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Passei décadas pensando em conhecer MP e com o tempo passando também fui ficando com receio de ser uma jornada muito puxada e cansativa. Após a viagem por trilha feita por meu filho, fui incentivado por ele a viajar para MP de trem e passei a considerar a visita. O empurrão final veio com o mochilão programado por minha filha e assim eu e minha esposa fomos encontrá-la em Cusco.

 

Passei então a procurar relatos, selecionando aqueles que mais se aproximavam do roteiro que eu imaginei. Há excelentes histórias na Internet mas de uma forma geral no mochileiros tem muitos posts detalhados que ajudam no planejamento da viagem. Um dos relatos mais úteis e bem-humorados é o da Letícia. Já passando dos 60 anos, dei-me ao luxo de ficar em quartos privados, hotéis e hostels, e conhecer alguns restaurantes mais badalados para testar a culinária peruana.

 

A viagem foi planejada para 7 dias entre Cusco, Machu Picchu e Lima, fora o primeiro dia de aclimatação. Tivemos que fazer uma mudança no roteiro, depois de chegar em Cusco, pois recebemos um comunicado da Peru Rail que haveria um bloqueio na estrada devido a protestos da população e eles não partiriam mais de Poroy para evitar riscos. Daí antecipamos nossa ida a Ollantaytambo para burlar o bloqueio e depois decidir como voltaríamos a Cusco. Há uma rota alternativa mais longa e tortuosa. A Peru Rail ofereceu-se para devolver o dinheiro, alguns aceitaram, mas não passou pela nossa cabeça perder a oportunidade de conhecer Machu Picchu.

 

Nosso roteiro priorizou os sítios maiores para visitá-los com calma, sem a pressão das excursões coletivas. Isso requer o uso de táxi que é bem mais barato do que no Brasil. Este investimento vale a pena.

 

Dia 0 - Chegada a Cusco e adpatação

Dia 1 - Compra chip celular, compra boleto turístico, troca bilhete trem, passeio a pé pela cidade

Dia 2 - Visita a Pisac e Sacsahuayman

Dia 3 - Viagem a Ollantaytambo e Águas Calientes

Dia 4 - Visita a Machu Pichu e retorno a Ollanta

Dia 5 - Visita a Ollanta e retorno a Cusco

Dia 6 - Cusco e viagem a Lima

Dia 7 - Passeio em Lima

 

 

Vou relacionar primeiro algumas dicas que eram dúvidas, foram diferentes do que eu imaginava ou sofreram atualizações. Depois irei detalhando cada lugar. Segue um resumo:

 

Altitude: o efeito existe mas foi bem menor do que eu imaginava. Não sentimos nenhum desconforto além do cansaço mais acentuado em subir rampas e escadas. Tomamos chá e mascamos coca, isso deve ter ajudado. Não precisamos de oxigênio nem Soroche Pills. Mas observamos várias pessoas sentindo os efeitos.

 

Tours: os coletivos são uma bagunça, há sempre os turistas atrasados e o tempo em geral é curto. Não vale a pena estragar o passeio por isso. Se puder consiga companhia para dividir e vá de táxi.

 

Chip Claro: uma ótima surpresa, comprei um chip por 6 soles e carreguei mais 10 soles que me proporcionaram usar a Internet 3G por toda minha estada. Há uma promoção atualmente e Whatsup não conta como consumo de dados. Há inúmeras loja da Claro, o próprio vendedor configurou meu celular.

Peru Rail: não é possível escolher o lado do trem, o assento é designado automaticamente. Veja a resposta deles: Seats are automatically assigned at the moment of purchase, unfortunately we can not know if the seats will be on the left or right side of the train, as it will depend on from where the carriage will be engaged to the locomotive, it is not always from the same side. Portanto torça para ficar do lado da janela do rio, que é bem mais bonito. Se necessário é possível mudar o horário numa loja da Peru Rail. Embora digam que há restrição de bagagem (5 kg) havia muitas pessoas com mochiloões e malas.

