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  1. Olá Mochileiros, como estão? Espero que bem...Cá estou eu escrevendo mais um relato para vocês. Esse ano pensei que não iríamos fazer nenhuma travessia de montanha e nem mesmo acampar, mas nosso amigo Nandão me pingou no WhatsApp e deu ideia de acamparmos no Pico dos Marins de 19 a 20/07, porque ele estaria de férias e eu também. Então chamamos nosso amigo e fotógrafo Zé Renato e nosso outro amigo Eder - ambos com bastante flexibilidade de horário nos seus serviços. A ideia seria ir para o Marins pela entrada do Sr. Maeda e voltar pelo mesmo caminho. Indo para o ponto de partida, paramos na casa do Denis (proprietário do Camping Recanto da Serra). Compensa demais vocês visitarem o Instagram dele @recanto_da_serra, ele oferece uma infraestrutura fantástica para quem ama estar conectado com as montanhas, assim como nós. Quando pedimos para deixar o carro na casa dele, veio a grande ideia do Zé Renato de fazermos uma "meia" travessia, saindo do Mirante dos Vagalumes em direção à Pedra Montada, depois para o Mirante de São Pedro, Marinzinho, Pico dos Marins e no outro dia o Denis nos resgataria na Ranchonete. Todos toparam e assim foi. Da esquerda para direita: Zé Renato, Eder, Nandão e Samuel A chegada até o Mirante de São Pedro é bem tranquila e sinalizada, contendo um ponto de água. Do Mirante até o Marinzinho a pegada é outra, subida bem íngrime e com algumas cordas em pontos estratégicos. Chegamos no Marins por volta de 15h17min e o Pico estava vazio, só para nós, experiencia única (dica: quem tiver oportunidade, vá para o Marins dia de semana). Lá em cima havia bastante neblina e em alguns momentos o céu se abria para nós. Tomamos café, colocamos o papo em dia, rimos bastante e marcamos as próximas aventuras. Estávamos precisando disso, é muito bom ter amigos malucos que topam uns desafios como este. Ao cair a noite, pegamos um pouco de chuva e o vento estava muito forte, parecia que tinha gente chutando a barraca de tão forte que ventava (nesse momento repensei minha ideia de participar do "Largados e Pelados". Se com roupa foi um perrengue do caramba, imagina pelado...haha). Umas 5h da manhã o céu estava cheio de estrela, daí levantamos para ver o nascer do Sol. Não irei escrever sobre esse fenômeno... as fotos falam por si só. IMG_8060.MP4 Tomamos um café reforçado e descemos rumo à Ranchonete. Vejam mais algumas fotos: Concluímos mais uma travessia e, mesmo que essa tenha sido feita pela metade e não sofremos como outras que fizemos, o que importa foram os momentos que tivemos juntos, as experiências, o companheirismo e as risadas. Nossa turma não foi completa, mas a base manteve firme e prevaleceu a amizade novamente. Agradeço imensamente aos que foram e também todos que leram. Como de costume, fica uma frase motivacional: “Atualmente todos vivemos em um mundo dominado pelas máquinas. Quase não restam em nosso deteriorado planeta espaços livres, onde possamos esquecer nossa sociedade industrial e testar, sem sermos incomodados, nossas faculdades e energias primitivas. Em todos nós se esconde uma saudade do estado primogênito, com o qual podíamos calibrar-nos com a natureza e enfrentá-la, descobrindo a nós mesmos. Aqui está basicamente a razão de não haver para mim uma meta mais fascinante que esta: Um homem, 'amigos' e uma montanha.” - (Reinhold Messner). Ano que vem iremos fazer a La Mision e novamente a travessia da Serra Fina...aguardem...
  2. Olá Mochileiros, como vão? Espero que estejam bem! Recentemente realizamos a espetacular travessia na Serra dos Órgãos, que vocês poderão conferir nesse link: Passada essa experiência, ficamos com muita vontade de fazer e conhecer a Travessia da Serra Negra, localizada no PNI (Parque Nacional do Itatiaia). Nosso amigo Nandão deu a sugestão de fazermos em Setembro para fecharmos a temporada, então compramos a ideia e começamos os preparativos. Saímos de Pouso Alegre-MG no sábado (10/09/2022) à 0:30 e fomos rumo à Santa Rita do Sapucaí-MG para pegarmos o restante da turma. Dessa vez contamos com novos integrantes, além dos já conhecidos por outros relatos. Caímos na estrada por volta de 1h30min da manhã, rumo ao PNI para começarmos a tão sonhada travessia. Começamos nossa caminhada por volta de 07h30min e fomos sentido ao abrigo Rebouças. Da esquerda pra direita temos Luiz Eduardo, Guimarães, Zé Renato, Fabinho, Leonel, Gledson, Samuel, Tiago(Bananeira), Max, Eder, Leticia, Suzi, Nandão e Gabriel Isaac. Seguimos adiante até a primeira subida do dia e desviamos da trilha para irmos até a Pedra do Altar, que possui 2660m. Após o vislumbre daquela vista maravilhosa, descemos e continuamos a trilha - nessa hora eu disse para o pessoal que o "pior já havia passado" e que daquele ponto em diante era só descida até chegar na Cachoeira do Airuoca. Depois da cachoeira, era tudo desconhecido por todos nós, pois a travessia do Rancho Caído que já havíamos feito vai para outra direção. O visual foi muito belo por todo o caminho até o próximo ponto de água e logo em seguida avistamos uma cabana abandonada. Passamos por outro ponto de água e, em seguida, por uma porteira onde dizia que o camping Cabanas de Aiuruoca estava a 200m, porém, o nosso objetivo era o camping Pousada Pico da Serra Negra, da dona Sônia, que nos haviam informado ficar a 1 hora do primeiro camping andando forte - eu sinceramente não sei o que é o "forte" dessa pessoa que disse isso, porque andamos bem e demoramos pra burro pra chegar! Um sobe e desce sem fim, com uma dificuldade enooorme, mas finalmente parte da turma chegou na Pousada da dona Sônia - que lugar aconchegante e gostoso, fomos muito bem recebidos. Não demorou muito, o resto do pessoal chegou e começou a falar a frase que virou tema do relato: "o pior já passou" né, Samuel?! hehehe... me divirto com essa turma. No camping teve de tudo: integrante que nem café bebia, aula de como ligar fogareiro, como fazer copo com latinha de refrigerante, como caçar javali, como forjar... meu Deus! Essa turma é muito prendada. IMG_5303.MOV 2º dia. Levantamos cedo, tomamos café na