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  1. Resumo: Itinerário: De Águas da Prata a Aparecida Distância Aproximada Entre Origem e Destino pelo Mapa do Caminho da Fé: 309 km Distância Aproximada Percorrida Incluindo Passeios e Adicionais: 340 km Período: 22/03/2022 a 02/04/2022 (12 dias) Gasto Total: R$ 796,90 (só o meu gasto, sem contar os gastos dos meus primos-sobrinhos nos 2 primeiros dias) Gasto sem Transporte de Ida e Volta: R$ 765,90 - Média Diária: R$ 69,63 Ida: Viagem com meu primo Marcelo e seus filhos Carolina e Luís. Volta: Viagem pelo BlaBlaCar de Aparecida a São Paulo por R$ 31,00, com Winderson. Paradas: 22/03: Águas da Prata 23-24/03: Andradas – Percorremos o Caminho das 8h às 17h, cerca de 31 Km de progresso 25/03: Crisólia (município de Ouro Fino)- Percorri o Caminho das 8h30 às 16h30, cerca de 35 Km de progresso 26/03: Borda da Mata - Percorri o Caminho das 8h30 às 16h30, cerca de 37 Km de progresso 27/03: Estiva - Percorri o Caminho das 8h30 às 16h30, cerca de 39 Km de progresso 28/03: Paraisópolis: - Percorri o Caminho das 8h às 17h, cerca de 40 Km de progresso 29/03: Luminosa (município de Brazópolis) - Percorri o Caminho das 9h às 14h, cerca de 25 Km de progresso 30/03: Campos do Jordão - Percorri o Caminho das 8h30 às 17h, cerca de 40 Km de progresso 31/03: Gomeral (município de Guaratinguetá) - Percorri o Caminho das 8h30 às 16h, cerca de 32 Km de progresso 01/04: Aparecida - Percorri o Caminho das 8h30 às 15h, cerca de 30 Km de progresso 02/04: São Paulo Considerações Gerais Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, preços, acomodações, atrações no caminho e informações adicionais que eu achar importantes. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais ou ao longo do caminho. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis na internet. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Pode-se encontrar informações detalhadas sobre o Caminho da Fé em https://caminhodafe.com.br, incluindo mapas, hospedagens conveniadas, ramais, cidades e muitas outras. Em boa parte da viagem houve bastante sol. Houve algumas pancadas de chuva, geralmente no fim do dia. Dia com chuva mais prolongada foi só um e assim mesmo leve com picos rápidos de moderada. Houve poucos raios. A chuva, quando me pegou nas estradas, geralmente foi leve e breve. Chuva forte aconteceu por 2 vezes, mas quando eu já tinha chegado ao destino e estava abrigado. As temperaturas estiveram bem razoáveis (para um paulistano), variando de 14 C a 28 C. A sensação térmica às vezes era mais baixa por causa da chuva. A sinalização do Caminho pareceu-me muito boa. Não me perdi nenhuma vez, o que para mim é um recorde 😄. Nas áreas urbanas era bem detalhada. Nas áreas rurais era mais escassa, mas nos pontos relevantes estava presente. Viajei sem máscara o tempo todo. Só a usei quando entrei em estabelecimentos fechados. Espantou-me que em alguns locais, principalmente de Minas Gerais, muitas pessoas usavam máscara, mesmo na rua, ao contrário do que havia visto no interior de São Paulo em fevereiro, onde quase ninguém usava nem em locais fechados, exceto os funcionários. A vegetação, as paisagens rurais, os mirantes, as montanhas, as cachoeiras, os lagos, os rios, as construções históricas e típicas, as igrejas, os monumentos religiosos e tradicionais e os pequenos altares ou santuários agradaram-me muito . Vi alguns animais silvestres no caminho, sendo muitos pássaros (tucanos, corujas, saracuras, amarelos, verdes, pretos, azuis, marrons etc) e uma cobra. Acostumado a fazer caminhas em praias, resolvi tentar fazer o Caminho de chinelo 🩴, inclusive para tirar a dúvida se as bolhas ocorridas na primeira parte tinham sido pelo fato de eu ter andado descalço em parte do trajeto. E realmente acho que foram, pois desta vez não tive bolhas. Só precisei tomar muito cuidado nos trechos de serra em que havia pedras grandes soltas, para não me machucar com elas. Em relação aos dias chuvosos e às cachoeiras, o chinelo foi muito mais cômodo. Havia trechos com plantações, que foi variando de tipo ao longo do caminho, com eucalipto, amendoim, milho, banana etc. Houve também muitos trechos com pastos, a maior parte para criação de gado, mas vi cabras também. Houve vários trechos com mata. Quase todo o percurso foi em área montanhosa 🌄. A população de uma maneira geral foi cordial e gentil . Foi impressionante a generosidade dos donos de algumas acomodações e comerciantes, sendo que vários me tratavam como se fosse da família . Procurei ser o mais educado possível e não abusar da hospitalidade. A caminhada no geral foi tranquila. Não houve problemas com cachorros nem outros animais. Não tive nenhum problema de segurança (nenhuma abordagem indesejada) no caminho nem nas cidades. Só houve um ponto em que eu achei que poderia haver algum tipo de risco, que foi ao passar por um bairro na periferia de Potim, bem perto da chegada. Quase todos aceitaram cartão de crédito, mas preferi pagar as acomodações familiares em dinheiro, para não gerar taxas para elas. Pousadas, hotéis, supermercados e padarias procurei pagar com cartão de crédito. Meus gastos foram R$ 142,15 com alimentação, R$ 623,75 com hospedagem, R$ 31,00 com a passagem de volta pelo Blablacar (https://www.blablacar.com.br). Mas considere que eu sou bem econômico. A Viagem: Minha viagem foi de SP (da minha casa no Cambuci) a Águas da Prata na 3.a feira 22/03/2022 no carro do meu primo Marcelo, junto com seus filhos Luís e Carolina. Saímos cerca de 12h30. O trânsito em São Paulo estava bom. Fomos pela Rodovia dos Bandeirantes e depois seguimos o indicado pelo GPS, Paramos para almoçar em um restaurante na estrada. Após o almoço, fui oferecer o restante da marmita que a Carolina não comeu (cerca de 70%) a um mendigo que havia pedido. Mas, depois de perguntar se a marmita já havia sido mexida, ele não quis. A viagem foi tranquila e chegamos perto de 16h30. Conversamos bastante durante o trajeto, sobre passado, família, futuro, planos, Brasil, mundo e a viagem. Eu não conhecia Luís e Carolina pessoalmente, ou, se conhecia, foi quando eram muito pequenos. Ele estava com cerca de 28 e ela com cerca de 26 anos. E fazia pelo menos 6 anos que não encontrava com Marcelo pessoalmente. Iriam também uma amiga minha e um amigo da Carolina. Mas minha amiga acabou não podendo ir e eles optaram pelo amigo da Carolina não ir. Fomos inicialmente à Associação dos Amigos do Caminho da Fé (https://www.facebook.com/caminhodafeassociacao) para emitir as credenciais deles e para obter informações sobre o trecho. A minha credencial eu já havia comprado na primeira parte do Caminho. Cada credencial custou R$ 20,00 e Luís ainda comprou um cajado para eles. Depois fomos achar a casa que Carolina havia alugado pelo AirBnB (https://www.airbnb.com.br/). Custou R$ 175,00 para as quatro pessoas. Pareceu-nos uma boa casa, mas o dono, que aparentemente nos viu chegando, perguntou se desejaríamos mudar para uma maior, sem custo adicional. Aceitamos e mudamos. Lá havia um quarto para cada um e ainda sobravam quartos. Havia também piscina e churrasqueira. Precisamos tirar umas telhas da garagem para caber o carro. Nesta operação quebrou uma telha ao meio e eu fiz um arranhão na perna, onde a telha pegou. O anfitrião nos presenteou com um queijo inteiro, água e cervejas. Vimos por informações existentes na casa que, aparentemente, ele era um político local. Os portões e portas ficavam abertos, mostrando que não tinham receio de roubo ou algo semelhante. Depois de acomodados, pedi para ver o peso das mochilas de Luís e Carolina e as achei muito pesadas, principalmente a da Carolina. Ela retirou alguns itens, mas mesmo assim, achei-a ainda pesada. Mostrei-lhes a minha e a acharam muito leve. Devia estar pesando, sem água nem alimentos, cerca de 4 kg. Então Carolina resolveu retirar alguns itens da sua mochila para que seu pai levasse de volta. Após todos acomodados, saímos para jantar. Fomos a uma festa gastronômica que havia uma 3.a feira por mês numa área central da cidade. Havia bastante gente no local. Encontramos uma mesa, depois mudamos para outra mais central e fizemos nossos pedidos. Eu comi um sanduíche vegano enorme num pão integral multigrãos. Ainda sobrou para levar para o dia seguinte. Cada um comeu seu prato de preferência. Se me lembro pediram também baião de dois e a Carolina pediu um pequeno sanduíche semelhante ao meu para o dia seguinte no percurso, pois era um trecho sem locais intermediários para alimentação. Marcelo ainda comprou alguns itens, como linguiça e carnes, que já havia pesquisado quando tínhamos ido pegar as credenciais. O céu noturno estava limpo de nuvens e me pareceu lindo e estrelado. A temperatura caiu um pouco e Carolina pareceu sentir um pouco de frio. Sugeri a ela então que levasse os agasalhos que havia trazido, mesmo que representasse um pouco mais de peso, pois estava previsto passarmos por Campos do Jordão ao longo do Caminho. Não houve mosquitos à noite no meu quarto. Na 4.a feira 23/03 inicialmente contemplei um pouco a paisagem da cidade e do entorno no amanhecer e nadei um pouco na pequena piscina 🏊‍♂️ (não era aquecida, mas achei a água boa) que havia na casa. Logo chegou Luís, já pronto para a caminhada do dia. Arrumei-me e fomos tomar café na padaria. Marcelo tomou café, eu apenas comprei pães para o dia. Despedimo-nos de Marcelo, que pretendia ir a uma cidade ali perto comprar queijo e depois voltar para casa, e fomos pegar água mineral na fonte da engarrafadora Águas da Prata. Descobrimos que a fonte só abria às 9h para o público, mas o vigia da fábrica gentilmente deixou-nos pegar água do filtro, que era a mesma da fonte. Após encher as garrafas, partimos. Inicialmente aproveitei para tirar uma foto do mural existente no muro traseiro da engarrafadora, que pelo que me disseram foi feito por um artista local. O percurso do dia foi montanhoso, com muitas subidas e descidas. Pegamos a estradinha e começamos a seguir as setas. Encontramos Marcelo, que havia voltado à casa e encontrado os que a haviam alugado para nós, dando informações para eles sobre nossa estadia. Ele se despediu dos filhos (parecia um pouco emocionado) e de mim e seguiu de carro. Nós seguimos na estrada, que logo se transformou em estrada de terra. Começamos a ver a vegetação do campo e de montanha e inúmeros pássaros. Após cerca de uma hora, Carolina disse que seu dedinho estava doendo e achou melhor trocar sua bota pelo tênis. Vimos gaviões, corujas, canários e outros pássaros, posto que estávamos no caminho do Pico do Gavião. Vimos também muitas árvores diferentes, algumas floridas, eucaliptos e muitas flores. Luís gostou especialmente das enormes e inúmeras teias de aranhas em sequência nas árvores, com várias aranhas de diferentes tipos, como as desta foto que ele tirou. Paramos num bambuzal e Luís pegou uma vara de bambu para servir de cajado para ele. Carolina já estava com a que tinham comprado. Eu não quis pegar uma para mim, preferindo andar sem. Num dado momento, Carolina disse “Olha uma cobra!”. Nesta foto não fica muito claro, mas ele era verde brilhante. Carolina disse que primeiramente achou que era uma minhoca, que estava na frente do seu caminho. Após a observarmos bastante e comentarmos que ela parecia pequena, acho que a cobra percebeu nossa presença e se incomodou. Elevou sua cabeça e até armou um bote. Resolvemos então continuar e deixá-la em paz. Fomos conversando ainda sobre a vida, a natureza, o Brasil, a Alemanha, onde Luís tinha morado, e muitos outros assuntos. Paramos pouco antes de meio dia numa cachoeira. Luís aproveitou para almoçar a marmita que tinha levado. Carolina tomou um banho no remanso. Eu entrei embaixo dos três pontos em que havia queda d’água, funcionando como uma espécie de hidromassagem. Achei delicioso. Acho que Carolina comeu seu sanduíche. Eu comi o meu. Descartamos parte da comida que tínhamos comprado na estrada no dia anterior e que o mendigo não havia aceito, pois já estava bastante tempo fora da geladeira e com cheiro suspeito. Luís disse que após a parada estava se sentindo muito bem. Algum tempo depois, perguntei para eles se estavam se sentindo bem. Luís disse que sim, muito bem. Mas Carolina disse que sentia um incômodo na perna. Pedi para ela estimar a intensidade da dor, de 1 a 10. Ela estimou em 6. Fiquei preocupado. Achamos que era por causa da mochila pesada. Então Luís disse que iria levar a mochila dela e nós passamos a andar mais devagar e monitorar continuamente a situação. Na subida ela dizia que o incômodo era maior e no plano e na descida quase nem sentia. Resolvemos andar em “modo caminhão” então, lento na subida e acelerando na descida. Vimos vários outros pássaros, zonas de mata e pastagens ao longo do Caminho, todo por estradas de terra. Havia trechos em que passavam vários carros e caminhões. Em outros quase não havia nenhum movimento. Passamos pela entrada da estrada que ia até o Pico do Gavião. Cruzamos a fronteira entre São Paulo e Minas Gerais e entramos em Andradas. Pouco mais para a frente, vimos uma pessoa descendo de asa delta, fazendo manobras circulares perto da estrada em que estávamos. Após algum tempo, peguei a mochila da Carolina para revezar com o Luís, pois achei que poderia sobrecarregá-lo. Após me repassar a mochila, ele disse que percebeu que estava sentindo suas pernas cansadas e dor nos ombros. Depois de carregar a mochila dela junto com a minha por algum tempo, eu fiquei com uma espécie de bursite no músculo do pescoço com o ombro. Paramos algumas vezes para beber água e descansar. Carolina quis trocar o tênis por chinelo, conversamos e ponderamos que poderia não ser uma ideia interessante, pois poderia machucar o pé numa topada. Eu já estava acostumado, ela não, além do que o chinelo dela era muito mais frágil e fino do que o meu. Mesmo assim, ela andou um pouco com chinelo. Perto de 15h estávamos passando pela Pousada do Gavião. Perguntamos a Carolina sobre a intensidade da dor e ela disse que estava em 5. Perguntei se eles desejavam parar ali então ou continuar. Eles resolveram ligar para a mãe, que é médica. Após conversar com a mãe, decidiram que seria melhor parar ali. Entrei na pousada e fui procurar pela atendente. Havia falado com eles antes e tinham dito que não estavam atendendo continuamente e que para ficar lá precisaria avisar com antecedência. Para nossa sorte estavam lá, mas nos disseram que não teriam condições de nos hospedar. Porém Adílson, o dono da pousada, disse que poderiam nos dar carona até Andradas. Achamos que seria melhor. Eu perguntei aos dois se não se importariam de ir de carona e eu ir a pé e os encontrar na pousada da cidade. Disseram que não. Ao perguntar para Adílson, coincidentemente ele disse que só conseguiria dar carona para duas pessoas, posto que levaria também a atendente e o carro só tinha quatro cintos de segurança. Assim sendo, foram os dois de carro e eu fui a pé. No caminho achei muito belas as vistas da paisagem e da cidade a partir do alto. Tirei esta foto da paisagem. E esta da cidade, vista perto da chegada. Cheguei na Pousada Dora Moia (https://www.facebook.com/Pousada-DORA-MOIA-186499428912832), onde havíamos combinado que eles ficariam, por volta de 17h. Custou R$ 50,00 por pessoa num quarto com banheiro para nós três, incluindo café da manhã. Eles estavam deitados, descansando. Luís disse que estava se sentindo muito cansado e que se não tivesse vindo de carro no trecho final, achava que não teria