Câmbio:

1 Real = 0.94 Soles

1 Dólar = 3.33 Soles

 

Fotos: Sou apaixonado por fotos, então não economizei, foram mais de 2000. Difícil escolher as melhores. Usamos uma Canon SLR T3i, uma Nikon portátil e 3 celulares.

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598ddb70c4c03_Peru5.jpg.6a9a4638c602a5ff311c104ad23b726a.jpgDia 1 - (24/09/2016) Passada a fase de adaptação, fomos fazer a troca de ingressos do trem, que já haviam sido comprados no Brasil, a compra dos boletos turísticos para a visita no vale sagrado e o chip da Claro. Eu havia recebido um e-mail da Peru Rail informando a mudança de itinerário, os trens só iriam ou sairiam de Ollanta (simplificação de Ollantaytambo, diz-se Oianta). Além disso as estradas para lá estariam fechadas, daí foi necessário pensar outra estratégia para chegar a Machu Picchu. Os escritórios da Peru Rail e também da Inca Rail ficam na Praça das Armas.

 

Os boletos turísticos são comprados na Cosituc, na Av. El Sol, bem perto da Praça das Armas. As informações você pode ver aqui. Dificilmente dá para conciliar os boletos parciais, então você vai ter que desembolsar 130 soles pelo boleto geral, mesmo que nem todas as atrações valham a pena. Você pode visitar cada atração uma única vez e o bilhete tem validade de dez dias.

 

Quanto ao chip da Claro, é uma grande conveniência por um baixo custo. Compramos em uma revenda da Claro na Calle Ayacucho, segunda travessa da Av. El Sol, saindo da Praça das Armas.

 

Dali fomos caminhando até o Centro Artesanal de Cusco, localizado na Av. El Sol com Av. Tullumayo. Lá encontra-se de tudo um pouco, com menos muvuca do que no centro e os preços são ligeiramente mais baratos.

 

Nesse dia choveu à noite e comemos perto do hotel em um dos inúmeros restaurantes de San Blás. Aproveitamos para tomar um pisco sauer e uma cerveja Cusqueña.

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Dia 2 - Esse dia, um domingo, foi reservado para ver as ruínas de Pisac (eles falam Pízac) que fica a uma hora de Cusco e na volta visitar Sacsayhuaman, nos arredores de Cusco. Os dois passeios estão inclusos no boleto turístico geral. Contratamos um táxi via hotel por 160 soles para fazer o roteiro. A partir daqui passamos a contar com a companhia da minha filha e de seu namorado que chegavam de um mochilão pela Bolívia. O relato deles está aqui.

 

A estrada até Pisac é repleta de belas paisagens, com muitas vistas para o Vale Sagrado. O parque de Pisac é imenso, com grandes terraços usados na agricultura. Esses terraços ajudavam na aclimatação das plantas à altitude, entre outras funções. Também serviam para armazenar as terras férteis trazidas das partes mais baixas e evitavam a erosão. Há também um eficiente sistema de drenagem e irrigação. De longe não parecem muito grandes mas de perto impressionam. Na parte superior há construções, incluindo o templo do sol. Na montanha em frente eram sepultadas as múmias incas. Supõe-se que Pisac fosse a fortaleza de entrada Sul para o Vale Sagrado.

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Na base da montanha há o povoado de Pisac, onde há uma feira de artesanato aos domingos, muito popular. Não achamos nada muito diferente do que se encontra nas feiras de Cusco. Também há uma fábrica de jóias de prata onde pode-se ver a lapidação das pedras.Há peças bonitas mas os preços não são baratos. Aproveitamos para comer um choclo, aquele milho cozido vendido nas ruas como no Brasil. Os grãos do milho são saborosos e bem maiores dos que os cultivados no Brasil.

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Na volta paramos então em Sacsayhuaman, que fica a 3700m de altitude. De lá pode se avistar toda a cidade de Cusco, é uma linda visão. Não há como não ficar impressionado com o gigantismo das pedras, algumas com mais de 8 metros de altura e mais de 100 toneladas. A construção dessa fortaleza é atribuída ao imperador inca Pachacuti e acredita-se que seja a cabeça do puma, do qual supõe-se ser a forma construtiva de Cusco. Estima-se que trabalharam na construção cerca de 20 mil pessoas. Só restam 20% das estruturas, os espanhóis destruíram-nas para construir igrejas e casas. Cabe lembrar que as partes construídas pelos espanhóis já foram devastadas por terremotos e reconstruídas, enquanto a parte dos incas continua intacta. A arquitetura inca é única, diferente daquelas da idade da pedra e das pirâmides egípcias e maias.

