons minutos até conseguirmos o código para o quarto e wi-fi. Resolvida a questão com Dom Corleone, deixamos as malas no quarto e mexemos no termostato para deixar o quarto mais quente. Como o hotel ficava próximo do centro histórico, não havia necessidade de pegar metrô – e lá fomos pelas ruas madrilenas até chegarmos até a região da Puerta del Sol, umas das praças mais famosas da capital espanhola. De lá, como não podia ser diferente, compramos churros (não, não era o Seu Madruga que estava vendendo) e chegamos ao Palácio Real de Madrid. É o maior palácio real da Europa. E estava com uma baita fila que não andava. Para não ficar parado em fila errada, fui ver o porquê. Era fila das pessoas que aguardavam o horário para entrada gratuita. Considerando o custo na época de € 10,00 por pessoa, valia muito a pena (tinha esquecido dessa entrada gratuita, já que são muitos detalhes para analisar para fazer a viagem – mas entrada gratuita pode ser furada, em casos de atrações que tenham atratividade excepcionais, como o Musée du Louvre ou Coliseu). Dentro do palácio não era permitido tirar foto – uma pena, pois descobri que eu amo passear pelas luxuosas salas reais. A opulência das salas, das paredes, das cadeiras, dos lustres, das mesas, das camas, dos vasos, do piso, dos carpetes, das cortinas, dos móveis, de TUDO é sem palavras. Ali era o retrato no século XX das monarquias absolutistas europeias, a mais pura ostentação. Se foi certo ou errado à época, não cabe a minha avaliação. Mas é lindo demais poder ver. Feito o passeio pelo palácio (e economizado pela entrada gratuita), fomos à Catedral de La Amuldena, que fica ao lado do palácio real. De entrada franca, é a principal igreja de Madrid – e mais uma para conhecermos e aproveitar para descansar. Fora da igreja, dirigimo-nos até a Plaza de España onde fica o monumento a Cervantes (mas estava em obras...). Dessa praça começa a Gran Vía, principal avenida de Madrid (uma versão da Avenida Paulista). Percorremos a avenida com dificuldade pelo excesso de pessoas até encontrar uma lanchonete. A área da avenida é composta por diversas lojas de departamento, como a famosa El Corte Inglês. Porém tinha um ponto da avenida que tinha um enxame de pessoas; depois percebemos que era justamente a loja que minha irmã [e vários brasileiros] procuram: Primark, loja de departamento realmente muito barata. E é na Gran Vía que fica a segunda maior loja do grupo no mundo, então já dá para imaginar o mar de pessoas que estavam no lugar (confesso que não conhecia a loja – e nem sua fama; mas vale a pena para roupas de inverno, mesmo com o euro a 6 reais). De volta ao hotel, abrimos a porta do quarto e fomos cobertos por uma lufada de ar quente – regulamos mal o termostato e o quarto ficou quente demais. Mesmo abrindo a janela e dormindo só com lençol, o quarto não esfriava – lição de viagem: não mexa em termostato que não conheça. Dia 06/12 (14) e 07/12 (15) Num dos documentos que tinha visto para dirigir pela Espanha, descobri que o dia 06/12 era feriado no país – e que alguns museus tinham entrada gratuita. Infelizmente, não era o caso do Museo Nacional del Prado, mas o Museo Nacional Reina Sofía sim. Com o termostato do quarto regularizado, deixamos nossas malas no hotel (tinha conseguido perguntar ao Dom Corleone pelo whatsapp se podia deixar as malas) e saímos pela cidade até o museu. Como é o caso de conhecer a cidade, não faz muito sentido pegar o metrô e fomos a pé, tendo em vista a conveniência do feriado, pois a cidade estava vazia [nesse horário]. Voltamos à Gran Vía, mas dessa vez fomos no sentido oposto ao palácio real e passamos pelo Edifício Metrópolis (“marca registrada” de Madrid) e chegamos à Puerta de Alcalá (versão espanhola do Arco do Triunfo). Seguimos pela Calle del Alfonso XII e chegamos ao Reina Sofía. É um museu de obras espanholas de artistas do século XX, mas descobrimos que a nossa preferência é por obras mais “clássicas”. Existem várias obras modernas que não nos encantava como as obras renascentistas que vimos na Itália – tinha até um quadro do Miró que apelidamos jocosamente de O Sapatinho de Miró, que era simplesmente um quadro com um sapato pintado [e o nome de seu pintor]. No museu fica a célebre obra Guernica, de Pablo Picasso. O quadro era vigiado por 2 seguranças e é enorme – porém não pagaria € 10,00 para ir ao museu. Pode ser que, para quem aprecia as várias artes, seja interessante – mas para um leigo como eu, o Palácio Real de Madrid foi bem mais interessante. Fora do museu, fomos tomar o café-da-manhã – e aproveitar para pegar o wi-fi na lanchonete. De lá, fomos para o Parque de El Retiro, um gigantesco parque urbano criado no século XVII para atender a nobreza espanhola e que agora serve à população e estrangeiros – possui, entre outros, o Palácio de Cristal, Palácio de Velázquez e o Monumento a Alfonso XII (para nós foi mais divertido