conseguido. Eles tinham colocado as roupas para lavar (custava R$ 10,00 o uso da máquina). No quarto ao lado havia o tio e sua sobrinha (eu acho) que também tinham feito o primeiro dia do Caminho. Ela estava com bolhas nos pés e estava descansando deitada. Ele comentou sobre seu plano de fazer o Caminho de Santiago em maio. Após eu me acomodar, conversamos sobre como proceder e, após eles conversarem com a mãe e obterem orientações, decidimos ir até a farmácia para Carolina tomar um remédio (citoneurin). Eu estava achando melhor pararmos por um dia e verificarmos se dava para continuar ou não, de modo a não nos arriscarmos a gerar uma lesão mais grave nela. Eu a acompanhei até a farmácia enquanto Luís ficou resolvendo questões pelo celular. Na farmácia, o atendente disse que melhor do que o remédio, seria uma injeção mais potente, dexa-citoneurin, que eliminaria a dor e daria condições para ela prosseguir. Ela conversou com a mãe, que a autorizou a tomar a injeção, mas disse que era uma medida excepcional, que não deveria ser repetida. Ela tomou. O farmacêutico ainda nos recomendou alguns locais para jantar com comida típica. Ao voltarmos, Luís entrou em contato com algumas possíveis pousadas para ficarmos no dia seguinte ou em dois dias, caso passássemos um dia descansando e avaliando a recuperação dela. Depois fomos eu e ele ao Bar e Restaurante União (https://www.facebook.com/restauranteuniaoandradas), que o atendente da farmácia tinha recomendado como o de comida mais típica e saborosa, para trazer um tutu à mineira para o jantar. O dono concordou em substituir um dos ovos por um omelete, posto que sou vegetariano. O conteúdo do prato era enorme e jantamos nós três, sendo que eu comi muito para não sobrar nada. Incluía, bisteca, calabresa, torresmo, arroz, tutu de feijão, couve e salada, além do ovo e do omelete. Ainda demos parte do torresmo que eles não comeram para a Dora. Eu adorei a comida e acho que eles também gostaram. Na 5.a feira 24/03, após uma boa noite de sono, considerando que o incômodo continuava na perna da Carolina, resolvemos passar um dia a mais em Andradas, para ver se ela se recuperava ou se era melhor interromper o Caminho. Aproveitamos para descansar. Inicialmente tomamos o bom café da manhã oferecido pela Dora, com pães, queijo, margarina, bolo, biscoito de polvilho, café, leite e goiabada. Durante a manhã, posto que o incômodo continuava, analisamos várias possibilidades, inclusive de continuarmos o Caminho e Carolina acompanhar indo de carro de uma cidade para outra, algo que ela não achou interessante. Ao fim, chegamos a um acordo que era melhor interromper, para evitar qualquer risco. Eu perguntei se eles se importariam se eu continuasse e eles disseram que não, até ficariam contentes. Eles decidiram retornar no dia seguinte. Começamos a procurar alternativas, pelo Blablacar, Uber, táxi ou ônibus. Não conseguimos alternativas de rotas viáveis pelo Blablacar nem de preço viável por Uber ou táxi e o mais viável mostrou-se ser o ônibus mesmo 🚌. Decidido isso, deixamos Carolina descansando e fomos comprar ingredientes para fazer uma guacamole para o almoço, prato que eu não conhecia. Compramos abacate, tomate, cebola, cenoura para o guacamole e adicionamos berinjela, pepino, pimentão, manga e banana por minha sugestão. Eles prepararam, mas acharam que o abacate estava muito verde. Eu achei que estava bom. Durante o almoço, preocupados com o horário em que eu começaria a caminhada no dia seguinte, resolveram ir no próprio dia. Eu, que não gosto muito de viajar á noite como eles iriam, disse que para mim não haveria problema em começar mais tarde no dia seguinte, mas eles decidiram que iriam no fim da tarde mesmo. Após o almoço, acompanhei Luís até a rodoviária para comprar as passagens. Ele comprou para perto de 18h. Anotamos alguns números de taxistas para levá-los da pousada até a rodoviária com as bagagens. Quando voltamos, Carolina estava tomando café com Dora e sua família. Depois Luís foi comprar alguns doces para levar de presente e pães de queijo e batata para comer. Enquanto isso fiquei conversando com Carolina sobre a situação familiar e seus planos para o futuro. No fim da tarde acompanhei-os de táxi até a rodoviária. Havia alguns cachorros lá que achamos que poderiam ser atropelados, mas que depois de bastante tempo acabaram conseguindo atravessar a rua, quando o trânsito do horário de pico diminuiu. Pesamos as mochilas enquanto esperávamos o ônibus. Até que não estavam tão pesadas. A da Carolina deu por volta de 5 kg e a do Luís por volta de 7 a 8kg, mas já com os doces que haviam comprado e itens tirados da mochila da Carolina, porém sem a água e os alimentos que haviam levado durante a caminhada. O ônibus chegou alguns minutos atrasado, eles subiram e partiram. Luís tirou esta foto antes de partirem. Eu voltei para a pousada, passando antes pela Igreja Matriz, na qual entrei para visitar. Jantei o que tinha sobrado da guacamole com mais alguns pães que comprei. Ofereci a guacamole para a Dora (não tínhamos oferecido antes porque eles acharam que não tinha ficado boa e iria decepcioná-la) e ela disse que estava boa, porém que faltava sal. Descobri que antes de sair eles tinham pago a estadia deles e a minha do último dia. Acabaram ficando no prejuízo financeiro 😞. Avisei uma outra amiga que tinha dito que talvez fizesse o trecho a partir de Estiva conosco, sobre a previsão de chegada em Estiva. Mas ela havia se comprometido a fazer companhia para a mãe naquele período e acabou não vindo. Na 6.a feira 25/03 tomei o bom café da manhã, com pães amanhecidos (que Dora me ofereceu antes de chegarem os novos, após eu dizer que gostava deles), pães novos, queijo, margarina, bolo, biscoito de polvilho, banana, leite de vaca criada por parentes dela e goiabada. Depois de me arrumar, despedi-me de sua filha Janaína e da sua sobrinha. Assinei o livro de visitantes e Dora pediu para tirar uma foto na frente da pousada. Despedi-me de Dora e parti rumo a Crisólia. Passei novamente pela Igreja Matriz, desta vez de manhã, e aproveitei para visitar a praça. O caminho novamente foi montanhoso, com belas vistas do alto, belas paisagens e áreas de mata. Vi também vários pássaros (preto e amarelo, preto com azul brilhante, canários, periquitos, pretos etc). Neste momento havia ainda bastante poeira no Caminho levantada pelos veículos, pois não havia chovido ainda. Um caminhão reduziu sua velocidade antes de passar por mim num trecho assim. Achei que foi para me poupar do poeirão, mas talvez estivesse enganado. Houve pequenos trechos em estrada de asfalto, um na saída de Andradas e um outro maior perto da chegada em Crisólia. Na caminhada deste dia encontrei um casal de mais de 60 anos vindo de Santa Catarina, que estava fazendo o Caminho a pé. Eles tinham parado numa lanchonete. A mulher me disse que pretendiam ir até Crisólia. Esta foi a foto de uma das paisagens. E esta de outra. Havia também pequenas grutas e santuários como este. No meio do dia passei pela Serra dos Limas, fui visitar a igreja por fora e no caminho para ela peguei três mexericas que encontrei no chão. Uma mãe zelosa esperava pela perua escolar que traria a filha da escola. Comentou comigo que era importante esperar, pois por ali passava muita gente e poderia ocorrer algum problema. Pouco adiante passei pela Pousada da Dona Natalina, com quem Luís havia conversado para nos hospedar, caso tivéssemos continuado em grupo e fôssemos fazer trechos mais curtos. Ele a achou muito simpática e gentil pelo telefone. Conheci-a e seu marido Bento, que achei que faziam um lindo casal, de certo modo simbolizando a diversidade, simpatia e boa índole da população do interior. Pouco depois, vi um homem saindo de uma cachoeira. Parecia ser um peregrino. Resolvi aproveitar a cachoeira e acabei não conseguindo falar com ele. Achei deliciosa a queda de água, inclusive sendo possível entrar em baixo do jato. Ao longo do dia, um homem pediu-me orientações sobre como chegar a Andradas, se bem me lembro, eu disse que vinha de lá e mostrei o caminho pelo qual tinha vindo. Foi a primeira vez em toda a peregrinação, incluindo a primeira parte, que dei informações para alguém que me pediu. Passaram por mim peregrinos de bicicleta. Passaram também grupos de motos e quadriciclos, que acho que estavam indo para Aparecida. Ao longo do trajeto achei as igrejas das pequenas localidades muito bonitas. Achei o campo de futebol de Barra muito bonito também. Já no meio da tarde reencontrei o homem que tinha visto saindo da cachoeira, que era Israel, policial de trânsito aposentado, que fazia uma caminhada de Tambaú até ali perto, de onde pretendia voltar para sua cidade no interior de Minas. Conversamos um pouco no acostamento, enquanto andávamos e depois eu prossegui mais rapidamente para tentar não pegar chuva. Ele comentou comigo da existência da Estrada dos Santos Negros, que eu encontraria num trecho após Ouro Fino. Ele disse que pretendia pegar um ônibus, pois não gostava muito de caminhar em rodovias, onde estávamos naquele momento. Durante a tarde, uma caminhonete emparelhou comigo e me ofereceu água, mas como eu tinha, educadamente recusei. Em Crisólia fiquei na Pousada São Sebastião, da Dona Maria, https://www.instagram.com/pousadasaosebastiao4, recentemente falecida, conduzida atualmente por seus filhos, especialmente por Marta. Custou R$ 50,00 num bom quarto com banheiro externo, incluindo café da manhã. Paguei em dinheiro. Quando cheguei, seu sobrinho que lá estava fazendo um serviço, deixou-me entrar para escapar da chuva que vinha. Assim que entrei começou uma chuva leve que se transformou numa pancada moderada. Fiquei esperando pela Marta numa área coberta. Cerca de 15 minutos depois ela chegou junto com Israel, que também resolveu hospedar-se lá. Saí para comprar pães e vegetais (laranja, banana, chuchu etc) para o jantar e conhecer a igreja e a praça. Uma moça indicou-me outra que poderia abrir a igreja, ela foi buscar a chave em casa e abriu para eu poder conhecê-la. A dona da padaria em que comprei pães contou-me que teve uma doença rara, que a deixava paralisada e o marido fez uma promessa para ela se curar. Ela melhorou muito, tanto que estava trabalhando, e o marido fez o Caminho da Fé, com ela dando apoio de carro. Israel, que jantou na minha frente, ficou admirado de me ver comer as cascas das bananas e laranjas em meus sanduíches veganos. Alguns trabalhadores jantaram junto conosco, pois a pousada oferecia refeições também. Percebi que parte da planta dos meus pés estava começando a ficar vermelha e fiquei achando que poderiam surgir bolhas. À noite não houve mosquitos e o sono foi tranquilo. No sábado 26/03 após levantar e ir ao banheiro vi que Israel já havia tomado seu café da manhã e já estava partindo. Eu então fui tomar o bom café da manhã oferecido (leite de vaca criada, pães, broa, queijo, margarina, banana, bolo). Marta falou-me que uma peregrina tinha desistido no dia anterior devido às bolhas no pé, embora ela tivesse ajudado a tratar, mas que o homem que a acompanhava tinha continuado. Acho que foi o tio e a sobrinha que tínhamos encontrado em Andradas. Marta pediu para seu filho tirar uma foto nossa. Acho que a moça à minha direita era sua irmã e a outra era ela, de blusa escura. Depois parti rumo a Borda da Mata. Achei o trajeto belo, com muitas montanhas e trechos de mata. Pouco depois de sair vi um casal de moto tentando pegar alguma ave. Achei que estavam tentando pegar uma galinha para abate. Mas na realidade estavam tentando salvar um filhote de saracura 🐦, que estava perdido da mãe e tinha ido para a estrada. Estavam tentando fazê-lo ir para o outro lado da cerca, onde havia campo. Depois de muito tentarem, o filhote conseguiu achar um local em que pulou a cerca e saiu correndo em disparada rumo ao campo. Eu os parabenizei pela atitude solidária com os animais. Passei pela cidade de Ouro Fino, que me pareceu muito bonita. Na entrada do núcleo urbano central existia uma escultura do Menino da Porteira e uma homenagem ao compositor e ao cantor da famosa música. Minha mão encaixou perfeitamente no molde que existia ao lado do monumento. Já perto do centro da cidade, existia este outro monumento. Passei pela igreja central também, que achei bela, e segui meu caminho. Na saída da cidade, encontrei a Estrada dos Santos Negros (https://leandromd.blogspot.com/2013/07/coisas-de-minas-estrada-dos-santos.html) de que Israel havia falado. Era uma estrada com esculturas e pequenos altares para negros considerados santos cristãos ou do sincretismo, com um breve relato. Achei muito interessante. Depois da estrada rumei para Inconfidentes. Pouco antes da chegada havia esta capela de São Judas Tadeu. Na lanchonete ao lado havia dois peregrinos, se bem me recordo de Fortaleza, que estavam fazendo o Caminho. Cumprimentei-os e conversamos rapidamente. Disseram que para eles aquele clima era frio. Despedi-me e prossegui. Gostei da cidade, com sua praça central, onde ficava a igreja, que achei bela. Mais à frente, já num trecho de estrada, havia uma espécie de centro de compras de crochê, mas como eu passei pelo outro lado e como estava ameaçando chuva, resolvi não voltar para conhecer. Já numa estrada de terra na saída da cidade, começou uma chuva leve e depois veio uma pancada moderada de chuva 🌧️ e eu parei por alguns minutos sob a cobertura de um ponto de ônibus. Mas passou logo e eu pude continuar. O chão já não tinha o poeirão dos primeiros dias, pois a chuva, ainda que em pouca quantidade, havia umedecido a terra. Ao longo do trajeto vi vários pássaros, tucanos, cinza-azulados etc. Acho que foi neste trecho que vi alguns tucanos. Até tentei fotografá-los, mas o melhor que consegui foi esta foto. Se eu fosse fotógrafo morreria de fome 😄. Passei também pela Capela Nhá Chica, que achei uma pérola, muito bela e integrada ao ambiente natural ao seu redor. Havia um ponto de apoio aos peregrinos associado a ela. Num outro momento tomei um banho num córrego que havia na beira da estrada. Não era uma cachoeira, mas gostei. Cheguei em Borda da Mata já perto do fim da tarde. Fiquei hospedado no Hotel Virgínia (https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g4085659-d10456708-Reviews-Hotel_Virginia-Borda_da_Mata_State_of_Minas_Gerais.html) na região central, pagando R$ 60,00 com cartão de crédito por um quarto com banheiro interno e café da manhã incluído. Cláudia atendeu-me e sua filha, entrando na adolescência, operou o computador para me registrar. Cláudia também tinha um menino bebê de colo. Após instalar-me, encontrei Gustavo, marido e pai, assistindo a semifinal do campeonato paulista entre Palmeiras e Bragantino. Ele era palmeirense. Depois de acomodado, fui dar uma volta na cidade, conhecer o chafariz (iluminado à noite), a praça e a igreja, que achei belas, e pensei em ir a um cruzeiro que existia no alto de um morro, mas como já estava tarde, desisti. No caminho um rapaz ofereceu-me algo entorpecente para fumar lá 🚬, pois disse que senão não teria graça. Eu ri, recusei educadamente e prossegui. Na volta, ao perceber que eu não havia ido, ele riu e disse que iria chamar a polícia para mim. Passei no supermercado e comprei banana, laranja, chuchu, cebola, limão e pão para o jantar. O sono foi tranquilo, sem mosquitos. No domingo 27/03 inicialmente tomei o bom café da manhã oferecido, com pão francês, pão de torresmo, polvilho, margarina, manteiga, muçarela, banana, mamão, melão, caqui e