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Triste pensar que além da destruição dos espanhóis, até 1930 era permitido aos habitantes retirar pedras de Sacsayhuaman para construir casas, transformando um monumento da humanidade em uma simples pedreira.

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Como falei antes, demos prioridade aos sítios maiores e assim depois de mais essa caminhada descemos para a cidade, cansados e cheios de fome. Chega-se pela rua Saphi, que desemboca na Praça das Armas. Esta rua é repleta de restaurantes e escolhemos um deles para comer um ceviche acompanhado por uma Cusqueña.

 

Ainda deu tempo de conferir a situação dos protestos que iriam mudar nossa data de ida a Machu Picchu mas isso teria que ser resolvido no dia seguinte.

 

O Museo del Pisco foi o lugar escolhido para jantarmos. Os pisco sauer e chilcanos servidos lá são os melhores. Os antepastos são fantásticos, uma bela cozinha.

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Dia 3 - Dia de resolver a viagem a Ollanta. O primeiro passo foi verificar a possibilidade de antecipação do ingresso em Machu Picchu. Feita a troca, partimos para a troca dos horários dos trens. Conseguimos um horário que sairia dali a 3 horas de Ollanta. Não dava para arriscar pegar uma van então pegamos um taxi, negociado a 100 soles e partimos dali mesmo da Praça. Já tínhamos deixado as malas guardadas no hotel e estávamos somente com a mochila de ataque. Não conseguimos contato com o hostel de Águas Calientes para a antecipação da diária mas fomos assim mesmo para resolver esse assunto in loco.

 

O caminho até Ollanta também é bastante agradável, em sua maior parte com vista para o Vale Sagrado. A estrada é de mão dupla mas em bom estado. Não paramos nos passeios tradicionais no caminho pois nosso tempo era curtíssimo, ainda com um certo risco de encontrar uma paralisação na estrada.

 

Ao chegar em Ollanta o motorista nos deixou na praça da cidade e disse que a estação era logo alí. Era um alí de 500 metros mas por sorte em descida e para baixo, todo santo... Além disso a rua era ao lado de um riacho com águas límpidas e o visual ajudou a chegar rápido na estação.

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Depois de saborear uma Cusqueña de trigo, embarcamos no vagão Vista Dome que é o médio em termos de luxo, é um pouco mais caro do que o Expedition, o mais simples, mas achamos que valeu a pena. O mais caro sai fora do nosso orçamento e achamos desnecessário. Em ordem de valores seria aproximadamente 60 - 80 e 400 dólares, este último inclui o ingresso do parque e refeição. Esses preços variam de acordo com a demanda, como nos vôos. Se a partida for de Cusco (Poroy), fica mais caro e a viagem muito longa, dizem que muito cansativa. Além da Peru Rail, há também a Inca Rail.

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Você só saberá o lado do vagão em que vai sentar na hora do embarque. Se der sorte e cair do lado do rio, a vista é bem mais bonita já que o trilho é encravado geralmente em encostas e o outro lado é mato. Mas o teto é transparente e dá para ter um bom visual. Durante a viagem é servido um lanche, nada de especial.

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O desembarque em Águas Calientes é feito dentro de uma congestionada feira de artesanato, o que nos deixou perdido, sem saber para que lado ir. Mas o Adela´s Hotel que havíamos reservado ficava perto, era só atravessar a linha do trem. Ao chegarmos, explicamos o motivo da antecipação e colocaram-nos no hostel ao lado, da mesma proprietária. Ela mesma nos arranjou um guia que falava português por 60 dólares, para nos acompanhar em Machu Picchu. A escolha de um bom guia pode fazer a diferença na visita.

