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Paraná 2021 - de montanha à praia no estado das 4 estações


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Saudações, mochileiros!

Bem, segue o relato de mais uma aventura minha pelos estados do nosso amado Brazyl. Dessa vez, optei por fechar o trio de estados sulistas (apesar de que falta conhecer mais SC, o que me foi negado nesse ano em virtude do bendito coronga), e fui provar um pouquinho da terra do pinhão, capivaras, e berço do montanhismo tupiniquim, Paraná.

A época escolhida foi o mês de dezembro/2021, período de transição entre a primavera e o verão. Peguei um tempo bem inconclusivo, começando pela "cidade onde vc pega as 4 estações de uma só vez". Muita nuvem, muito chuvisco em certos lugares. Mas, fui fora da alta temporada, o que permitiu que eu curtisse muita coisa na tranquilidade, antes da folia que é o reveillón e o verão litorâneo. Por sorte peguei pouca chuva em termos de volume. E entendi sobre o porquê de a temporada de montanhismo ser no inverno.

Como tento ser meio economista nas viagens (vulgo pata de vaca segundo mamãe), resolvi levar 2k de choros e ver se daria para bater perna por 3 semanas no estado. Essa costuma ser minha média nas viagens.

E nesse relato, vai rolar um pouco de tudo: vou falar de uns roteiros mais manjados, assim como tentarei abordar roteiros menos falados, afinal, off the beaten path!!

Pois bem, vamos ao que interessa.

 

01-02/12 - chegada no estado e paixão à primeira vista

Impossível não conhecer a fama de Curitiba. Logo na minha chegada, ao passear pelas ruas, refleti sobre as simples, porém grandes medidas que poderiam ser facilmente implantadas em minha pobre Manaus (carente de boas gestões há tempos, diga-se de passagem). Os pitorescos e icônicos terminais de tubo, os inúmeros parques e praças, a arborização das ruas, as ciclovias e a limpeza das ruas são alguns dos pontos de destaque da "capital ecológica do Brasil".

Claro, a realidade curitibana fica mais limitada à porção central e elitizada da cidade, pois você não precisa se afastar muito do centro para dar de cara com problemas comuns de toda capital: pobreza, marginalização, cursos d'água poluídos e muito lixo. Passando em lugares como Vila Zumbi, ou mesmo nas dependências do Jardim Botânico (bairro) pude notar tal realidade. Mas, a cidade ao menos tenta se ajeitar. 

Curitiba transpira história e arte: na região central da cidade, cada esquina corre um sério risco de ter uma boa história para contar. Entre as artes mais amadoras, a manutenção de prédios históricos, e as várias homenagens a personalidades e fatos históricos, há informação de sobra sobre a história e cultura paranaense. Uma coisa a ser notada é os murais de azulejo de Poty Lazzarotto espalhados pela cidade, alguns tombados como patrimônio cultural do estado. 

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A praça 19 de dezembro, símbolo da emancipação da cidade, também conhecida como praça do homem nu, agora com uma mulher nua. Acho que o movimento das estátuas feministas deve ter chiado um pouquinho.

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Mais uma forma de preservação da história da cidade. Atrás, mais um mural de Lazzarotto. 

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Uma homenagem à comunidade oriental que contribui com o comércio local. Mural localizado no mercado municipal

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Arte cachaceira?

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Ótima referência, e bela mensagem de férias

Em um primeiro momento, estava interessado em conhecer um espaço menos frequentado da cidade (até porque teria muito tempo para conhecer os points manjados). Então segui para a Casa do Expedicionário.Tenho um interesse enorme pela história da Força Expedicionária Brasileira, e admiro a contribuição dos pracinhas, enfermeiras e afins para o combate ao nazifascismo na Itália, ainda mais em tempos em que conceitos sérios são tão banalizados em briguinhas de twitter. Já tinha conhecido um pequeno museu/acervo em Caxias do Sul, na serra gaúcha, este menor e com restrição de fotos.

Inaugurado pela Legião Paranaense do Expedicionário após a segunda guerra, o espaço é simplesmente INCRÍVEL!!! Aqui você faz uma verdadeira viagem ao passado através dos espaços e do seu acervo. Cada peça, cada informativo, cada arte nos leva a uma reflexão sobre os fatos da guerra. A própria praça do expedicionário conta com réplicas de um blindado (exército), um caça (aeronáutica) e um torpedo/âncora (marinha). A entrada é gratuita, e você pode "fazer doações para a manutenção do espaço em troca de lembranças como camisas ou patchs" (o que a meu ver parece uma compra ::lol3::)

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M3 stuart e P-47 thunderbolt, algumas toneladas de democracia para cima dos outrora inimigos da paz

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Magnífico

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Um acervo rico e organizado. Uniformes de soldados e oficiais aliados, e no fundo um esquema das operações brasileiras na itália. 

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Sala dedicada a Max Wolff Filho, considerado um herói de guerra paranaense.

Nesse mesmo dia, resolvi conhecer a primeira praça da cidade, até pela localização privilegiada. O passeio público acabou se tornando um dos meus pontos favoritos da capital, sendo visitado quase que diariamente. A limpeza, organização, arborização, as fontes de água, os peixes, os espaços para crianças, os espaços para idosos, e o zoológico 0800 de aves da fauna nativa e exótica me cativaram bastante. 