pousada e partimos para encarar a tão temida Subida da Misericórdia. Eu sinceramente não imaginava que seria tão difícil, Deus é mais, viu?! Saída do camping: domingo (11/09/2022) 07h15min No caminho, nossa amiga Suzi disse uma frase, que não sabemos o autor mas, que faz todo sentido para todo mundo: "VIVEMOS TODOS SOB O MESMO CÉU, MAS NEM TODOS TEMOS O MESMO HORIZONTE!". Vale à pena meditar nisso. A cada subida vinha a frase do "o pior já passou". Dava para ver na cara do pessoal que todos estavam acabados, porém, era muito divertido quando juntávamos para tirar fotos. Terminando essa subida, passamos por um corredor de árvores muito bonito e logo depois chegamos em um lugar descampado: Andamos um pouco mais, pegamos água e nos preparamos para uma descida sem fim. Logo após a descida, finalmente chegamos na Cachoeira Santa Clara, às 11h28min, e encerramos a travessia. Os joelhos agradeceram. Considerações finais: Nós já fizemos várias travessias, mas o que mais me chamou atenção nessa é a forma por onde ela passa, por vales, entre árvores, estrada de chão, isso foi demais! Gostaria muito de agradecer todas as pessoas que foram nessa travessia pelo acampamento, as risadas dentro da van, o companheirismo e a zoeira entre mim e o Bananeira (o sonho dele é me superar e confesso que ele foi muito bem, estou pensando em fazer o treinamento dele...hehe). Sentimos falta do nosso parceiro Breno com suas reclamações. Esperamos você na próxima irmão, você fez falta. Uma travessia de montanha nunca será fácil, porém, se você estiver acompanhado das pessoas certas, ela vai continuar sendo difícil, mas será prazerosa, divertida e emocionante. E, como de costume, deixo um pensamento para finalizar: "Já repararam como geralmente é fantástica a paisagem que se vê do topo de uma montanha? É realmente deslumbrante! Algo realmente mágico... Agora... Já imaginaram o esforço e sacrifício a fazer para chegar ao topo dela? A vitória é para quem está disposto a pagar o preço por ela." Apreciem algumas fotos fantásticas feitas pelo nosso fotógrafo Zé Renato.
  3. Slovenska Planinska Pot, às vezes também chamada Transverzala, é uma travessia de Maribor até Ankaran. Abrange a maior parte das áreas montanhosas da Eslovênia, incluindo Pohorje, os Alpes Julianos, os Alpes Kamnik-Savinja, os Karawanks e a parte sudoeste da Eslovênia. Distância 617km com nada menos que 37.300 metros de subida acumulada. Umas das mais difíceis trilhas de longa distância que eu já fiz, porém uma das mais belas também. Oficialmente pode ser feita em 37 dias, eu demorei 42. Essa trilha passa pela montanha Triglav, símbolo nacional da Eslovênia (a montanha da bandeira nacional), 2864 metros, ponto mais alto da travessia. A Eslovênia é um país lindissímo, com montanhas por todos os lados. O povo é muito hospitaleiro, o que tornou este trekking uma aventura bastante prazerosa. Eles são simplesmente fanáticos por montanhas, é comum ver famílias inteiras escalando, desde o netinho até o avô. Existe um livro, tipo um passaporte, onde você coleta o carimbo em cada topo de montanha e é bem tradicional. Conversando com um senhor, ele me disse que praticamente todo Esloveno tem esse livro e que é uma tradição coletar todos os carimbos antes dos 50 anos. Ele também me disse que poucos conseguem, eu coletei todos em 42 dias. A maioria das pessoas não consegue não porque é difícil, mas por não ter tempo, o que me lembrou o quanto eu tenho sorte em ter liberdade geográfica e financeira. Eu comparo esse passaporte com a vida, onde cada carimbo é um sonho que você tem. Quantos carimbos você tem coletado? Comenta aí... Eu tinha várias desculpas para não realizar meus sonhos, sempre ocupado com trabalho, estudos ou qualquer outra coisa. Somente com 38 anos eu me dei conta que a vida voa e se você não sair do “automático” e começar a viver ela vai passar e você nem vai perceber. Felizmente nunca é tarde, não importa a sua idade, sua condição financeira, sua experiência, se você quer ter uma vida cheia de momentos incríveis e experiências transformadoras, vá viajar! Nada vai te proporcionar uma vida tão intensa e com propósito. Se você não sabe por onde começar eu escrevi um livro contanto tudo que eu fiz desde que sai do Brasil quase sem grana até me tornar um Nômade Digital. Acredito que vai te trazer bastante clareza de como é possível viver viajando. Vou deixar o link aqui: https://bit.ly/liberdadenomade2021 Muito Obrigado! 20200904_094216.mp4 20200906_073409.mp4 20200906_101058.mp4 20200908_130642.mp4 20200909_074100.mp4
  4. Saudações meus queridos! É com muito prazer que começo esse relato. Afinal, relatar não é apenas descrever, mas é REVIVER! Bom. A história da travessia começou no Mirante da Serra do Rio do Rastro, onde eu, @darlyn e @Dionathan Biazus encontramos o senhor Miguel. Fizemos 6 horas de estrada desde Chapeco até o Mirante. O Miguel é o proprietário das terras onde a travessia acontece, então é com ele que tem que combinar as paradas. Cara super gente fina, de uma simplicidade enorme. O próprio mirante já é um ponto de partida (mas longe de ser o ápice da trip). Mirante da serra do rio do Rastro: o mirante tem um murinho onde as pessoas ficam contemplando o visu da estrada da serra, cercada por suas montanhas. E tem sempre visitas dos quatis... É bom pontuar que aqui é sempre cheio de pessoas, se você quer ficar em contato com a natureza, não apenas olhe a mata, mas entre nela. Não só olhe a montanha mas vá até o topo! Seguindo então, encontramos nossos outros dois parceiros dessa empreitada @dumelo39 e o Lucas, que vieram do Rio de Janeiro! Assim juntou toda a piazada haha. Fomos com o Miguel de 4x4 até a primeira fazenda. Ele cobra cerca de 150 pila o transfer (total) e 30 por dia pra acampar nas terras. Pra entrar nessa primeira fazenda mais 10 pilinha por cabeça. Começamos então a subida até o primeiro destino: canyon Laranjeiras, daí foi cerca de 2 horas. O caminho é relativamente tranquilo, apenas umas partes com barro (fichinha perto do que viria a frente). Canyon Laranjeiras: maravilhosamente lindo, o canyon tem 3 pontos principais