bolo. Gustavo, vendo que os caquis existentes na mesa não estavam muito maduros, foi buscar outro para mim no quintal do vizinho. Conheci um hóspede que tinha parentes nas redondezas e trabalhava como guarda municipal em Santo André. Disse que pretendia mudar para a região após aposentado, pois em Santo André, no local em que morava, até para colocar o lixo na rua precisava sair armado. Após me despedir de todos, ainda passei pela praça central e pela igreja e parti rumo a Estiva. Achei o trajeto belo e montanhoso com lindas vistas do alto, trechos de mata e vários córregos. Novamente vi vários pássaros diferentes dos que estou acostumado a ver, como alguns verdes, com as asas encobrindo a cor azul. Vi várias cobras esmagadas na estrada. Acho que um grupo de peregrinos ciclistas 🚵‍♂️ passou por mim, além de motociclistas. Logo no princípio houve uma subida íngreme para a Porteira do Céu. Um rapaz acompanhou-me boa parte da subida, pois disse que estava fazendo seu exercício matinal de domingo. Interessantemente ele também estava de chinelos e disse que subir aquele trecho de calçados traria bolhas nos pés. Lá no cume da estrada havia uma capela e uma lanchonete, com vista ampla da paisagem, que achei muito bela. Esta era a vista. E esta era a capela. Conversei com um homem de um casal que estava fazendo um passeio por ali de jipe. Pouco depois de prosseguir caminho, passou por mim um grupo enorme de jipeiros. Vi e visitei várias capelas no caminho, incluindo uma patrocinada pelo Tonho Prado da Rede Vida, cujo dono da propriedade em que ficava recebeu-me muito bem e abriu a porta para que eu pudesse conhecer. Uma das capelas foi esta. No meio do trajeto passei pela cidade de Tocos de Moji, que me pareceu muito bonita. Tinha ficado sabendo que ela tinha sofrido com as chuvas do início do ano, mas parecia bem recuperada, porém com várias obras. Achei sua igreja, praça central e toda a área central muito belas. Estava havendo um espetáculo com muita gente, música alta e vários tipos de alimentação. Seguindo o Caminho para Estiva, passei por um grupo de quatro peregrinos mineiros, acho que era um casal e dois irmãos ou então dois casais. Eram todos da mesma família. Mais à frente encontrei um automóvel Gol prata de apoio que os acompanhava, com o avô e a netinha. Um amigo deles dirigia. Seguindo, fui até o Cantinho do Peregrino, onde talvez pretendesse ficar. Mas achei que era muito cedo, perto de 13h30. Conversei com uma atendente e pedi para avisar que eu havia mudado de ideia e iria prosseguir. Ela me tratou muito bem até indicou um outro local para me hospedar, que achou que poderia ser mais barato do que as opções existentes em Estiva. Houve chuva leve no fim do dia. Uma das paisagens vistas neste trecho foi esta. Ao chegar em Estiva, perguntei para uma moça se havia alguma outra pousada além da Poka e ela me disse que havia uma em cima da Lotérica Mendes e me ensinou como chegar lá. Fui até lá e não havia ninguém. Depois de tocar a campainha e bater palmas, o vizinho apareceu e me disse que a pousada funcionava, mas a dona tinha saído e voltaria mais tarde. Por precaução, decidi então verificar se havia vaga na Pousada Poka, que me parecia ter um preço acima do praticado nos outros locais. Descobri que havia bastante vagas e que existia uma opção mais barata, com banheiro fora, que não era mencionada nas informações da pousada que constavam no documento do Caminho. Lá conheci alguns peregrinos que faziam o Caminho de bicicleta (um homem e duas mulheres). Aproveitei enquanto esperava pela dona da pousada e fui dar uma volta na praça e conhecer a igreja central. Achei ambas belas. Voltei à porta da pousada, onde pouco depois apareceu uma moça que me viu esperando e disse que tinha o telefone da dona, que era sua conhecida e que ela não costumava sair. Ela ligou no telefone fixo, pois a dona não tinha celular. Ouvimos o telefone tocar, mas ninguém atendeu. Enquanto conversávamos, chegou a dona. Era Ademilde, apelidada de Duda. Ela disse que estava funcionando e aceitaria me receber. Paguei R$ 40,00 em dinheiro por um quarto com banheiro dentro e sem café da manhã nem wi-fi. Ela encheu cerca de 80% da minha garrafa de água. Disse que antes era conveniada ao Caminho, mas depois de alguns fazerem reservas e não comparecerem, tinha desistido. Ela me disse que pela manhã era para eu deixar as chaves na porta antes de partir, posto que ela tomava remédio para dormir e só costumava acordar depois das 8h. Ela parecia ter alguma oscilação cognitiva ou emocional, mas me tratou muito bem durante todo o período. Como era domingo e os supermercados e quitandas já estavam fechados, resolvi comprar o jantar na padaria. Comprei pães e um bolo de coco, que juntei com duas bananas que ainda tinha. Ainda precisei sair da pousada à noite e ir mais perto da área central, pois o sinal da Claro não pegava no quarto. Quando perguntei a um rapaz, ele me disse que não havia risco de segurança em se usar celular na rua à noite ali. Na 2.a feira 28/03 após comer como café da manhã os três pães e o pedaço de bolo que sobraram, arrumei tudo, fechei a pousada como Duda havia pedido e parti. Não pude pegar água, pois a porta da casa dela ainda não estava aberta e eu não quis incomodá-la. Contei com a possibilidade de achar alguma fonte nas primeiras horas de caminhada. Logo após sair, encontrei a Chácara São Bento (https://www.facebook.com/pages/Capelinha%20De%20S%C3%A3o%20Bento/102602185213604), onde tocava cântico gregoriano vindo de um alto-falante. Vi que estava escrito que havia apoio aos peregrinos e água potável. Comecei a procurar, mas não encontrei. Passando o portão, ao lado da capela, vi uma torneira. Achei que era lá. Antes de pegar, surgiu Luiz Carlos Marques Júnior e disse que era voluntário naquele ponto. Disse que ficava ali entre 5h30 e 8h dando apoio e ânimo aos peregrinos e que já tinha entrado, mas resolveu voltar porque viu pela câmera que eu parecia estar procurando algo. Falei que estava procurando por água e ele me mostrou a torneira, dizendo que era água potável segura, que eles mesmo tomavam. Quando eu disse que iria colocar cloro, ele disse que não precisava, mas se eu estava acostumado, não havia problema. Como ele disse que eles bebiam aquela água diretamente, resolvi não colocar cloro, tomá-la e encher pouco mais da metade da minha garrafa. Conversamos bastante sobre seu trabalho voluntário de apoio aos peregrinos, colocação de mensagens motivacionais, educacionais e informativas ao longo do Caminho, o cântico gregoriano, cujo CD tinha ganho de monges de Ponta Grossa que por ali passaram, plantio de árvores etc. Ele me falou que tinha construído a capela durante a pandemia e que o local planejado originalmente era um pouco ao lado, mas que como havia um ninho de rolinha na árvore onde seria, ele decidiu alterá-lo para onde era naquele momento. Disse-me também que era cuidador de um monge idoso e que trabalhava comercialmente como contador, remotamente em casa. Ele perguntou se eu era católico e, mesmo eu dizendo que não era cristão, deu-me uma medalha de São Bento, que disse que poderia usar como quisesse. Perguntei se poderia doar para alguém ao longo do Caminho e ele disse que sim, inclusive mencionando que eu passaria por dois bairros carentes na sequência. Ao fim parabenizei-o, ele carimbou minha credencial, tirou uma foto, despedimo-nos e prossegui. Ele disse que eu teria uma longa caminhada até Paraisópolis, meu destino pretendido daquele dia. Gostei das paisagens ao longo do Caminho, novamente montanhosas, com belas vistas das montanhas e a partir das montanhas, áreas de mata, gado, pássaros (tucanos, pássaro de ponta cabeça etc). Visitei igrejas e muitas capelas. Não choveu ao longo do dia. Passei pelos bairros que Júnior havia dito, não os achei tão carentes, talvez por tê-los achado parecidos com outros de cidades anteriores. Uma vista da paisagem foi esta. Encontrei um grupo de peregrinos almoçando em Consolação e fui cumprimentá-los. Aproveitei e cumprimentei um motociclista que estava em uma mesa à frente deles, não fazia o Caminho da Fé, mas não deixava de ser um peregrino 😄. Já na saída de Consolação, vendo uma mãe saindo com a filha para pegar a perua para a escola, perguntei se a mãe era católica. Ela disse que não, que era evangélica. Então eu disse que tinha a medalhinha para doar, mas imaginava que ela não se interessaria, pois geralmente evangélicos não gostam de imagens. Ela não contestou. Mais à frente, vi uma outra mulher, de mais idade, que talvez fosse a sogra da mulher anterior, pelo que entendi, e perguntei se era católica. Ela disse que sim. Ofereci a medalhinha. Acho que ela não entendeu bem, mas desceu a rampa para conversar. Quando ela chegou mais perto eu expliquei e ela disse que gostava de imagens e, se era de graça, aceitava. Dei para ela. Pouco à frente, já na área rural, encontrei a Gruta da Sagrada Família, que tinha uma fonte de água disponível para os peregrinos. Eu já tinha me arrependido de não ter tomado mais água na Chácara São Bento nem ter enchido completamente a minha garrafa, pois o dia estava quente. Mas esta fonte resolveu o problema e fez com que eu não passasse nenhuma privação de água. Pouco à frente encontrei uma moça e seu tio (acho) peregrinando a pé. Eles eram de Bauru. Disseram que era seu primeiro dia de peregrinação. Perguntaram a que distância estava a pousada mais próxima. Eu disse que havia uma perto, cerca de 10 km antes de Paraisópolis. Depois de conversarmos um pouco, eu acelerei um pouco e os deixei para trás na subida. Mais à frente, pela segunda vez na viagem, um motorista pediu-me informações e eu indiquei como chegar a Consolação, que o ajudaria a ir para a cidade que desejava. Depois parei para conversar com a dona desta casa, que me chamou atenção pelo jardim florido. Aproveitei e perguntei para ela sobre a Pousada Boa Esperança, com a dona da qual tinha conversado sobre talvez ficar. Ela me falou que a dona tinha ido fazer pré-natal e poderia demorar a voltar. A dona havia me dito no dia anterior que teria consulta médica à tarde e por isso não poderia garantir que estaria lá para me receber no meio da tarde. Ficamos combinados sem compromisso. Os dois peregrinos de Bauru alcançaram-me. Como era cedo, perto de 15h, deixei avisado para os vizinhos da pousada que prosseguiria e não ficaria lá. Os dois peregrinos aproveitaram e pararam no bar e mercearia ao lado para comprar mantimentos (água etc), perguntaram-me quanto tempo estimava até a cidade, eu disse que umas 2 horas e meia chegando ainda com sol. Acho que com esta informação eles se encorajaram a prosseguir, pois pela minha previsão teriam 1h de folga até o escurecer, caso atrasassem. E eles pareciam andar com certa rapidez. Uma vista da paisagem deste trecho foi esta. Outra, já mais perto da chegada, foi esta. Já perto da chegada reencontrei em uma lanchonete a família mineira de peregrinos, com os dois homens, as duas mulheres, o avô, a netinha e o amigo dirigindo. Em princípio não os reconheci. Mas quando fui olhar a vista das montanhas atrás da lanchonete eu os reconheci. Perguntei como tinha sido a caminhada. Disseram que tinham passado muita sede, pois não tinham encontrado fontes. Saíram antes das 5h, então não viram a fonte da Chácara São Bento no escuro e o Júnior ainda não estava lá fazendo seu trabalho voluntário. Só foram achar a fonte da Gruta da Sagrada Família muito mais pra a frente, mais de 20 km depois de terem saído. Tirei duas fotos do mirante da lanchonete em que os encontrei. A primeira foi esta. A segunda foi esta. Ao chegar em Paraisópolis visitei uma igreja existente dentro de uma casa de repouso, com a autorização da encarregada. Fiquei na Pousada Peregrinos da Mantiqueira (https://www.facebook.com/peregrinosdamantiqueira). José Afonso e sua mulher receberam-me muito bem. Quando cheguei, ele conversava com um prestador de serviços e estava com seu neto em casa, que depois o pai veio buscar. Paguei R$ 60,00 em dinheiro por quarto com banheiro externo, incluindo café da manhã. Havia um mapa do Caminho da Fé no muro da pousada. A vista daquele entardecer a partir da rua em que ficava a pousada foi esta. Saí para comprar pães e vegetais (banana, laranja, chuchu e abobrinha), juntei com um maracujá que achei no chão no caminho e um pedaço de bolo (se bem me lembro José Afonso me deu) e jantei tudo. Quando saí, aproveitei e visitei um obelisco existente na região central. O sono foi tranquilo e sem mosquitos. Na 3.a feira 29/03 tomei o muito bom café da manhã (creme de queijo, margarina, muçarela, queijo branco, pães, iogurte, suco de laranja natural, bolo de fubá) oferecido por José Afonso. Conversamos durante o café sobre seus planos para o futuro, como era ter a pousada, a viagem etc. Ele me orientou onde encontrar uma agência do Bradesco para fazer saque e parti. Saquei um pouco de dinheiro no Bradesco, aproveitei para visitar a igreja e a praça central. Depois rumei para Luminosa. O percurso previsto do dia era mais curto do que os outros porque depois da Luminosa existia a subida da serra para Campos do Jordão, onde havia um longo trecho sem pousadas ou com valores muito mais altos. Achei a paisagem muito bela, com vistas a partir do alto e vista das montanhas a partir de baixo. Um exemplo foi este. O trajeto seguiu sendo montanhoso, mas creio que houve mais áreas de mata neste trecho do que nos anteriores e achei as subidas mais suaves. Percebi a existência de trechos com muitas borboletas, dos mais diferentes tipos, como estas à direita da foto. Visitei igrejas e capelas ao longo do caminho. Pareceram-me muito bem cuidadas e simples. Encontrei e conversei com dois irmãos e seu casal de pais já por volta dos 60 ou 70 anos peregrinando a pé. Pelo que entendi era o primeiro dia de peregrinação deles. Eles eram de Sete Lagoas pelo que entendi (ou talvez fossem de Três Lagoas, posto que falaram algo sobre Mato Grosso). Pareciam animados. Os pais nada carregavam. Os irmãos carregavam para eles. Um cachorro seguiu-me parte do trecho, amistosamente. Apesar de gostar muito de cachorros, procurei não dar muita atenção a ele para que não me seguisse e depois se perdesse e não conseguisse voltar ou pudesse ser atropelado em alguma via movimentada. Após alguns minutos ele desistiu. Conversei com alguns trabalhadores rurais sobre o Caminho, sobre o trabalho deles e a vida. Informaram-me que as cachoeiras lindas que eu via da estrada eram poluídas. Por isso nem tentei entrar nelas. Esta foi a que achei mais bonita. Ao passar por Cantagalo, distrito de São Bento do Sapucaí, conversei com um homem que andava a cavalo. Ele tinha trabalhado por décadas em São José dos Campos e depois de aposentado tinha voltado a morar ali. Comentou sobre a tranquilidade do local, mas falou da falta de saneamento, das águas poluídas e da falta de asfalto, que na época de chuvas tornava algumas estradas e ruas praticamente intransitáveis para veículos. Disse que a SABESP e outras empresas não se interessavam por serem muito poucas famílias no local e pelos custos serem altos, mas que disseram que havia previsão de instalação de equipamentos contra poluição brevemente. Passou pelo portão da sua casa e subiu uma rampa de terra onde sua mulher (acho) o esperava para descer do cavalo. Despedi-me e continuei. Cheguei em Luminosa perto de 14h. Pareceu-me um local bem pequeno, acolhedor. Esta foi a vista da cidade pouco antes de chegar. Fiquei hospedado na Casa de Família da