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  • Membros de Honra

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Cachoeira do Aiuruoca

 

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/135/135" onclick="window.open(this.href);return false;.

 

A travessia Rebouças-Mauá é uma caminhada clássica do Parque Nacional do Itatiaia que permaneceu proibida durante cerca de duas décadas, até ser oficialmente reaberta em junho de 2011. Ela tem início no abrigo Rebouças, passa pela base da Pedra do Altar, desce ao vale do Aiuruoca, contorna os Ovos da Galinha, adentra o Vale dos Dinossauros (nascentes do Rio Preto) e desce pelo Mata-Cavalo até o Vale das Cruzes, entre Mauá e Maringá.

 

Para mim essa caminhada tem um significado especial pois deveria ter sido a minha primeira travessia se o tempo tivesse permitido. Na ocasião, decidimos abortar no abrigo Rebouças devido à chuva, frio intenso e neblina depois de ter caminhado desde a sede do parque, na parte baixa. Isso foi em 1991. Logo depois as travessias no Itatiaia foram todas fechadas.

 

No ano passado eu e alguns amigos quase fizemos essa travessia, mas novamente o tempo não ajudou e cancelamos a viagem. No final de semana passado essa pendência finalmente foi acertada, e em grande estilo. O Rodrigo ficou responsável pela autorização para a travessia (solicitada pelo e-mail reserva@abrigoreboucas.com.br) e eu me incumbi de fechar um transporte para nos levar de Itanhandu à portaria do parque.

 

1º DIA: DO ABRIGO REBOUÇAS AO RANCHO CAÍDO

 

Na sexta-feira partimos de São Paulo eu, Rodrigo, Gibson, Ronald e Amarildo no ônibus da Cometa das 23h30 em direção a Itanhandu, onde desembarcamos às 4h07. Às 4h45 chegou o nosso transporte, a kombi do Amarildo de Itamonte, que nos levou até a portaria da parte alta do parque, mas não sem antes termos uma parada numa padaria de Itamonte para um rápido dejejum.

 

Chegamos à portaria do parque (Posto Marcão) às 7h15, preenchemos e assinamos a papelada e demos início à caminhada às 7h45 com muito frio pois o sol ainda não havia alcançado o começo da estrada que leva ao Rebouças. Na portaria o termômetro acusava 5ºC. A altitude é de 2444m. Uma pausa próximo ao abrigo, 3km depois, para pegar água e terminar de ajeitar as mochilas e partimos às 8h45 com sol mais forte, logo começando a dispensar as blusas grossas.

 

O caminho é o mesmo que leva às Agulhas Negras até a bifurcação depois da ponte pênsil. Pouco mais de 100m depois da ponte toma-se a esquerda na primeira bifurcação (com placa) e à esquerda novamente na segunda bifurcação, 30m depois da primeira, essa mais sutil e sem placa (à direita se vai à Asa de Hermes). Na subida acentuada que se segue paramos para descansar e ver os vários grupos que se aventuravam na subida das Agulhas. Às 10h20, no final da subida, uma clara bifurcação leva à direita à Pedra do Altar. Mas nosso caminho era à esquerda, descendo. Observação: esse é o ponto mais alto de toda a travessia, 2575m.

 

A trilha passa aos pés do grande rochoso que é a Pedra do Altar e logo inicia a descida ao Vale do Rio Aiuruoca. Uma curiosidade: nesse momento estamos saindo do estado do Rio e passando para terras mineiras. Logo se avista no fundo do vale, mais para a direita, a intrigante formação de pedras arredondadas sobrepostas a uma base conhecida como Ovos da Galinha. E à direita vai surgindo a bela Pedra do Sino (9ª montanha mais alta do Brasil segundo o Anuário Estatístico do IBGE), com sua encosta esquerda bem alongada, por onde se tem acesso fácil ao cume. Alcançamos o Rio Aiuruoca e o atravessamos sem dificuldade para chegar às 11h45 a sua bela cachoeira, caminhando pela margem direita.

 

O dia de sol estava perfeito para fotos do verde e transparente poço, assim como para uma pausa para lanche e até um cochilo ao som relaxante da queda-d'água. Ali um grupo de oito pessoas que também estava fazendo a travessia nos alcançou e seguiu na nossa frente.

 

Explorei por ali a trilha que vai para as Cabanas do Aiuruoca pois é na cachoeira que as travessias da Serra Negra e Rancho Caído se separam. A travessia da Serra Negra desce até as cabanas, passa pelo bairro da Serra Negra e termina na vila da Maromba.

