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Trilha do 21!

Para mim, muito misteriosa, com um quê de selvagem e perigo devido aos relatos e vídeos postados na net. Já havia feito Lençóis-Capão pela trilha das Mulas, bem como pela Fumaça por Baixo (roteiro subindo tanto pelo Macaco, quanto pelo Palmital, passando pelo mirante de frente da Fumaça), só faltava o trecho mais curto entre Lençóis-Capão, o 21. Dia 18/08/12, desembarquei em Lençóis com os amigos Nielson, Márcio, Dilmar, Luciano, Lucas e Green com a dúvida se faríamos ou não o 21, devido aos relatos de chuvas nos últimos dias. Contudo, o amanhecer em Lençóis, sempre brumoso, desta vez mostrava-se já com parte do céu azulado. O sol, logo que apareceu, dissipou nossos últimos receios e nos pomos a caminho do 21. A trilha começa logo depois do Hotel Portal Lençóis, subindo pela serra do Grisante até o Boqueirão, de onde avistamos o vale do rio Ribeirão e o vale do rio 21 lá ao longe. Esta primeira etapa é bastante tranquila, a serra do Grisante é uma subida leve, sem trecho algum para escalar ou algo mais perigoso. No Boqueirão, ficamos um pouco na dúvida sobre a trilha já começar ali pela esquerda, ou avançar rumo ao Morrão e quebrar a esquerda. Analisando o mapa, notamos que a 2ª alternativa era a correta e nos pomos a caminho. Não houve dificuldade em achar a trilha a esquerda que nos conduziria ao leito do rio Ribeirão, onde curtimos um pouco a beleza do rio e reabastecemos nossos cantis.

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Leito do rio Ribeirão

Daí em diante, fomos descendo o rio e procurando uma trilha lateral que adentrasse o vale do 21, conforme um amigo havia me dito (Nassau). Contudo, a tal trilha é praticamente na foz do rio 21, que deságua no rio Ribeirão, uns 10 metros antes. Começamos, portanto, a subir o rio 21 por uma trilha na lateral direita de quem sobe. Depois a trilha acaba e temos que andar pelo leito do rio, num pula-pedras que requer cuidado, tanto pelo risco de escorregões e torções, quanto por forçar os joelhos dos menos preparados. Daí em diante não tem como se perder, é preciso atenção, pois a trilha ora é pela direita, ora pela esquerda, e muitas vezes é pelo leito do rio mesmo.

As próximas seis fotos são do início do vale do 21 até perto da cachoeira do Fundão

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Andamos assim por aproximadamente 01:30h a 02:00h até chegarmos na cachoeira do Fundão. Só a vista que esta cachoeira nos proporcionou já valia todo o esforço feito até ali! Local lindíssimo, céu azul, cachoeira com bom volume d'água, com os raios do sol passando no alto da cachoeira, entre as matas ciliares. Tiramos nossas mochilas, alguns se jogaram no chão, outros foram tirar fotos, mas depois, apenas quatro dos sete membros, banharam-se no poço e cachoeira do Fundão (eu, Dilmar, Luciano e Nielson). Márcio, que já tava ruim do joelho, ficou estirado no lajedo parecendo um morto-vivo, tirando, de lá mesmo, as fotos da cachoeira. Green, após uma sessão de fotos, também dormiu, o mesmo acontecendo com Lucas.

 

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Eduardo Borges na cachoeira do Fundão

 

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Cachoeira do Fundão - 18/08/2012

 

Havíamos acertado que às 15:30h, impreterivelmente, deveríamos estar prontos e já subindo, contudo, começamos a subir às 15:02h, pois já havíamos curtido e descansado bastante. A subida é pela lateral esquerda da cachoeira do Fundão, não tem como não achá-la, mas este primeiro trecho da subida do Fundão, é justamente o mais perigoso e que requer mais atenção, pois é preciso retirar as mochilas e repassá-las para um dos membros que já a tenha escalado, no caso, o Nielson. O restante desta subida é tranquila, contudo, há que se registrar que, durante a subida, houve um trecho onde a trilha continuava adiante, mas subimos por um caminho de pedras à esquerda. Isso se deu porque eu já tinha sido avisado que a subida mais batida me levaria a passar num trecho mais perigoso, sendo que haviam aberto esta trilha mais tranquila, daí foi só ficar atento. Chega-se ao topo, um pouco depois da queda. Retornamos, registramos fotos do local, com vista belíssima do vale, bem como do poço aonde estávamos minutos antes!

