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Relato de Viagem - Camping Pedra da Mina -Subida pelo paiolinho- COM FOTOS!


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Bom, depois de muitos anos acompanhando o fórum eu resolvi contribuir também com este relato de um dos lugares mais incríveis que eu já conheci!

A pedra da mina é um pico de 2795m (5o mais alto do Brasil) localizado entre o estado de São Paulo e Minas Gerais e é um dos picos opcionais presentes na travessia da serra fina (quem começa a travessia pela toca do lobo chega lá no segundo dia).

A trip começou a ser organizada no ano anterior (2015) pelo André, um dos fundadores do grupo Trilhadeiros e o Danilo, fundador do grupo Trilhas e Passeios (ambos de São Paulo capital). O Danilo costumava levar a galera para trekkings de um dia, ele é tão louco que fez o caminho do sal inteiro em um dia (+ de 50km)! Sendo assim o André se ofereceu para guiar o pessoal para uma trip um pouco mais longa e complexa e que exigiria um pouco mais de preparo físico e psicológico.

No meio tempo em que a viagem começou a ser planejada e o dia em que ela ocorre, houveram diversas mudanças, inclusive de pessoal e algumas até de última hora, infelizmente o Danilo teve alguns contratempos e não pode nos acompanhar na empreitada e teve que abandonar a trip na última semana!

Com a saída de última hora do Danilo o André convidou o Oscar, o Hermano de Santa Fe que não consegue nem falar GPS sem entregar sua gringoles hahaha!

Enfim, com o grupo de 8 fechado mudamos uma última coisa que foi o transporte, todos cancelamos nossas passagens de ônibus e fomos divididos em 2 carros. Eu, o Vinicius e o André fomos no carro da queridíssima Carol e o Andy, A Marta e o Oscar foram com o William. Saímos de São Paulo por volta da meia noite e chagamos em Passa Quatro por volta das 3:30 da manhã do dia 16. Chegando lá, nos encontramos todos em frente a casa do Edinho que nos levaria até a entrada para a trilha (quem já fez ou já leu sobre serra fina conhece a figura), não arriscamos subir até a fazenda serra fina com nossos carros comuns por que ouvimos dizer que a estrada estava péssima (#dica: se não tiver chovido na semana da pra subir de carro normal sim, vai penar um pouco com os buracos e com as subidas íngremes mas vai conseguir chegar lá!). O traslado ficou em 300,00, divido em 8 não ficou pesado pra ninguém!

Chegando na fazenda, uma senhora veio nos atender com um livro para que assinássemos e nessa parte eu já estava morrendo de frio, depois de 1 hora pegando vento na carroceria da bandeirante do Edinho eu já não estava sentindo nem minha alma, e aí não é que a tiazinha vem de saia comprida e camiseta, como se tivesse um calor de 30 graus quando na verdade estava na beira dos 12.

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Livro assinado e cargueiras nas costas era hora de partir para a trilha! A trilha para a pedra da mina via paiolinho é uma das mais diversificadas que eu já vi, você começa dentro de uma mata fechada com características de floresta tropical, e termina em uma montanha com muito pedregulho e vegetação rasteira e espinhenta típica de florestas de altitude. A trilha se inicia dentro da própria fazenda à aproximadamente 1570m de altitude, e começa com aproximadamente 1km de subida leve seguido por descida leve de 1km também, após percorrer esses 2km você chegará ao primeiro ponto de água, onde você vai ficar babando com os poços d'Água que a corredeira forma, sem brincadeira, é a água mais cristalina é mais pura que você vai beber na sua vida! (#Dica: sugiro que você comece a trilha com o mínimo de água possível e ande com o mínimo também até o terceiro e último ponto de água).

Atravessando a pequena corredeira você continuará por uma trilha de mata fechada (nesse final de semana que escolhemos pra ir estava tendo uma competição de corrida de montanha, a KTR. Dessa forma, a trilha estava bem aberta e muito visível, mas eu acredito que normalmente seria necessário um pouco mais de atenção pra não se perder). Andando mais a frente você passará pelo segundo ponto, não pegamos água nesse. Após esse ponto a trilha começa a ficar mais íngrime e você começará a ganhar um pouco de altitude.