 

Partimos às 13h10 subindo de volta alguns metros a margem do rio e quebramos para a esquerda sem atravessá-lo, iniciando a aproximação e o contorno dos Ovos da Galinha pela esquerda. Paralelas à trilha atual, valas profundas registram o local exato do caminho original, carcomido pela erosão e pelo trânsito durante décadas. Estacas de madeira finas e altas pintadas de vermelho confirmam o caminho certo durante boa parte da caminhada a partir daqui.

 

Terminada a subida que deixava o vale do Aiuruoca para trás, alcançamos às 13h57 um mirante aos 2507m que nos deixou boquiabertos com tamanha beleza. Bem à nossa frente, gigantes e magníficos, o Vale dos Dinossauros e uma longa crista culminando no imponente Pico da Maromba. À direita, a quase onipresente Pedra do Sino. À esquerda, mais distante, a Pedra Selada de Mauá. E mais à esquerda, ainda bem mais distante, o Pico do Papagaio. Uma visão realmente estonteante.

 

A descida que se seguiu deu a impressão de que tomaríamos a direção direta para Mauá (nordeste), porém a trilha dá uma grande volta em forma de ferradura inicialmente pela borda do imenso Vale dos Dinossauros, passa pelo Rancho Caído e fecha no vale que corre paralelo à crista do Pico da Maromba. Só então alcança a longa ladeira conhecida como Mata-Cavalo e embica de vez para nordeste.

 

Pois bem, descemos do mirante ao Vale dos Dinossauros às 14h15 e paramos para pegar água nas nascentes do Rio Preto às 14h43, num córrego que corria para nordeste e que lá embaixo forma o largo rio que atravessa as vilas de Maromba, Maringá e Mauá. Tanto aqui como lá ele marca a divisa entre Minas e Rio, ou seja, estávamos voltando ao território fluminense. Poucos metros depois uma grande rocha clara do lado direito da trilha chama a atenção pelo topo com quatro pontas, lembrando os quatro cumes do maciço das Agulhas Negras, que aliás está exatamente atrás dela.

 

Passamos por um bom local de acampamento mas preferimos ir até o Rancho Caído para tentar pernoitar lá. Continuando, saltamos mais dois riachos e às 16h chegamos ao Rancho, porém o outro grupo já havia tomado conta dos melhores lugares e preferimos seguir até o próximo ponto de acampamento marcado no gps. Vale dizer que nada mais resta do rancho que dá nome ao lugar, dizem que ele existia ali há muito tempo, várias décadas atrás. Algumas araucárias fora de contexto, em pleno campo de altitude, são a marca registrada do local, a 2296m de altitude. Há bastante água por perto.

 

Continuamos pela trilha menos de 500m e tivemos que nos acomodar de alguma maneira no capim mais baixo que encontramos à direita da trilha antes de uma descida. Montadas as barracas, procuramos um ponto um pouco mais acima para assistir ao por-do-sol, porém um morro alto bem na direção do sol nos impediu de vê-lo pousar avermelhado sobre o horizonte. Dali foi voltar ao acampamento e botar os fogareiros para trabalhar em meio a mais conversas e muitas risadas. Depois cada um para seus aposentos para dar início à sinfonia de roncos que se estendeu madrugada adentro.

 

Nesse dia caminhamos 14,7km.

 

2º DIA: DO RANCHO CAÍDO AO VALE DAS CRUZES

 

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Pedra Selada de Mauá vista da descida do Mata-Cavalo

 

O horário combinado de sair das tocas foi 7h. Desmontado o acampamento sem pressa, começamos a caminhar às 8h45. A trilha desceu até um riacho e subiu até um ótimo mirante que proporcionou visão das Agulhas e Pedra do Sino para trás (sudoeste) e Visconde de Mauá e Pedra Selada para a frente (nordeste). Desse mirante passamos para a outra vertente dessa serra e começamos aos 2310m de altitude a longa porém suave descida chamada de Mata-Cavalo, na qual avistamos também o Vale do Paraíba ainda coberto por um tapete de nuvens. Às 10h09 deixamos o campo de altitude e o sol forte para começar a caminhar na mata alta e fresca, na altitude de 1995m. Mais 5 minutos de descida e topamos com uma bifurcação que à esquerda morria numa clareira de acampamento que devia comportar bem umas três barracas apenas. Andamos alguns passos para a direita e paramos no riacho para um breve descanso e apanhar água.

