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Travessia Cataratas dos Couros - Cachoeira do Segredo, Chapada dos Veadeiros


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Aproveitamos a última semana para realizar uma pernada desejada há algum tempo, a Travessia das Cataratas dos Couros à Cachoeira do Segredo, na Chapada dos Veadeiros. Como Peter e eu iremos fazer o circuito de Huayhuash esse mês, a caminhada ainda serviu pra desenferrujar as articulações. A maior fonte de informação foi um relato aqui do mochileiros: travessia-segredo-a-cataratas-dos-couros-chapada-dos-veadeiros-45km-t48595.html e em conversas com um guia de São Jorge. Confesso que o relato superestimou tanto a distância, que não passa de uns 32km, como a dificuldade da travessia e que fomos preparados pra uma pernada bem mais complicada do que encontramos. Pra quem tem noção de navegação e experiência com trekking, a travessia fica relativamente fácil e pode ser feita somente com um mapa, pois a maior parte da trilha está bem marcada. Éramos três caminhantes nessa empreitada, além de mim, meus amigos Adriano Durães e Peter Tofte. Depois de analisarmos alguns fatores, decidimos realizar a travessia no sentido inverso à relatada, partindo de Couros e chegando na Fazenda do Segredo. Encontramo-nos na quinta, 01/08 na GO-239, na entrada da Fazenda do Segredo por volta das 20:00 horas. Seguimos até a entrada para a cachoeira onde mora o Tiago, que nos deixou guardar o carro no pátio da casa dele após ouvir nossas pretensões. Voltamos até a portaria da fazenda com o intuito de pagar as entradas, mas não havia ninguém lá, decidimos então ir pra Alto Paraíso e pagar as entradas quando terminássemos a travessia. Depois de uma pizza e algumas cervejas fomos pra o hostel curtir a cama. Acordamos cedo e ligamos prum taxista que iria nos levar até as Cataratas dos Couros. Ele nos pegou às 07:40 e após um breve café na padaria rumamos pra estrada. Chegamos por volta de 09:30 e com 15 minutos de caminhada alcançamos a primeira cachoeira. Em contraste com a fria noite anterior, o dia estava ensolarado e muito quente. Deixamos nossas mochilas no alto da cachoeira, na margem direita do Rio dos Couros e depois de um bom banho, seguimos nosso caminho às 11:00 horas.

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A trilha começa bem batida por um campo sujo na margem direita (verdadeira) do rio e segue sentido norte , depois atravessa um geral e pouco antes de chegar a uma mata, há uma bifurcação. Aqui há duas opções, pode-se pegar à esquerda e contornar a mata no sentido sudoeste, cruzando um córrego no final dessa mata e dali seguir a trilha sendido noroeste ou pegar à direita, contornar dois morrotes e depois seguir à oeste por um campo sem trilha e cruzar o córrego que pouco abaixo entra na mata um pouco mais densa. Seguimos pela segunda opção e aproveitamos esse ponto de água para almoçar. Logo após o córrego há uma estrada que seguindo à esquerda nos levou ao lugar do primeiro pernoite programado, um poço onde na época das chuvas há uma cachoeira, próximo a uma casa que estava repleta de bandeirolas de São João. Como chegamos muito cedo, às 15 horas, deixamos as mochilas ali e fomos explorar o lugar e decidir se continuávamos até o próximo ponto de água ou dormiríamos ali mesmo. Fomos até a borda do Cânion da Boa Vista de onde se tem um ótimo visual e depois de algumas fotos e de olhar o trajeto que faríamos, decidimos dormir ali mesmo, no caminho de volta ao local do camping, encontramos um saco de lixo jogado no cerrado, sinal de que algum idiota tinha passado por ali. Após montarmos o acampamento fomos tomar um banho no poção formado logo abaixo de onde ficava a cachu, e mesmo na seca chegava há uns 6 metros de profundidade. Como brinde ganhamos gratuitamente aquela terapia em que os peixes se alimentam dos tecidos mortos. Mas acho que os peixes daquele poço não foram treinados adequadamente, pois não diferenciavam os tecidos mortos dos vivos, mordendo qualquer coisa que entrasse na água. Fizemos o jantar e ficamos batendo papo até mais tarde. Depois de mais uma noite fria, acordamos antes das 06:00 da manhã.