ir ao parque do que o museu – questão de gosto). Do parque, voltamos para Gran Vía – havia mais produtos para conhecer na Primark. Só que o vazio da cidade na manhã foi trocado à tarde – a região estava lotada, e a loja muito mais. Depois de passear pela área, fomos numa pizzaria e escolhi pizza mediterrânea, composta por nozes (mesmo na Itália não encontrei essa pizza – recomendo muito). Voltamos ao hotel para pegar nossas malas até o prazo estipulado para retirada (19 hs). Embarcamos no metrô e voltamos ao aeroporto. Nosso voo era às 8 da manhã do dia seguinte, mas teríamos que nos apresentar à companhia aérea para despachar as malas pelo menos às 6 da manhã. Ora, mesmo escolhendo um hotel próximo ao aeroporto (que é difícil de encontrar barato), teríamos a preocupação em não perder o voo e, provavelmente, dormiríamos mal. Além disso, devido ao horário, seríamos obrigados a pegar táxi, aumentando o custo. Por isso, escolhemos dormir no aeroporto. Esse caso possibilitaria economizar na hospedagem e evitaria preocupação de perder o voo. Desconfortável? Óbvio que é. No entanto, a quantidade de pessoas que também foram dormir no aeroporto (um inclusive colocou um colchão para dormir) mostrava que não a ideia não era exclusiva. Dormir em aeroporto é tão comum que até existe um site (https://www.sleepinginairports.net/) para auxiliar os dorminhocos. Considero que existem uns pontos a serem ressalvados, como procurar dormir em grupo; deixar todo o dinheiro e passaporte dentro da pochete (evitar deixar nos bolsos); ter mais cuidado em aeroportos de países subdesenvolvidos. Como é uma ação muito cansativa, é melhor fazer quando pega o voo de regresso, já que o cansaço pode afetar a viagem – ou ter o risco de perder um dia inteiro no país de destino para se recompor. Chegando no aeroporto, era o caso de “passear” pelo complexo para esperar o tempo passar e aguardar até as 6 da manhã. Lógico que dormirmos mal, e perto das 6 fomos ao guichê da companhia aérea – e já tinha uma fila enorme. Apesar do voo ser diurno, o cansaço e a noite mal dormida ajudou em conseguir dormir na aeronave. A bafo de ar quente da primavera que veio no rosto quando saímos do avião conclamava: estava de volta. Fim de viagem. Mas fica aquele gostinho de quero mais...
  2. Olá Mochileiros aqui segue o texto do planejamento da minha viagem preferida, ao longo de vários meses - e, claro, valeu muito a pena. Londres e Paris – Parte 1 – O Planejamento Com a descoberta de que viajar para o exterior não é caro como imaginara, tampouco impossível (e muito mais divertido do que qualquer sonho já realizado), fiz o óbvio: planejei a próxima viagem. Fica aquele impulso inicial de querer conhecer toda a Europa; mas, apesar desta caber numa tela do computador por meio de programas como o Google Maps, continua sendo um continente – Então, quais cidades que deveriam ser conhecidas? É feito um esboço de uma lista de cidades a serem desbravadas: Viena, Berlim, Roma, Londres, Bruxelas, Amsterdã, Paris, Praga... Mas a realidade aparece: não há tempo hábil de conhecê-las em uma única viagem. Logo, o esboço encolhe, diminui, encolhe... Enfim, a lista final está pronta: as escolhidas foram Londres e Paris. Nota-se que escolher os destinos de uma viagem é importante, mas não difícil. Porém representa o início da árdua e prazerosa tarefa de planejar a viagem. Com o foco da viagem definido, entra em ação o segundo passo: o transporte. Por limitações específicas, a janela temporal acessível para nós seria de realizar a viagem entre a terceira quinzena de dezembro e voltando na segunda semana de janeiro. Contrariando algumas recomendações de que o melhor é procurar voos próximos aos destinos, procurei de forma mais “ampla” – e considero que valeu a pena. Por quê? Para procurar passagem aérea mais barata, eu pesquiso pelo Google Flights. E, em vez de inserir somente o destino (Londres) ou mesmo o país (Inglaterra), procuro por Europa. Isso possibilita comparar diversos voos, incluindo no próprio país/cidade de destino. Nas primeiras pesquisas, tinha encontrado passagem barata por Barcelona, mas o dólar começou a subir (nem perto do desastre de 2020) e essa “pechincha” não aparecia mais. Claro que tinha consciência de que voos no final do ano são mais caros, já que é alta temporada (só que mais caro não implica automaticamente em ser absurdo). Em agosto, tive uma grata surpresa. Um voo de ida e volta por Milão, na Itália, com mala despachada inclusa por 2600 reais em alta temporada (CONSEGUI!). Não podia acreditar que tinha achado. Era um sonho! Mas não era para acreditar mesmo: quando ia finalizar a compra da passagem, falava que não estava mais disponível. Mas, ao longo dos dias seguintes, esse alerta de preço permanecia. Intrigado, resolvi entrar no site da companhia aérea e, ao invés de verificar o preço de ida e volta, analisei cada trecho: o trecho de ida estava