pra parar. A parte mais do fundo é onde fomos pra descansar um pouco e comer. Estávamos nessa função quando do nada o tempo se armou e caiu um mundo de água. Ainda bem que deu tempo que fazer uma casinha com uma lona grande que o querido Dihonatan levou. Ficamos um tempo ali até que passou a chuva e seguimos. Nos tracklog tem uma parte que direciona pra fazer a borda do laranjeiras. Mas como estava muito úmido resolvemos seguir a dica de um guia que estava por ali, e cortamos reto saindo do laranjeiras. Nessa primeira parte já tivemos contato com nossos amigos que apareceram muito nessa travessia: OS CHARCOS! Isso mesmo, lemos tanto sobre eles nos relatos que já chegamos meio preparados. Mas quando começou de verdade, que o pé afundou no barro ou na água que nos demos conta do que eram esses caras. Foi só até acostumar. Chegamos então na entrada de uma floresta, onde começou uma trilha punk. Íngreme, floresta fechada, terreno encharcado (a mochila ficando presa nos galhos uhuuull) coisa linda! Depois de atravessar e subir pelo mato conseguimos ver uma abertura e chegamos a uma plantação de pinheirinhos americanos. Dali passamos uma cerca e entramos na pior parte de charcos. Apareceu outro desafio. A Viração, que é uma neblina densa que cobre tudo. Decidimos acampar ali na plantação mesmo. Arrumamos as coisas, fizemos nosso super miojo e descansamos o corpo pro outro dia, nesse primeiro dia fizemos uns 7 kms. O dia amanheceu com um sol tímido e seguimos viajem, andamos uns 10 kms nesse dia, passando por vários picos de tirar o fôlego. Chegamos ao canyon do Funil cedo, as 15:30, e resolvemos ficar por ali pra aproveitar a vista e continuar no outro dia. Armamos acampamento e logo veio a chuva. Mas já estávamos preparados, ali perto tem um córrego que da pra tomar um banho massa. Era umas 18 e a gente já estava dormindo, porque o corpo estava pedindo. Umas 2 da manhã olhamos pra fora esperando ver uma chuvarada, que o barulho lá fora tava de arrasar, mas era só o vento chegando. O céu estava limpando e lua deu seu espetáculo. Depois de um bom chá /café deu pra olhar as estrelas um tempo até o sono voltar. Aí dormimos até umas 5 e pouco, quando o vento aumentou e o sol começou a chegar. Demos muita sorte, porque o amanhecer foi coisa de outro mundo. Começamos a desmontar o acamps umas 8 e demoramos porque o vento tava do caramba. Caminhamos mais uns 8 kms pelas bordas dos canyons até o final da travessia onde chegamos na porteira final saindo no asfalto, perto da sub estação. Mais alguns kms no asfalto uns 3 e voltamos ao Mirante... Super cansados, mas já querendo voltar e começar tudo de novo. Tivemos um almoço dos deuses lá no Mirante. Depois de quase três dias a base de miojo, uma lasanha caiu super bem. É muito difícil traduzir em palavras o que é uma travessia ou trilha com montanha. Porque o sentimento só pode ser sentido, todo o desafio, desde o peso, o cansaço, o medo, até ficar deslumbrado olhando a imensidão e tendo um pouco de consciência de como somos pequenos nesse universo e como a natureza é perfeita, com respeito, prudência e amor pela natureza, concluímos com sucesso a travessia. Super recomendado. 🙏👏🌲🌲🌲
  5. Boa tarde amigos,Pretendo fazer a travessia São Francisco Xavier / Monte Verde-MG e estou precisando do contato de alguém possa fazer nosso resgate em Monte Verde de Volta pra São Francisco. Como é a primeira travessia de alguns, não queria força muito voltando pela trilha. Desde já agradeço!
  6. PATI SELVAGEM: uma travessia de tirar o chapéu e deixar marcas Como toda banda de Rock a vida nos bastidores nem sempre é um mar de rosas. É que a convivência em grupo por vezes desponta em desentendimentos que destoam do objetivo principal. É nesse contexto que o Projeto Rota das Travessias iniciado em 2016 com cinco integrantes perde alguns de seus talentos que, por hora, seguem “carreira solo” (rsrsr). Mas como o “show tem que continuar” aqui teremos uma aventura com participação de três integrantes da antiga “banda”: Eu (Djair), João e Wilson. Assim como na experiência anterior em 2017, escalamos o experiente Marquinhos Soledade (@expedicao_chapada) para ser nosso guia. Dessa vez, iremos realizar a Travessia do Vale do Pati, lá no coração da Chapada Diamantina, na Bahia. Entretanto fugindo um pouco do convencional optamos por deixar esse trekking mais radical fazendo um trajeto mais selvagem. A ideia é começá-lo em Andaraí subindo o curso do Rio Paraguaçu e seu Cânion. É uma opção que cobra maiores cuidados tanto pelo terreno como pelo isolamento. É percurso pouco testado. Muitos evitam. É um trecho do Pati esquecido, uma rota praticada por garimpeiro. A trilha exige subir muitas pedras e paredões, bem como experimentar cruzar dezenas de vezes o lado do rio de modo a encontrar melhor caminho. Sem falar da possibilidade de ocorrência de fenômenos naturais como as temíveis cabeças d’água dentro do cânion. Os primeiros dois dias se passa numa região onde possivelmente não cruzaremos com outros caminhantes. Partimos de Recife numa sexta-feira (28 de junho) num voo da Azul Linhas Aéreas com destino a Salvador. Às 23h30 já estávamos na rodoviária para pegar o confortável ônibus da empresa Rápido Federal com destino à belíssima Lençóis. Rodamos a madrugada inteira. Às 6h da manhã desembarcamos e seguimos para a Pousada Bons Lençóis, ali mesmo na parte central da cidade. À tarde tomamos umas cervejas para celebrar aquele reencontro e também meu aniversario: 29 de junho, dia do santo São Pedro, estou ficando mais velho, presenteie-me com essa travessia: vamos brindar!!! À noite entre outras coisas e fizemos a feira coletiva que irá nos alimentar durante os cinco dias do trekking. Compramos, pesamos e separamos os pacotes dos alimentos em quatro partes. Agora cada um pode enfim fechar suas cargueiras para a pesagem final: 23 Kg (Djair), 20 kg (Wilson) e 17 kg (João). Guardamos a fração de alimento que cabia a Marquinhos para entregá-lo em Andaraí (distante 100 quilômetros da cidade de Lençóis) na manhã seguinte onde começaremos nossa travessia. 