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Paz de corpo e espírito na selva de pedra

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dificil não tirar um cochilinho por aqui. Aliás, foi o que acabei fazendo

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O auto de natal foi um espetáculo de encher os olhos, o bom de viajar em época natalina é ter esses bônus nos locais.

No dia 2, teria o dia inteiro para conhecer pelo menos uma ou duas atrações mais visitadas, então comecei o dia com o Mercado Municipal. Bem próximo da rodoferroviária de Curitiba, este espaço tem um acervo interessante para o local. Há um setor de produtos orgânicos, e um espaço voltado para produtos orientais bem consolidado. Curiosamente não achei souvenirs nesse local.

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Mais um local sem espaço para moedinhas, como o que existe no mercado de POA.

Visita feita, resolvi conhecer o popular Jardim Botânico. Como era um dia de semana, o espaço estava tranquilo, apesar de o tempo não estar tão legal. Mesmo assim, aproveitar aquele espaço natural para sentir a vibe da primavera curitibana foi uma agradável experiência.

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A galeria das 4 estações, com as espécies típicas de cada estação, com "as quatro estações" de Vivaldi de música de fundo. Uma bela sacada. 

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A icônica estufa, vista de um ângulo menos convencional

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Um drone viria bem a calhar nessas horas

Ainda na manhã, tentei conhecer o Teatro Paiol, porém este estava fechado. Após o almoço, pensei em ir conhecer o Museu Oscar Niemeyer (o famoso olhão), porém, sabe aquela vontade que passa do nada quando você está prestes a realizar uma ação, como se você fosse um sims e alguém estivesse controlando suas ações? Com isso, resolvi conhecer, ao invés disso, o Bosque do Papa/memorial polonês. Construído para fazer referência à imigração polonesa no país, também serve de homenagem ao papa João Paulo II (também polonês) na época em que este visitou Curitiba. O espaço é pequeno, porém bem simpático, com as casas construídas segundo a arquitetura própria. Há uma lojinha de souvenirs e uma pequena capela com a imagem da Nossa Senhora de Częstochowa, padroeira dos poloneses. Um local de silêncio, contemplação da natureza, e conhecimento sobre uma cultura diferente.

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Simpático e bem organizado, para dizer o mínimo.

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A capela e uma referência ao popular pontífice

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A igreja católica que me perdoe, mas não parece que ele está preparando um Jutsu?

Para encerrar o dia, pensei em conhecer o Museu do Holocausto, localizado na mesma região. Infelizmente não foi possível, pois para o acesso é necessário agendamento prévio. Este museu expõe relatos e memórias de vítimas e sobreviventes daquele período negro da história da humanidade, levando a reflexões diversas.

Com isso, dava o dia por encerrado, e só restava planejar o futuro de minha estadia no estado.

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3-4/12 - descendo a serra, e Marumbi, o berço do montanhismo brasileiro

Já tinha uma passagem comprada de antemão para o conhecido passeio de trem Curitiba-Morretes, afinal, bateu o receio de chegar no dia e não haver ingressos disponíveis. Queria descer o estado nesse primeiro fim de semana, pois a previsão do tempo estava favorável para uma possível escalada no Conjunto Marumbi, a primeira grande aventura na região. Com muitas nuvens presentes, e a retenção destas na Serra do Mar e adjacências, ficaria difícil fazer uma subida em uma grande elevação sem um tempo, no mínimo, ensolarado (apesar das muitas nuvens). Esse é um dos motivos de os meses de montanhismo no Brasil serem os do meio do ano, pois no inverno, o tempo é mais estável, e as nuvens estão menos concentradas (apesar do temido frio traumatizante). 

Não haviam muitos dias ensolarados no estado durante o mês, então, estava acompanhando constantemente os sites de previsão do tempo, para ver se conseguiria fazer, ao menos, Marumbi e Pico Caratuva, segundo pico mais alto do sul brasileiro, perdendo por muito pouco para seu vizinho, o Pico Paraná.

Além disso, nunca tinha andado de trem na vida. E o passeio já foi considerado por jornais gringos como um dos mais belos do mundo. Então, passar pelo estado e não fazer isso? Jamais.

Tudo acertado, só restava me apresentar na estação rodoferroviária, e curtir. 

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Partiu?

Infelizmente o dia estava bem.....neblinoso, e é muito curiosa (além de bonita) a precipitação das nuvens mais baixas nas paisagens. A viagem em si não foi perfeita, mas ainda assim foi uma atividade muito agradável. Um dos pontos legais do passeio é o carisma dos guias, que animam os passageiros com bom humor, fatos e curiosidades da história, geografia e cultura paranaense, até para que o passeio em si não seja apenas uma contemplação e "bateção" de fotos. Infelizmente não rolou foto do lado de fora da janela (tem que ter uma boa oportunidade para isso pq é proibido, segundo os funcionários do passeio).

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Represa de Caiguava, com sua icônica chaminé

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Muito linda a precipitação à distância

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Às vezes damos a sorte de precisarmos parar para deixar os trens de carga passarem.

O bom desse passeio é que aos poucos, enquanto saímos do planalto curitibano e descemos para o vale onde Morretes está localizada, o frio serrano vai dando lugar a uma temperatura mais amena e agradável (nortista ainda em aclimatação, sabe como é, 25 graus para nós é frio). Enfim, estava na simpática Morretes. 