 

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Eduardo Borges no rio 21, pouco antes da cachoeira do Fundão

 

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Márcio Rios do outro lado da parte superior da cachoeira do Fundão

 

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Eduardo Borges com a cachoeira do Fundão aos seus pés!

 

Após as fotos, andamos pelo leito do rio mais uns 30 metros e, logo a direita, subimos uma trilha íngreme de 3 a 4 metros, chegando a um local perfeito para camping, com grama batida, árvores para esticarmos cordas e fazermos nossos varais, local para fogueira, visual insano dos paredões tanto de um lado, quanto do outro do vale! Após armarmos as barracas, fomos tomar banho e preparar nossa janta. Neste momento, enquanto o pessoal foi tomar banho, adentrei a mata que cercava o camping até chegar ao paredão. Encontrei um segundo local para camping, de terra batida com aquela poeirinha cinza fininha cobrindo todo o terreno, bem ao lado do paredão, local para fogueira, algumas pedras esparsas que serviriam de bancos. Reconheci ali o local de um vídeo que vi no Youtube antes de partir para nossa aventura. Foram cinco barracas para os sete integrantes: eu e Nielson numa barraca, Dilmar e Márcio noutra, Luciano, Lucas e Green em barracas individuais.

 

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Dilmar, Lucas e Márcio.

 

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Eduardo Borges na área do 2º camping, junto ao paredão, que fica a +ou- 20m de onde armamos as barracas!

 

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Nielson fritando a josefina e Eduardo Borges segurando um prato de calabresa!

 

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Eduardo e Nielson na noite do dia 18/08/2012, no camping entre a cachoeira do Fundão e a cachoeira do 21. Bom citar que este acampamento fica à direita de quem sobe.

 

Antes de dormir ficamos preocupados com a retomada da trilha no dia seguinte, pois o céu estava cada vez mais fechado, sendo que fomos dormir com os primeiros pingos d'água de uma chuva que varou a noite. Ora mais intensa, ora menos, mas constante até pouco antes do amanhecer. Eu cheguei a cogitar com Nielson nosso retorno a Lençóis, mas não antes de tentarmos a subida até o trecho crítico. No meio da noite Lucas começou a gritar: “Pessoal, ô pessoal, minha barraca tá inundando, tá molhando aqui dentro mais do que do lado de fora!” Quando percebi a situação, ela já estava se resolvendo, pois Green cedeu aos pedidos de Lucas e deixou o náufrago passar a noite com ele. Acordamos cedo, desarmamos nossas barracas e levamos nossas mochilas para o camping junto ao paredão, onde fizemos nosso desejum. Logo depois que retomamos a caminhada, após uns cinco a dez minutos de caminhada, chegamos a cachoeira do 21. Ela estava quase que totalmente seca, sendo que ali percebemos que a cachoeira que tem um volume d'água maior fica a direita de quem sobe, sendo formada por uma sequência de pequenas cascatas. Tiramos várias fotos, antes de retomarmos a nossa caminhada.

 

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Em pé: Márcio, Green e Luciano. Agachados: Nielson, Eduardo, Lucas e Dilmar!

 

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Márcio Rios com a cachoeira do 21 ao fundo! Pouco volume d'água! Dia 19/08/2012.

 

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Márcio Rios na cachoeira que fica do lado direito da cachoeira do 21. Esta sim, mantém um bom volume d'água e alimenta a cachoeira do Fundão!

 

A trilha começa pela lateral esquerda do poço, sendo o oposto da subida do Fundão, pois é mais fácil no início, e mais difícil do meio para o final. A subida não é demorada, sobe-se em quarenta minutos no máximo, contudo há trechos que podem dar pânico em quem tenha medo de altura. Ora, eu sou um destes, mas tenho minhas técnicas para controlar meu medo. Um deles é não olhar para baixo nem a pau, assim sendo, nos locais em que meus amigos alertavam quanto a altura, eu me concentrava no exato local onde iria pisar e, incrível, sem deixar de curtir o visual, pois quando batia vontade eu olhava ao longe sem me fixar para baixo. Fomos subindo assim até encontrarmos uma escada num trecho onde não sei como faríamos para subir sem a bendita escada! É bom ressaltar a quem nunca fez esta trilha que nessa hora é preciso ter cuidado, pois há uns arbustos que nos passam uma falsa tranquilidade quanto ao perigo real, mas basta olharmos através deles que se tem noção da altura onde nos encontramos. Cioso disso, nosso amigo Nielson se prontificou mais uma vez a ser o primeiro a vencer a escada. Para tanto, deixou sua mochila embaixo, subiu, e começou a pegar as mochilas dos demais membros. Logo depois mais membros subiram e ajudaram-no na tarefa, levando as mochilas para mais adiante, longe da pirambeira. Após este trecho, nosso companheiro de trilha, o Dilmar, comentou: “Porra Duda, aqui deve ter sido o lugar onde seu amigo disse que seria morte certa”, pessoal, era tão perigoso, que eu passei meio agachado, corpo um pouco inclinado para esquerda, pois a direita, após uns poucos arbustos, o abismo nos espreitava.