em 1250 reais, condizente com apresentado pelo alerta de voos. Todavia, o trecho de volta estava muito mais caro, mais de 2500 reais. Comecei a simular com a ida travada em Milão e retorno por diversas cidades europeias. Surpreendentemente, o voo mais barato encontrado foi por Genebra, na Suíça, com conexão em Frankfurt (até hoje não entendo como umas das cidades mais caras do mundo – Genebra – pode ter o voo mais barato). Enfim, consegui em agosto comprar passagem para Europa a preço razoável (R$ 3100) para o final de ano, em alta temporada, com mala despachada inclusa (não creio que seja bom comprar com mais antecedência – vide a implicação do covid-19). Outros voos que eram mais próximos do foco da viagem estavam na faixa superior a 4 mil reais. Mesmo com o custo do deslocamento das cidades dos voos (Milão e Genebra) para as duas capitais, o valor final ficou menor do que os preços dos voos mais “convenientes”. Então, valeu a pena embarcar em voos para cidades mais distantes, mesmo que isso implique em mais viagens por dentro da Europa (além do óbvio: a passeio, não existe “tempo ruim” no Velho Continente). Como o voo não seria direto para as capitais, era preciso analisar os meios de transporte para o deslocamento até elas. Entrementes, era preciso definir os dias em que ficaríamos em Londres e Paris, bem como em Genebra e Milão. Tanto Milão quanto Genebra, considerei ficar um dia em cada cidade: além de ser locais que até então não conhecia, tem sempre o risco de acontecer imprevisto – o que aconteceu: o voo para Milão saiu com atraso do Brasil. No caso de Genebra, tinha risco de, por exemplo, pegar tempestade de neve que fechasse o acesso para chegar na Suíça – difícil, mas não impossível. Decidimos por permanência de uma semana em cada capital, com o Natal em Londres e Ano Novo em Paris. No deslocamento de Milão para Londres, existiam diversas modalidades de transporte: o aéreo, por trens e por ônibus. O uso de carro seria extremamente inviável: além de ser caro devolver em local diverso ao que retirou, parte do trajeto teria custo altíssimo para o veículo (como atravessar o Mar do Norte pelo Canal da Mancha ou pagar o pedágio para cruzar os alpes italianos e franceses). A primeira modalidade que salta aos olhos, é claro, são os aviões, especialmente as famosas companhias low-cost europeias. Entretanto, tendo mala despachada (e até com mala de mão, a depender do peso e tamanho), as empresas low-cost não são tão "low" assim. Mesmo assim aparecia alguns preços competitivos. Nas pesquisas de voos, os que tinham preço mais competitivo (mesmo com mala) eram aqueles que chegariam em Londres às 22:00 do dia seguinte ou partiria de Milão de madrugada. Ora, chegar no aeroporto é totalmente diferente de chegar na cidade: do voo às 22:00, chegaria no centro de Londres depois das 23:00 (os aeroportos que atendem Londres são longe da cidade) – com isso afetaria a disposição para o turismo no dia seguinte. Com relação ao voo de madrugada, teria que pegar um transporte privado até o aeroporto (caríssimo, por sinal – um táxi chega a cobrar mais de € 90 até o aeroporto de Milano-Malpensa) ou pegar o transporte público no dia anterior e dormir no aeroporto. Evidentemente, existiam voos em horários (e aeroportos) “melhores”, mas eram mais caros – alguns, bem mais. De trem, o trecho seria segmentado. Teria de comprar dois trechos: o primeiro de Milão a Paris e o segundo, de Paris a Londres. Mas não seria uma boa ideia. O primeiro trecho até possui preços interessantes, de € 40. No entanto, os horários são bem limitados e o que tinha menor preço saía às 6 da manhã de Milão, chegando em Paris só a tarde. O segundo trecho é realizado pelo famoso Eurostar, que percorre o Eurotúnel embaixo do Canal da Mancha em um trajeto de pouco mais de 2 horas – e é caro, muito caro: começa em € 49 avançando para mais de € 100. Os ônibus, por sua vez, existem em vários horários. O trajeto demora quase 22 horas, com uma “conexão” nas Rodoviárias Gallieni ou Bercy, em Paris. No entanto, como estão disponíveis vários horários, é possível escolher o que inicia o percurso à noite. Nesse caso, o ônibus chega em Paris mais cedo do que o trem e ainda economiza uma diária de hospedagem, já que se dorme no ônibus. A conexão em Paris demora menos de 2 horas, tempo suficiente para contornar eventual atraso do ônibus do primeiro trajeto. O escolhido foi o ônibus: ao invés de tirar uma soneca no aeroporto, melhor dormir no ônibus. Sem se preocupar com o horário de partida do avião ou do trem de madrugada, bastava chegar na rodoviária e aguardar a chegada do ônibus às 22:00. Em vez de pagar uma diária de hospedagem, o dinheiro serviu para “subsidiar” a passagem de ônibus, além de que ele deixa no centro das cidades, só precisando do bilhete de metrô (curiosidade: o trecho de Milão a Londres custou € 78, mais barato do que o táxi do aeroporto de