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Me apaixonei por essa vibe de cidade pequena, pacata, e no meio da natureza

Bom, quem desce para Morretes geralmente tem uma missão: provar o tão conhecido Barreado. Comigo não foi diferente. Pensei que encontraria um prato camponês custando um rim num restaurante gourmet, mas para minha surpresa ele é servido a diversos preços, dependendo da localização do restaurante. Cheguei num com preço ok, e gostei do prato. Aprovadíssimo.

Infelizmente não teria tempo de descansar e digerir na sombra de uma árvore. Precisava achar um local para repouso, de preferência nas proximidades do Marumbi, pois a ideia era sair cedinho para subir o pequeno gigante (se o tempo colaborasse). Teria que acampar em Porto de Cima, um pequeno distrito de Morretes separado por uma reta de 5km. Como não queria ser assaltado por taxista, e o horário de ônibus entre esses lugares era limitado, uma caminhadinha para aquecer as pernas se faria necessária.

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Partiu retão para Porto de Cima?

Chegando, encontrei um camping logo na entrada do ramal de acesso ao Marumbi, onde está localizado o final do famoso Caminho do Itupava, que gostaria de ter feito, mas que na ocasião estava "fechado para manutenção por tempo indeterminado". Com isso, só restava comprar os lanches de trilha, armar a barraca, e descansar cedinho.

 O dia 4 seria para enfim, encarar Marumbi e seu desafiante Olimpo.

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Deus ajuda quem cedo madruga para encarar a montanha

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Será que o pegaria tempo favorável? Esperava que sim

Um fato seria uma pequena pedra no sapato nesse dia: a distância do meu camping para a base da serra, de aproximadamente 8 fucking km de distância!! Saí às 6:30 para chegar às 8:30 na bendita estação Marumbi e a base de apoio, aquecido, porém com parte da bateria gasta. Isso porque, segundo os administradores, não estava sendo permitido o camping nas dependências por conta da pandemia (o que pessoalmente achei uma medida burra ou mal contada, pois nenhum camping nos lugares onde passei estava com restrições, fora que esta é uma atividade ao ar livre, com poucas chances de aglomeração. No mais, trilheiros se cruzariam na subida/descida, e como ninguém é retardado o suficiente para subir montanha de máscara, meio que iria dar na mesma, não?)

Quem parte de Porto de Cima pode pegar uma carona com locais ou operários das linhas de trem. Para minha sorte, ninguém me ofereceu carona nesse dia ::otemo::  

Chegando na base, o obrigatório registro, e as perguntinhas básicas:

- O Sr. já conhece a trilha?

- Primeira vez, amigo!

- Qual trilha?

- Branca.

- O Sr. tem experiência com montanhismo? Sabe as técnicas e tal?

- Experiência tenho apenas o pico da bandeira, há um tempinho atrás (mentira descarada, pra "fazer migué").

- Ah......ok (acho que ele botou "não" no registro).

(pausa estranha).

- Olha, o Sr. devia fazer Abrolhos pq o Cume não parece com visibilidade boa hoje, mas fica por sua conta.

- Hoje volto direto do Olimpo, amigo, mas obrigado.

- Lanterna o Sr. tem?

- Uma de cabeça e dois celulares carregados (isso foi verdade).

- Então está bem. Olha, se der uma da tarde, retorne, mesmo que não tenha chegado. E se chover, aguarde em local abrigado pois pode dar cabeça d'água na trilha branca. Boa trilha.

É impressão minha ou o cara não botava fé, e achava que eu viraria estatística? Deus é mais, amigo! ::lol3:: 

Mas a verdade é que infelizmente ocorrem acidentes e outras ocorrências nesses lugares. Não fazia muito tempo que um montanhista veterano tinha morrido no Marumbi. Isso uma pessoa experiente. Noutro dia, um jovem morreu após uma queda da cachoeira salto dos macacos (que fica na região). Umas semanas mais tarde, algumas pessoas se perderiam no caminho do Itupava, sendo resgatadas por bombeiros. Não é fácil. A natureza não escolhe idade, casta social, ou experiência. É preciso respeitar o ambiente, e conhecer seus limites. De certa forma entendo o ceticismo do administrador. E aprenderia isso com essa subida.

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As nuvens estavam ainda acumuladas nos pontos mais altos, mas, já estava aqui, o objetivo era o cume

No Marumbi você pode encarar: trilha azul (nível nutellinha) onde você pode fazer o rochedinho, e de quebra a cachoeira dos marumbinistas no mesmo dia; a trilha branca (hard), onde você ataca frontalmente o Olimpo (e com o tempo certo acaba fazendo a cachu tbm no mesmo dia); e trilha vermelha (fucking ultra hard sem cuspe prepare your anus), onde você tem a oportunidade de conhecer praticamente todos os cumes menores da face oeste, porém, trilha difícil e ainda por cima, demorada. Para uma primeira vez, a trilha branca (média de 3 horas) parecia ser uma escolha sensata. Acabei fazendo em 3h30, mas em virtude das pausas para fotos, contemplação, lanchinhos, etc.