 

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Fila indiana para subir a escada que fica no meio da trilha que liga o poço do 21 ao seu topo!

 

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Capitão Nielsimento!

 

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Nielson já em cima, Márcio posando, Green segurando a escada!

 

Depois deste último trecho de perigo, chega-se ao topo da cachoeira, onde após várias fotos, retomamos nossa trilha.

 

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Green, Dilmar, Márcio e Nielson em cima da cachoeira do 21! Dia 19/08/2012.

 

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Nielson e Dilmar no topo do 21, avistando a cachoeira lateral que deságua no 21, logo após o poço!

 

Sobe-se o rio 21 pelo leito do rio, ora pelas margens, sempre atentos ao vale que se abriria a esquerda. É preciso estar atento, pois como a mata está bem conservada, corre-se o risco de não perceber a entrada a esquerda. Após entrar neste vale, o qual acho ser o do Córrego Verde, devido a riqueza do verde do local, seja pelas plantas, seja pelo limo nas pedras, a subida é constante, com diversas pequenas quedas d'água que nos exigiam uma parada para mais fotos.

 

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Dilmar, Nielson, Luciano, Lucas, Green e Eduardo.

 

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Cascata no Córrego Verde!

 

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Dilmar, Green, Luciano, Lucas, Márcio, Nielson e Eduardo!

 

Vencemos o trecho do Córrego Verde em pouco menos de uma hora. É fantástico, você sai de um trecho de elfos e gnomos, onde a luz que chega é pouca e filtrada pelas copas das árvores, a um lugar aberto, alto, de onde se pode observar o vale de onde viemos, bem como todo o relevo em volta: este é o início dos Gerais da Fumaça.

 

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Gerais da Fumaça!

 

Andamos mais um pouco até encontrarmos a trilha que, dobrando à direita, nos conduzirá até a cachoeira da Fumaça. Optamos por passar por ela, pois Dilmar ainda não a conhecia. E valeu muito a pena, pois as fortes chuvas dos últimos dias tinha deixado a Fumaça com um bom volume d'água. Várias fotos, prancha de pedra, mirante oposto, chuva da Fumaça nos molhando completamente, tudo com um lindo céu azul. Termino nosso relato da trilha aqui, pois da Fumaça ao Capão já é praticamente nossa casa! Abraços aos amigos Márcio, Nielson, Dilmar, Luciano, Lucas e Green! Duda Borges!!!

 

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Cachoeira da Fumaça. Dia 19/08/2012.

 

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Dilmar, Green, Nielson, Eduardo, Márcio, Lucas e Luciano! Parabéns Tropa Trekking! Até a próxima!!!

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  • 5 anos depois...
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Ótimo relato, Duda, até o momento foi o mais detalhado que encontrei. Bem que me disseram que a Cachoeira do XXI tem essa peculiaridade: pra ter água tem que chover exatamente no vale onde ela está.

Como lá se vão mais de 5 anos desde a postagem, nem sei se vc frequenta o fórum mais, não sei se terei a resposta. Gostaria de saber, entretanto, se a trilha é bem demarcada, dentro do possível. Principalmente no trecho de gerais entre a Fumaça por cima e a entrada no vale do XXI.

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  • 2 meses depois...
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Mesmo quase 6 anos depois, parabéns e obrigado ao Duda Borges pela riqueza dos detalhes no relato. Muito bom, me ajudou bastante na empreitada que fiz recentemente lá pela região.  Acho que ele nem frequenta mais aqui o fórum, hehe...

@Hélio, pelo que entendi você estava querendo fazer no sentido inverso (da parte alta em direção ao vale do 21)? Chegou a fazer?

Bom, pra mim esse trecho (entre o alto da Cachoeira do 21 até a saída na parte alta dos Gerais do Fumaça), foi disparada a parte mais chata, pois não há trilha, você vai pulando pedra pelo leito do rio e fazendo o possível pra não escorregar, etc, procurando um rastro pelas margens quando possível. Quando cheguei na parte alta, depois de sair do Córrego Verde, eu dobrei à esquerda e desci a trilha em direção à cachoeira do Palmital. O Duda foi pela direita em direção à Fumaça por cima.