30 de Junho – 1º DIA (domingo) O domingo chega. Fretamos um taxi para nos levar à Andaraí. Encontramos nosso guia no pátio da igreja católica naquela cidade e de lá seguimos no veículo até a estrada onde tem início nossa jornada. Donana é como os moradores conhecem aquela área, uma referência a uma antiga moradora da localidade: Dona Ana. Vamos seguir a velha trilha usada por garimpeiros. Uma vegetação arbustiva é o que encontramos nos primeiros metros. Seguindo um pouco e ela vai mudando. Agora temos uma área mais preservada. Árvores maiores vão ocupando os espaços. Uma ponte de madeira marca o inicio dos limites do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Daqui pra frente à aventura começa pra valer. A trilha segue paralela ao Rio Paraguaçu. O terreno é de subida, sentimos o peso nas costas. Enfileirados seguimos pela trilha dentro da mata. O lado esquerdo fica o leito pedregoso do rio Paraguaçu de onde se ouve o som forte de suas águas. A certeza de que estamos optando por um trecho selvagem nos obriga a muitos cuidados. Aliás, pela primeira vez iremos realizar uma expedição utilizando equipamentos de GPS: Eu com um relógio Garmin Fênix 3 HR, enquanto Wilson carregava o indispensável SPOT G3. Esse é o instrumento mais importante, pois é capaz de acionar socorro e enviar nossa localização precisa em caso de acidentes. Era apenas o início de nossa travessia. Mal tínhamos completados 2 km e tivemos um susto: Wilson acabou batendo a cabeça contra uma ponta de um galho ao passar por baixo dele e o resultado foi um corte na parte superior do couro cabeludo que causou um sangramento. O kit de primeiros socorros levado por Marquinhos foi logo usado e minutos depois pudemos continuar. Ufa! Descemos. Seguimos agora pela margem pedregosa do Rio Paraguaçu. Esse é o tipo de terreno que iríamos enfrentar nas próximas 48 horas. A visão das pedras que formam todo o conjunto é muito bonita. Nossa caminhada exige muito equilíbrio porque temos que pular pedras imensas e andar sobre elas e descer outras tantas. Executar um pulo entre pedras com 20 kg nas costas é algo que exige bastante. É preciso jeito e sorte! No quarto quilômetro fizemos uma pequena pausa para um descanso. Nosso guia buscou se refrescar nas águas geladas do rio eu a fazer as primeiras filmagens pra não perder nada da aventura que estava apenas começando. 30 minutinhos nessa parada e já tomamos uma subida forte à direita pelo paredão do Cânion do Paraguaçu: uma trilha dura pela encosta recoberta de arbustos. Agora já estávamos a quase 400 metros de altura em relação ao ponto inicial do trekking. Já era quase 2h horas da tarde. Estávamos outra vez dentro do leito do Rio Paraguaçu. Havíamos cruzado apenas de 6,5 km e fizemos a parada para o almoço. Visual deslumbrante. Comentava com o João de como tudo aquilo era admirável e do privilegio de se estar ali. A imagem das paredes do Cânion recoberta de vegetação verde em contraste com a água avermelhada, com as pedras no leito, as nuvens e o céu azulado trazia mais beleza ao cenário. Marquinhos assumiu a cozinha e sobre um enorme pedra fez uma mistura que seria nosso almoço: grão de bico e atum sólido. Foi bem breve nossa parada. Seguimos a caminhada e agora já estávamos diante de uma bifurcação de cânions. Majestoso recorte de rochas que marca o encontro de dois rios: do lado esquerdo as águas do Rio Paraguaçu e do direito as do Rio Pati. É um marco geológico de dois grandes cânions. Pela primeira vez avistamos a boca do Cânion Pati. Às três da tarde havíamos percorridos 7,7 quilômetros quando chegamos à prainha formada do lado das águas do rio Pati onde levantamos o acampamento. Aproveitamos a área de terra, sem vegetação, para fazer uma fogueira distante uns 3 metros das portas das barracas. Depois disso foi momento de aproveitando os raios do sol cair e naquelas águas de dupla identidade. O tempo passou rápido e a noite se aproximava. Marquinhos como de costume assumiu a cozinha preparando macarrão, linguiça defumada, tomates, cebola: o cheiro e o sabor estavam perfeitos! Depois da janta seguimos com nossas lanternas para o meio do rio. Aproveitamos uma das imensas pedras para sentar e experimentar a imagem contemplativa do céu estrelado e o som das águas naquele lugar inóspito. Às nove da noite estávamos em nossas barracas. Marquinhos “homem bruto” resolveu lançar seu saco de dormir próximo à fogueira para passar a noite. Cabra de coragem (rsrsrs). A temperatura estava agradável. O termômetro marcava 21 graus. Foi fácil pegar no sono dessa vez. 01 de Julho – 2º DIA (segunda-feira) Acordei por volta das seis e meia da manhã imaginando como seria nossa caminhada. Vamos preparar o café e começar mais um capítulo de nossa história. O dia era bonito, eu estava tranquilo e até mesmo meio lerdo (rsrsrs), por isso me atrasei um pouco retardando a partida. Somente às 9h30 iniciamos a trilha. Há uma estimativa de que o percurso possua 9 km e que os mesmos serão bem pesados. O Cânion do Paraguaçu ficou ali. Nosso movimento agora é à direita, dentro do Cânion do Rio Pati. Por ele iriamos saber a razão pelo qual muitos aventureiros evitam aquela rota. O nível de dificuldade do trekking aumentou bastante já nos primeiros metros. O pula-pedra passou a ser uma constante e tirar a bota para não encharcá-la logo se mostrou ilusão e perda de tempo. Avançar sobre rochas escorregadias é uma maluquice, mas não ha outra maneira de seguir. Os joelhos sofrem demais com o peso nas costas somados ao impacto dos saltos entre as pedras que tem que ser precisos. É força, equilíbrio e principalmente sorte: levamos 1h42 minutos para percorrer 2 km tamanha dificuldade que o terreno apresentava. Ora estávamos de um lado do leito, ora do outro. E quando nos aproximávamos do terceiro quilômetro executando umas dessas passagens entre pedras escorregadias o companheiro João tomou uma queda. Ele escorregou batendo com a canela em numa pedra dentro do rio. Um hematoma imenso se formou no centro de sua canela. E isso nos deixou assustados uma vez que ele poderia ter fraturado a perna. Tirá-lo dali aquela altura seria impossível salvo por helicóptero. Levamos