Malpensa até o centro de Milão). Evidentemente que o ônibus não é mais rápido do que o avião, nem é tão confortável quanto o trem. Mas a praticidade de não se preocupar com horários ruins e a economia gerada tanto pelo preço da passagem com o “subsídio” de hospedagem tornavam-no preferido. Como dito, o trem do Eurostar pode ser muito caro – ao passo que, com o ônibus, ocorre justamente o inverso: no nosso caso, pagamos € 28 para realizar a viagem durante a noite, sendo que tinha visto no mesmo mês para outros dias por € 15. E, caso escolhesse o trem, mais uma diária de hospedagem teria que ser desembolsada. O último trecho, de Paris para Genebra, também foi feito por ônibus. O preço da passagem de ônibus, nesse caso, não estava distante do preço da passagem de trem. Só que, com o ônibus, ainda economizamos com a hospedagem na Suíça... Resolvida a questão de deslocamento entre as cidades, é o momento de procurar hospedagem. Como íamos ficar uma semana em cada capital, escolhemos o aluguel de quartos, que oferecem descontos para tal período e tem a conveniência de poder preparar sua comida – assim, dá para ficar bem alimentado e se esquivar dos caríssimos restaurantes de áreas turísticas. Todavia, ressalto que a hospedagem tem de ser pensada junto com o transporte urbano – além da conveniência de ter transporte perto, mas de seu custo. Diferentemente do Brasil, a tarifação do transporte público é por zonas – em teoria, quanto maior e mais longe do centro o deslocamento, mais caro ele fica. Então, tem de ser analisado como duas “forças antagônicas”: a primeira, da hospedagem, quanto mais próxima do centro turístico/financeiro, mais caro fica; a segunda, de transporte, quanto mais longe do centro, mais caro fica. E como conciliar essas duas “forças”? Infelizmente não existe uma resposta padrão: cada pessoa tem sua preferência na ponderação dessas “forças”. Ainda, ratifico alguns pontos que até podem fugir ao senso comum: Londres, de longe, é a cidade que tem um dos transportes públicos mais caros (a ponto de um tênis custar o equivalente a 2,1 bilhetes de metrô avulsos). Entretanto, apesar dessa característica, o “combo” de hospedagem na zona 5 para quatro pessoas é mais barato do que o “combo” equivalente em Paris ou Milão para estadia de 1 semana. Outro ponto de destaque é a preferência de se hospedar no centro destas cidades. Ora, se no Brasil não moro no centro, por que vou me hospedar no centro destas cidades (que podem ser bem mais caras)? Melhor usar esse dinheiro para melhorar minha residência. Com base nessa percepção, encontramos na França uma casa perto do metrô e fora da cidade de Paris – ela ficava na cidade de Mountreuil (mas é preciso verificar antes se o local de hospedagem na periferia não é perigoso, por exemplo). No nosso caso específico de Londres, tinha um detalhe importante: nos dias 24, 25 e 26 de dezembro vários lugares estão fechados, incluindo o transporte público durante o Natal. À vista disso, não adiantava ficar muito longe da cidade, já que não haveria transporte até o centro, com exceção do uso das pernas. Por outro lado, as hospedagens na área central são proporcionalmente caras. Como solucionar? Em uma tela do computador, procurei no site Transport for London o mapa que mostrava a rede de trilhos por zona tarifária. Em outra tela, buscava hospedagens próximas ao metrô e no limite da zona tarifária 1 e 2. Como esse trabalho, consegui encontrar hospedagem mais barata em Candem Town e que permitiria conhecer Londres no Natal. Em Genebra, a questão era embolada. Cogitava ficar em Annemasse, cidade francesa lindeira à Genebra, pois os preços das hospedagens na cidade eram muito inferiores à versão dos suíços. Seria ficar na França, pegar o trem ou ônibus para Genebra e voltar. Mas consegui encontrar um apartamento bem mais barato do que os demais quartos no centro de Genebra e, assim, considerando que a cidade é pequena, não precisando de transporte, que ficaríamos somente por um dia e que provavelmente nada consumiríamos, como ir ao mercado, ficou mais vantagem ficar na Suíça. Tendo solucionado os transportes e as hospedagens, era a fase de realizar a pesquisa de passeios e atrações, um dos melhores momentos do planejamento de viagem. Por conveniência, prefiro um guia na forma “clássica”, em formato de livro de bolso, mas não deixo de procurar na internet. Apesar de, na prática, estar tudo registrado num livro, não é tão simples assim – especialmente para quem quer ter uma experiência melhorada e econômica. Como Londres foi a capital do maior império que já existiu, é de se esperar que não dê para conhecer todas as atrações em uma semana. Dessarte, é preciso fazer um roteiro que, pessoalmente, estabeleço da seguinte forma: atração; valor do ingresso; dia e horário de funcionamento. Como a semana que iríamos teria os 3 dias de funcionamento parcial, o desenvolvimento de tal roteiro