Quando eu fiz estava num período de tempo bem fechado, úmido e com chuva constante, então não foi nada agradável andar por leito de rio. Pelo menos consegui pegar a Cachoeira do 21 com um bom volume d'água, que ouvi falar que isso é meio raro de acontecer.
 

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  • 3 semanas depois...
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@Pedro_rs ainda não fiz, queria um tempo melhor pra conseguir pegar a XXI com água, talvez amanhã. hehe

E minha ideia é fazer no sentido "contrário", aliás, não vejo muito sentido nessas travessias entre Lençois e  Capão quase sempre começarem pelo lado mais baixo (Lençois). Como pretendo fazer em um dia apenas, preciso aproveitar as facilidades do terreno.

Fazendo essa travessia eu volto pra dar mais detalhes! Bons ventos!

 

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Fiz a travessia no último sábado (12/5/18) e retorno com alguns detalhes.

Antes de iniciar, reitero o que disse no comentário anterior. No montanhismo aprendi que a gente deve aproveitar as facilidades dos terrenos. Uma dessas facilidades é sair do lugar mais alto pro mais baixo. Então, decidi iniciar pelo Capão (que está na faixa dos 900m de altitude, contra 400m de Lençois). Fiz a trilha bem leve, somente com uma mochila de 20L e uma garrafinha de água, não pesando mais de 5kg no total.

Sobre a logística, saí de Lençois na sexta a noite, pegando o carro da Rápido Federal até Palmeiras (pouco mais de R$10, o ônibus chegou 19:41 em Lençois e gastou cerca de 50 minutos de viagem). O movimento estava bem fraco por lá, como eu esperava, então decidi ficar na cidade mesmo e pegar a van na manhã seguinte para o Capão, o que seria mais em conta. Fiquei num lugarzinho de frente ao terminal rodoviário, o responsável cobrou R$30 pela dormida. Na madrugada seguinte saí de lá beirando as 05:00, pois me disseram que no sábado o ônibus chega mais cedo (e por consequência, a van sai mais cedo). Ledo engano, o ônibus chegou um pouco antes das 06:00 e uns 15 minutos depois a van saiu. A van só sai depois que o ônibus chega, a passagem até o Capão custa R$15.

Para adiantar a caminhada, já que não teria nada pra fazer no centro do Capão, desembarquei nos Campos, na rua que dá acesso à Fumaça. Comecei a caminhada pouco depois das 7, não havia ninguém na ACV-VC. Cheguei no mirante cerca de 1h30 depois, como esperado, não havia ninguém por lá nem no caminho. Depois de uns 40 minutos apreciando a vista, já que o tempo estava muito bom, dei continuidade à travessia.

O trecho entre a Fumaça e a entrada no Córrego Verde tem 2.2km de extensão e gastei exatamente 1 hora neste deslocamento. A trilha pelo gerais da Fumaça é discreta, com alguns pontos confusos. Boa parte da caminhada se dá por lajeados, então, às vezes, não é tão simples "encontrar a saída". E existem algumas bifurcações importantes neste trajeto, uma que leva de volta ao Capão e outra que vai no sentido do mirante frontal da Fumaça e da cachoeira do Palmital. Mesmo fazendo uso do GPS, navego sempre no visual, o que me fez tomar algumas decisões erradas nessas bifurcações rs. Navegando corretamente este trajeto leva de 30 a 50 minutos (em ritmo bom e sem descanso).

Uma ferramenta que eu abri mão um pouco antes de sair pra trilha e que fez falta: FACÃO. No caminho pelo gerais da Fumaça tinha alguns pontos com troncos caídos e arbustos com espinhos tomando conta da trilha. Um facão resolveria facilmente esses problemas. Recomendo levar.

No início do Córrego Verde muitas árvores caídas também. A caminhada se desenvolve pelo leito do córrego e, em grande parte, por trilhas marginais. Em pouco menos de 20 minutos deixo o Córrego Verde e entro no Córrego Branco, numa confluência de córregos. Do entroncamento foram mais 15 minutos até o topo da cachoeira do 21 (ou XXI), ora pulando pedra, ora por trilhas marginais.