alguns minutos cuidando do amigo e graças a Deus tudo ficou bem: uma atadura foi colocada em volta da lesão, e seguimos ainda mais cautelosos com a certeza de que não podemos errar! O terreno continuou duro. Percorremos mais 2,5 km e de trilha. Dessa vez fizemos uma subida violenta a direita, uma trilha dentro da mata que margeia a parede do cânion Pati. Às 12h30 curta parada, dessa vez para recobrar o fôlego. O trajeto em ziguezague pelo rio, atravessando, pulando pedras é um exercício para o corpo e mente. A beleza do cânion em sua forma esbranquiçada emoldura o cenário. Outros 20 minutos de descanso. Passamos à margem esquerda desafiando pedras e vegetação da encosta. Agora temos um “tronco” fixado junto o paredão que serve como ponte evitando o caminho por uma parte escorregadia sob nossos pés. É preciso segurar na parede. Saindo da parede do cânion entramos na mata outra vez. Aqui é necessário muito empenho, forca, determinação. Tivemos que transpor um emaranhado de pedras e arvores: uma combinação que exige do corpo. O esforço ofusca a beleza daquele trecho. A única coisa que queremos é sair daquilo para um lugar amplo e sem obstáculo. Às 13h30 paramos dentro do Cânion para almoçar: grão de bico, atum cebola e tomate foi nosso almoço. Até ali tínhamos percorridos 7 km em 5 horas de muito esforço. Não temos a certeza da distancia exata do ponto de acampamento. Os 9 km que mencionei é uma mera especulação! Retomamos a trilha e ela continuou da mesma forma: dura e técnica. Quando completamos os 10 km já estávamos bem cansados e frustrados: percebemos que nossa ideia de quilometragem tinha ido por agua a baixo. 1 km depois se fez outra parada, estava bem claro que nosso moral estava baixo: expectativa e realidade se conflitavam. Somente após percorrer mais 3 km chegamos ao nosso destino: a Toca do Guariba. Já passava das 17h30 minutos. Foi preciso correr para montar as barracas sob a luz da tarde, afinal dentro do Cânion escurece mais rápido. Foram exatos 14 km percorridos naquele dia. A Toca do Guariba é nossa morada! Aliás, esse nome é dado pelo fato de que há um corte no Cânion que forma uma cavidade onde em geral os aventureiros buscam abrigo. É uma área protegida. O nome Toca do Guariba deriva pelo fato de que é comum avistar o macaco Bugio naquela área, eles também são conhecidos pelos nomes de Macaco Barbado ou Macaco Guariba. Não avistamos nenhum, tampouco os seus sons. Aliás, nesses quase dois dias ainda não cruzamos com ninguém na trilha. De fato estamos em local isolado. A noite chegou muito depressa. Não deu pra estar no rio e tomar banho. Dessa vez a higiene foi com lenços umedecidos. Estávamos exaustos, quebrados! Jantamos às 19h: frango, macarrão, linguiça defumada e bolo de rolo! Depois disso alguns instantes de conversa e música e às 21h já estava recolhido. O dia foi pesado! 02 de Julho – 3º DIA (terça-feira) Não consegui uma boa noite de sono. Só com o amanhecer do dia foi possível apreciar a beleza do lugar. O Rio Guariba é afluente do Rio Pati. Estamos exatamente no encontro dos Cânions. Tomamos nosso café e levantamos acabamento. Às 8h30 Deixamos as cargueiras em um ponto e fomos fazer uma breve visita dentro ao Cânion do Guariba. É um cânion estreito e belo. Passamos não mais que 1 hora. E infelizmente não tivemos a sorte de ver nem ouvir nenhum Bugio na local. Voltamos, pegamos as mochilas e fizemos uma subida pela mata. Uma acentuada inclinação nos lançava mata acima. As pernas sofridas pelos 14 km do dia anterior reclamavam a todo instante. A ideia é chegar à casa de seu Eduardo onde vamos dormir. Agora nosso caminho é por uma linda mata. Ela reveste a encosta do cânion dando beleza única a nossa caminhada. Estamos no alto do cânion encoberto onde é possível ouvir o som das águas do Pati. Seguimos firmes e confiantes por 1 hora onde fizemos breve parada para um rápido lanche. A nossa direita estava a majestosamente Serra do Império. Continuamos. Ainda estamos na mata. No quilômetro 3,5 nos desviamos erroneamente numa bifurcação à esquerda que nos levou a um curral, ops! Logo achamos a trilha certa e seguimos. Após 5 km de trilha, às 11h da manhã estávamos diante da primeira residência nesses três dias de trekking: a casa de seu Joia e dona Leu. E pra celebrar aquele encontro nada mais épico do que uma cerveja gelada. Sim, é possível tomar cervejas geladas no Vale do Pati. Comemos pão caseiro feito por Dona Leu e tomamos cerveja. Pagamos 12 reais por uma long neck (eu pagaria ate 50 reais rsrsrs). Passamos alguns minutos naquela casa humilde e acolhedora. Lavamos os rostos, enchemos nossos depósitos de água e seguimos. O terreno de seu Joia tem um visual incrível. Curiosidade daquele lugar são os avistamentos de felinos como as onças que causam receios a nativos e aventureiros que cruzam a região. Graças a Deus não tivemos nenhum susto. Mas há muita gente que já viu, ouviu seus sons ou seus rastros. Percorremos 8.20 e às 12h40 estávamos na residência de Seu Eduardo atualmente sob os cuidados do Domingos, seu neto. A casa fica aos pés do Morro do Sobradinho, a beira da Boca do Cânion Cachoeirão. Ela fica exatos três quilômetros daquela de seu Joia. Compramos refrigerantes e cervejas geladas. Isso e resultado das geladeiras alimentadas a gás butano e da energia solar que abastece a casa. O cansaço dos dois dias nos fez desistir do planejamento inicial que era visitar o Cachoeirão por Baixo. Resolvemos conter o dia conversando, tomando refringentes e cervejas e uns petiscos vendidos naquela casa. A decisão se deu pela perspectiva que tínhamos daquele trekking. Queríamos devolver o prazer da caminhada, buscar prazer efetivo. Na nossa visão acumular a visita ao Cachoeirão fazendo o bate-volta iria nos desgastar e o que precisávamos mesmo era de um tempo pra ficar à toa entre amigos. Acertamos também em comprar a janta ali oferecida e manter o acampamento com as barracas nas dependências da propriedade. Tivemos a oportunidade de conhecer um bom sujeito Catalão: Joan, ele estava de passagem em visita ao amigo Domingos. Ali contou sua vida e sua relação com o Pati. Joan mora no Capão junto com sua esposa, de nacionalidade brasileira. Ele relatou suas experiências com a natureza e de suas habilidades como especialista em agricultura sustentável e de sua colaboração em algumas comunidades na Chapada Diamantina. No meio da tarde fomos tomar banho no rio Cachoeirão, ele passa nos limites da casa. Uma pequena descida te leva às margens, grande poço e corredeiras te convidam a cair na água. Ao fundo temos uma visão incrível das paredes dos morros que formam o vale. A noite chegou e o jantar oferecido foi sensacional: carne de sol, estrogonofe de frango, arroz, feijão, macarrão, farofa de cenouras, abóbora, e suco. Perfeito! Comemos divinamente e continuamos até umas 21h conversando em grupo. A noite estava estrelada. Eu, Wilson e João fizemos uma pequena fogueira próxima à barraca e às 21h30 já estávamos recolhidos. 