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Logo no final da mata e no início da montanha existe uma clareira que você pode usar pra comer uma barrinha ou tomar um carb up (confie em mim, você precisará de energia para a próxima etapa), mas cuidado com as abelhas. A melhor parte é que logo à frente dessa clareira está localizado o último ponto de água, é aí que você deve encher todas os seus reservatórios para não faltar água no resto da subida e no dia seguinte quando você retornar, pois os próximos pontos não são permanentes e podem não estar lá dependendo da época que você for, te sugiro a subir com no mínimo 4 litros para não ter problemas.

Deixando o último ponto de água, você começará a subir para valer agora, a primeira parte ainda é leve e é caracterizada por ser coberta por um capim elefante (use roupas longas para não se arranhar), saindo da vegetação você se deparará com o "Deus me Livre" (lembra que eu disse que você precisaria de energia? Pois é aí mesmo que a maioria será gasta). O Deus me livre é uma ascensão bem íngrime pela rocha em que você escalaminhará até o cume da formação rochosa e ganhará nada menos que 500 metros de altitude em uma paulada só! Não subestimem esse morro, eu vi neguinho da corrida arregando no meio dele, tomando capote por causa de câimbra e passando mal de sede, até ajudamos alguns que estavam nessa condição, com sal e repositor de eletrólitos.

Minha dica é que você suba devagar, no ritmo do mais lento (caso esteja em grupo) e sem pressa, assim quando você chegar ao cume você poderá prosseguir até a próxima área de descanso ao invés de ficar lá em cima tomando sol na cabeça.

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Lá de cima você conseguirá enxergar o falso cume da pedra da mina, que é uma montanha enorme que esconde nas suas costas o cume verdadeiro da pedra da mina, esse por sua vez ainda não é visível dessa perspectiva.

Muito bem, prossiga pela trilha descendo e subindo os 2 morros entre o topo do deus me livre e o início da subida do falso cume (apelidado gentilmente pelo nosso amigo Will de "Puta que Pariu"). Ao chegar ao pé do falso cume você encontrará uma clareira bem agradável e sentirá até vontade de acampar por ali, dependendo do seu grau de cansaço. Nós paramos ali por aproximadamente uma hora para descansar, uns aproveitaram o tempo para almoçar, outros para dormir, (alguns dormiram tão profundo que alegam ter sonhado que chegaram no cume hahahaha).

Como eu estava pilhado na adrenalina, resolvi parar por alguns segundos e subir a frente do grupo antes que meu corpo esfriasse e a dor no joelho aparecesse.

Essa subida também não deve ser subestimada, ela é extensa e técnica (não tanto quanto a do deus me livre, mas ainda sim não é uma subida simples), então tome seu tempo, beba água, pare alguns minutos para retomar o fôlego se necessário.

Muito bem, chegando lá em cima do falso cume você já começa a ter uma visão muito mais ampla, já consegue enxergar o vale do Paraíba, as montanhas do Itatiaia e ainda tem a visão de Minas Gerais. Após alguns minutos que eu atingi o topo, os últimos 2 competidores da corrida chegaram lá, exaustos mas maravilhados com a paisagem, assim como eu. Eram eles o Luiz, de Atibaia-SP e o Vitor, de BH. Conversamos um pouco, trocamos contatos e eles iniciaram seu retorno montanha abaixo. Abrindo um parênteses gigante aqui para relatar um fato que eu esqueci de mencionar, quando chegamos em Passa Quatro, na frente da casa do Edinho estava um cachorro de rua muito simpático, brinquei com ele um pouquinho antes de partimos. Pois bem, quem estava lá em cima da montanha? O tal do cachorro, desidratado e incapacitado até de se mexer! Tentei dar água pra ele mas ele só conseguiu mexer a cabeça pra beber após alguns minutos. Eu não sou aquele tipo de pessoa totalmente animal friendly e coisa e tal, mas ver aquele cachorro lá em cima abandonado (ele deve ter seguido os corredores e não conseguiu retornar com eles devido ao cansaço), me partiu o coração. Logo em seguida meus companheiros chegaram e eu decidi que levaria o cachorro conosco pra cima e o levaria de volta para cidade no dia seguinte. O problema é que o cachorro não conseguia nem andar de tão cansado, então eu o carreguei por boa parte do fim do trajeto, resultando em uma lesão no joelho que me atrapalhou muito no dia seguinte (já adianto que valeu muito a pena). Fechando o parênteses, continuamos rumo ao cume verdadeiro, caminhando montanha a baixo e acima até o acampamento base que fica no pé da pedra da mina. Lá paramos pela última vez antes de atingir o nosso objetivo. A última subida é inteira pela pedra e bem sinalizada por totens, não tem como se perder.