é ainda mais essencial, sob o risco de ficar mofando na hospedagem e se privar de uma experiência enriquecedora de novas culturas. O mesmo trabalho foi realizado em Paris, contudo foi mais simples – na verdade, Paris é um marco nas artes, mas não tão grande quanto a gente imagina: compare o tamanho da Linha 4 do metrô de São Paulo com uma reta cortando a capital francesa de leste a oeste e tire suas conclusões... (Mas não é por isso que a cidade deixa de ser extremamente densa em cultura e beleza, muito pelo contrário). Durante a pesquisa sobre as atrações de Londres, li sobre uma promoção das ferrovias britânicas: o 2FOR1 que atende a várias grandes cidades no Reino Unido, incluindo Londres. Essa promoção, que é diferente do LondonPass, consiste em receber o segundo ingresso gratuitamente desde que ambos tenham o bilhete de trem adequado. Com essa “mágica”, pagávamos quase metade do valor original das atrações e usufruíamos de transporte público ilimitado (a economia dessa promoção é tão grande que esta merece um tópico exclusivo de análise). Com isso, Londres, mais bela do que nunca, não me pareceu cara como já ouvi... Para quem já percebeu no mapa, Londres está mais próximo do Polo Norte do que Vancouver, no Canadá. Não obstante, seu clima é muito mais “quente” do que seria razoável supor, decorrente da Corrente do Golfo que influencia a Europa Ocidental. Por conta disso, as temperaturas mínimas que já atingiram a cidade de São Paulo não diferem muito da média destas cidades. Um bom casaco, luva comum, cachecol e bota são suficientes para esta viagem (só ficou a expectativa de pegar alguma nevasca na Suíça...). RESUMO EUROPA é um continente: não adianta querer conhecer vários lugares de uma vez só. PESQUISAR por passagem aérea pode demorar semanas – mas vale a pena. VERIFIQUE por passagens aéreas separadas e/ou multidestinos – pode trazer uma grata surpresa. DEFINA o número de dias de estadia em cada cidade. RESERVE 1 (um) dia de estadia nas cidades de origem e destino do voo – pode ocorrer imprevistos. O DESLOCAMENTO entre países da Europa pode ser de carro, trem, avião, ônibus e barco – o ônibus é a opção mais barata. O preço de voo com MALA DESPACHADA pode ser muito mais caro. Ônibus e trem noturno: pode economizar uma diária de HOSPEDAGEM. Ao procurar hospedagem combine junto com os passes de TRANSPORTE. SUÍÇA é cara [ponto]. PESQUISA de passeios e atrações deve ser feita previamente, para combinar melhor desempenho E economia. PROCURE por promoções de passeios, como o 2for1 do Reino Unido. A Europa Ocidental não é tão FRIA como a gente imagina.
  3. E aí, moçada! Sou novo no Fórum e, na prática, em toda essa história de mochilar. Hoje tenho 24 anos e, desde bem cedo, sinto muita necessidade de me ver livre, desapegado, sem os laços usuais que nos prendem a um lugar (emprego, relacionamentos, estudos). Nunca segui esse desejo; tenho emprego fixo, uma namorada e faço faculdade. Hahahah Me atrai muito a ideia de viajar caminhando, carregando a casa nas costas, conhecendo as pessoas e a história das cidadezinhas que temos por aí. Honestamente, acho que me falta a coragem para atrasar (mais ainda) minha faculdade, ter de começar em um novo emprego, e encarar sabe-se lá o que aconteceria com meu relacionamento. Não tenho muito dinheiro e meu único bem é uma motoquinha que mal vale 5 mil. Não me assombra a ideia de viajar sem grana, mas entrar nessa vida e ainda não ter onde cair morto daqui 1, 2, 5 anos, um pouco. Como vocês lidam com viagens longas e este prospecto? É possível unir este estilo de vida à algo que proporcione meios de suprir as necessidades que o futuro trará? Eu não acho que essas perguntas tenham uma resposta. Acredito que se lançar na estrada sem dinheiro seja realmente um ato de muita coragem, que não dá garantias, por isso respeito muito todos que o fazem. Mas gostaria de ler seus pensamentos sobre as minhas inseguranças. Talvez algum deles seja a inspiração que me falta. Hahahaha
  4. Olá pessoal, Fiz um longo texto acerca da minha viagem para Itália. Mas, desta vez, vou dividir em 2 tópicos: o planejamento e a própria viagem, já que, com a pandemia e o euro nos céus, só podemos fazer essa primeira parte mesmo. Itália – Parte 1 – O Planejamento Viajar tem um grande problema – vicia, e é pior do que cocaína e ainda legalizada. Para completar, não conheço tratamento para poder atender à necessidade. E o que a gente pode fazer para conseguir satisfazer a necessidade? Viajar de novo. E assim começou a viagem para a Itália. O planejamento dessa viagem começou assim, de modo meio forçado. Contrariando as “normas” de procurar passagem barata, comprei com 60 dias de antecedência. Ou seja, não foi barato. Mas é um ponto que deve ser enfatizado: o fato de existir passagens mais econômicas não quer dizer que estas estejam disponíveis para o momento durante o qual pode viajar. Deste modo, o