 

Às 10h30 uma bifurcação importante (1952m): para a esquerda a saída pela Cachoeira do Escorrega da Maromba, distante cerca de 4,7km; para a direita o caminho para o Vale das Cruzes, considerado a saída oficial, por onde continuamos. Seguiu-se um longo trecho de bambus sem nenhuma dificuldade, uma bifurcação em T onde fomos para a esquerda, um riacho que atravessamos pulando as pedras. Às 12h33 uma cachoeirinha e as primeiras casas marcam o fim da trilha, aos 1316m de altitude, desnível de 994m desde o início do Mata-Cavalo. Depois de uma porteira aberta caímos no final da estrada de terra do bairro Vale das Cruzes. Por ela bastou tocar mais 3,6km até a estrada que liga as vilas de Mauá, Maringá e Maromba. Ali às 13h30 me separei do pessoal pois tinha horário para chegar em São Paulo. Eles foram almoçar em Maringá, a 2km dali para a esquerda, para depois pegar o ônibus da Resendense que sai da Maromba às 16h45. Eu fui direto para Mauá (direita) comendo muita poeira por mais 3,5km na intenção de pegar o ônibus da viação São Miguel que saía de Mauá às 15h. Saía... faz meses que esse horário mudou para 17h. Como eu queria chegar logo em Resende, o jeito foi ficar plantado no ponto de ônibus pedindo carona. Quase 1h30 depois, já sem esperança, consegui uma carona... para São Paulo!!! Foi a sorte grande. Saímos de Mauá às 15h45 e com os congestionamentos de final de férias cheguei em casa às 21h40.

 

Nesse dia caminhei 14,8km até Visconde de Mauá (o pessoal caminhou um pouquinho menos até Maringá).

Total da travessia (desde o Posto Marcão até a praça central de Mauá): 29,5km.

 

Dicas:

 

. Assim que cheguei a Mauá fui à casa branca que fica do lado esquerdo da igreja (na entrada da vila, em frente ao campo de futebol) e depositei na caixa de metal da porta o canhoto da autorização da travessia, conforme orientação dada na entrada do parque.

 

. O pedido de autorização para as travessias deve ser enviado no prazo mínimo de 10 dias úteis e máximo de 30 dias. Mais informações no site http://www.icmbio.gov.br/parna_itatiaia" onclick="window.open(this.href);return false;. Os e-mails são parnaitatiaia.rj@icmbio.gov.br e reserva@abrigoreboucas.com.br (é melhor tentar nos dois e ainda ligar se eles não responderem).

 

. No parque pagamos R$11 pelo primeiro dia e R$5,50 pelo segundo dia. Não é cobrado pernoite fora do abrigo/camping Rebouças.

 

. O transporte de Itanhandu ao parque foi feito pelo Amarildo de Itamonte (celular Tim 35-9129-7522). Ele cobrou R$200 pelo frete em sua kombi. Para um grupo menor, pode-se contatar o sr Mauro no celular Tim 35-9176-3152. Ele tem um Fiat Uno.

 

. A empresa que faz as linhas São Paulo-Itanhandu e Resende-São Paulo é a Cometa (http://www.viacaocometa.com.br" onclick="window.open(this.href);return false;).

 

. Os horários do ônibus da viação Resendense (24-3354-1878) são:

de Resende para Maromba:

segunda a sexta: 5h30, 10h30, 15h, 15h30, 17h30

sábado: 5h30, 14h, 15h

domingo: 8h, 14h, 16h

de Maromba para Resende:

segunda a sexta: 6h, 7h40, 11h, 13h, 17h45, 19h45

sábado: 7h40, 11h, 17h15

domingo: 9h, 10h15, 16h45

 

. Os horários do ônibus da viação São Miguel (24-3360-9351) são:

de Resende para Mauá:

segunda a sábado: 8h30, 13h40, 19h

domingo e feriado: 8h, 19h

de Mauá para Resende:

segunda a sábado: 6h30, 10h15, 17h15

domingo e feriado: 6h, 17h

 

. As informações de linhas e horários de ônibus acima foram obtidas no posto de apoio ao turista de Visconde de Mauá em 29/07/2012. Não estou reproduzindo informações desatualizadas da internet.

 

. Algumas altitudes da travessia:

Posto Marcão - 2444m

Abrigo Rebouças - 2382m

Cachoeira do Aiuruoca - 2363m

Rancho Caído - 2296m

início do Mata-Cavalo - 2310m

fim da trilha e início da estrada no Vale das Cruzes - 1316m

Visconde de Mauá - 1042m

 

Rafael Santiago

julho/2012

Editado por Visitante
  • Amei! 1
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  • Membros de Honra

Olá Rafael!