03 de Julho – 4º DIA (quarta-feira) Às 6h despertamos. Dessa vez procurei me apressar pra não atrasar o grupo. O café da manha foi preparado ali bem próximo às barracas: cuscuz e ovos. 8h15 já estávamos de saída. Tomamos o caminho a esquerda no sentido da casa de Seu Tonho. Atravessamos o leito do rio Pati sobre as pedras para seguir à margem esquerda do rio. Do lado direito margeando todo o leito uma belíssima mata acompanha o curso do rio. Essa caminhada ainda cedo ganhava muita beleza. A quantidade de sons dos pássaros trazia um encantamento fenomenal. O lado esquerdo nos acompanha o Morro Sobradinho, tocado pelos raios do sol. Tudo é maravilhoso! Agora temos forte subida. Logo estamos a 178 metros de altitude em relação à casa de Domingo. O visual belíssimo já nos revela ao longe o Morro do Castelo. 2 horas depois e 5.6 quilômetros fizemos a parada de descanso naquela área conhecida como “prefeitura” que na verdade é um antigo entreposto dos antigos comerciantes e produtores de café do Vale do Pati. A imagem que temos é perfeita, uma pintura que cabe em qualquer quadro.   Nossa próxima parada será na casa de seu Aguinaldo. Deixamos a prefeitura, atravessamos o Rio Lapinha e seguimos a trilha tendo a nossa direita o imponente Morro do Castelo. Seguimos a trilha dentro da mata. No caminho Marquinhos à dianteira nos indica com cuidado a presença de uma cobra Jararaca ali bem no meio da trilha... Imóvel e bem camuflada ela parecia buscar os raios do sol que atravessava os altos dos galhos e folhas daquele lugar. Olhar para o chão sempre, essa e a dica! Um pouco adiante tivemos a oportunidade de cruzar na trilha com Seu Antônio, Seu Tonho. Havíamos passado em frente a sua casinha, logo que saímos da casa de Seu Eduardo, lembra? Seu Tonho surgiu vindo atrás da gente, dentro da mata, na trilha estreita. Montava um burro e puxava outro que levava uma cela de carga (cangalha), seguia vocalizando comandos ao animal. Uma imagem bonita. Retrato de uma historia vida. É um som bonito que ecoava por entre a mata. De perto assistimos como são transportados todos os suprimentos dos nativos dali. O burro é o motor, o transporte. Enfim, depois de três horas de relógio, 8.4 km de distância e 426 metros de ganho de elevação chegamos à casa verde onde mora o casal. Estamos agora no Pati de Cima a 932metros acima do nível do mar. Ali fomos recebidos por dona Patrícia que nos ofereceu seus deliciosos pães caseiros e latinhas de Coca-Cola geladíssimas. Podemos apreciar os sabores ofertados diante de um visual belíssimo: estamos aos pés do Morro do Castelo. Alguns minutos de descanso e seguimos às 13h com nossas mochilas de ataque rumo ao alto. São 400 metros de subidas em meia a mata atlântica preservada, uma trilha íngreme que exige muito mesmo dos joelhos e muita atenção para evitar quedas. Levamos 1h20 minutos para completar os mais de 3 km de trilhas subindo até chegar ate o Morro do Castelo no alto dos seus mais de 1.400 metros. Numa subida tão vertical, não adiantar negar: vai doer. O Morro do Castelo é colossalmente bonito. O fato de existir uma gruta que atravessa todo maciço de quartzito no local faz o morro ganhar ares ainda mais mágicos. É espetacular o conjunto da obra. Adentrar na gruta mexe com a imaginação. Ela possui aproximadamente 800 metros de extensão e para cruza-la se faz necessário o uso de lanternas: a escuridão é total. Não esqueçam as lanternas e muito, muito cuidado ao caminhar, pois há Pedras soltas e pontiagudas por todo percurso. Ao cruzar a extensão da gruta temos do outro lado um visual incrível do Vale do Calixto, ele está no lado oposto ao Vale do Pati. É magico, é incrível! Estamos a mais de 1.400 metros do nível do mar e para onde se olha é um mar de beleza que agrada aos olhos e ouvidos. É o som dos ventos soprando forte que impressiona. Diante de tanta beleza muitos e muitos clicks, mas já é hora de retornar para Casa de Seu Aguinaldo que está 400 metros abaixo. É hora de descer aproveitando a luz do sol. Temos uma trilha dentro da mata e é bom não vacilar. Levamos 1h pra refazer o caminho de volta. Ao chegar corri, junto com o João, para armar nossas barracas na área de frente à residência. Wilson preferiu contratar um pernoite num dos quartos da casa. Nesse momento a temperatura começava baixar um pouco. O sol estava refletindo sem força nas bordas das paredes do Vale. Já estava imaginando a temperatura da água que iriamos tomar banho. Apelei por um aperitivo. Eu e João provamos umas doses de cachaça para ver se a coragem aparecia. Nem sei se isso ajuda. Fomos ao banho: água gelada da mísera! Contratamos o jantar e não nos arrependemos. Dona Patrícia caprichou: carne de sol, macarrão, arroz, salada crua e suco de maracujá. João que não come carne foi contemplado com uma omelete preparada com exclusividade. Todos felizes e de barriga cheia. Ao termino do jantar, enfim seu Aguinaldo apareceu e conversamos bastante. Ele falou de sua vida, da rotina naquele lugar e os desafios de se viver ali. O clima era úmido e a temperatura na casa dos 18 graus. Não tardamos buscar o aconchego de nossas barracas, Wilson se recolheu ao conforto do quarto. É nossa ultima noite dentro do Vale do Pati. 04 de Julho – 5º DIA (quinta-feira) Último dia. Acordei às 6h30. O termômetro marcava 14 graus. O som das águas do Rio Lapinha correndo, dos pássaros cantando e voando pertinho da barraca e a imagem do Morro do Castelo diante de nós marcavam o inicio daquele nosso derradeiro dia no Vale do Pati. Eu já sentia saudades de cada momento. Por outro lado, nosso amigo e guia estava com dores estomacais e apresentava também quadro de diarreia. Ficamos preocupados com a condição física dele. Ninguém merece ficar doente na trilha. Retardamos um pouco a saída. Marquinhos sinalizava que já estava tudo ok, então tínhamos que partir.   