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A trilha é relativamente aberta, mas, existem partes que podem confundir o visitante, principalmente se houve uma tempestade ou deslizamento recente. Coincidentemente em dois pontos onde esses eventos tinham ocorrido, acabei me perdendo por uns minutos. Mas o caminho é bem demarcado por fitas, ou plaquinhas da cor da trilha usada. E é uma constante: se vc andou por uns 50 ou 100 metros e não achou fita, volte à última referência e procure de novo. 

Você sobe bastante em mato, depois começa a ver os primeiros grampos, seus amigos de montanha que vão evitar que vc sofra uma morte lenta e dolorosa garantir uma subida segura. Após os grampos, o ambiente começa a mudar com as pedras, as escadas de pedras, subidas em cordas e correntes, e trechos em abismos. O legal é que num dia limpo, vc consegue ver (e ouvir) o trem turístico passando. 

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agora o esquema começa a radicalizar

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Literalmente uma passagem estreita no abismo. A montanha não te dá espaço para erros

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Esse trecho, esse bendito trecho, é a parte que separa meninos de homens. Um paredão exposto com uma quantidade considerável de grampos, sem raízes ou cordas de apoio. Os grampos são sua vida. A rocha é sua vida. Nada de selfies. Nada de gracinhas. Não nego, o coração deu uma acelerada aqui.

Enfim, após uma subida bem pesada (um patamar de trilha ao qual nunca tinha me submetido), chegava ao cume. Muitas nuvens com poucas brechas para a visão do horizonte, porém, o sentimento de metade da missão cumprida (afinal, subir é só parte do trabalho). Fui "almoçar", fazer alguns registros, acabei achando o final da trilha vermelha, e tratei de registrar a subida no famoso livrinho do cume.

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Nossa, que sensação ímpar

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Às criaturas mais aptas, foi dada a oportunidade da visão mais bela.

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Devidamente registrado no hall da fama. Algum sem noção deixou a caixinha aberta, molhando tudo dentro. Tive que retirar o máximo de água possível para devolver o livrinho.

Há quem diga que a volta é mais rápida do que a ida. Se tratando de montanha, acho que nem tanto. Pernas já sentindo o esforço da subida, mais a cautela da descida (afinal, dizem que os acidentes ocorrem mais nessa etapa, por vários fatores) consumiram mais 3h30 do dia, isso sem pausas. O engraçado é que sou uma pessoa condicionada. Faço trilhas, pedalo e tal. De volta à base, as pernas estavam bambas, e o corpo beirava a exaustão, com uma leve febre pela parte da noite de bônus. ::lol3::seria a idade dando o sinal amarelo? Ou um batismo doloroso?

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Felicidade e sensação de conquista.

A montanha te ensina (tá, de acordo com os padrões da gringalhada, o Brasil não tem montanha de vdd e blablabla). Você não é nada perto da grande criação. Um suspiro da montanha no rio das eras, e sua vida veio e passou como uma vela apagada. É necessário ter humildade, antes de encarar esses desafios. Você pode ter escalado pelo mundo inteiro. Só basta uma pedra mal colocada, ou um passo em falso. E claro, a montanha é uma metáfora clássica dos problemas e desafios. Por vezes ameaçadores. Porém, se tornam menos verticais e mais planos quando se resolve passar por cima, referenciando um provérbio oriental. Meu corpo sentiu essa subida por uma semana, como um lembrete generoso. Vou parar? Não mesmo, a altitude me animou. A altitude me deu uma visão do mundo que a maioria, tão presa em prisões de smartphone e rotinas, não tem. Agradeço muito à essa experiência.

Aliás, pequeno diálogo da volta:

- E aí, chegando, são e salvo.

- Ah, muito bem. A única pessoa que fez o Olimpo, hoje.

- Eu gosto é assim, um pouco de exclusividade.

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@StanlleySantosSe você gostou de Curitiba violenta hoje e cheia de morador de rua,imagine se conhecesse há 20 anos, quando havia muita fiscalização para manter a cidade.Experimentasse jogar lixo na rua,passar sinal fechado, não respeitar a faixa de pedestre nessa época. Foi assim que conheci essa cidade,aonde fiz pós na UFPR no começo dos anos 2000 e estou hoje.Por exemplo, tem uma foto de você deitado na grama no passeio. Nessa época, não teria. hehehe

O tempo que pegou no trem foi horrível, é o passeio do inverno curitibano, quando está fazendo cerca de 0 a 5 graus. Quando o tempo está limpo no fim de semana, muitos iam passar o dia em Morretes.O trem era barato, é outro exemplo que a venda só serve para encarecer.Os trens não mudaram nada,mas o preço já viu.

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5-6/12 - Morretes, reduto de tranquilidade na mata atlântica.

Após o Olimpo, pensei na possibilidade de fazer alguma outra trilha local, mas sentia que estava me esforçando demais, e precisava pegar mais leve. Além disso, precisava conhecer outros lugares. Fiquei encantado por Morretes, e queria passar pelo menos dois dias na pequena cidade. Tinha que estar na Ilha do Mel no dia 8, o que me dava 3 dias para ficar na região. 

Infelizmente não tinha à minha disposição um transporte alugado (um dos ossos do ofício de mochilar à moda antiga), pois poderia me deslocar melhor entre os lugares. Morretes fica consideravelmente longe da base Marumbi e de outros atrativos "próximos" (como o Ekôa park, que me pareceu ser um lugar interessante de se conhecer), ou a cachoeira salto dos macacos. Então iria para a cidade. Um dos meus objetivos já estava concluído, de qualquer forma.