Quando chegamos ao topo já era aproximadamente umas 3 da tarde e estávamos todos exaustos, mas a vista compensaria todas as gotas de suor, todos os músculos e ossos que estavam doendo, todo o esforço que fizemos para chegar naquele ponto. O vento lá em cima é extremamente forte e constante, nos agasalhamos bem e fomos assinar o livro do cume onde nos deparamos com mais 3 pessoas que estavam acampadas lá (uma inclusive era um morador de São José do Rio Pardo, cidade onde meus pais moram, que coincidência não?)

Após assinar o livro, montamos as barracas e nos preparamos para jantar e dormir, já que o por do sol não poderia ser visto por conta da serração que tomou conta da montanha.

Após jantar, montei uma espécie de abrigo improvisado pro nosso dog dormir um pouco mais confortável e protegido do frio.

Como não conseguimos ver o céu estrelado, eu e o Oscar fomos pra barraca descansar e combinamos de acordar de madrugada pra contemplar as estrelas. Acordamos então as 3 da manhã e o céu estava tão iluminado pelas estrelas que não precisava nem de lanterna para andar em cima da pedra! Galera, eu sei que todos falam do céu do Atacama e tal, mas aquele céu é simplesmente maravilhoso, dava pra ver as marcas das estrelas que estavam mais distantes, as estrelas mais próximas brilhavam tanto que até ardia os olhos! Infelizmente o frio estava muito intenso e o vento castigava muito, então logo eu voltei pra me abrigar, mas o meu companheiro de barraca ficou lá tirando mais algumas fotos (as fotos de céu estrelado mais lindas que eu já vi).

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Quando entrei na barraca adivinha quem já estava lá dentro? O dog! Tomei um baita de um susto, mas fiquei feliz com a companhia e deixei ele dormir entre minhas pernas em cima do saco de dormir!

Acordamos novamente as 05:45 para ver o sol que já estava quase nascendo. E se eu não fui enfático o suficiente com as outras paisagens que eu havia visto no caminho, vou ser agora, por que PU** QUE PARIU, QUE AMANHECER MAIS FO** DO MUNDO! Sério cara, o sol nasce atrás do parque nacional do Itatiaia em cima certinho de uma montanha e deixa você boquiaberto!

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Para finalizar, retornamos pelo mesmo caminho, sem maiores problemas, mas vale ressaltar que o dog ficou tão agradecido que eu cuidei dele que ele veio o caminho de volta inteiro cuidando de mim. Toda vez que ele se distanciava na frente ele me esperava e assim que eu passava por ele, ele me seguia! Para chamar ele eu só precisava assobiar uma vez e ele já estava no meu pé. Nunca vi um ser tão grato e obediente me toda a minha vida, foi de emocionar!

Esse foi meu relato sobre uma viagem muito intensa, com um trekking bem forte e uma galera muito animada e alegre, sem eles nada daquilo teria acontecido! Gostaria de agradecer a cada um de vocês, por me aturarem e serem parceiros, e gostaria de agradecer em especial ao grande André e o Danilo que se prontificaram a organizar essa trip maravilhosa!

Espero que vocês tenham gostado, segue abaixo o link do vídeo que eu fiz ressaltando os pontos cruciais da trilha!

 

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