Às 9h010 saímos da casa de seu Aguinaldo. Subimos a trilha e seguimos pulando pedras no curso do Rio Lapinha e após caminhar 1.7 km a gente chegava à Cachoeira das Bananeiras. Seguindo o curso daquele rio e 1h 15 depois de nossa partida (2,5 km) estávamos na Cachoeira do Funil que se apresenta belíssima. Cruzamos o leito para pegar a trilha que fica na parte de cima da encosta, próxima a queda d´água. Minutos depois chegamos a Cachoeira da Altina. Ali havia um pequeno grupo de turistas. É uma cachoeira um pouco menor que a do Funil. Deixamos a Cachoeira da Altinha (nome que faz referencia a uma antiga moradora que ali lavava as roupas da família) e tomamos o caminho novamente à esquerda, atravessando o rio e subimos uma trilha íngreme pela mata. Chegamos à igrejinha. Percorremos 4 km contados a partir da casa de Seu Aguinaldo. Ali é a Casa de Seu João. Ela está próxima da Ladeira da Rampa que dá acesso ao Mirante do Pati e os Gerais do Rio Preto. Ali é uma casa que também oferece serviços de recepção aos aventureiros com comida e hospedagem. Lavamos os rostos e tomamos nossas ultimas latinhas de refrigerante dentro do Vale. O sol do meio dia castigava forte. São os testes finais de resistência depois de cinco dias de trekking. Doente, Marquinhos sentia bastante cada passo. Tive pena do nosso Leão da Montanha. Ao meio dia e meio estávamos no Mirante da Rampa. 6 km separam a casa de seu Aguinaldo do Mirante do Pati. E o visual a 1.337 metros é de tirar o fôlego. Ali enxergamos toda extensão do Vale do Pat: é o lugar perfeito para fazer aquelas fotos clássicas. Mas não podemos demorar. Temos horário marcado para nosso resgate lá no Beco, em Guine. O motorista Ari nos aguarda! As 13h10 seguimos nossa jornada pelo magnifica planície que forma as Gerais do Rio Preto. O terreno é um platô de campo rupestre, não há arvores naquele trecho, o lugar é belíssimo. A partir do Mirante, depois de 1,3 km cruzamos o riozinho que dá nome aquele local, o Rio Preto. Seguindo por mais 3.27 km estávamos enfim diante da descida de Aleixo. Eu diria que A Rampa e a Descida do Aleixo são tecnicamente iguais. A diferença e a ordem das coisas. Assim iniciamos nossa descida sob o calor das às 14h em direção ao ponto de encontro. Percorridos mais 2.1 km de trilhas chegamos ao final de um dos trekking mais bonitos desse pais. Foi sensacional! Agora vamos voltar pra Lençóis! Pati_Selvagem_-_Uma_Aventura__-_31_-08.docx
  7. Olá Mochileiros, como vão? Espero que bem, aqui estou eu novamente escrevendo meu segundo relato do ano de 2018. Ano passado fizemos a travessia da Serra Fina em 17h, se quiserem ler o relato segue o link: O propósito para esse ano seria fazê-la em 2 dias para podermos aproveitar mais a montanha e o companheirismo da turma. Como de costume, o Nandão plantou a ideia de fazer a travessia em 2 dias e nós aceitamos de cara. Nosso parceiro Breno deu ideia de fazermos a travessia ao contrário, pois assim passaríamos no Vale do Ruah à tarde e não de madrugada. Escolhemos uma data que fosse melhor para todos e reunimos a turma. Aquele medo de fazer a Serra fina já não era tão grande como foi da primeira vez, o medo agora era de tentar terminá-la com o peso da mochila. Como sabíamos da dificuldade da travessia, treinamos por vários meses e, depois de adiarmos o passeio por 2 vezes por conta do tempo, nos dias 18 e 19 deu tudo certo. Confesso que torci para chover novamente porque estava com muito medo de fazer a Serra fina, ainda mais no sentido inverso, mas como eu havia prometido aos meus amigos que eu iria, eu fui. Estávamos em 5 pessoas: Samuel (eu), Nandão, Breno, Zé Renato (Fotógrafo oficial) e Jonas (primeira vez na SF). Saímos da Cidade de Santa Rita do Sapucaí-MG às 23h com o nosso motorista oficial Edson, chegamos até a entrada do Sítio do Pierre às 2:20 da manhã, fizemos uma oração e partimos rumo ao nosso objetivo. Passamos pela trilha, chegamos no primeiro ponto de água e já atacamos o Alto dos Ivos. Chegamos lá por volta de 7h14min, onde esperamos nosso companheiro Jonas que demorou cerca de 1h para chegar. Enquanto isso, deu pra fazer um café para dar uma aquecida - o café saiu sem açúcar porque nosso companheiro Breno esqueceu de trazer...hehe, mas faz parte. Saindo do Alto dos Ivos fomos direto para o Pico dos Três Estados. Até antes de chegar nesse pico eu estava animado e pensei “Até que o meu treino fez efeito, estou me sentindo muito bem”. Doce ilusão, mal sabia que a subida dos 3 Estados era difícil e ao contrario mais difícil ainda. Subindo aquela montanha enorme pensei em abortar a travessia, mas segui firme até o pico. Zé Renato e Nandão como sempre subiram primeiro, esses dois sem sombra de dúvidas são de outro planeta. Quando eu e o Breno chegamos os dois já estavam dormindo e nós aproveitamos para também tirar um cochilo e esperar o Jonas (esse cochilo rendeu viu?!). Chegada nos 3 Estados 10h21 Saindo dos 3 Estados, fomos para o Cupim do Boi. Lá tiramos algumas fotos, paramos para fazer um lanche e esperar o Jonas...rsrs. Nesse momento, nosso amigo Zé Renato deu a Ideia de criarmos uma #cadeojonas...hehe, e não é que pegou?! Logo depois disso, partimos para o Vale do Ruah. Chegada no Cupim do Boi 12h58. O caminho até o Vale do Ruah é relativamente mais tranquilo, a única coisa que enche o saco são os Capins Elefantes que seguram, dificultando a caminhada. Lá pegamos água, molhamos os pés e fomos atacar a Pedra da Mina. Chegada no Vale do Ruah 14h51 A subida da Pedra da Mina é muito cansativa, quando eu a vi lá