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Depois de mais um banho e algumas mordidas às 08:06 rumamos em direção à Serra da Boa Vista. Nesse dia não há trilha no começo do trajeto, seguindo um campo sujo e logo depois, subindo a encosta do morro. O início da subida é um pouquinho íngreme, mas logo alcançamos a crista e a pernada fica suave. Lá no alto, mais uma vez deixamos as mochilas e fomos dar outra olhada no cânion. Seguimos a crista sentido norte até o cucuruto mais alto e depois encontramos uma trilha que seguia morro abaixo sentido noroeste. Do alto pudemos observar uma vereda com bastante buritis, onde provavelmente há água. Não fomos até lá, pois o Peter visualizou a continuação da trilha logo após a grota no fundo do vale, a qual subia a encosta no sentido sul. Essa trilha está bem marcada, cortando a Serra da Boa Vista no sentido sul e depois vira a oeste atravessando um geral até descer a encosta para o vale do rio Segredo. A caminhada seguia muito divertida com muitas piadas e brincadeiras, haja “todinhos e danoninhos” pra alimentar as piadinhas. Nas margens desse rio há uma área de camping pra umas três barracas. Aproveitamos pra almoçar às margens do rio e diminuir o calor com um banho de rio. A trilha segue a margem direita do rio por cerca de 40 minutos, quando cruza-o novamente. Ali demos uma olhada pra ver se dava pra acampar. Continuamos na trilha por mais 10 minutos onde largamos as mochilas e fomos dar uma olhada num geral à direita da trilha principal. Ali do geral, na borda da serra tivemos a primeira vista da Cachoeira do Segredo, tentamos identificar a trilha de descida, mas não conseguimos. Como tinha sinal de celular, ligamos pras respectivas esposas pra darmos notícias. Resolvemos acampar na margem do rio ali no alto e deixar pra descer no dia seguinte. Voltamos para o local onde tínhamos deixado as mochilas e de lá retornamos por 10 minutos até à margem do rio Segredo. Há uns 100 metros acima do local onde a trilha cruza o rio há uma área boa pra acampar, com um ótimo poço pra banho. Depois de montar o acampamento, mais um banho com terapia de peixinhos e muitas piadas por parte de todos nós. Para o jantar preparamos feijoada com arroz, apesar de o Peter e o Adriano reclamarem que preferiam danoninho com todinho. Hehehehehee!

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Essa noite foi menos fria que as demais e acordamos bem mais tarde. Depois de arrumarmos as coisas, por volta das 09:20 iniciamos o caminho pra Cachoeira do Segredo, seguindo a trilha que depois de uns 20 minutos fica meio apagada com algumas árvores caídas sobre o caminho. Por falta de atenção, não percebemos a descida pra cachoeira e continuamos na trilha que contornou o morro e foi acabando até entrar numa mata fechada. Depois de cruzar um capinzal encontramos uma trilha de animais, seguimos à esquerda e chegamos há um bebedouro num riacho, seguindo na outra direção encontramos a trilha que leva à cachoeira uns 500 a 600 metros adiante. No caminho pra cachoeira encontramos a trilha que leva ao alto da serra, bem mais fácil que o caminho que tomamos. Cerca de 1 quilômetro depois alcançamos a cachoeira. Uma das mais magníficas da Chapada dos Veadeiros, ela fica no final de um cânion, escorrendo no paredão verde pela presença de liquens. Ao entrar na água parece que seu corpo está sendo perfurado por agulhas, o quanto a água é gelada. Sem dúvida a água mais fria que enfrentei aqui no Brasil. Peter e eu nadamos até a queda d’agua, o Adriano preferiu não entrar na água, pois corria o risco de pegar um resfriado. Kkkkkkkkkkkk!

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Dali foram 4km de trilha e mais 5km de uma estrada poeirenta aberta esse ano até a entrada da fazenda, onde pagamos R$ 25,00 por pessoa e mais R$ 15,00 de estacionamento do carro. O final da pernada foi com o almoço no Rancho do Sr. Waldomiro com a deliciosa matula. Pra quem tiver interesse, é uma travessia bem legal que corta uma linda parte do cerrado da magnífica Chapada dos veadeiros.

Apesar do nosso colega Afonso ter dito que não aconselha a realização da travessia sem guia, minha humilde opinião é totalmente contrária. Pra quem tem experiência em trekking, essa é uma pernada relativamente fácil, sem grandes variações no terreno, com a maior parte da trilha bem marcada e por uma região de fácil navegação, como recompensa, você passará por alguns cenários fantásticos, como as Cataratas dos Couros, o cânion da Boa Vista e a Cachoeira do Segredo.