 

Aqui vai um alerta, a cidade fica entre dois rios com corredeiras e há muito mosquito. Eu havia convertido minha calça em bermuda no trem por causa do calor e no breve caminho da estação até o hostel tomei umas 30 picadas. Por sorte não coçavam mas quem tiver alergia é melhor se precaver.

 

Águas Calientes é uma cidade construída para abrigar e servir de dormitório para visitantes de Machu Picchu. É bem pequena, cheia de gente de todas as partes do mundo e com um monte de gente tentando te empurrar para os seus restaurantes. Fica encravada no pé da montanha. Dali saem as vans que levam o pessoal para a entrada de Machu Picchu. Para quem estiver disposto a arriscar, há uma trilha íngrime sem custo.

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O ingresso das vans custa 25 dólares ida e volta e é necessário o passaporte para a compra. O ingresso do parque já havíamos comprado via Internet. Há um limite de 2000 pessoas por dia para visitar o parque e nas épocas de alta é comum esgotarem-se os ingressos. Para subir a montanha Huayna Picchu o limite é de dois grupos de 200 pessoas e tem que pagar um adicional.

 

Fazendo os cálculos, trem= 80, van=25, ingresso= 68, total= 173 dólares só para subir Machu Picchu (fora o guia).

 

Saimos pelas ruas de Águas Calientes e escolhemos um restaurante que oferecia o Menu por 15 soles e cerveja/pisco em dobro. Comida correta e cerveja gelada, era o que precisávamos naquela hora.

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O guia marcou conosco às 19h no hostel para acertarmos os detalhes. O nome dele é Edson Arantes (não éra o Pelé), muito simpático, passou-nos algumas instruções como não pode comer no parque, banheiros só fora do parque, levar repelente, protetor solar, água, etc.. Marcamos às 6h da manhã, as filas começam a se formar antes das 5h. Nessa hora é frio, cerca de 10 C.

 

Compramos os tickets para a van que nos levaria ao monte, há necessidade de estar com o passaporte ou carteira de identidade para comprar o bilhete. Isso evita a fila no dia seguinte.

 

Jantamos numa das muitas pizzarias e fomos arrumar as mochilas, Levaríamos uma por casal, a outra ficaria guardada no hostel para carregarmos menos peso. Fomos dormir cedo ansiosos pelo dia seguinte, A previsão do tempo era boa.

 

Para dar uma idéia do que nos esperava na manhã seguinte, o mapa mostra os caminhos para Machu Picchu. A estrada em preto é a utilizada pelas vans, que gasta 20 min. Em vermelho a trilha para quem quiser encarar a pé e de graça, leva cerca de 1:30h. Até a entrada do parque há uma diferença de altitude de mais de 300m. Depois segue uma foto para se ter noção de quão apertada é a estras. Na maioria dela só passa um veículo.

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Dia 4 - O grande dia! Acordamos às 5 da manhã para acabar de arrumar as coisas e 6h já estávamos tomando o desayuno. Nosso guia, o Edison, foi para a fila guardar lugar, isso é comum lá. A fila era enorme mas o Edison disse que por volta das 6:30h tomaríamos a van e antes das 7h estaríamos no parque. O telefone do Edison é +81 98465 6766.

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É necessário o ingresso e o passaporte para embarcar. A estrada é tortuosa e às vezes dá um calafrio danado quando a van passa beirando o precipício. A temperatura era aproximadamente 10 C mas quando o sol chega esquenta rápido, portanto é necessário vestir-se em camadas e ir tirando conforme a temperatura aumenta.

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Chegando na entrada do parque é recomendável ir ao banheiro, ao custo de 1 sole, pois dentro do parque não há banheiro nem bebedouros. Há também armários para alugar.

 

Logo ao passar a portaria o Edson nos reuniu e fez uma ligeira explanação sobre o que viria pela frente. Explicou que há 3 roteiros, o mais puxado e outros dois sem muitas escadas. Iríamos fazer o mais puxado, que iniciava com 150 degraus, dos mais variados formatos e tamanhos. Tivemos que fazer umas 3 paradas durante a subida para recuperar o fôlego. Essa parte é o setor agrícola de Machu Picchu, onde estão localizadas as terraças.