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Tá de brincadeira comigo que nesse dia os cumes resolveram ficar limpos, ne?

Após uma caminhada um tanto quanto a passos de robô (pois como falei, meus quadris e pernas estavam sentindo os efeitos da escalada),chegava em Morretes ainda na manhã de domingo. Precisava ver onde iria dormir nos próximos dias. Mas antes, diante de um dia tão ensolarado e perfeito, uma pausa na beira do Nhundiaquara para ver a vida passando.

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O centrinho histórico e o calçadão das compras aguardando os seus visitantes.

A cidade é bem pequena, típico lugar onde todos se conhecem, e é bem calma, tendo seus pequenos momentos de movimento na hora da chegada do trem turístico. Chega a ser curioso ver o comércio abrir e fechar num curto intervalo de tempo. 

Indo de hospedagem em hospedagem, consigo, enfim, encontrar o Solar de Morretes, pousada bem localizada, com um valor bem acessível, e boa infraestrutura (além do ótimo tratamento dado pelos anfitriões). Pensei, e acabei decidindo ficar por duas noites, apenas. Tiraria um dia para chegar em Paranaguá, e estar com tudo certo para chegar à ilha no dia seguinte.

Diárias fechadas, só me restava procurar almoço, e rodar na cidade. 

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Essa simpática bicicletinha de marcha única é uma marca registrada do interior, sendo uma visão rotineira no cotidiano local

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A praça do coreto, outro ponto de interesse turístico, aquele ponto onde volta e meia idosos aparecem para caminhar ou casais namoram à moda antiga

E para finalizar o dia, um banho no Nhundiaquara. Curso de água que passa por cidade levanta dúvidas, mas, com águas tão transparentes, e um dia tão bonito, creio que era uma boa oportunidade de me refrescar. Além do mais, eu não seria o único na água.

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O segunda veio e a semana começou com mais sol pela manhã, porém com chuvas pela parte da tarde, então aproveitaria o breve calor para lavar as roupas sujas e secar a barraca, que tinha pegado chuva nas dependências do Marumbi. No quintal, eis que dou de cara com um caiaque da pousada. Era para aluguel, então, mais uma oportunidade para fazer algo na cidade.

 

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Pergunta se a maioria dos caras que vêm com agência para a cidade param para fazer esse tipo de coisa

Depois dessa brincadeira, o tempo começou a fechar, e precisava tirar minhas coisas do alcance da chuva. Aproveitei para ver se tinha algo para fazer na cidade pela parte da tarde. Fiquei sabendo que havia um museu em miniatura inaugurado recentemente, o HISGEOPAR. Infelizmente ele estava fechado, abrindo de quinta a domingo (segundo o google). Poderia ter sido uma atividade interessante. Fica para a próxima. 

Aproveitei para procurar informações sobre a história da cidade, mas só souberam me indicar a casa Rocha Pombo, sede da secretaria de cultura e turismo, onde na ocasião não havia nenhum material disponível sobre a história da cidade, infelizmente. Mas ao menos havia uma exposição de quadros de um artista local. Não é todo dia que alguém usa terra e argila como material para quadros tão bonitos.

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Diante destes fatos, só me restava curtir a vibe da cidade silenciosa num fim de tarde nublada, e ficar na beira do riozinho até o anoitecer, pensando nas coisas que tinha visto na viagem até então.

Sobre Morretes: penso que é uma cidade que vale a pena ser aproveitada. Vi que a maioria das pessoas só passa por causa do passeio de trem e do barreado, daí fazem umas comprinhas e vão embora. Talvez seja por isso que a cidade fica parada durante a maior parte do tempo. Tem mais. A arquitetura preservada das casas históricas, a passagem dos trens de carga durante o dia, o rio Nhundiaquara, trilhas nas dependências (me falaram que tem algumas, inclusive com cachoeira), uma pedalada gostosa na cidade ou na reta que leva à Porto de Cima, fora os roteiros no Marumbi, a meu ver são atividades que podem ser emendadas, te dando uma senhora estadia nesta cidade. E a natureza. Ah, a natureza. Pássaros dos mais diversos cantos se manifestando, um ar puro, uma temperatura ideal, só passando uns dias lá para entender.

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7/12 - Paranaguá, cidade portuária

Após 2 dias descansando a beleza em Morretes, passaria 1 dia em Paranaguá, berço do estado. Caso gostasse de lá, poderia ficar por lá por mais 1 ou 2 dias, quando retornasse da ilha. O legal é que partindo de Morretes o transporte coletivo é tranquilo, pois há uma linha intermunicipal que vai de Antonina até Paranaguá. Chegando lá, pense numa tortura de ficar meia hora numa única avenida que corta a cidade praticamente toda... #coideloko

Após 1 hora de viagem, eis que chego no centro da cidade. Da vibe de cidade de interior, mudamos para a vibe de cidade portuária e pesqueira do litoral.

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Não sei você, mas a meu ver me parece um canhãoguejo, prestes a soltar raios pelos olhos

Após fechar minha breve hospedagem, voltei para o centro, disposto a bater perna e ver a rotina local. De cara, fiquei muito interessado em conhecer o Aquário de Paranaguá. O atrativo é bem legal, possui um acervo de espécies comuns dos mangues da região e do oceano em si. Em alguns pontos você pode interagir com alguns animais.