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Show de bola Renato!!! ::otemo::::otemo::

Vendo estas cachoeiras, banhos, gerais, canions e campos dá uma vontade enorme de trilhar por estas bandas, bem diferente das trilhas por aqui.

Se você achou fria a água daí nem tu nem imagina como são TODOS os rios por aqui, tem que ser verão e sol a pino pra encarar...

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  • Membros de Honra

Concordo com o Renato: a travessia não é difícil para quem tem experiência em trekking.

 

A cachoeira do Segredo é uma das mais bonitas que vi no Brasil. Só ela já vale a travessia.

 

Acrescentando mais algumas fotos, tiradas na minha máquina.

 

Bonita sempre-viva:

 

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Eu no geraldão, terreno fácil de caminhar:

 

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Barracas montadas no final do 1º dia:

 

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Subindo a serra no início do 2º dia:

 

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Adriano e Renato no mirante da cachoeira do Segredo:

 

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Fácil adivinhar porque se chama cachoeira do Segredo!

 

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Na mata que não deveríamos ter pego. Mas valeu pela beleza do local, apesar dos carrapatos!

 

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Renato, Adriano e eu, felizes após comer a matula, no final da caminhada:

 

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Agradeço ao renato e ao Adriano, excelentes companheiros de trekking! Excelente pernada.

 

Abs, peter

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  • Membros de Honra

Otávio, obrigado!

Venha pra cá qualquer dia desses conhecer nosso cerrado. Rapaz, acho que as águas do Segredo devem competir com as geladas daí. Nadei em lagos na Patagônia e as do poço da cachu estão quase na mesma friaca, nunca imaginei que pudesse ter uma água tão gelada no nesse calorzão de Goiás.

 

Peter, eu é que tenho a agradecer sua companhia e paciência com as molecagens. Também achei a pernada excelente!

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  • Membros de Honra

Muito interessante essa pernada, Renato! Unindo dois lugares fantásticos da Chapada dos Veadeiros através de uma serra belíssima. Já despertou a minha vontade de voltar a essas paragens e concretizar algumas travessias.

 

Parabéns pelos seus relatos, sempre interessantes e bem escritos. Sem exageros e maluquices.

 

Como você já tem uma coleção de bons relatos dispersos pelo Mochileiros, sugiro montar um catálogo no seu perfil, como fizemos eu e o Getúlio, ou na sua assinatura, como fez o Otávio. Seria legal para a gente acompanhar todas as suas aventuras. Que tal?

 

Abraço.

Rafael

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  • Membros de Honra

Valeu Adriano!

 

Mais algumas fotos.

 

A única espécie de conífera do cerrado:

 

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Primeira travessia do Rio Segredo, local do almoço do 2º dia:

 

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Começo da mata, descendo para a cachoeira do Segredo:

 

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Prestes a entrar no canyon estreito da cachoeira:

 

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Descendo o rio Segredo rumo a fazenda, onde deixamos o carro:

 

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O rio Segredo é muito bonito.

 

Abs, Peter

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  • Membros de Honra

Pra quem tiver interesse em fazer a travessia vão alguns dados:

Distância do estacionamento do Rio dos Couros ao estacionamento do Segredo: 29,5km, acrescente mais uns 3km pra ir e voltar do 1º camping à borda do cânion e do 2º camping ao mirante da Cachoeira do Segredo por cima. Nós andamos um pouco mais, cerca de 3,5km, pois pegamos outro caminho na descida pra cachoeira, bem mais sujo e complicado que o caminho correto.

Estacionamento - Rio dos Couros: 0,7km

Rio dos Couros - 1º ponto de água: 4km

1º ponto de água - 1º camping: 4km

1º camping - 2º ponto de água: 7km

2º ponto de água - 2º camping: 2km

2º camping - Cachoeira do Segredo: 2,8km

Cachoeira do Segredo - Estacionamento da fazenda: 9km (não medidos)

 

Imagem do trajeto

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Arquivo do google earth

Cataratas dos Couros - Cachoeira do Segredo.kmz

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  • Membros de Honra

Mais uma ótima caminhada pessoal e belíssimas fotos. ::otemo::

Me deram uma nova perspectiva da Cachoeira do Segredo com a visão concreta da topografia diante dela. Até agora imaginava que ela se abria para um vale.

O fato dela estar no fundo de um cânion rochoso por si explica ter suas águas tão frias em meio ao Cerrado... Leito rochoso, limitada incidência de raios solares diretos e o vento canalizado pelo cânion criam um micro-clima característico.

Peter você sabe o nome desta conífera? E se os nativos do Cerrado fazem algum uso dela?

Abraços.

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