Luciana e do Vanildo, que moravam numa casa na parte de cima com seus dois filhos (um casal). Achei uma linda família. Trataram-me muito bem. Luciana deixou como cortesia frutas (3 bananas e 1 maça) e 3 barrinhas de doce de banana feitos pela sogra e me ofereceu o jantar sem cobrar por ele. Mas como foi um banquete, para os meus padrões, eu achei que seria absurdo não pagar o preço integral. Assim sendo paguei R$ 80,00 pela estadia, com café da manhã e jantar, tendo ficado numa casa completa, com quarto, sala, cozinha, banheiro e sacada (R$ 65,00 da estadia com café + R$ 15,00 do jantar). Inclusive aproveitei para lavar minhas roupas, posto que Luciana disse que não pagavam água. A casa era bem sustentável, pois eles tinham placa de energia solar. Eis uma foto dela, na sala da casa do andar de baixo em que fiquei, com os brindes que ela me deixou em cima da mesa. Após me acomodar, fui dar uma volta na cidade. Havia perguntado a Luciana sobre montanhas com vista panorâmica nos arredores e ela me disse que havia uma muito boa, mas cuja entrada era no meio do caminho que eu tinha percorrido. Estimou que levaria cerca de 2h para eu chegar lá. Achei melhor então não ir e optei por pegar a estrada para Brazópolis. Num dado momento vi uma montanha próxima, mas era necessário cruzar uma porteira e pegar uma estrada. Perguntei a trabalhadores que estavam numa propriedade ao lado se poderia ir até a montanha com vista do alto, mas eles disseram que havia bois bravos no caminho. Perguntei então se aquela estrada era em propriedade privada e disseram que sim. Aí desisti. Mais á frente achei um local elevado ao lado da estrada, com uma espécie de pequena plataforma onde se podia sentar. Tinha ampla vista da paisagem. Parei ali e comecei a meditar. Creio que fiquei ali por cerca de 1h30 a 2h. Após cerca de 1h a 1h30 que lá estava, um carro parou ao lado, com um casal de mais de 60 ou 70 anos. Talvez até perto de 80. Vendo isso, fui até eles, para tirar qualquer impressão que pudessem ter que eu poderia fazer algo ilícito ali. Após cumprimentá-los, perguntei se eram os donos da propriedade para a qual eu estava olhando em vazio e disseram que sim. Eu disse que não faria nada errado e o homem respondeu rindo que eu não faria mesmo, pois senão a polícia prenderia 😄. Expliquei para eles que estava meditando e tentei dar uma ideia do que é meditação. Acho que com isso eles relaxaram mais e me disseram que estavam indo para a cidade comprar remédios, antes que escurecesse. Disseram-me que poderia ficar ali quanto quisesse, a mulher pediu para eu rezar por eles, despediram-se e foram. Fiquei mais uma meia hora ou 45 minutos. Após acabar a meditação, estava esperando que eles voltassem para ir embora, mas eles demoraram muito e eu resolvi voltar. Muito bonito o pôr do sol visto dali. Pouco mais tarde, esta foi a vista a partir da sacada da casa em que eu estava hospedado. Luciana preparou um enorme jantar para mim, com arroz, feijão, salada de tomate e alface, limão, cenoura e abobrinha cozidas, macarrão e suco de abacaxi). Eu agradeci muito. Ela foi levá-lo pontualmente às 19h com seu marido e sua filha, que conheci então. Perguntei qual a matéria de que sua filha gostava mais na escola. O marido Vanildo trabalhava numa propriedade rural próxima. O filho já estava dormindo para ir estudar no dia seguinte de manhã. Depois do jantar lavei minha camisa e minha calça, que embora não estivessem muito sujas, tinham um pouco de poeira (calça) e suor (camisa). Apesar de não ir até a rua, achei linda a vista do céu noturno estrelado e foi possível admirar um pouco a enorme quantidade de estrelas, dada a baixa iluminação urbana. Na 4.a feira 30/03 tomei o muito bom café da manhã, com pão, creme de queijo, muçarela, ovo caipira com queijo, biscoitos, bolo, café, leite de vaca criada e banana. Conversei com ela sobre a experiência de receber peregrinos, a vida por ali e como era linda a família dela. Despedi-me de Luciana, depois de agradecer muito e parti. O trecho foi bem montanhoso. Houve muitos trechos de mata, araucárias, árvores floridas e vegetação exuberante. Achei muito belas as vistas das montanhas a partir de baixo e da paisagem a partir do alto. Foi a maior subida da peregrinação. Mas até que não achei tão cansativo nem pesado. Achei as subidas longas, mas suaves. Visitei algumas capelas no trajeto. Inicialmente passei por esta linda cachoeira, em que entrei e de que muito gostei. Houve outras cachoeiras ao longo do trajeto, mas como o acesso não era tão fácil, acabei só entrando nesta. Esta foi uma das vistas da paisagem na subida. Havia gado, mesmo nas montanhas. Neste trecho achei uma árvore com frutinhas doces vermelhas, que aproveitei para experimentar (primeiro) e depois comer bastante, posto que adorei. Encontrei também um homem com um fusca amarelo, parecido com o que meus pais tiveram quando eu era criança e adolescente. Brinquei com ele, perguntando se tinha assistido “Se Meu Fusca Falasse” e ele respondeu que não, mas que já tinha ouvido falar. Esta foi uma outra paisagem, um pouco mais para frente, ainda na subida. Depois entrei numa área que parecia ter mata densa. Fiquei até com receio de onças, mas não apareceu nenhuma nem ouvi nenhum esturro. Achei a mata muito bela, com vegetação de montanha. Perto do fim encontrei um grupo de cavaleiros, que aparentemente faziam algum tipo de excursão. Estavam almoçando num ônibus antigo, típico da CMTC de São Paulo na década de 1970. Convidaram-me, mas eu recusei devido ao horário. Mais para frente eles me passariam e cumprimentariam na estrada com seus cavalos e logo após viria o ônibus. Esta foi uma vista já após a subida maior, talvez no alto da serra, a partir de uma região relativamente plana. Encontrei novamente os dois peregrinos de Bauru. Como me aproximei por trás caminhando na estrada asfaltada, sem fazer muito barulho, creio que se assustaram um pouco quando eu os cumprimentei. A moça até perguntou rindo “Você não é uma miragem?” 😄. Perguntei se tinham conseguido chegar antes do anoitecer na cidade dois dias antes e eles disseram que sim. Pareciam estar gostando da experiência, agora já no terceiro dia, mas disseram que estavam um pouco cansados da subida naquele dia. Eles tinham saído bem antes de mim e pretendiam parar bem antes, então me despedi e disse que iria um pouco mais rápido para chegar antes de escurecer. Esta foi outra foto da região, porém com árvores floridas. Mais para frente no Caminho peguei novamente um vasto trecho de mata, que novamente achei muito belo. Peguei um pedaço de pau no trecho que achei mais arriscado, mas não houve nenhum problema. Perguntei a um trabalhador local que lá estava se havia onças por ali e ele disse que sim, mas que ele nunca tinha visto. Houve uma garoa fraca neste trecho. Pouco adiante um menino com a camisa do Palmeiras, andando de bicicleta, passou por mim. Começamos a conversar e ele falou de algumas opções de pousadas, que ele achava serem baratas. Falou da sua vida e de uma peregrinação que tinham feito em grupo, que durou quase um dia todo, saindo à noite, caminhando durante a madrugada, e chegando em Aparecida no começo ou fim da tarde do dia seguinte. Achei muito puxada e perigoso caminhar à noite daquele jeito. Nós nos despedimos, desejei boa sorte ao Palmeiras na final do Campeonato Paulista e creio que ele foi para casa guardar seu material de trabalho ou escola. Mas pouco mais tarde, reencontrou-me no Caminho, já bem mais perto de Campos do Jordão, só com a bicicleta. Desta vez conversamos menos e ele prosseguiu. Vi várias casas típicas de montanhas da cidade. Passei pela Pousada Refúgio dos Peregrinos, com cuja dona havia conversado, mas achei muito longe da área central, além do que pretendia procurar outra mais barata, que não estivesse mencionada no material do Caminho. Como não tínhamos compromisso, só havia comentado da possibilidade, nem parei para avisar nada. Parei em uma pousada conveniada e em um hotel não conveniado, mas os preços me pareceram bem mais altos do que o de outras localidades. Fui até a rodoviária, que por experiência de vários outros locais, costuma ter no entorno hospedagens mais baratas para viajantes. Lá um taxista indicou-me que o Luís Miranda alugava quartos na esquina. Fui até lá, conversei com ele e ele disse que só tinha um quarto, com várias camas, e que um rapaz estava lá, mas pretendia sair ainda naquele dia. Ele falou com o rapaz, confirmou a saída, eu esperei e fiquei hospedado lá. O rapaz era engraxate e tinha vindo engraxar os sapatos dos prefeitos de cidades do Estado de São Paulo reunidos num evento num hotel. Paguei R$ 70,00 em dinheiro pelo quarto com banheiro, sem direito a café da manhã. Logo após eu chegar e me acomodar, caiu uma tempestade ⛈️. Ainda bem que eu já estava abrigado. Após a chuva, saí para comprar alimentos para o jantar. Comprei pão e vegetais (limão, chuchu, beterraba e cebola) e os jantei. Ainda assisti a primeira partida da final do Campeonato Paulista entre São Paulo e Palmeiras ⚽. Na 5.a feira 31/03 após acordar fui até um mini mercado na esquina para comprar mantimentos para o café da manhã. Comprei pães e bananas e comi junto com cebola e chuchu que sobraram do dia anterior. Arrumei-me e parti, após me despedir de Luís Miranda, de sua família e de brincar com seu filho ou genro, que estava com a camisa do São Paulo, que havia ganho a primeira partida da final no dia anterior. Inicialmente fui visitar a Igreja Nossa Senhora da Saúde, que achei muito bonita, e de lá segui as setas e andei um longo trecho urbano em Campos do Jordão, em direção ao horto. Passei por muitas casas típicas da cidade e por trechos de mata. Decidi ir pelo Gomeral, distrito de Guaratinguetá, por ser mais curto o trajeto até Aparecida e por mencionarem que era mais bela a paisagem. Após o trecho urbano, novamente o Caminho foi por um trecho montanhoso, com bastante mata, em alguns pontos quase sem vestígio de ocupação humana, e com belas paisagens. A estrada a partir deste trecho não tinha mais quase ninguém. Estava ameaçando chuva e o céu estava nublado. Eu ouvia raios ao longe 🌩️, o que me preocupou um pouco, ainda mais por estar subindo, mas eles nunca se aproximaram. Peguei chuva leve em alguns trechos e moderada em outros poucos. Acabei usando minha capa e a capa da mochila, que na realidade eram dois sacos plásticos 😄. A estrada acabou ficando bem enlameada em alguns pontos, com várias poças. Parte do trajeto, na saída do município de Campos de Jordão, foi no Parque Estadual Campos do Jordão (https://www.parquecamposdojordao.com.br). Na entrada havia um lago e várias casas 🛖, que não sei se eram de uma comunidade local que lá habitava ou eram para aluguel de interessados em conhecer o parque. Acho mais provável que algumas poucas fossem de guarda parques e as outras fossem para aluguel de visitantes. Não vi ninguém nelas e só veículos em uma ou duas. Uma paisagem vista da subida foi esta. Passei pelo ponto mais alto do Caminho, marcado com uma placa de 1.950 metros. Um ciclista estava ali pouco antes, talvez por isso tenha chamado minha atenção e eu vi a placa. Haviam dito em Sertãozinho que poderia haver problema de roubos de bicicletas nas Pedrinhas, por isso quando passei por lá fiquei atento, mas nada aconteceu. Passei por algumas capelas ou altares como este. Pouco depois passei pela pousada mais alta do estado de São Paulo, a Pousada Santa Maria da Serra. Entrei e visitei sua área externa, conversando rapidamente com a atendente. Passei também por esta capela, erigida por peregrinos do Oeste do Paraná. Dois jipes passaram por mim. Neste trecho havia muitas pedras médias 🪨 e até relativamente grandes para uma estrada. Tive que tomar cuidado para não dar topadas e nem escorregar nos trechos enlameados. Achei as vistas do alto muito belas. Dava para ver parte do Vale do Paraíba e a cidade de Aparecida, segundo me informou depois Ilza. O céu estava começando a ficar bem escuro. Achei que levaria uma enorme chuva. Até já estava preparando as capas novamente. Mas consegui chegar na Pousada Parada da Serra perto de 16h. Ilza, com quem tinha conversado no dia anterior, estava perto da entrada colhendo pinhões. Ela me recebeu muito bem e foi me mostrar onde eu ficaria. Depois de me acomodar no chalé 🛖 que ficava abaixo, subi para conversarmos um pouco. Então caiu uma enorme tempestade ⛈️, que durou cerca de uma hora. Escapei por pouco, cerca de 15 minutos. Ela mesma disse-me que estava chovendo intermitentemente naqueles dias, mas que chuva forte daquele jeito fazia tempo que não ocorria. Conversamos sobre muitos assuntos. Ela me falou da sua vida com o marido ali, da sua família, da sua infância, de quando cursou faculdade em Taubaté (acho), do reumatismo que teve etc. Ela me mostrou a cidade de Aparecida, lá ao longe, a mesma que havia visto da estrada. Enquanto conversávamos, vi um tucano ou similar passar e ela me mostrou uma saracura nas árvores. Depois de passada a chuva, fui ajudá-la a colocar a vaca 🐄 para dentro da cerca. Ela tinha saído com a tempestade, que deve ter aberto a porteira. A sua amiga e dona da vaca ajudou. Ela estava ali perto, na Igreja de São Lázaro, que havia na propriedade e tinha sido construída pelo avô da Ilza para pagar uma promessa. Esta igreja parecia ser bem famosa, pois vi placas com seu nome na estrada. Depois voltamos, pegamos algumas folhas de azedinha, como ela chamava, de couve e subimos. Eu ainda fiquei um tempo no quarto organizando minhas coisas e esperando uma pancada de chuva passar. Apareceu uma abelha no quarto e depois de várias tentativas eu consegui colocá-la para fora. Passada a chuva, subi para jantar. Com o clima do modo como estava, decidi não ir ao mercado. Pedi para ela um prato de vegetais, em que ela juntou o que plantava nas suas terras e mais cenoura que tinha comprado, sob meus protestos, devido ao preço da cenoura. Achei que ficou muito bom. Continha mandioca, abóbora, couve, azedinha, pepino e cenoura, ao que acrescentei chuchu e cascas de banana que haviam sobrado do café da manhã. Paulo, seu marido, chegou do trabalho. Conversei um pouco com ele também sobre seu trabalho e a vida em geral. Ele estava molhado e ela o chamou para secar. Eu me despedi e desci para dormir. À noite não consegui ver muito o céu, que deveria ser maravilhoso, mas estava encoberto. Houve muitos pernilongos 🦟 e eu não quis usar o repelente que ela deixou para mim. Assim sendo, o sono foi um pouco turbulento. Na 6.a feira 01/04 subi para tomar café de manhã. Paulo já havia saído para trabalhar. Achei o café da manhã muito bom, com pão amanhecido, ovo caipira, enorme e deliciosa rosca caseira, manteiga, geleia de jabuticaba, queijo branco, mamão, leite, café e suco de laranja. Conversei mais um pouco com Ilza durante o café. Ela ainda me deu cerca de meio quilo de pinhão para eu trazer. Quis pagar para ela pelo jantar, mas ela não aceitou de jeito nenhum, nem R$ 10,00. Nem pelo pinhão ela aceitou nada. Paguei R$ 70,00 em dinheiro pela estadia, incluindo café da manhã. Ela disse que era o preço justo, mas eu achei que acabei pagando menos do que o adequado 😞. Depois me aprontei e parti. Ainda deu tempo de ver Ilza ajudando Paulo, que estava a cavalo, a colocar uma vaca para dentro de uma cerca. Eu até tentei ajudar um pouco 😄. Cerca de meia hora depois de começar a caminhar encontrei a Cachoeira do Gomeral ao lado da estrada. Entrei debaixo do jato de água, que achei delicioso, embora o dia ainda não