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Bem no centro do espaço há um pequeno "mangue artificial", onde você pode ver os icônicos caranguejos

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Um dos espaços de interação

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Essa gaivota está sendo bem nutrida, minha gente?

Após essa atividade, fui bater perna na orla. Ali ficam concentrados alguns prédios de relevância turística como os antigos mercados da cidade (mercado do café, mercado do artesanato), o museu de arqueologia e etnologia da UFPR, e algumas esculturas, como um farol (me parecia uma réplica do Farol das Conchas da ilha do mel), um caranguejo gigante, e uma Iemanjá, um pouquinho mais afastada. Bom para tirar fotos. Dali você também pode pegar os barcos para passeios locais, ou mesmo para a ilha do mel. Ainda naquela região, dei de cara com a Praça do Japão, homenagem à comunidade, e a Fonte velha da cidade. Esses locais estavam bem "largados", a meu ver. 

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Simpática, mas poderia estar em melhor estado

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Leon help

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Um pedaço da praça do Japão com a fonte velha de fundo (bem do lado do Torii)

As impressões de Paranaguá: cidade ok, mas não muito turística. Talvez pelo fato de a ilha do mel ser a grande joia da região, não há o devido investimento para a cidade em si. Os próprios locais admitem isso, me falaram que a cidade investe mais na questão portuária, que é o forte de lá. Não me senti disposto a conhecer o museu de arqueologia, pois não fui muito bem atendido, os mercados não têm muito a "falar", apenas compras. Algumas ruas "históricas" sujas. Mas, dou o devido crédito ao aquário. Aquilo sim me cativou (até por ser da área), e penso que estão fazendo um bom trabalho com ele. Talvez eu tenha tido uma impressão superficial demais da cidade, pelo pouco tempo. Vai saber...

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@StanlleySantosCertamente  Paranaguá está abandonada pela prefeitura há anos.Mas,o museu de arqueologia e seus restos do período do Sambaqui,além da explicações de professores da UFPR em um vídeo são muito melhores que esse aquário. Só fui lá 1 vez e achei muito cara a entrada, se me lembro bem uns 15 a 20 reais logo que inaugurou. Poderia ter feito também o Porto,é interessante dar uma volta em um barquinho e ver os super graneleiros de perto,mas tem que formar grupo e não sei se esta tendo gente em dias de semana. Ilha do Mel? O certo é pegar a lancha em Pontal do Sul,1h de travessia até lá. 

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13 horas atrás, D FABIANO disse:

Se você gostou de Curitiba violenta hoje e cheia de morador de rua,imagine se conhecesse há 20 anos, quando havia muita fiscalização para manter a cidade.Experimentasse jogar lixo na rua,passar sinal fechado, não respeitar a faixa de pedestre nessa época. Foi assim que conheci essa cidade,aonde fiz pós na UFPR no começo dos anos 2000 e estou hoje.Por exemplo, tem uma foto de você deitado na grama no passeio. Nessa época, não teria. hehehe

Essa é uma questão complicada. Eu vou chegar nessa parte pois ainda falarei de Curitiba, que conheci mais no final da viagem. Mas é como observei no relato, a boa imagem de Curitiba você pega mais na parte "rica" da cidade, e mesmo assim ainda é perceptível seus problemas. De fato, vi muito morador de rua, muita gente suspeita, após as 8 não saía para bater perna, exceto no dia em que teve a programação de natal no centro, mas......como morador de uma capital que já foi completamente engolida pela guerra do narcotráfico, onde a criminalidade está nas alturas, a infraestrutura para o morador é de última, e a falta de investimentos para a saúde são traduzidas na crise do oxigênio que colocou Manaus como pária do país, a gente olha para Curitiba e pensa: "p*3@ m3#8@, que lugar maravilhoso para passar uns tempos, meu!". Sobre a parte do lixo e do trânsito, pessoalmente achei bem ajeitada a cidade (por onde circulei, claro). Tem gente sem noção? Tem em todo lugar, rs

13 horas atrás, D FABIANO disse:

O tempo que pegou no trem foi horrível, é o passeio do inverno curitibano, quando está fazendo cerca de 0 a 5 graus. Quando o tempo está limpo no fim de semana, muitos iam passar o dia em Morretes.O trem era barato, é outro exemplo que a venda só serve para encarecer.Os trens não mudaram nada,mas o preço já viu.

Isso que vc falou é uma verdade. Infelizmente primavera é isso, esse tempo bem "de lua", e o passeio de trem passou longe daquelas imagens que vemos na internetcha ::mmm: mas curti o passeio, mesmo assim. Se o trem tivesse rolado dois dias depois, teria pegado um tempo perfeito ::lol3::

E com esses episódios obtemos aprendizado, escolhendo épocas melhores para visitar os locais no futuro. Um trilheiro local que encontrei no Anhangava curiosamente fez esse mesmo comentário que vc sobre o preço das passagens. Aliás, 0 a 5 graus num trem a 20 por hora? Senhor ::ahhhh::

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8-12/12 - Ilha do Mel, o grande paraíso litorâneo do estado

Ah, a queridinha do litoral! Estava com grandes expectativas em relação a esse lugar. Só as fotos por si só já são bem convidativas para quem curte aquela praia gostosa. Com trilhas diversas na região, então? 