importante é saber como procurar as passagens mais baratas para o período no qual pode viajar (e, claro, se puder viajar em baixa temporada, melhor ainda). Por circunstâncias específicas, teria que viajar no final do ano. E encontrei a seguinte passagem: de 14 a 31 de dezembro, voos com conexão em Portugal, com chegada por Nápoles e retorno por Milão. Esse roteiro de voos, além de ter sido o mais barato, ainda tinha a vantagem de ser multidestinos: na prática, não teria que me preocupar em voltar à cidade de origem para pegar o voo de volta, o que pode representar uma enorme economia em não precisar gastar em deslocamento até lá, além de tornar a viagem mais proveitosa. Todavia, o voo encontrado tinha uma característica, que se provou conveniente para a viagem feita: a passagem encontrada era só com bagagem de mão, para 8 quilos, tendo que a mala seguir o tamanho máximo estabelecido pelas companhias na Europa. A opção de despachar era inviável: o custo de despachar uma mala pagando antecipadamente era de € 70 por trajeto. Compramos 4 malas de mão rígidas na região da 25 de Março. E fui medir as malas. Apesar do tamanho total das malas atender perfeitamente exigido pela companhia, sua largura era um pouco maior do que o limite estabelecido pela companhia, sendo compensado pela altura. Bate aquele desespero. Será que eles iam perturbar? Fui pesquisar e descobri que depende. Tem companhias que colocam o suporte da mala em barras de ferro; então, se uma das dimensões da mala for maior do que devia, já era – tem de despachar. Outras, por sua vez, tem o suporte em forma de “papelão”, sendo mais flexíveis. Como a mala, apesar de ser rígida, permitia “apertar” e diminuir sua largura, resolvemos arriscar – e deu tudo certo. Mas caso encontre outro voo internacional só de mala de mão, verifique se as medidas para cada dimensão estão corretas. Saiba também que as dimensões da mala de mão no Brasil são um pouco diferentes do que as estabelecidas na Europa. O voo de ida faria uma conexão em Lisboa por 2 horas; bastava não ocorrer atraso na partida que não haveria problema. Contudo, o voo de retorno faria conexão noturna em Porto de quase 12 horas. Tendo em vista que seria noturna, não haveria tempo hábil de revisitar Porto – seria o caso de repetir o feito como no Aeroporto de Madrid-Barajas, de dormir no aeródromo. Porém acabara de adquirir um cartão que permitia ao grupo acessar o lounge do aeroporto gratuitamente, o que tornou nossa permanência muito mais confortável. O acesso ao lounge pago é caro (US$ 32), porém pode ser mais vantagem em conexão noturna de voos. Como? A diária de hospedagem próxima ao aeroporto não é das mais baratas (junto ao custo de deslocamento até a hospedagem) e ainda tem a preocupação com o horário do voo. No lounge, por sua vez, a preocupação com o horário do voo é um pouco menor, pois já está dentro da área de imigração, possui poltronas confortáveis para uma boa soneca e comida disponível para café-da-manhã. Ou ainda (o que acho mais provável) é não gastar nem em hospedagem nem em lounge e usar (ou não) o dinheiro para comprar nas lojas do aeroporto para esperar o tempo passar. Regularizada a questão dos voos, estava com o enorme desafio: como planejar a viagem internacional em menos de 60 dias. Já tinha a expertise das duas viagens feitas nos anos anteriores, mas sabia que o período seria meio apertado. Porém a experiência já tinha ensinado que tinha de analisar a questão de transporte e hospedagem de forma integrada e, para isso, precisava ter um esboço de quais cidades desejaria visitar. Não sabia quais cidades que deveriam ser conhecidas (além das cidades de chegada e partida, Nápoles e Milão, respectivamente) tampouco o tempo que deveria ficar nelas, além da dificuldade extra representada pelo Natal, já que nesse feriado praticamente tudo fecha (Londres que o diga...). Fui consultar o perito da família que deu uma sequência de cidades, com a ideia de passar o Natal em Veneza (ideia genial, já que o melhor de Veneza é perder por seus canais). Simulei o aluguel de carros na Itália (já que estávamos em 4 pessoas) e fiquei surpreso: estava consideravelmente mais caro do que tinha pago na Espanha 2 anos antes. Por quê? Será que aumentou tanto de preço assim? Para saber, simulei nas mesmas datas (e mesmo local) da viagem que fizera na Espanha e o preço não aumentava muito. Ou seja, o aluguel na Itália era mais caro – potencializado ainda pelo local de retirada do veículo (Nápoles) seria diferente de devolução (Milão); para piorar a lei italiana exigia o uso de corrente para neve na região norte do país durante o outono e inverno e o uso da Permissão Internacional para Dirigir (PID) para locação do veículo, o que aumentava ainda mais o custo do aluguel do carro. Assim desisti do carro (e conhecer as pequenas cidades da região da Toscana ficou para uma próxima viagem). A lista de