estivesse quente. Prossegui descendo a serra, que achei que tinha paisagens muito belas. Ainda havia bastante áreas de mata, um córrego ou rio, mas à medida que se ia descendo e chegando perto dos trechos urbanos, começavam a aparecer mais fazendas, propriedades comerciais e similares. Depois de certo ponto a estrada ficou asfaltada e intercambiou com trechos de terra. Havia algumas poças de água e alguns trechos com barro. Não peguei chuva ao longo do dia. Já bem mais para frente, num bairro de Potim, senti, pela única vez no Caminho, que poderia haver algum problema de segurança. Achei que um rapaz ficou me observando e depois entrou numa viela. Pouco tempo depois passou um ciclista por mim num trecho ermo, entre um núcleo populacional e outro. Após algumas dezenas de metros que me passou, ele parou na estrada. Achei muito estranho e parei também, como quem iria fazer xixi. Por coincidência, uma viatura da polícia, que havia passado há algum tempo atrás para escoltar um veículo da penitenciária, estava voltando. Acho que isso assustou o ciclista, que ao vê-la, resolveu seguir viagem. Eu também aproveitei para apertar o passo e passar por aquele trecho rapidamente, usando parte do tempo em que a viatura policial transitava. De concreto nada aconteceu, nenhuma abordagem. Ao chegar mais perto do centro de Potim praticamente estava numa cidade média, bastante urbanizada. Ela era contígua com Aparecida, então é como se já estivesse lá. Na entrada de Aparecida, vi este monumento aos pescadores que pegaram a imagem. Cruzei a linha do trem, conforme me indicaram e cheguei até o Santuário Nacional, onde acabava o Caminho da Fé. Perguntei para o porteiro se acabava ali e ele disse que acabava lá dentro e eu poderia pegar um certificado. Mas eu não quis o certificado. Fui visitar o Santuário e a imagem original retirada do rio (ou sua réplica). Após visitar a parte central do Santuário, fui procurar uma pousada para ficar. Fui em direção a uma que havia nas informações do Caminho, na Avenida Itaguaçu, em direção ao porto. Mas no caminho, ao ver outras, resolvi perguntar o preço de uma. Era o mesmo da conveniada, mas o dono me disse que acharia outras um pouco mais baratas. Resolvi seguir, passei pela conveniada sem parar e encontrei a Pousada Guadalupe (https://www.facebook.com/pousa.guadalupe), em que resolvi ficar, por R$ 50,00 no cartão de crédito por um quarto com banheiro e com café da manhã incluído. Depois de instalado, fui dar um passeio pela cidade. Fui ao porto, que era bem perto, visitei os pontos de interesse existentes lá e depois voltei para o Santuário pelo Caminho do Rosário, apreciando as esculturas com passagens bíblicas, majoritariamente ligadas á vida de Jesus. Neste caminho encontrei uma excursão de baianos, com quem conversei um pouco, dizendo que meus avós eram baianos. Ao chegar perto do Santuário, fui ao Morro do Presépio ou Presépio Permanente, também com esculturas de passagens bíblicas, majoritariamente ligadas ao nascimento de Jesus. Ainda tentei ir ao Museu de Cera, mas já estava fechado. Havia duas estátuas na porta, uma do Ronaldo, fenômeno, e outra do Marcos Pontes, astronauta. Pelo que entendi Ronaldo fez promessa para poder jogar a Copa de 2002 e Marcos Pontes levou uma imagem de Nossa Senhora ao espaço, dentro da diminuta cota de bagagem a que tinha direito. Havia um cachorro deitado e à primeira vista até pensei que fosse de cera 😄, mas depois, olhando melhor, vi que estava dormindo e era de carne e osso. Comprei pães e legumes (limão, cebola e chuchu) no supermercado e jantei. Durante o jantar conversei com Júnior, o dono da pousada, e duas amigas ou familiares suas, além da filha de uma delas. O sono foi tranquilo, sem mosquitos. No sábado 02/04 tomei o simples e razoável café da manhã, com pães, rosca, muçarela, margarina, banana e bolo. Conversei com Júnior durante o café. Foi numa das conversas que tivemos que ele me explicou sobre o carro batido que havia no estacionamento da pousada, fruto de um acidente de um rapaz jovem que tinha perdido o pai há algum tempo e parecia estar um pouco desorientado. Ele tirou esta foto quando eu fui partir. Despedi-me e fui visitar o Santuário novamente. Passeei por algumas alas de que tinha gostado, como a Capela com Jesus e Maria, o velário e outras e fui ao subsolo ver algumas exposições, enquanto esperava pela viagem do Blablacar, cujo motorista já havia me informado que tinha tido atraso devido às chuvas no Rio de Janeiro, visto que ele saía de Nova Iguaçu. Embarquei ao lado da rodoviária, onde havíamos combinado. Ele estava testando se o Blablacar poderia ser viável para ele trabalhar fazendo viagens entre Rio e São Paulo. Dirigia seguindo o padrão carioca ou fluminense, bem menos rígido em relação às leis de trânsito do que o paulista, mas não houve nenhum incidente relevante durante a viagem. Deixou-me ao lado da Rodoviária do Tietê por volta de 14h.
  2. Resumo: Itinerário: De Sertãozinho a Águas da Prata Distância Aproximada Entre Origem e Destino pelo Mapa do Caminho da Fé: 254 km Distância Aproximada Percorrida Incluindo Passeios e Adicionais: 340 km Período: 31/01/2022 a 13/02/2022 (14 dias) Gasto Total: R$ 975,70 Gasto sem Transporte de Ida e Volta: R$ 865,70 - Média Diária: R$ 66,59 Ida: Viagem pelo BlaBlaCar de São Paulo a Ribeirão Preto por R$ 60,00, com Anderson Luiz dos Santos (excelente motorista). Volta: Viagem pelo BlaBlaCar de São João da Boa Vista a São Paulo por R$ 50,00, com Jéssica (excelente motorista). Paradas: 31/01-01/02: Sertãozinho 02/02: Dumont – Percorri o Caminho das 11h às 16h, cerca de 21 Km de progresso 03: Cravinhos - Percorri o Caminho das 8h30 às 16h30, cerca de 35 Km de progresso 04: São Simão - Percorri o Caminho das 8h30 às 15h, cerca de 30 Km de progresso 05: Santa Rosa do Viterbo - Percorri o Caminho das 8h30 às 14h, cerca de 26 Km de progresso 06-07: Tambaú: - Percorri o Caminho das 8h20 às 18h, cerca de 38 Km de progresso 08: Casa Branca - Percorri o Caminho das 9h30 às 16h, cerca de 30 Km de progresso 09: Vargem Grande do Sul - Percorri o Caminho das 10h30 às 16h30, cerca de 30 Km de progresso 10: São Roque da Fartura - Percorri o Caminho das 9h às 15h, cerca de 25 Km de progresso 11-12: Águas da Prata - Percorri o Caminho das 9h30 às 15h30, cerca de 19 Km de progresso 13/02: São Paulo Considerações Gerais Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, preços, acomodações, atrações no caminho e informações adicionais que eu achar importantes. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais ou ao longo do caminho. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis na internet. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Pode-se encontrar informações detalhadas sobre o Caminho da Fé em https://caminhodafe.com.br, incluindo mapas, hospedagens conveniadas, ramais, cidades e muitas outras. Em boa parte da viagem houve bastante sol e pancadas de chuva, geralmente no fim do dia. Dia com chuva prolongada foi só um. Houve poucos raios. A chuva, quando me pegou nas estradas, geralmente foi leve e breve. Chuva moderada e mais longa no meio da caminhada ocorreu somente uma vez, na última etapa. As temperaturas estiveram bem razoáveis (para um paulistano), variando de 18 C a 30 C. A sensação térmica às vezes era mais baixa por causa da chuva ou mais alta por causa do asfalto ou da terra ou da areia. A sinalização do Caminho pareceu-me muito boa, com raríssimas exceções (na realidade, só em duas ocasiões eu achei que foi falha). Nas áreas urbanas era bem detalhada. Nas áreas rurais era mais escassa, mas nos pontos relevantes estava presente. Em alguns trechos, a vegetação a encobria e em outros, algum evento como batidas, ventos etc devem ter alterado levemente a direção das placas. Mas nestas ocasiões, analisando o caminho e o mais provável, dava para imaginar por onde ir. Viajei de máscara o tempo todo. Em alguns momentos, principalmente em dias muito quentes ou em subidas, foi um pouco incômodo. Quase ninguém usava máscara nem nas áreas rurais nem nas cidades, ao não ser em alguns estabelecimentos abertos ao público, dependendo da cidade e do estabelecimento. Acho que alguns estranharam o fato de eu estar de máscara. A vegetação, as paisagens rurais, os mirantes, as montanhas, os lagos, os rios, as construções históricas e típicas, as igrejas, os monumentos religiosos e os pequenos altares ou santuários agradaram-me muito . Vi alguns animais silvestres no caminho, sendo muitos pássaros (tucanos, corujas, tuiuiús, amarelos, verdes, pretos, azuis, marrons etc), um tamanduá, acho que um gambá, macaquinhos etc. Acho que ouvi esturros de onças num trecho de mata. Acostumado a fazer caminhas em praias, resolvi tentar fazer o Caminho de chinelo. Até que por um lado foi interessante, pois foi muito mais fácil lidar com a chuva e o barro. Mas por outro lado, devido a ter optado por andar descalço no início por longos trechos, creio que me gerou bolhas na planta dos pés, que acabaram incomodando um pouco e reduzindo a velocidade. Havia bastante trechos com plantações, que foi variando de tipo ao longo do caminho. Começando por cana-de-açúcar, passando por eucalipto, laranja, amendoim, milho etc. Houve também vários trechos com pastos, a maior parte para criação de gado, mas ouvi som de ovelhas ou cabras também. Houve alguns trechos com área industrial e alguns outros com mata. No fim, houve um trecho com montanhas. A população de uma maneira geral foi cordial e gentil. Só não fui muito bem tratado numa pousada em Santa Rosa do Viterbo, mas nada absurdo, apenas destoou das outras. Foi impressionante a generosidade dos donos de algumas acomodações e comerciantes, sendo que vários me tratavam como se fosse da família . Procurei ser o mais educado possível e não abusar da hospitalidade. A caminhada no geral foi tranquila. Os maiores problemas foram alguns cachorros que pareceram não gostar muito da minha passagem. Mas nenhum deles me atacou, só latiram, correram atrás e rosnaram, mostrando os dentes. Não tive nenhum problema de segurança (nenhuma abordagem indesejada) no caminho nem nas cidades. Quase todos aceitaram cartão de crédito, mas preferi pagar as acomodações familiares em dinheiro, para não gerar taxas para elas. Pousadas, hotéis, supermercados e padarias procurei pagar com cartão de crédito. Meus gastos foram R$ 81,70 com alimentação, R$ 764,00 com hospedagem, R$ 110,00 com as passagens de ida e volta pelo Blablacar (https://www.blablacar.com.br) e R$ 20,00 com a credencial (não teria sido necessária, mas quis incentivar os organizadores do Caminho). Mas considere que eu sou bem econômico. A Viagem: Minha viagem foi de SP (Posto de Gasolina na Vila Prudente) a Ribeirão Preto na 2.a feira 31/01/2022 através do BlaBlaCar. Caminhei até o ponto de encontro. Estava uma chuva leve. Cheguei pouco antes da hora combinada. O motorista Anderson Luiz dos Santos já me esperava. Pareceu ser um excelente motorista e bastante culto. Saímos cerca de 8h50, pegamos o outro passageiro, Rian, na Rodoviária do Tietê, pegamos uma encomenda no caminho e fomos. A outra passageira desistiu em cima da hora. Por incrível que pareça, mesmo com chuva, o trânsito em São Paulo estava bom. A viagem foi tranquila e chegamos perto de 13h30. Ele me deixou na mini rodoviária de Ribeirão Preto. De lá fui a pé para Sertãozinho. Até perguntei para o caminhão para quem Anderson entregou a encomenda se iria para Sertãozinho, mas iriam para Fernandópolis. Foram cerca de 25 km. Não fazia parte do Caminho, mas eu quis entrar no clima. Perdi-me um pouco na cidade e cheguei no início da estrada que ia para Sertãozinho perto de 15h30. A paisagem na estrada pareceu-me bela. Em parte fui por vias laterais e em parte fui pelo acostamento. Havia plantações de cana ao longo do caminho, instalações da USP e a terra era bem vermelha. Vi uma coruja. Houve chuva leve durante pouco tempo, mas nada que incomodasse. Nem tirei a capa de dentro da mochila. Quase na chegada, perto de um acesso vindo de outra estrada, onde quase não havia acostamento, pulei rapidamente a grade para a grama, pois um caminhão vinha pelo acesso. Não quis que passasse tão perto de mim. Neste evento bati o joelho e fiz um pequenino furo na calça, na altura do joelho. Já perto do acesso, perguntei a um homem que praticava corrida e ele me indicou o acesso. As pessoas a quem perguntei neste trajeto foram bastante gentis ao darem informações. Logo na entrada, fui contemplado com este altar para Nossa Senhora, em que um homem fazia sua prece. Pedi autorização para incluí-lo na foto e ele concordou. Logo depois encontrei o pórtico. Fui em direção ao Hotel Agapito, que era credenciado pela peregrinação e ficava logo na entrada. Pareceu-me bom e com preço razoável (R$ 59,00 com café da manhã), mas eu achei que numa cidade deste tamanho, poderia haver alguma acomodação mais barata perto da rodoviária. Falei para a atendente que iria dar uma volta por lá e, conforme fosse, voltaria. Fui e encontrei dois hotéis com quartos simples por R$ 40,00 por dia, com café da manhã e banheiro interno. Resolvi ficar num deles (o outro tinha acabado de ficar lotado). Fiquei no Hotel Zati’s (https://www.facebook.com/ZatisHotel). Paguei com cartão de crédito. Fui bem atendido, mas a estrutura dos quartos simples era um pouco precária. Fiquei no 4.o andar e não havia elevador. Era o último andar e, devido à chuva, havia uma goteira ao lado da cama. A pia estava pingando. Duas das 3 tomadas aparentemente não funcionavam, por isso não consegui ligar a TV. Apareceu uma barata na cômoda ao lado da cama. Mas o colchão, a roupa de cama e o chuveiro eram bons, o que era o principal. Devido à goteira, pedi para mudar no dia seguinte e concordaram prontamente. Saí para comprar o jantar no Supermercado Gricki (https://www.supermercadosgricki.com.br/). Neste momento a chuva engrossou e eu me molhei um pouco (não levei a capa). Era dia de promoção de hortifrúti e sou vegetariano. Ainda me cadastrei como “Fã Gricki”, o que me permitiu mais descontos. Jantei pão com tomate, beterraba, abobrinha, limão, laranja e banana. Na 3.a feira 01/02, o dia começou com o galo cantando de madrugada 🐓. Nada como o interior, mesmo estando no centro da cidade. Após tomar o razoável café da manhã (pão, margarina, muçarela, presunto, salsicha, biscoitos, bolo, sucos, leite e café), fui visitar a cidade. Houve chuva leve em parte do dia. Quando caiu uma pancada mais forte, estava no centro e me abriguei na marquise de uma loja. As pessoas a quem pedi informações foram muito gentis para dar informações. Achei a vista do Cristo e a partir dele espetaculares. Segue a foto dele com zoom, por isso meio embaçada (eu como fotógrafo morreria de fome 😄). E esta é a foto da cidade a partir dele. Gostei também bastante do Parque Linear, com muita área verde, rio e muitos pássaros. Havia uma pista em que se podia dar a volta no parque inteiro caminhando. Visitei o Museu, onde a atendente acompanhou-me explicando a história da cidade. Chamou-me atenção uma foto do início do século passado, com dois homens a cavalo na rua principal da cidade. Visitei também o Ginásio Docão, onde a equipe do Sertãozinho de hóquei sobre patins joga. Nas suas redondezas havia árvores com vários pássaros. Lembro-me quando era adolescente e jovem, dos jogos no fim da década de 1980, em que Luciano do Valle narrava as disputas do Sertãozinho pelos mundialitos. Atualmente funciona lá a Secretaria de Esportes. Os membros receberam-me