Tinha reservado previamente um quartinho de pousada na ilha, pois havia o disse-me-disse que era obrigatório a pessoa apresentar comprovante de hospedagem na balsa no momento da travessia, seja por reflexos da pandemia, ou controle do número de pessoas. Descobri que essa informação não era verdadeira naquele momento, pois sequer perguntaram algo no embarque. Nem aferição de temperatura teve (se quisesse ser uma arma biológica ambulante na ilha, tudo joinha ::lol4::). Mas, uma pessoa precavida vale por duas, em todo o caso. 

na manhã do dia 8, peguei cedinho o ônibus para Pontal do Paraná, e essa informação é importante. De Paranaguá a travessia para a ilha é mais cara, mais demorada, e com horários limitadíssimos. Em Pontal a balsa sai de hora em hora e a travessia leva apenas 20 minutos. O bom é que nessa região os ônibus intermunicipais lhe cobram valor de passagem local. Mas a viagem Paranaguá-pontal demora um pouco, então é bom sair cedinho.

Após umas 2 horas de viagem, chego em pontal, pronto para deixar o continente por uns dias.

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A ilha é bem simpática. Fiquei hospedado na vila de Encantadas. Você pode ficar ou nessa parte, ou em Nova Brasília, bem no "centro" da ilha. Cada uma das opções te dá os prós e contras. Em encantadas fica a maior parte das hospedagens e comércio, porém a posição de Nova Brasília te poupa tempo de deslocamento para alguns lugares. Em todo o caso, não faria muita diferença, o "índio véio" aqui gosta de andar ::lol3::

As vilas são como pequenos labirintos. E os empreendimentos são bem elaborados. Parece uma las vegas estilo roots, com uma hospedagem mais bonita do que a outra te convencendo a ficar. Claro, o investimento cobra seu preço. E isso é perceptível nos valores das hospedagens e produtos, mesmo fora da alta temporada (consegui pegar uma diária de 100 reais quando o normal, no booking, é 250,00 para cima. No verão então, nem se fala).

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Acertado o check-in, e com uma tarde livre, resolvi conhecer o lugar. Primeiramente, a gruta de encantadas, um dos cartões postais locais. Tendo origem na erosão marinha de rochas mais frágeis, ou por ter sido a antiga morada de sereias, o local é bonito, e para quem manja de fotografia, dá para brincar de diversas formas. Um passeio rápido.

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Diz que no nascer do sol em dias limpos a foto sai muito show aqui dentro

Após as fotos e contemplação, resolvi andar pelas praias do leste da ilha, observando a fauna/flora local, e curtindo a brisa marinha, naquele dia ensolarado. As trilhas são uma atração à parte, bem demarcadas e elaboradas para o trânsito de bicicletas (o aluguel é bem comum). Algumas trilhas não oficiais também lhe levam a pontos aparentemente sem saída. A meu ver eram pequenos "motéis" improvisados :lol:. Num sei, a ilha tem essa beleza toda, né, eu não perderia a oportunidade de um belo love com a morena num lugar bonito desses de madrugada ::lol3::

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Com a andança, nem percebi e acabei chegando em Nova Brasília, assim como na base do Farol das Conchas, outro cartão-postal da ilha. Com certeza as melhores fotos são tiradas ali, a posição do local é perfeita, te dando várias vistas diferentes. Quando o céu colabora, fica um contraste muito massa com o farol. Também é um point obrigatório para contemplar o crepúsculo, apesar dos inúmeros playboys fumadores de pen drive que marcam presença.

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Com isso, poderia dar o dia por encerrado. Mas claro, depois de um merecido banho de mar, e umas horinhas na praia.

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Ah, que férias perfeitas....

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Para você ver o tipo de coisa que encontra na praia. Qual deve ter sido a história desse enfeite, para chegar até aqui? Resolvi batizá-lo de "ronaldinho" e levar comigo para enfeitar o jardim de casa. Uma poluição a menos na praia, né? #ambientalista ::lol3::

O segundo dia foi dedicado à Fortaleza da Nossa Senhora dos Prazeres, o terceiro cartão-postal visitado da ilha. Nesse dia não fez muito sol. Por um lado as fotos não ficaram tão show, mas por outro lado a caminhada de 2 horas e meia, de encantadas ao forte, foi mais tranquila. 

Nesse dia também tive o prazer de ser apresentado às simpáticas butucas, moscas comuns na ilha, principalmente no mês de novembro (mas que resolveram prolongar sua estadia por mais um tempo). Conhecidas também como "filhas da p..." (batismo meu), as fêmeas espreitam moradores e turistas de passagem para um refresco. Por isso que em praticamente todo relato da ilha recomendam o uso de repelentes (além de afastar os mosquitos). O problema é que repelente convencional não afasta essas caralhudinhas ::lol3::, e chegava ser engraçado olhar algumas famílias xingando os esvaziados aerossóis. Por sorte essas diabretes estavam limitadas à parte norte e preservada da ilha.

Chegando ao forte, hora de um pouco de história da ilha em si, seus primeiros habitantes, assim como a história do forte.

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A fortaleza tem origem na segunda metade do século XVIII. Como foi considerada ineficaz, foi desativada com poucos anos. Porém, no período da segunda guerra, como medida preventiva, recebeu canhões antiaéreos no morro da baleia, um mirante bem bonito da região.