cidades estava ainda meio grande e, tendo em vista que não usaria carro, teria de conhecer praticamente as cidades maiores acessíveis de trem e ônibus. Recebi mais algumas sugestões e o roteiro final ficou em Nápoles (3 dias), Roma (3 dias), Florença (1 dia), Bolonha (1 dia), Veneza (3 dias) e Milão (3 dias) – confesso, não é um roteiro muito original, mas é maravilhoso. Comecei a simular os trajetos da viagem nos sites de buscadores e me surpreendi: encontrei passagem de trem de alta velocidade de Nápoles a Roma por € 9,90, para um trajeto superior a 200 km. Era uma excelente oportunidade para poder conhecer o país de trem, já que não estava de carro e a diferença para os ônibus era baixo. Continuei simulando para os demais percursos da viagem e, apesar de não ter um preço tão baixo quanto esse primeiro, ainda era bem razoável – o ônibus era mais barato em alguns trechos, no entanto era mais demorado e como alguns trechos nós fizemos de dia, isso implicaria perder parte da viagem dentro do veículo. No fim, os 5 trechos de trem adquiridos custaram € 75,50 por pessoa – repare que a companhia área cobrava € 70 por mala despachada por trecho. Entre pagar para despachar a mala ou conhecer metade da Itália de trem, fico com a segunda opção. Só que eu não comprei os bilhetes de trem de uma única vez (a despeito do parágrafo anterior parecer “indicar” esse modo). A escolha da hospedagem tinha que ser de acordo com o horário do trem, por exemplo. Então dado que tinha estabelecido que a viagem seria feita de trem, escolheria as hospedagens para cada cidade. Portanto, para cada cidade, escolheria a hospedagem e o bilhete do trem, sucessivamente (e não só os bilhetes de trem e, depois, as hospedagens). Parece um detalhe sem importância, mas um dos meios de hospedagem – aluguel de casa/apartamento – possui restrição de horário de check-in, o que seria inviável para alguns dos horários de trem que reservamos (além daquele eterno problema de onde deixar as malas). Por sua vez, alguns hotéis possuem multa caso faça o check-in depois da meia-noite. Em Napóles, a ideia inicial era de partir o mais cedo possível para Roma. Fugindo às regras de hospedagem barata, encontrei hotel com preço competitivo ao lado da estação Napoli Centrale, de onde partiria o trem para a capital italiana. Não havia muito de se preocupar com o horário de check-in e check-out, já que o voo só chegaria à tarde e compramos o bilhete para partir para Roma no começo da manhã. A questão de Nápoles foi simples de resolver. Em Roma, por sua vez, existem uma quantidade intermináveis de hospedagem. Há uns 10 anos, a Itália permitiu que os municípios italianos cobrassem um imposto de turistas que pernoitam nas cidades. O imposto varia conforme a cidade e o nível da hospedagem – quanto mais luxuosa, mais caro fica; e é preciso ter noção desse imposto, pois alguns buscadores de hospedagem apresentam essa taxação de forma meio “discreta”. Como esse imposto é mais caro conforme o “nível turístico” da cidade, esperava ficar um pouco mais afastado do centro de Roma para pagar mais barato no combo hospedagem mais imposto. Só que as linhas de metrô na cidade não são muito extensas e encontrei hospedagem com bons preços (mesmo com o imposto) próximos ao Vaticano, distante 10 minutos a pé do metrô (mas que nem precisa ser muito usado, já que o centro de Roma não é grande). Para o último dia em Roma, encontrei passagem competitiva de trem para Florença no início da noite – a questão romana estava solucionada. Florença, por sua vez, é pequena – e a oferta de hospedagem também. A maioria fica próximo à estação Firenze Santa Maria Novella, porém os preços não são muito bons. Procurei hotel fora da área turística da cidade, mas com o cuidado de verificar se o check-in era aceito até meia-noite, já que chegaríamos na cidade tarde e ainda teríamos que se deslocar até o hotel. Em Bolonha, a situação piorou, porque as hospedagens estavam ainda mais caras e tive que procurar ainda mais afastadas do centro. Até pesquisei aluguel de apartamento, mas estavam com o mesmo valor (ou até mais caro) que os hotéis. No fim, encontrei um disto a 3 km da área central. Já que não sabíamos qual das 2 cidades seria mais interessante para nós, compramos a passagem de trem para o meio-dia, que permitiria conhecer ambas igualmente. Para Veneza, novamente obtive bilhete de trem para o início da noite. Não tinha procurado hospedagem em Veneza visto que o preço delas em Mestre é bem mais barato (e melhor). Tinha encontrado algumas hospedagens baratas na cidade acessíveis para Veneza por ônibus ou bonde. Contudo durante essas pesquisas ocorreu a histórica acqua alta em novembro de 2019 que derrubou o preço dos hotéis. Com isso, encontrei um apart-hotel próximo à linha dos trens e com ótimo preço (e horário de check-in tranquilo) – para completar, a cidade possui a taxa do imposto municipal mais