muito bem e Edílson levou-me para conhecer o secretário, que havia sido jogador daquele time. Havia até uma foto do Datena, repórter esportivo naquela época, entrevistando-o. Edílson já havia feito o Caminho da Fé várias vezes e me deu bastante informações sobre o que poderia encontrar, pontos de atenção (locais de roubo de bicicletas), procedimentos para ajudar na caminhada (como usar cajado para afastar cachorros, tomar água ou isotônico) etc. Ele era professor de educação física. Visitei também o estádio onde o time de futebol profissional jogava. Não pude visitar o complexo do patinódromo porque estava em reforma. Na visita à estação ferroviária, um homem que passava explicou-me sobre sua história e como estava atualmente. Visitei também a catedral e o teatro, podendo entrar em ambos. Achei as praças muito bem cuidadas, arborizadas e espaçosas. No fim do dia voltei ao hotel e troquei de quarto para o 2.o andar. Não havia mais goteira nem os outros problemas, porém agora havia dois novos. Eu não conseguia trancar a porta e havia vazamento externo de água limpa na válvula da descarga. Nada que incomodasse muito. Jantei o mesmo que no dia anterior. Na 4.a feira 02/02 tomei o café da manhã, esperei a chuva passar e saí cerca de 9h30. Ao passar por um policial e perguntar se havia algum problema de segurança em áreas rurais daquela região, dizendo que eu iria fazer o Caminho da Fé, ele respondeu que não, e me pediu para rezar por ele quando chegasse a Aparecida. Saquei algum dinheiro, prevendo que nem todos poderiam aceitar cartão e que poderia ficar em zonas rurais distantes de bancos, passei no museu para agradecer a atendente pelas informações e elogiar a cidade, fui até o Hotel Agapito e comprei a credencial. Apesar de eu não ter ficado lá, atenderam-me muito bem, ofereceram-me até café da manhã gratuitamente, o que educadamente eu recusei. Aceitaram uma nota de R$ 50,00 para pagamento da credencial para trocar meu dinheiro, inclusive com 5 notas de R$ 2,00. Indicaram-me as setas de início do Caminho e eu comecei a segui-las. A sinalização urbana aqui estava muito boa e detalhada. Já no trecho rural ficou bem mais escassa (provavelmente devido á dificuldade de achar pontos fixos para colocar flechas no campo), mas nos pontos relevantes estava presente. Passei novamente pela entrada do parque onde ficava o Cristo, segui para a entrada da cidade, passei pelo pórtico e conversei com os atendentes do setor de informações turísticas, que estava fechado na 2.a feira quando cheguei, atravessei a estrada, passei por uma empresa e logo peguei uma estrada de terra. Não houve chuva significativa ao longo do dia, mas havia vários trechos com poças de água e muito barro. Como estava de chinelo, acabei andando descalço por longos trechos por achar mais fácil e por achar o chão macio, o que se mostrou depois não muito interessante, pois acabou gerando bolhas nas plantas dos pés dias depois. Não encontrei ninguém (ninguém mesmo) nas estradas rurais. No meio do caminho, deparei-me com algum tipo de oferenda num cruzamento. Havia várias garrafas de champagne ou vinho em círculo. Olhei e passei com respeito à crença de quem a fez. A foto da cidade vista de uma área um pouco mais elevada, ainda no começo da caminhada foi esta. O trecho teve belas paisagens, plantações e muitos canaviais. Esta é a foto de um deles. Houve muitos pássaros de diversos tipos, incluindo corujas ao longo do trecho. Havia também este altar, com a placa de 558 km restantes do Caminho da Fé. A vista da cidade de Dumont a partir da estrada, já perto de chegar era esta. E bem perto da entrada da cidade, esta caixa d’água mostrava como havia chovido. Chegando em Dumont consultei as pessoas e o Centro de Assistência Social sobre pousadas e me indicaram a Rancho Alegre City, da Patrícia, com quem já havia falado por whatsapp. Fui até lá e, por coincidência, a gerente Lilian estava chegando para arrumar a pousada para a noite. Conversei com ela, vi o bom quarto que custava R$ 75,00 com café da manhã e banheiro interno, e disse que iria tentar ligar para a Casa Veronezi, que era mais adiante no caminho e seria mais conveniente para mim, caso tivesse preço competitivo. Já tinha ligado quando estava sentado na praça, mas ninguém tinha atendido. Liguei na frente dela e uma criança atendeu. Chamou a avó e ela me disse que poderia me receber em sua casa. O preço era R$ 75,00 incluindo café da manhã e jantar ou R$ 60,00 só com café da manhã. Decidi ir para a Casa Veronezi. Agradeci a Lilian. Antes, visitei a Igreja (peguei a chave na secretaria), a Praça e o Museu de Santos Dumont, que havia morado numa fazenda naquela região. O museu tinha uma réplica (acho que em tamanho real) do 14 Bis. Que coragem voar naquilo 😮. Fui então para a Casa Veronezi (http://casaveronezi.com.br). Ela ficava no Caminho da Fé. O trecho também era muito belo, com paisagens rurais. As pessoas que encontrei no caminho deram as informações corretas, cordialmente. Ao chegar lá, uma fazenda com vários ambientes, indicaram-me onde ficava a casa que abrigava os peregrinos. Assim que cheguei, enquanto limpava os pés e chinelos na torneira, começou a garoar. Assim que entrei a chuva engrossou e caiu um temporal. Acho que tive muita sorte, pois aquele temporal na estrada de terra teria sido desastroso. Helena, uma linda mulher com aproximadamente 77 anos recebeu-me. Segue sua foto, autorizada por ela. Ela me atendeu muito bem, como se eu fizesse parte de sua família. Apresentou-me seu marido e seu cunhado que moravam com ela. Seus netos (acho que um dos quais havia me atendido) estavam divertindo-se no celular. Conversamos longamente e eu fiquei impressionado com a cultura geral dela. Suas opiniões pareceram-me embasadas cientificamente, sem cair na enorme boataria que existe em relação aos vários temas. E seu conhecimento era muito vasto. Ela disse que lia muito. Apresentou-me toda a casa, as obras de arte, os ambientes, o jardim e me falou do açougue anexo e do pesqueiro. Vi também o canavial, o galinheiro e o quintal, com suas árvores magníficas. Ela tinha também vários gatos e um cachorro maltês. Falou como havia diminuído o número de visitantes e eventos devido à pandemia. Contou-me também de seus filhos, engenheiro, empresário, veterinária e de seus netos, dos pequenos e da que já estava se formando em veterinária. Aliás, pela foto na parede aos 15 anos, achei que sua neta poderia ter sido Miss Brasil, se quisesse. Falou-me dos parentes que morreram de COVID, quando ainda não havia vacina, e devido a outras doenças. Tinham partido deste mundo vários membros da família desde o início da pandemia. Falou-me dos peregrinos dos mais variados tipos que acolheu, incluindo repórteres do Fantástico e da BBC e de outras pessoas cujo estilo de vida não conhecia, como um carioca, com fisionomia que me pareceu indiana, pelo que ela narrou, e que era vegano, e de um catarinense com tatuagens. Pareceu-me uma pessoa muito feliz. Mas comentou comigo que toda noite, ao dormir, dizia para Deus que estava pronta para partir, com as sandálias e o cajado. Achei interessante, mesmo com uma vida que me parecia tão boa, ela comentar isso. Mas talvez seja justamente por isso, para partir enquanto a vida é boa, sem sofrimento. Mais tarde chegou sua filha Viviane, tão simpática quanto a mãe, que era a mãe das duas crianças que lá estavam e atuava como veterinária. No entardecer, após a chuva parar, fui dar um passeio no quintal e depois meditei com vista para o pôr do sol e as árvores enormes. Tomei banho e fui jantar. Ela já havia jantado, mas ficou na mesa comigo conversando. Jantei pão com berinjela, beterraba, cenoura, cebola, limão e banana. Ofereceu-me azeite. Surpreendeu-se pelo fato de eu comer pão com tudo cru. Ainda deu para assistir parte do jogo entre Corinthians e Santos. Eu sou simpatizante do Santos. Seu cunhado também era. Quando Jô marcou o primeiro gol do Corinthians, ainda mais sendo em Itaquera, achamos que o Santos iria perder. Mas acabou virando e ganhando por 2x1, para nossa surpresa e satisfação. Na 5.a feira 03/02 pela manhã tomei o maravilhoso café da manhã oferecido pela Helena, com pamonha feita na hora, pães de queijo, pães, bisnaguinhas, requeijão, manteiga, frutas (ameixa, abacate, banana) e suco de graviola . Conversei bastante com Viviane durante o café da manhã. Ela me contou sobre sua vida profissional e dos seus filhos e marido. Falou que seu filho estava encantado com os jogos e falava que desejava ser gamer. Adorava o computador do sobrinho dela, engenheiro de computação, que era muito potente, justamente para executar os jogos. Depois, arrumei minha mochila, despedi-me de todos, agradeci muito por tudo e perguntei a Helena se poderia pagar a estadia com o cartão de crédito através do Pesqueiro, como ela disse no dia anterior. Mas era folga da moça que lá atende e o cunhado dela estava fazendo trabalhos na casa, então não seria possível. Ela me disse para ficar sem pagar. Como eu recusei, ela me disse para pagar só R$ 50,00 então. Mas eu paguei em dinheiro os R$ 60,00 conforme combinado, pois seria um absurdo não o fazer, depois do maravilhoso atendimento recebido. Em seguida, saí rumo a Cravinhos. Não houve chuva durante a caminhada. Houve muitos pássaros, borboletas e cachorros latindo, correndo atrás de mim, até ameaçando atacar, mas mantendo alguma distância, quando passei perto de uma casa em que havia 3 mulheres, as primeiras pessoas que eu encontrei nas estradas rurais. Esta é uma foto da paisagem encontrada, com plantações diferentes e participação especial não autorizada da voadora 😄. Eu voltei a andar descalço em trechos enlameados e que achei que tinham solo macio. Os canaviais também continuavam e ainda havia muitas poças na estrada. Mais à frente encontrei 2 trabalhadores rurais ao lado de um caminhão, que me falaram da distância até Bonfim Paulista, bairro de Ribeirão Preto, ponto intermediário da caminhada no dia. Pouco adiante, já perto da área urbana, em frente a uma indústria, saíram do mato atrás de mim 2 enormes cachorros pretos (pareciam rottweilers, mas eram totalmente pretos). Mas não latiram, não foram hostis, nem fizeram menção de ataque. Apenas um deles acompanhou-me por um pequeno trecho. Talvez com a proximidade de possíveis donos, eles tenham sido orientados a não atacar. Em Bonfim Paulista, após passar pela extensa avenida que ladeava uma espécie de parque, virei numa rua conforme indicado pelas setas num pequeno trecho urbano e daí em diante a sinalização desapareceu (ou eu não encontrei). Perguntei a algumas pessoas, mas nem todos sabiam o que era o Caminho da Fé. Num cruzamento logo à frente, em que havia uma estrada e várias ruas, havia este monumento, que fui admirar. Perguntei a algumas pessoas sobre o Caminho e elas não sabiam. Até que um prestador de serviços em um carro chamou-me e me disse para onde era o Caminho, pegando a rua que saía na estrada e indo em frente. Disse que lá na frente eu voltaria a ver as flechas, o que realmente ocorreu. Na saída de Bonfim Paulista achei interessantes estes troncos de árvores. Na parte final do caminho em direção a Cravinhos, o chão estava bastante seco. Houve bastante sol em alguns momentos perto do meio dia e à tarde, o que me fez tomar bastante água. Muitas borboletas apareceram. A paisagem mudou um pouco também, com trechos de mata. Cheguei na entrada de Cravinhos perto de 16h, mas ainda havia um longo trecho até o centro e a área de hospedagens. Mas caminhei por tudo seguindo as flechas, muito bem sinalizadas. Após entrar um pouco no bairro inicial, perguntei a um homem sobre a hospedagem mais barata da cidade e ele me disse que era no Posto Ipiranga. Pensei que fosse piada 😄, baseada na propaganda de TV. Mas aí ele me explicou que havia um hotel dentro do posto. Continuei seguindo o Caminho até a avenida central, onde havia a Igreja de Santa Luzia, que achei linda, e que tinha um pequeno monumento ao Caminho da Fé em frente e uma imagem de Jesus. Era uma igreja circular, iluminada com luz natural e com um interior que achei muito belo. De lá segui em frente e perguntei às pessoas sobre a pousada e elas confirmaram que a mais barata era no Posto Ipiranga mesmo. Fiquei um tempo conversando com dois homens na porta de um bar, sobre o Caminho, as dificuldades, distâncias, ocorrências de viagem etc. Um deles pediu para que eu rezasse por ele quando chegasse a Aparecida. Eles me indicaram o caminho para a pousada, eu fui e aí saí do Caminho. Andei cerca de meia hora para chegar lá, mas era um hotel e estava fechado. Disseram-me porém, que havia uma pousada associada, não muito longe, bastando atravessar a rodovia e pegar uma pequena rua. Fui lá e descobri a Pousada, que me pareceu boa. O preço era de R$ 70,00 a diária com café da manhã, maior do que o da Hospedaria Anhanguera, credenciada pelo Caminho. Agradeci, mas preferi ir até a Hospedaria Anhanguera (whatsapp +55 16 99419-5320). Ele gentilmente explicou-me o caminho até lá. Cruzei novamente a rodovia, pedi informações à frente e lá cheguei. Fiquei hospedado lá em quarto individual, com banheiro e pequeno café da manhã por R$ 60,00. Ela aceitava cartão de crédito, mas vendo que era uma hospedaria familiar, resolvi pagar em dinheiro. Cida, a dona, recebeu-me bem e me orientou sobre supermercado, padaria e sobre uma sorveteria com picolé a R$ 0,50. Disse-me também de uma feira cultural no Parque Ecológico. Fiz as compras no supermercado e na padaria e fui até o Parque Ecológico, passando pela Igreja Matriz. Achei simples, porém bela a Matriz e a praça no seu entorno. Lá, um homem que rezava, esperando a missa, orientou-me sobre como chegar ao Parque Ecológico. Apesar de já à noite, achei muito bonito o Parque Ecológico, com seus lagos, patos, gansos, capivaras e grandes áreas verdes. Andei por algumas de suas trilhas. Havia bastante gente lá dentro e na área externa, onde se vendia artesanato e alimentos prontos (pastéis, sanduíches etc). Na volta, encontrei Cida saindo, que me disse que iria ao Parque Ecológico e perguntou se eu desejava carona. Disse que havia acabado de voltar de lá, o que a surpreendeu. Passei na sorveteria e comprei 4 picolés de frutas à base de água. Jantei pão com cebola, beterraba, limão banana e laranja. Na 6.a feira 04/02, após um café da manhã simples (um pão com margarina e um copo de água – eu não quis a xícara de café oferecida, pois não costumo tomar café), que reforcei com parte do que tinha comprado no dia anterior, despedi-me da Cida e do seu companheiro e saí com destino a São Simão. Inicialmente passei pelo estádio, onde tinha sido jogada a Copa SP de Juniores e pude ver o campo sem pisar nele. Depois conheci a antiga estação ferroviária, uma praça e uma igreja que achei belas. Tudo isso para ir ao ponto onde havia deixado o Caminho no dia anterior. Uma vez chegando ao ponto, comecei a seguir as flechas novamente. Uma pequena parte do trajeto foi numa rodovia. A maior parte foi em caminhos paralelos de terra ao lado da rodovia. Neste dia houve muito sol e não choveu em nenhum momento. Novamente cachorros latiram para mim, quando passei pelo barraco de um morador das margens da rodovia. Mas ele os repreendeu, eles pararam e não correram mais atrás de mim. Passei ao lado de várias casas no campo. Em duas fazendas havia altares para os peregrinos e em pelo menos uma havia oferta de água potável de uma torneira. Já perto de São Simão, cruzei a linha do trem pela primeira vez no Caminho. Logo