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Bem, esse passeio levou uma manhã e um pedaço da tarde, restando só um pouco de luz do dia para curtir um pouco o oceano.

O terceiro dia foi para percorrer trilhas que ainda não tinham sido feitas. Fui conhecer a Bacia da Sereia e o farol de encantadas, também nesse processo.

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Um pequeno fugitivo do mangue. Sorte que resolvi escondê-lo dos olhos das pessoas (e de uma futura panela).

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Le bacia. Nas fotos ela é tão bonita, mas ao vivo, confesso que achei meio "éééé´......."

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O farolzinho. Bem mais escondido e menos interessante que o das conchas. Parecia mais um lugar para uso de drogas ou sexo.

Com esses 3 dias, diria que tinha conhecido o principal. Só faltaria conhecer todas as praias. Mas não senti uma diferença gritante entre uma e outra, então não faria isso. Entretanto, resolvi ficar mais dois dias na ilha. "Ah, mas se vc já conheceu tudo, por que ficar mais?". Bem, uma coisa é passar o dia conhecendo e andando de um lado para o outro quase sem pausas. Outra coisa é ter o dia totalmente livre para pegar um solzinho, passar o dia na praia, fazer uma caminhada noturna, ou mesmo assistir o nascer/pôr do sol em algum mirante. Resumindo, esquecer o roteiro, os problemas do mundo, os problemas pessoais, e só deixar a vibe levar. E foi o que me permiti fazer. Ah, dessa vez acampando num camping de praia.

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Algumas considerações sobre a Ilha do Mel:

* É um lugar carinho. Mas dentro do orçamento. Você fazendo a própria comida, os próprios lanches, e deixando os restaurantes para uma ocasião especial, apenas, dá para curtir sem ficar no vermelho. O que pesa de verdade são as hospedagens.

* Dá para acampar na ilha, existem vários campings, e na época em que fui a média era de 40 pilas a diária. Uma opção MUITO econômica, mas para quem pode abrir mão do conforto de um quarto. Parece que não pode montar barraca nas praias em si.

* Costuma rolar uma dúvida sobre sinal de cartão. Posso dizer que tem. Leve dinheiro e cartão que fica tudo bem. Sinal de celular, só na área dos trapiches, e por vezes oscila.

* Na época do verão, diz que é comum apagões ocorrerem na ilha. Eu peguei dois, mas foram breves. Por sorte as noites eram bem frescas, então não sentiria falta do ventilador em caso de um blackout na madrugada.

* Como já dito, em encantadas há mais comércio. Mas se você quer lembrancinhas, procure em Nova Brasília também, pois há lojas que vendem souvenirs diferentes (e até melhores) por lá. 

* Quantos dias ficar? Olha, realmente no próprio mochileiros me falaram que em 2, 3 dias você fecha praticamente tudo, e isso é verdade. Vai de cada um. Eu fiquei 5 dias porque queria ter um tempo de paz e tranquilidade, sem roteiros. 

* Época ideal? Penso que é bom evitar a alta temporada. Mesmo com controle de visitantes, a ilha fica meio zuada nos finais de semana e feriados prolongados. Muito turista sem noção, som alto em alguns lugares, e o velho lixo. Acredito que a primavera e outono são períodos "visitáveis".

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11 horas atrás, D FABIANO disse:

@StanlleySantosCertamente  Paranaguá está abandonada pela prefeitura há anos.Mas,o museu de arqueologia e seus restos do período do Sambaqui,além da explicações de professores da UFPR em um vídeo são muito melhores que esse aquário. Só fui lá 1 vez e achei muito cara a entrada, se me lembro bem uns 15 a 20 reais logo que inaugurou. Poderia ter feito também o Porto,é interessante dar uma volta em um barquinho e ver os super graneleiros de perto,mas tem que formar grupo e não sei se esta tendo gente em dias de semana. Ilha do Mel? O certo é pegar a lancha em Pontal do Sul,1h de travessia até lá. 

Ouvi falar que o porto era mais acessível antes, mas agora, só por esses passeios agendados. Está aí uma coisa que poderia ter feito. Mas como minha estadia por lá foi breve, não estou surpreso por não ter feito. Eu queria ter visto algo no museu, mas como disse, não sei se a pessoa que me atendeu estava num dia ruim que deu uma bela desmotivada. 

Sobre o barco para a ilha, sim, tomei essa cautela para ir à ilha. 

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@StanlleySantosQue bom que gostou da Ilha do Mel.Eu só fui lá 1 vez para ver um amigo médico que trabalhava no posto de saúde e me arranjou uma receita. Por que ir tão longe pegar receita,você deve estar perguntando?É outra da velha Curitiba,o SUS daqui não atendia quem possuía documentos de outro estado,era urgente e não podia esperar médico particular, nem queria gastar par a ter uma receita apenas. Como eu conhecia esse cara,liguei para ele,é combinamos um domingo de inverno para ir buscar.Que bom seria, um domingo longe da gelada Curitiba e conhecer um lugar tão famoso. Só deu tempo de ir a uma trilha, a mais curta,de Brasília. Teve sim uma época, 2020,que a ilha permaneceu fechada e quando abriu tem essa de limitar o número de hospedagem e controlar o número de visita. No tempo em que fui,era acesso livre,mas caro,acho que sempre cobraram muito.

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