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A primeira parada é na plataforma de onde se vê toda Machu Picchu e local daquela tradicional foto com a cidade ao fundo. A visão é indescritível, de tirar o fôlego. Os incas escolheram um local sem igual para construir a cidade. A energia que o local irradia é inexplicável. A vantagem de chegar cedo e iniciar por esse caminho é que a grande massa dos turistas ainda não chegou, então dá tempo de tirar fotos com tranquilidade.

 

Dali sobe-se até o setor onde encontra-se a Pedra Funerária e a Casa del Vigilante. Mais um ponto com uma magnífica vista da cidade. A próxima etapa é descer as escadas para a entrada no setor urbano.

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Passando pela Porta Principal, há várias construções, incluindo o Templo do Sol. Nele há duas janelas que estão perfeitamente alinhadas com o nascimento do sol nos solstícios de inverno e verão. Para evitar degradação, a sala está bloqueada ao acesso de visitantes.

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Um pouco mais a frente está a Pirâmide de Intiwatana. Ali estão situados o Relógio Solar e o Observatório Astronômico. Os vértices do Relógio estão perfeitamente alinhados com os pontos cardeais. Há uma história pitoresca neste ponto. No ano de 2000, o presidente Fujimori teve a ideia de privatizar Machu Picchu e apesar dos protestos nada parecia detê-lo. Foi então que foi dada uma autorização para gravar um comercial para a cerveja Cusqueña dentro do parque. Durante a gravação, uma grua atingiu o vértice Sul de Intiwatana, causando-lhe um dano irreparável. Este acidente causou uma indignação popular e em todo mundo já que o monumento é patrimônio da humanidade. Assim a manobra privatizadora foi abandonada. Os locais dizem que este ato foi uma auto-defesa de Machu Picchu.

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Caminhando um pouco mais chega-se à Pedra Sagrada. Ela é circundada por um muro baixo onde se depositavam as oferendas. A sua forma é creditada à réplica da montanha Yanantin, localizada ao fundo. Outros creem que é a forma de um "cuy" (porquinho da índia).

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Daqui começa-se o retorno pelo lado oposto da Plaza Principal, local de outra história não favorável a Machu Picchu. Em 1978 os reis da Espanha queriam visitar Machu Picchu mas um monolito no meio da Plaza Principal impedia a descida de helicópteros. O presidente do Peru ordenou então a retirada do monolito que logo depois foi recolocado. Mas em 1989 durante uma reunião dos países do pacto andino, programou-se uma visita dos presidentes sul-americanos ao parque e foi ordenada novamente a remoção do monolito. Durante a remoção ele se rompeu de forma irreparável. então ele foi enterrado no local e a praça ficou sem o ornamento.

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Aqui também há o acesso para quem vai subir Waynapicchu.

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Para compensar essas trapalhadas, observamos vários pesquisadores e operários cuidando da manutenção e restauração das ruínas, hoje aos cuidados do Ministério da Cultura.

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Nas terraças laterais da Plaza Principal tem-se uma ideia da acústica do local. Se pararmos e ficarmos em silêncio, dá para ouvir as pessoas conversando há centenas de metros na parte agrícola. Certamente esse local era usado para grandes cerimônias.

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Na sala de observação astronômica há duas pedras esculpidas formando bacias côncavas que cheias de água formam lentes que permitiam a observação do céu.

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O próximo local a ser visto é o Templo do Condor, onde rochas naturais em conjunto com outras esculpidas formam uma escultura de um pássaro sagrado. Este pássaro na crença deles era quem levava os mortos para o outro mundo.

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Outro ponto fundamental na cultura inca era a água. Ela era canalizada desde a Montanha de Machu Picchu por mais de 700 metros e era entregue a 16 fontes na parte urbana. Não havia armazenamento de água já que ela corria constante. A água era sagrada.

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Assim, depois de 3 horas e meia, havíamos terminado nosso tour por este fantástico lugar. Em função das nossas mudanças de horário de trens, não poderíamos nos alongar mais. Mas o dia havia sido muito produtivo. Hora de pegar a van de volta para Águas Calientes.