barata dentre as 6 cidades visitadas. A despeito de não recomendarem de ir à Veneza durante o período da maré alta, esta nos ajudou muito em conseguir melhores preços – e nem a vi durante minha estadia de 3 dias nas ilhas. O trem de Veneza para Milão foi o mais difícil: apesar de ter muitos horários, como em outros trechos na Itália, estes estavam meio caros – pouquíssimos estavam com preço bom. O melhor preço que encontrei era um dos últimos que chegava na cidade, às 22:30. Com isso, teria que me atentar bem ao horário limite de check-in e o tempo de deslocamento da estação Milano Centrale à hospedagem. Por motivo que ainda desconheço, não conseguia encontrar hospedagem barata em Milão, mesmo utilizando toda a estratégia desenvolvi planejando essas viagens. Procurei hospedagem ao longo das linhas de metrô e trem e, mesmo assim, não obtive resposta satisfatória. Nesse caso joguei a toalha e fiz o jogo inverso – já que afastado a hospedagem afastada permanecia cara, procurei as mais próximas (não do centro de Milão, mas da estação Milano Centrale para economizar o transporte de quando chegasse de Veneza e para partir ao Aeroporto de Malpensa). Como o prazo de preparação da viagem foi meio curto, comprei o bilhete do trem sem ter analisado integralmente o site; comprei a opção mais barata, sem ter visto que só permitia o acesso com mala de mão – por sorte, essa era a opção desejada senão perderia algumas dezenas de euros valiosas. No fim, apesar de parecer impossível, viajar para a Europa somente com mala de mão é muito mais cômodo quando se percorre muitas cidades. O tempo restante da viagem não permitiria um estudo mais ampliado de atrações e eventuais promoções, como foi o caso da encontrada no Reino Unido. Porém como até hoje nada encontrei (exceto o RomaPass que, no meu caso, não compensaria) creio que não exista algo equivalente. Para poder me auxiliar, comprei um guia resumido da Itália – serviria para encontrar alguma atração caso tivesse que mudar a logística. Mas não é por isso que não ia construir ainda no Brasil uma lista de atrações que desejaria conhecer. Em virtude do tamanho da mala, por óbvio, não poderia colocar roupas e objetos a meu bel-prazer. Tivemos que fazer um checklist dos objetos a serem levados, com antecedência em relação à data da viagem, para inclusive poder refletir se não havia algo faltando (e faltou) para colocar na bagagem. O que ocupa a maior parte da mala é sempre o casaco. Como primeira viagem só de bagagem de mão, estruturei a seguinte estratégia: apesar do voo ser sempre gelado e ter a necessidade de usar, no mínimo, uma blusa, coloquei o casaco e todas as demais peças na mala. Por essa manobra, podia tirar o casaco e pressionar a largura, caso a companhia encrencasse com o tamanho; dava margem para comprar produtos durante a viagem, pois sabia que tinha o espaço equivalente do casaco que ia no braço na volta. Como a companhia também permitia uma pequena bolsa/mochila, colocamo-la vazia dentro da mala caso necessitasse. Curiosamente, percebi que o peso permitido (8 kg) não é à toa. Exclusivamente com roupas, dificilmente esse peso é atingido. Mas caso coloque livros, máquina fotográfica e outros objetos, é mais provável de estourar o limite. Quanto à questão de internet, o cartão também cedeu um chip para a viagem. No entanto, o consumo principal da internet na Itália foi quanto ao uso de mapas. Caso deseja evitar o custo de chip no exterior, baixe os mapas e use na versão off-line. E sempre vai existir uma lanchonete na esquina para te salvar quando precisar de internet.
  5. Olá mochileiros e viajantes, em 12/2019 eu e minha mãe fizemos um mochilão na América do sul (Uruguai, Argentina, Chile) por 18 dias e resolvi compartilhar essa experiência com vocês, gravei um vídeo no Youtube sobre o nosso roteiro e planejamento. Eu espero que ajude vocês pois foi com isso (vídeos, relatos etc) que eu consegui montar o meu roteiro e saber sobre os lugares que gostaria de ir, bom o link é https://youtu.be/s6r-fItRnTY :) Se gostar curta, compartilha e se inscreva para que mais pessoas tenham a informação. Vamos torcer para que essa pandemia acabe e nós possamos voltar a rodar esse mundão!!
  6. Olá Pessoal, tudo bem? Gostaria de sugerir a vocês o aplicativo WikiRota para auxiliar no planejamento da viagem. O que oferecemos: - Pedágios que estão no seu percurso, com a posição real no mapa - Distância a ser percorrida - Tempo da sua viagem - Possibilidade de calcular a viagem de ida e volta - Valor total da sua rota - Calcular a rota com até 21 destinos- Calcular a rota com até 21 destinos - Alterar a rota no próprio mapa - Incluir Custo Adicional no total calculado. O aplicativo está disponível para iOS e Android. Ah, temos também o nosso site que faz os mesmos cálculos que o app: https://www.wikirota.com Abs, Equipe WikiRota
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