após encontrei uma chácara, em que dois homens trabalhavam. Perguntei a eles sobre a distância para São Simão e me falaram que já estava em São Simão e me indicaram o caminho para a pousada que consideravam a mais barata da cidade. Chegaram duas mulheres, talvez a mãe e a filha da casa e reforçaram as informações. Agradeci, mas disse que iria seguir as flechas e depois de chegar ao centro, procurar pela pousada que indicaram. Pouco mais à frente, perguntei novamente a dois homens que trabalhavam e eles falaram da mesma pousada. Um deles gentilmente ofereceu-me água e cuscuz para comer 👍, o que educadamente eu recusei. Mais à frente perguntei provavelmente ao motorista da ambulância do hospital, que também me falou da pousada e confirmou o caminho para ela. Incrível como a população foi amável. Segui as flechas até a antiga estação ferroviária, onde atualmente funcionam órgãos públicos. Dali desviei para ir até a Pousada Alfa (https://www.solutudo.com.br/empresas/sp/s-simao/hoteis/pousada-alfa-11083427), que não era longe. Chegando lá encontrei Regina, que me mostrou a pousada. O quarto com banheiro interno e café da manhã custava R$ 70,00. Fiquei lá. Paguei com cartão de crédito. Notei que tinham aparecido bolhas nas plantas dos pés. Acho que foi consequência dos dias em que andei descalço. Parte dos terrenos tinha pedrinhas, o que deve ter contribuído para as bolhas. Após me instalar fui visitar o Bosque Municipal. Estava um pouco abandonado, com mato, mas ainda assim pareceu-me um passeio agradável andar em seus caminhos, ver a vegetação e o lago. Passei também pela praça em frente a ele. Como era caminho, passei no supermercado para comprar o jantar. Depois fui para o Morro do Cruzeiro, seguindo as orientações que me deram. No caminho, passei pela Igreja Matriz, que estava fechada, e pela praça em frente a ela. Achei bonita a paisagem na subida, embora íngreme. Ao chegar lá, havia numa área ao lado várias pessoas fazendo uma espécie de oração. Perguntei a elas se poderia entrar na área do Cruzeiro e elas disseram que sim. Gostei bastante da vista a partir de lá. Fiquei contemplando a paisagem e depois observando a cidade. Fiz um pouco de meditação. A vista do pôr do sol a partir de lá pareceu-me muito bela também. Chegou um carro com um casal de namorados, eu imagino, enquanto eu meditava. Quando fui para o outro lado apreciar a vista, cumprimentei a moça duas vezes, mas acho que ela se assustou. Aí o moço respondeu, eu disse que estava fazendo o Caminho da Fé, ele sorriu, disse que era bom e eu pedi desculpas por tê-los assustado. Dei a volta, para não os assustar ainda mais e fui para uma área limpa do morro, perto de onde as pessoas estavam fazendo a oração. De lá, tirei fotos da cidade e do pôr do sol. Na descida de volta, pude apreciar o pôr do sol e o crepúsculo por parte do tempo. No fim da descida, um rapaz ofereceu-me carona, mas eu já estava chegando e educadamente recusei. Ainda passei pelo museu, que estava fechado, e novamente pela Igreja Matriz, que continuava fechada. A arquitetura de ambos agradou-me. Ao chegar à Pousada à noite, não havia internet, pois o hóspede do quarto onde ficava o modem estava alcoolizado e, provavelmente, tinha feito algo que desligou a internet. O atendente Cláudio disse que tinha dado muito trabalho acomodá-lo e eu não quis gerar problemas. Jantei pão, tomate, banana e um pouco do que tinha sobrado da compra do dia anterior. No sábado 05/02 a internet ainda não tinha voltado. Tomei o bom café da manhã (pães, muçarela, presunto, bolacha, bolo, suco, café, leite, margarina). Dei cascas de banana, laranja e talos para o atendente Cláudio levar para os animais no seu sítio. Geralmente eu como as cascas, mas estava gerando muita quantidade, o que me parecia não estar fazendo bem para o meu organismo, então resolvi achar um outro destino nobre para elas. Enquanto me preparava para partir, ouvi um hóspede comentar que era de Santa Rosa do Viterbo. Perguntei a ele se conhecia pousada ou pensão barata lá e ele me indicou a do Tião Mariano (pai) e Luciano (filho) ou a do França. Agradeci, acabei de me arrumar e parti para Santa Rosa do Viterbo. Houve um pequeno trecho pela estrada no início, mas logo as flechas levaram para caminhos de terra. Logo no início vi um animal que acho que era um tamanduá pequeno, pelo modo de andar e pela cauda longa. Achei a paisagem bela, com eucaliptos, cana-de-açúcar e plantações. Este é um trecho de plantações, acho que de amendoim. Este é um trecho com eucaliptos e cana-de-açúcar. Esta é uma visão dos eucaliptos. Vi várias aves ao longo do trajeto. Durante um bom trecho uma ave terrestre que apareceu na minha frente fugiu de mim andando ou correndo. Acho que pensou que eu a estava perseguindo, até desviar do caminho e entrar no canavial. Aproximadamente na metade do caminho, dois rapazes de carro ofereceram-me carona, mas eu informei que estava peregrinando e educadamente recusei. Eles deram uma estimativa da distância. Já perto da chegada, uma moça, também de carro, ofereceu-me carona. Eu repeti a explicação e ela me deu uma estimativa da distância, que naquele ponto parecia não ser grande. Chegando em Santa Rosa, vi uma indicação de que havia dois caminhos possíveis. Esta informação não constava do site do Caminho nem havia no mapa. Fiquei um pouco confuso. Como havia planejado procurar acomodação em Santa Rosa, seguindo a sugestão do hóspede e, caso só encontrasse o hotel conveniado com o preço maior do que os de outras localidades, seguir ate a Estalagem do Sobreira, resolvi seguir as flechas que entravam na cidade. Pedindo informações, as pessoas confirmaram a existência da Pousada do Tião Mariano e Luciano e me indicaram onde ficava. Desviei muito pouco do Caminho para chegar até ela. Lá chegando, estavam almoçando numa enorme mesa. Mas o Luciano me recebeu e me mostrou o quarto, com banheiro externo e café da manhã por R$ 50,00. Resolvi ficar. Paguei com cartão de crédito. Ele usava um boné do Palmeiras, era palmeirense, mas disse que também gostava do Juventus, time cuja camisa eu estava usando. Ele tinha morado perto da Moóca. Achei as instalações da pousada um pouco precárias, mas o principal era aceitável, o colchão, o chuveiro e a não existência de mosquitos no quarto. Um dos banheiros não tinha assento no vaso sanitário. Encontrei uma barata no chão dele. A porta deste banheiros não tinha tranca, mas era possível colocar uma cadeira para servir de trava. Não era fornecida toalha. Não havia sobrelençol, só cobertores. Luciano disse para eu pegar o lençol de uma das outras camas e usar como sobrelençol, mas eu preferi então usar o cobertor. Ele forneceu a senha do WI-FI para o celular, mas não concordou em me fornecer para o tablet, que eu usava para ver mapas, pois a tela era bem maior. Todas as outras localidades em que fiquei forneceram-me sem restrições. Pedi um prato e uma faca para jantar, ele concordou em me dar, mas quando fui pegar e disse que devolveria no dia seguinte, ele me olhou firmemente e disse para eu devolver mesmo. Percebi que se aborreceu um pouco com meus pedidos e talvez por isso eu o tenha achado um pouco ríspido. Após chegar e me acomodar, ainda aproveitei para assistir parte do jogo entre Al Ahly e Monterrey e vi o gol do Al Ahly. Enquanto assistia, um dos participantes da mesa que já havia feito o Caminho da Fé conversou comigo e falou de suas experiências. Não fiquei para ver o jogo inteiro e saí para dar uma volta na cidade. Fui conhecer a Igreja Matriz e o museu, ambos por fora, algumas praças, o centro de cultura, a antiga estação ferroviária e um projeto musical da prefeitura para pessoas do município, que achei bastante interessante. Ficava nas instalações da estação e contava com vários instrumentos musicais, como piano, tambores, pratos, atabaques, violões etc. Depois passei no supermercado e comprei jantar e reforço para o café da manhã, que pelo que havia me informado, seria simples. Na pousada conheci dois pintores (Bruno e seu colega) que eram de São Paulo e estavam lá pintando a escola local. Eles trabalhavam muitas vezes viajando pelo interior fazendo este tipo de serviço. Bruno falou da saudade da família e dos seus filhos. No início da noite choveu forte, tanto que colocaram tapumes na entrada para nossos quartos e o banheiro, pois era muita água escoando. Jantei pães, tomate, banana e laranja. No domingo 06/02, após o café da manhã simples (café, leite, um pão com margarina e um pão com mortadela, que a moça gentilmente trocou por outro pão com manteiga, posto que sou vegetariano), devolvi o prato, a faca, o que sobrou do papel higiênico e a chave e acompanhei Luciano, que foi ver o quarto após a saída. Ele foi cordial na despedida. Parti rumo a Tambaú. Inicialmente segui as flechas para o centro da cidade, onde perto da Igreja Matriz e ao lado de uma espécie de bar, restaurante ou casa de eventos, havia uma placa indicando a bifurcação, com um caminho bem maior e outro menor. Ainda um pouco confuso, entrei no bar, que já estava aberto, e perguntei ao dono. Ele me respondeu que desde que a prefeitura havia colocado aquela placa, tinha havido muita confusão. Explicou-me que o caminho maior dava voltas pela região e que o menor ia direto para o próximo povoado. Agradeci e resolvi seguir o menor. Com isso voltei para a entrada da cidade seguindo as flechas e peguei uma estrada de terra com destino a Nhumirim. Neste trecho, procurei áreas em que havia pássaros, árvores e áreas verdes e joguei algumas cascas de frutas e talos para servirem de alimento aos animais e adubo para as plantas. Procurei distribuir para não gerar desequilíbrios, apesar de ser bem pouco. Ao passar por Nhumirim, havia uma pracinha com uma pequena igreja que achei muito bonita. Pouco depois havia um jogo de futebol de campo muito animado, com muitos gritos. Acho que foi neste trecho, pouco depois da saída de Nhumirim que vi um animal preto com cauda longa e uma faixa branca perto da cabeça atravessando a estrada de terra. Imagino que era um gambá. Achei muito bonito o caminho, com as mais variadas paisagens, como esta. Ao chegar na placa que indicava a entrada para a Estalagem do Sobreira, pensei que era para seguir em frente e a placa se referia só a quem desejasse ir para a Estalagem. Não vi que havia flechas indicando que o Caminho era por ali também, pois estavam cobertas pelo mato. A placa era comprida e eu não vi a parte de baixo. Segui em frente, ao olhar para trás vi umas casas e achei que era a estalagem. Fiquei na dúvida, mas continuei em frente até ver um “X” vermelho. Aí desconfiei que estava no caminho errado. Mesmo assim, para garantir, segui um pouco mais em frente, para ter certeza. Vi outro “X” azul e seguindo um pouco mais, ao não ver mais flechas amarelas, resolvi voltar. Aí fui analisar a placa detalhadamente e vi as flechas amarelas na parte de baixo, cobertas pela vegetação. Segui então em direção à Estalagem. Como antes eu estava subindo e agora tinha começado a descer e não apareciam mais flechas, fiquei na dúvida novamente. Resolvi voltar e ver se havia alguém na casa que ficava no entroncamento. Para minha sorte, havia uma mulher andando no quintal. Perguntei e ela disse que eu tinha que descer mesmo, passaria pela Estalagem e continuaria o Caminho. Agradeci e fui. Bem mais lá para frente vi outra flecha, o que me confirmou que tinha seguido o caminho correto. Nestas idas e vindas acho que gastei cerca de 40 minutos. Cruzei a Estalagem do Sobreira, que permitia que o Caminho passasse por ela. Achei-a muito bela, com sua capela, rio, campos e ambientes de vários tipos, como mostra um pouco esta foto. Havia várias porteiras a serem cruzadas e eu abri e fechei todas elas. Havia alguns trechos encharcados, em que foi um pouco difícil transitar e reduziu a velocidade. Na caminhada deste dia eu caí, sujei a mão e parte do braço com terra e um pouquinho da calça com lama. Foi minha única queda. Não me machuquei. Ao sair completamente da estalagem, eu cheguei a duas bifurcações em que não havia setas. Como estava subindo, por intuição achei que deveria subir. Era perto de 14h, então o sol não estava numa posição favorável para orientação sobre os pontos cardeais. Pouco depois da segunda bifurcação, havia uma casa ou chácara em que uma família estava reunida no almoço de domingo. Foi a minha sorte. Perguntei a eles sobre o Caminho. Um dos patriarcas, imagino, saiu do almoço, veio até mim e me explicou por onde eu deveria seguir. Disse que naquele trecho pessoas arrancavam as placas e que um homem havia fechado duas estradas para plantar soja e, portanto, eu precisava seguir o caminho que ele indicou. Bem de longe, eu vi uma placa lá na frente. Agradeci muito e segui. Passei pela placa, era do Caminho e coincidia com a explicação que ele me havia dado. Após passar pelos eucaliptos de que ele havia falado, vi outra placa e daí para frente a sinalização do Caminho voltou ao padrão regular. Perto de 16h o céu começou a escurecer do lado direito e, embora houvesse uma ampla parte clara, achei que poderia pegar chuva mais pesada pela primeira vez. Realmente ocorreu, mas foi uma pancada de uns 20 minutos. Corri e me abriguei sob uma árvore, visto que não havia raios. Molhei-me pouco. Até tirei a capa para proteger a mochila, mas acho que não teria sido necessário, pois a árvore protegeu bem. Após a chuva, continuei. Até que ela não encharcou muito o solo. Nesta área havia vários trechos de mata, como este. Isto também ajudava a me proteger do sol. Passei por várias fazendas nas laterais do Caminho. Houve muitos pássaros dos mais diversos tipos ao longo da caminhada. As paisagens a partir das áreas mais elevadas pareceram-me muito bonitas também. Já perto de Tambaú, havia uma flecha que estava numa posição não muito clara. Segui o que eu achava ser o trecho mais provável. Depois apareceu uma bifurcação sem flechas. Segui o sentido que eu achava ser em direção à cidade. Não vi mais flechas. Achei que havia me perdido. Fiz sinal para um carro, que acho que pensou que eu queria carona e fez sinal de que estava cheio. Fiz o mesmo para um motociclista, que também não parou, mas disse que Tambaú era na direção em que eu estava indo. Bem mais para frente, voltei a ver flechas e descobri que estava no caminho certo. Na entrada de Tambaú havia uma espécie de jardim, que achei belo, com estas flores. Perguntei às pessoas em frente ao jardim e me indicaram um hotel que acharam ser barato. Continuei seguindo as flechas e mais para frente perguntei a um casal sobre pousadas baratas e me indicaram o Azul Maria Hostel (https://www.azulmariahostel.com.br/), que era conveniado ao Caminho e que eu tinha escolhido anteriormente, se não achasse outro mais barato. Resolvi ir até ele, que já estava bem próximo. Chegando lá Rodrigo atendeu-me. Eu pedi um tempo para descansar antes de fazer os procedimentos de entrada, pois o dia tinha sido desgastante. Fiquei lá. Paguei R$ 50,00 por dia por uma cama em quarto compartilhado, com banheiro interno e café da manhã. Paguei com cartão de crédito. Como eu estava sozinho no hostel, o quarto ficou só para mim. Achei o hostel excelente, com boa cozinha, excelente banheiro, com banheira, sala para uso com TV, jardim e muito limpo. Saí para comprar o jantar no supermercado. Pela primeira vez cozinhei. Jantei macarrão com tomate e laranja. Rodrigo comentou comigo que também trabalhava no cemitério e que às vezes precisava sair durante a noite devido a óbitos. Na 2.a feira 07/02 conheci Cassiano, empreendedor e dono do hostel, e Joana, prestadora de serviços. Ele me explicou sua ideia no empreendimento e comentou sobre algum tipo de preconceito dos viajantes em relação a hostels. Deu-me explicação sobre os pontos a conhecer na cidade. Comentou que geralmente havia bolo no café da manhã, feito pela sua mãe, mas como não havia nenhum hóspede previsto, e eu não tinha confirmado, disse para ela não passar o domingo no fogão, algo que achei muito positivo. Após o café da manhã simples, com 3 pães com margarina eu saí para visitar a cidade. Resolvi parar aqui para conhecer os itens referentes ao Padre Donizetti (https://www.beatodonizetti.com.br), porque estava prevista chuva o dia inteiro pelos vários órgãos de climatologia e para recuperar um pouco os pés. Inicialmente fui visitar o Santuário de Nossa Senhora, idealizado pelo Padre Donizetti. Gostei muito, tanto da atmosfera, como de conhecer a história e a filosofia do Padre Donizetti, de despojamento, apoio aos necessitados e busca de Deus. Este era o altar principal. Depois fui conhecer a casa que havia sido dele e hoje é museu. De lá fui conhecer a réplica da Igreja de São José, que ficava onde é atualmente o Santuário e foi demolida para a construção dele. Achei bonita e simples a igreja, mas estava fechada. Dei uma volta no pequeno campo em que ficava. Logo em frente era o cemitério, onde ficava o mausoléu do Padre Donizetti. Lá encontrei Rodrigo, no seu expediente de trabalho. Ele me reconheceu e me cumprimentou. Ao lado fui ver a estátua do Padre Donizetti. Quando estava voltando da visita à estátua, começou a chover e rapidamente engrossou. Abriguei-me numa espécie de barraca que havia na área, acho que provavelmente para receber romeiros. Creio que fiquei lá cerca de 1h. A previsão do tempo tinha acertado 🌧️. Após a chuva, fui conhecer o Parque Turístico e de Lazer do Trabalhador. Quando perguntei se poderia entrar, uma moça que varria o local disse-me sorrindo “Claro, isto aqui é nosso!”