debaixo bateu um desanimo, é muito alta. Quem já fez a travessia ao contrário sabe do que eu estou falando, é uma subida que não tem fim. Eu várias vezes sentei e comentei com o Breno que queria chorar e abortar a travessia. Sentamos umas 3 vezes para descansar e toda vez que sentávamos cochilávamos por um tempo. Quanto mais a gente subia, mais cansado a gente ficava e nunca chegava, sinceramente, nesse momento eu queria ter um amigo rico, mais bem rico com um helicóptero pra eu poder ligar e ele vir me buscar..rsrs Depois de todo o sofrimento, chegamos no topo. Ufa! Pensei que não chegaríamos. Montamos nossa barraca, fizemos aquela feijoada ao som de Sorriso Maroto e Thiaguinho (créditos ao Nandão), comemos e fomos dormir. Dentro da barraca eu tive vontade de chorar, pensei que no outro dia não daria conta, mas dormimos. Na madrugada fez -4°C, nossa barraca congelou. gelo.MP4 No outro dia levantamos para ver o sol nascer - que espetáculo gente! Coisa linda demais. É um espetáculo da natureza ver o sol subir por cima do Agulhas Negras. Vejam as imagens: Depois do espetáculo, arrumamos as coisas, assinamos o livro e partimos com o objetivo de terminar a travessia. Nosso ânimo estava renovado e, apesar da noite mal dormida, estávamos todos bem, nesse momento esquecemos dos problemas do dia a dia e demos várias risadas pelo caminho. Isso me fez lembrar de uma frase que o grande Maximo Kausch (Gente de Montanha) disse na entrevista com o Danilo Gentili “Quando a gente está na cidade a gente segura uma máscara tentando ser outra pessoa e quando estamos na montanha, longe do conforto do dia a dia, você realmente vê quem é quem”. Eu particularmente gostei dessa frase e ela retrata muito bem os amigos que eu fiz na montanha, eles são demais. Descemos a Pedra da Mina e paramos no primeiro ponto para pegarmos água. O Sol estava bem quente e teve um parceiro nosso que queria ir de cueca, pois já não aguentava mais. Pedimos pelo amor de Deus para que ele não fizesse isso, por fim, todos reabastecidos, fomos rumo ao Camping Maracanã. Camping Maracanã às 09h44. Passamos rapidamente pelo Camping e paramos um pouco acima para comermos. tirar umas fotos e esperar o Jonas. #cadeojonas Descemos um pouco mais e logo depois avistamos o Pico do Capim Amarelo - o último pico dessa travessia. Que felicidade gente! Nem acreditava que não teríamos que subir outra montanha. Apertamos o passo, chegamos lá em cima às 12h43min e Zé Renato fez um time lapse animal lá de cima. time capim.mp4 A subida até o Capim Amarelo é pesada. subida capim.MP4 Nesse momento ligamos para a pessoa que iria nos resgatar e a mesma disse que iria nos buscar às 17h30min da tarde, pois estava saindo para fazer outro resgate, detalhe que nós havíamos conversado com ela anteriormente e cantamos a pedra que chegaríamos na Toca do Lobo por volta de 15h30min – 16h. Nesse momento lembrei do Sr. Edinho (uma ótima pessoa que todos que fazem a travessia já devem ter ouvido falar dele) e na mesma hora ele disse que iria nos resgatar, isso foi um alívio. Esperamos o #cadeojonas chegar e descemos às 13h30min do Capim Amarelo, rumo à Toca do Lobo. Estávamos ansiosos para passar no Caminho dos Anjos, pois na primeira vez que fizemos a travessia, não deu para tirarmos fotos, pois estava de madrugada ainda. Chegamos lá e as fotos ficaram incríveis (Creditos José Renato). Gostaria aqui de fazer uma pausa no relato e falar de uma pessoa que realmente é nota 10: José Renato Ribeiro - ele é uma pessoa que não mede esforços para tirar uma fotografia. Além de ser um ótimo profissional e humilde, ele é feliz fazendo o que gosta. Carregando a mochila pesada, cheia de acessórios, ele é capaz de ir na frente da turma e parar em um certo lugar só pra tirar fotografias da galera e das belas paisagens. Sinto-me privilegiado de conhecer essa grande pessoa e ser seu amigo. Além disso, agradeço ao Nandão por ter nos apresentado a ele. Obrigado por tudo Zé. Os créditos pelas fotos desse relato é seu. Chegamos na Toca do Lobo às 16h, tiramos mais algumas fotos, tomamos um meio banho na cachoeira pra tirar o cheiro de urso e fomos ao encontro do Sr. Edinho. Considerações finais: a travessia da Serra Fina no sentido normal já é bruta, no sentido inverso ela fica mais bruta ainda. Pensei em desistir várias vezes, mas a vontade de terminar, o encorajamento dos amigos e o desejo de não desistir falaram mais alto e isso me fez criar forças para concluir essa travessia tão linda e ao mesmo tempo tão dificultosa. É difícil colocar em palavras o quão difícil é subir uma montanha. Às vezes as pessoas acham que estamos exagerando e que não é tão difícil assim, pra essas pessoas eu digo e sempre vou dizer: vá lá e veja como é. A briga com o psicológico é constante, mas com um jeitinho e incentivo de todos a gente chega lá, lembrando que quando eu digo “eu”, eu me refiro ao grupo todo. Gostaria de agradecer de coração aos que foram nessa mega aventura - Nandão, Breno, Zé Renato, Edson (nosso motorista oficial, que todo ano está com a gente e dessa vez não foi diferente), Jonas (mesmo sofrendo para andar e acompanhar a turma, concluiu a travessia e foi até o final #cadeojonas). Muito obrigado a todos, espero que ano que vem nós possamos fazer outras travessias. Apesar de difícil ela se tornou extremamente divertida por conta de vocês. Estava lendo um blog um tempo atrás e vi uma frase que não sei se é da blogueira, mas eu achei que essa frase faria todo o sentido para terminar esse relato, que ficará marcado nas nossas memórias por um bom tempo. “E então é o seguinte: Não desista. Não deixe que um sentimento de incapacidade cresça e tome conta de você. O melhor impulso para a falta de coragem é meter a cara e sair do lugar mesmo! Porque sempre há uma chance da gente tropeçar em algo maravilhoso. E é impossível tropeçar em algo enquanto estamos sempre sentados no mesmo lugar.” Até a próxima. 1º dia: 18,2km Ganho de elevação: 1.972m Tempo: 14h21m 2º dia: 11,6km Ganho de elevação: 531m Tempo: 8h 5m Elevação maxima: 2798m Dados do Strava.
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