Em Águas Calientes fomos ao hostel para pegar nossas mochilas. Sem forças para subir as ladeiras da cidade, decidimos comer um ceviche ali mesmo, acompanhado por uma Cusqueña negra. A próxima etapa era pegar o trem de volta para Ollanta.

Desembarcamos do trem e fomos a pé procurar um lugar para dormir já que Ollantaytambo no roteiro original era só para visitar as ruínas.

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Algumas considerações sobre a civilização inca:

 

O predomínio do império inca durou menos de 100 anos, de 1438 a 1532, embora a civilização inca tenha existido por vários séculos. O ápice do império iniciou-se com Inka Pachacutec, que construiu Machu Picchu, e terminou com Inka Atahualpa. Era uma civilização que respeitava profundamente a natureza. Os excrementos, por exemplo, não eram atirados na água pois ela era sagrada. Eles eram secos e utilizados como fertilizantes. A Pachamama, mãe terra, tinha um importante papel nas festas e rituais. As pedras também eram consideradas sagradas. Tinham avançado conhecimento de Astronomia, Medicina, Arquitetura e Agricultura.

 

O nome Inca quer dizer governante e não era assim que seu povo se auto-denominava. O nome correto é Tahuantisuyo que quer dizer quatro divisões, que era como o império era dividido a partir de Cusco, que quer dizer o umbigo do mundo. Este umbigo fica localizado em um dos vértices da Plaza das Armas. No chão de Cusco você pode encontrar placas indicando a divisão das regiões. O Puma representado no quadro é a cidade de Cusco.

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O Império estendia-se desde o Equador até a Argentina, com mais de 15 mil quilômetros de trilhas, grande parte pavimentada.

 

O trabalho era considerado entre eles uma coisa natural e necessária e todos trabalhavam, inclusive os nobres. Parte do tempo de cada um era dedicado ao Império. Com isso eles criaram uma sociedade que não tinha pobres nem ociosos.

 

Muitos dos mistérios da cultura inca são devidos à falta de escrita que impediu os registros históricos. A comunicação era feita por uma corda com vários outros pedaços amarrados nela que detinham um código ainda não totalmente decifrado. Mas há historiadores que sustentam que existiu uma escrita mas em determinada época ela foi considerada por um sacerdote como a causa de uma peste que dizimou boa parte da população. O imperador ordenou então que a escrita fosse proibida e todos os escritos fossem destruídos.

 

A derrocada Inca não deveu-se unicamente a Pizarro. Havia outros povos dominados que enxergaram nos espanhóis, aliados para se libertarem do jugo inca e assim se juntaram a eles.

 

Para quem quiser se aprofundar na cultura Inca e Machu Picchu, uma boa referência é o livro de Cosme Cuba Gutiérrez, que o Pedro, nosso parceiro de viagem junto com a Thais, comprou quando se juntou a nós em Cusco. Infelizmente só fui lê-lo quando cheguei de volta ao Brasil.

 

 

Em breve continuarei o relato.

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  • Amei! 1
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Que ótimo relato! Conheci através do relato da sua filha! ::love::

Obrigada por sua contribuição aqui no mochileiros, com certeza ajuda bastante e pode até encorajar mais alguns sessentões aí hahah

Só uma dúvida. O táxi que você fechou os passeios por 160 soles e o Guia Edson em MP de 60 dolares, foi por pessoa ou para os 4??

 

Beeeijos!

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Ola Pedro!

Vi que voces curtiram bastante e eu tenho isto nos meus planos tambem!

Poderia me dar uma estimativa de gastos total? vou ficar o dobro do tempo que voces e queria me preparar melhor...

Quero ir em alguns restaurantes bacanas , experimentar a culinaria Peruana e tambem tomar um vinho (adoro sav blanc - vcs ficaram so na cusquenha e pisco ou experimentaram algum vinho para me indicar? )

Suas dicas sobre passeios privativos sao bem convincentes, e vou tentar colocar no meu planejamento!

Salivei com os pratos do Museo do Pisco e ja anotei para passar por la!

Abracos e mais disposicao para fazer novas viagens!

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