 

 

Muito bom o relato e as fotos. Fico feliz em ver o pessoal compartilhando informações, em especial sobre travessias "clássicas" como esta no Itatiaia, que esteve bastante tempo proscrita.

 

Abraço!

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  • Membros de Honra

Ótimo relato Rafael, parabéns e obrigado pelos detalhes logísticos e o contato de transporte até a Portaria Agulhas Negras que geralmente é a parte mais complicada para quem pretende chegar na parte alta do Itatiaia.

Esta é outra travessia que também estou pra fazer a muito tempo, mesmo antes de ser reaberta oficialmente. Em abril mais uma vez planejei fazê-la no primeiro final de semana, mas também tive que abortar em cima da hora devido ao mal tempo.

O Augusto também estava planejando fazê-la solo algumas semanas atrás precedendo com um ataque ao Couto, não tive notícia se ele conseguiu. Se sim daqui a pouco teremos outro belo relato pintando aqui. ::otemo::

 

Abraço.

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  • Membros de Honra

Obrigado, Getulio, Sandro e Otávio.

Gosto mesmo de trazer sempre informações atualizadas e mostrar a logística das caminhadas para provar que um simples fim de semana pode ser preenchido com um belo passeio, como esse de Itatiaia. Não precisamos esperar os tumultuados feriados para isso.

Ah, Sandro, acrescentei o contato de um outro taxista de Itamonte que tem um Fiat Uno, para o caso de um grupo menor.

Abraços.

Editado por Visitante
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  • 2 semanas depois...
  • 4 semanas depois...
  • Membros de Honra

Fala Rafael.

 

Que pena que vcs não ficaram no Rancho Caído.

Naõ sei de qual relato eu li, mas é verdade que uma parte do grupo que tava no Rancho tava pelado qdo vcs passaram? ::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::::lol4::

 

Também fiz essa mesma travessia 1 semana antes de vcs, mas fiquei dentro do Parque mais de 1 dia e mais outro em Maromba.

Tomei um susto qdo cheguei no Parque, já que planejava ficar no Rebouças, mesmo sem reserva, mas no final deu tudo certo.

Cheguei no Rancho Caído por volta das 14:00 hrs e deu p/explorar bem a região e encontrei varios pequenos descampados no meio do bambuzal e da mata, ao lado do principal.

É p/ 1 ou no máximo 2 barracas pequenas, mas dividindo em varios descampados acho que vcs poderiam ter ficado ali sim.

Não quiseram chegar na Pedra do Altar? É um p. visual de lá.

Encontrei até uma trilha que desce na direção do Vale do Aiuruoca.

Talvez muita gente usa, pois corta caminho.

 

Fiz as contas depois e vi que pelo meu tempo de caminhada eu conseguiria subir também a Pedra do Sino, saindo de tras dos Ovos de Galinha.

Não imaginava que iria chegar tão cedo assim lá no Rancho Caído.

O relato que eu escrevi tá nesse link: clique aqui

 

 

 

Abcs

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  • 4 semanas depois...
  • Membros de Honra

Fala, Augusto, tudo bem?

É, aquela turminha gostava mesmo de ficar bem à vontade em qualquer riacho e cachoeira que encontrava. Fazer o quê? Era uma turma grande e preferimos ficar um pouco afastados para ter uma noite tranquila.

A Pedra do Altar o pessoal decidiu não subir, mas gostei da dica da trilha que desce direto ao vale do Aiuruoca. Vou explorá-la da próxima vez.

A Pedra do Sino tem um visual espetacular, inclusive para a borda leste, região pouco conhecida do parque que ainda quero explorar algum dia.

Grande abraço.

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  • 1 mês depois...
  • Membros

Fala Rafael,

 

Parabéns pelo relato cara, ficou muito bom e vai servir de base para minha travessia.

 

Estou pensando em dormir mais próximo a entrada do parque no dia anterior a trilha. Vc acha que dormir em Itamonte seria a melhor opção?? Ai de lá pega um taxi pra entrada do parque (Posto Marcão)??

 

Outra coisa aos que fizeram a trilha. O caminho costuma ser bem demarcado?? Qual a necessidade de se contratar um guia para nos acompanhar no trajeto??

 

É isso ai, obrigado

 

Gnd abraço

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