Como na semana anterior à travessia deu uma estiada aqui na Chapada, imaginava ver pouca ou nenhuma água no 21. Bom, tinha pouquíssima água caindo (pingando). Foi um pouco complicado encontrar a descida. Lembrando do relato, sabia que seria à direita de quem desce, mas onde? Depois de explorar um pouco, segui um caminho discreto margeando o paredão à direita de quem desce, alguns metros antes da queda. Descida acentuada e de dificuldade moderada até o poço do 21. A escada da foto do relato já não existe mais, somente uma parte dela, que serve como apoio. Chegando a parte baixa, fiz uma parada de quase 30 minutos e tomei uma ducha no córrego ao lado da cachoeira.

Do 21 até a Fundão são menos de 500 metros e gastei 15 minutos. A trilha segue pelo leito do córrego, nas proximidades dos grandes poços sempre há trilhas marginais. Não fui até o topo da Fundão, visualizei uma trilha que saía à direita do leito e entrei nela, logo estava descendo pelo capão de mata em direção a parte baixa. Às 11:59 cheguei no poço da cachoeira do Fundão.

Depois de 1h20 de lanche, descanso, ducha e sol, dei continuidade. Do Fundão até a confluência com o Rio Ribeirão segui, na maior parte do tempo, pelo leito do córrego. O córrego corre "engrunado", por baixo das pedras na maior parte do tempo, então a dificuldade de ir pelo leito é somente com as pedras escorregadias. Não sei se era minha bota (estava utilizando uma diferente da que utilizo normalmente), mas por diversas vezes meu pé derrapava nas pedras. Estava bastante escorregadio, mesmo com o tempo seco.

São aproximadamente 3.2km da cachoeira do Fundão até o Rio Ribeirão, a saída do cânion, e gastei 53 minutos neste trajeto. Interessante dizer que o cânion do Fundão e 21 tem uns trechos bem escuros, com árvores fechando quase que completamente a passagem da luz, então tive a sensação de que estava mais tarde.

Chegando ao Rio Ribeirão, é preciso cruzá-lo e seguir rio acima por uma trilha discreta na outra margem. Depois de um pouco mais de 230 metros, próximo a um totem, é preciso deixar a margem do Ribeirão para começar a subir a Serra do Grisante. É uma subida chata até o entroncamento com a Trilha das Mulas, com alguns pontos confusos. São 940m desde a chegada ao Rio Ribeirão até a Trilha das Mulas (outra variante da travessia Capão x Lençois).

Chegando à Trilha das Mulas, não há dificuldades marcantes até Lençois. Basta ter atenção nas poucas bifurcações existentes no caminho. Depois da passagem pela Serra do Grisante, a trilha segue, basicamente, em declive até o fim. Este trecho final, que é comum à Trilha das Mulas possui 5.5km até a rua principal de Lençois, percorridos em 1h40 (contando com uma parada longa).

 

Finalizando:

a travessia Capão x Lençois pela cachoeira do 21 e Fundão é a alternativa mais curta e menos percorrida. Ao todo são 19.7km (dados do GPS, não é 100% confiável mas é próximo disso), iniciando a contagem na ACV-VC e finalizando o trajeto no Portal de Lençois, na rua principal.

Trajeto tranquilo de ser feito em um dia para pessoas com condicionamento físico razoável e experiência no montanhismo. Ao todo foram 9 horas e 23 minutos de atividade. Descontando as paradas prolongadas (mirante da Fumaça, 21, Fundão e Serra Grisante), foram cerca de 6 horas e 30 minutos de caminhada, o que dá uma média de 3km/h.

Reitero: o trajeto foi feito com pouquíssimo peso e no sentido em que predominam as descidas. Com cargueira e/ou no sentido contrário, com certeza o tempo gasto é maior, além do desgaste físico também ser bem maior. Como o terreno é bastante irregular, principalmente nos 5.8km entre a entrada no Córrego Verde e a saída do Rio Ribeirão, considero que fazer no modo light é bem mais proveitoso.

Dificuldade técnica da trilha: alta.

Esforço físico empregado: alto

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  • 3 meses depois...
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@Hélio Jr1502432675 Irmão de trilha, o que ocorre neste mundo do trekking, é que devemos sempre proteger nosso corpo! E os joelhos são sagrados para mim! As descidas para os trilheiros são o ponto forte de desgaste patelar, vc sentindo ou não! O desgaste vai ocorrendo e como muitos não sentem, vão preferindo descer a subir! Eu que faço uma trilha por mês tenho que ter este cuidado! Espero ter ajudado com meu ponto de vista!

Me adicione no Instagram, caso tenha:

eduardoborges2020

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