. Achei bonito o parque, embora um pouco sem manutenção. Achei muito bonita a Gruta de São José. Dei uma volta no lago e passei no meio das árvores e das réplicas de dinossauros. Saí e fui conhecer um monumento que ficava na praça ao lado da rodoviária em frente. Após conhecê-lo, a chuva voltou e eu me abriguei na rodoviária. Diminuída a chuva, resolvi passar no supermercado em frente para comprar algo para complementar o jantar. Na saída peguei chuva leve, que engrossou e me obrigou a parar no meio do caminho, num toldo. Molhei-me um pouco. Ao todo precisei abrigar-me 3 vezes ao longo do dia por causa da chuva, por cerca de 2h. No caminho ainda apreciei a arquitetura religiosa de um templo. Deixei as compras no hostel e fui conhecer a Igreja Matriz, do outro lado da cidade. Achei a igreja bonita por fora, mas não se podia entrar, pois a estrutura tinha sido abalada. De lá fui conhecer o clube em que o time local pretende mandar seus jogos. O dono gentilmente deixou-me entrar no estádio e no gramado e me explicou os planos para o futuro. Pareceu-me um projeto interessante a ampliação daquele estádio para receber jogos da Série A2, que pelo que disseram exige capacidade mínima de 6 mil torcedores. Dali fui para o antigo estádio, que não era longe. Já estava fechado. Encontrei três pessoas na sua porta, e um deles começou a me explicar a história futebolística da cidade, dos dérbis entre os clubes locais. Um dos que estava sentado tinha sido árbitro de futebol e aparentava saudades do passado. Voltei para o hostel e aproveitei para tentar contato com hotéis de Casa Branca, pois não tinha encontrado opções baratas para me hospedar lá. Jantei macarrão com batata, tomate e banana. As bolhas nas plantas dos pés melhoraram. Na 3.a feira 08/02 inicialmente tomei café da manhã com 3 pães com margarina e 3 pedações de um maravilhoso bolo frapê com cobertura de chocolate feito pela mãe do Cassiano. Depois saí rumo a Casa Branca, mas antes decidi passar no Setor de Informações Turísticas para saber se existia alguma cerâmica com exibição de produtos que eu pudesse visitar. Indicaram-me uma perto e eu fui lá. Gostei muito das peças, em sua maioria vasos, dos mais diferentes tipos. Vi um funcionário fazendo o vaso manualmente. Achei interessante como usavam fornos a lenha e quase todo o processo era manual. Trataram-me muito bem na visita 👍. Depois passei novamente na porta do Setor de Informações Turísticas e agradeci a moça, pedi a chave do banheiro público no museu e o usei, e segui as flechas para a estrada. O dia foi de muito sol durante todo o tempo, sem chuva. Houve muitos pássaros no caminho, chamando-me atenção especial uns que eram amarelos e pretos. Houve também corujas. Ao longo do caminho cruzei com um mesmo motorista de caminhão três vezes, em pontos diferentes, distantes um do outro. Na segunda vez ele me disse “Você anda hein!”. Achei o caminho muito belo, com plantações diversas (cana, laranja, eucalipto etc), mata, pecuária etc. Vi um avião passando sobre uma plantação, provavelmente jogando defensivos agrícolas. Houve outros aviões também, mas não me pareceram estar jogando nada. Havia máquinas enormes nas plantações, provavelmente para irrigação ou algum outro tipo de aplicação na área plantada. A população foi muito amável durante todo o trecho e na cidade, sempre tentando ajudar com informações e explicações. Ao chegar em Casa Branca, as flechas me apontavam para sair do centro, em direção ao Santuário de Nossa Senhora do Desterro. Mas eu preferi ir para o centro para me hospedar antes e depois ir ao Santuário. Fui até a Igreja Matriz, aproveitei para visitá-la e perguntei na secretaria se o Santuário realmente não aceitava mais peregrinos. A atendente ligou para lá e confirmou que não aceitavam. Conversei com um policial aposentado que me deu bastante informações sobre a cidade. Ele acompanhava sua filha, que estava fazendo um trabalho sobre os casarões. Ele me disse que o local onde ficava o Rancho dos Artistas, para onde eu estava inclinado a ir, poderia não ser muito seguro, principalmente à noite. A diferença de preços era muito pequena e eu resolvi passar no Setor de Turismo para obter mais informações. Lá, a atendente falou-me das atrações da cidade e das opções de hospedagem. Falou que não havia problema de segurança no entorno do Rancho dos Artistas. Ela falou da Hospedaria Casa Branca, que eu tinha visto na internet e que não era conveniada ao Caminho. Como era perto, resolvi ir até lá. Encontrei seu proprietário, Salvador, que morava em São Paulo e lá também. Falou-me que custava R$ 60,00 (não comentamos sobre café da manhã), mas que no momento os quartos estavam ocupados, mas as pessoas iriam sair. Eu perguntei se estava certo daquilo. Ele disse que sim. Perguntei o que ocorreria se não saíssem. Ele me disse que aí me colocaria na suíte pelo mesmo preço. Achei então que a suíte estava livre e que a hospedagem estava garantida. Perguntei se poderia ir ao banheiro, mas ele me disse que naquele momento não conseguiria. Não vi problema, mas acho que isso foi um prenúncio de que havia algo errado, que eu não percebi. Perguntei se poderia deixar minha mochila na recepção enquanto visitava alguns pontos da cidade naquele fim de tarde e ele concordou. Na volta, combinamos que eu faria os procedimentos de entrada no quarto. Saí então para visitar os pontos de interesse. Já havia passado pela Igreja Matriz, que achei muito bela, e pelos casarões da área central, que achei muito bem conservados. Fui então para o Horto. Achei-o muito bom, com ampla área verde. O encarregado orientou-me sobre as trilhas que poderia seguir. Ele tinha muitos tipos de árvores diferentes, legendadas e muitas opções de trilha. Várias pessoas caminhavam lá naquele horário. Conversei com Osnir, aposentado que andava de bicicleta lá e me falou do Horto. Havia muitos pássaros 🐦, mas me chamaram atenção especial os tucanos. Depois do Horto, segui para o Cristo. No caminho passei por uma casa muito pobre, em que a moça, muito jovem, grávida, já com filhos, informou-me o caminho. Olhando aquela situação, pensei como representava a situação de muitas famílias brasileiras. Ao chegar no Cristo, havia um rapaz fumando, sentado no degrau da porta, com sua bicicleta do lado. Falou que não tinha ido para o outro lado porque o mato estava grande. Acho que se incomodou um pouco com a minha presença e logo depois saiu. Gostei da estátua do Cristo. A entrada estava trancada, mas era possível apreciá-la de fora da grade. Dei a volta e fui para o trecho no mato, com vista para a cidade e para uma moçoroca (erosões provocadas pela chuva, sem vegetação de proteção). Achei bonita a vista, embora algumas árvores a bloqueassem um pouco. Depois fui ao supermercado para comprar o jantar. No caminho, quando passava por uma praça, vi uma mulher sentada num banco. Cumprimentei-a. Após andar uns 10 metros, ela me chamou, dizendo “Moço”. Eu parei e achei melhor voltar, para ver se ela precisava de algo. Perguntei “Posso ajudá-la em algo?”. Ela me disse “Eu precisava arrumar um marido” 😄. Eu ri e disse “Nisso eu não vou conseguir ajudá-la”. Ela perguntou se eu era dali e quando disse que não, ela pareceu decepcionada. Eu sugeri que ela fosse a festas, para conhecer possíveis pretendentes. Mas ela disse que não gostava de ir em festas. Disse que não precisava de uma casa, pois morava numa casa de recuperação. Aí eu imaginei que ela poderia ser dependente química e, realmente, festas não seriam uma boa ideia por causa do álcool, que poderia levá-la à recaída. Sugeri então que fosse à Igreja e perguntasse por grupos de alguma atividade. Talvez pudesse participar de algum e conhecer algum pretendente. Ela pareceu gostar da ideia e agradeceu muito. Eu segui para o supermercado e ela também levantou e seguiu para algum local. Embora bem vestida e totalmente sóbria, ela parecia mostrar um pouco do desgaste que a possível dependência química tinha causado. Ao voltar do supermercado para a Hospedaria Casa Branca, Salvador me recebeu dizendo que eu tinha demorado muito e que não tinha vaga. Eu me surpreendi e disse que ele tinha garantido que haveria. Ele me disse que o pessoal não tinha feito a saída do quarto, apontando para eles, que conversavam do outro lado da rua. Eu disse que ficaria na suíte então, mas ele me disse que o rapaz da suíte não tinha voltado. Eu pensei que ela estivesse vaga, mas não estava. Fiquei aborrecido 😒. Ele disse que eu acharia pensões perto da rodoviária, mas eu duvidei. Naquele horário, perto de 19h30, não me pareceu prudente ir ao Rancho dos Artistas, que ficava a uns 3 km de distância e cujo caminho eu não conhecia direito. Tentei procurar uma pousada ou pensão perto da rodoviária, mas a que havia não tinha vaga e nem consegui falar com a dona. Voltei e fui ao Hotel Alfonso’s (https://www.facebook.com/pages/Alfonsos-Hotel/227179087294737). Lá chegando o atendente me disse que não havia vagas. Achei que estava enrascado. Mas ele disse que iria verificar. Aí disse que tinha um quarto no último andar, que ele tinha tirado da disponibilidade porque estava com goteira. Eu disse que não tinha problema e fomos vê-lo. Achei aceitável e disse que ficaria nele. Mas quando descemos perguntei sobre os quartos mais baratos e ele me disse que tinha quartos com banheiro fora. Não entendi porque ele não mencionou isso antes. Eu optei pelo quarto com banheiro externo, que era mais barato, por R$ 80,00, com café da manhã. Perguntei se poderia pagar com cartão de crédito, mas ele disse que a maquininha estava quebrada. Paguei em dinheiro. Jantei pâo, berinjela, cebola, pepino, banana e laranja. Na 4.a feira 09/02, durante o café da manhã muito bom (3 tipos de pão, 4 tipos de bolos, vários tipos de biscoitos, muçarela, presunto, mortadela, mamão, melão, gelatinas, sucos, café, leite), conversei com uma funcionária da empresa Hutchinson, que vinha da sede em Monte Alto, perto de Jaboticabal e Ribeirão Preto, que falou da empresa, da presença na região e do trabalho. Depois saí para ir ao Santuário Nossa Senhora do Desterro (https://www.facebook.com/SantuarioDoDesterro). Voltei para onde tinha parado de seguir as flechas e comecei a segui-las novamente. Logo cheguei ao Santuário. Gostei da área externa do entorno, da igreja e da Sala dos Milagres. Gostei de conhecer a história do Irmão Roberto, de apoio aos trabalhos assistenciais e de sua vida espiritual. Uma funcionária explicou-me que tinham parado de receber peregrinos por causa da pandemia e porque havia sido pedido que padronizassem a cor dos lençóis em branco, o que o padre achou que iria custar muito caro. Além disso comentou que alguns peregrinos achavam o preço alto (R$ 80,00), mas que incluía o jantar. Dali segui rumo a Vargem Grande do Sul. Em direção à saída de Casa Branca, passei pelo Setor de Informações Turísticas para agradecer a atendente. Mais à frente pedi informações a Pedro, que me indicou o caminho. Ele pediu que eu rezasse pela família dele quando lá chegasse, pois estavam passando por tempos difíceis devido ao suicídio de seu sobrinho por causa das drogas. Cruzei o Horto novamente, que parcialmente fazia parte do Caminho. Na saída de Casa Branca cruzei com vários caminhões carregados de cana. Houve bastante sol durante o dia, mas com várias nuvens. Não choveu. Vi muitos pássaros no caminho, como garças e outros, mas me chamaram atenção especial os com peito amarelo e costas verdes, menores que bem-te-vis. Passei por várias sedes de fazendas. Houve vários trechos com criação de gado e com mata. Em Itobi, cidade por que o Caminho passava, perguntei a pessoas que vegetais pequenos eram aquelas que eu via cada vez mais nas plantações. Disseram-me que era amendoim e que era usado para fazer rodízio com a plantação de cana. Quando pronto, a máquina passava e extraía tudo. Ainda em Itobi cachorros relativamente pequenos latiram e correram atrás de mim, mas não atacaram. Mais para frente perguntei a outros que pareciam ser do campo, se as plantações de cana-de-açúcar seca eram por causa do clima e se estavam perdidas. Disseram que não, que era para transferência para outro local ou para substituição no mesmo local. Não sei se entendi bem ou se perguntei direito, pois pareciam muito secas. Mais para frente na viagem creio que vi algumas plantações de milho na mesma situação. Mas eram extrema minoria perto das outras verdes. A parte final do Caminho foi em grande parte por estrada asfaltada de mão dupla, fato raro. Um exemplo da paisagem que me agradou foi este. Havia também este pequeno altar. Logo ao chegar em Vargem Grande do Sul, uma linda estátua do Cristo surgia. Perguntei às pessoas sobre a pousada mais barata, alguns não sabiam dizer e outros disseram que era o Hotel Príncipe (https://www.facebook.com/principepalacehotel), conveniado ao Caminho, que eu tinha como opção inicial. Resolvi ir para ele então. Chegando lá, Silvana atendeu-me, mostrou-me o quarto mais barato e eu resolvi ficar. O banheiro era fora e incluía café da manhã por R$ 64,00. Paguei com cartão de crédito. Havia várias outras opções de quarto mais caras. Após me instalar, saí para visitar duas igrejas grandes (Nossa Senhora Aparecida e Santana), ambas por fora e depois fui visitar o parque onde ficava a barragem. Achei-o muito bom, com sua enorme represa, sua pista de caminhada e sua vegetação. Havia também capivaras e muitos pássaros. Segue uma foto do pôr do sol visto do seu fundo. Segue uma foto do pôr do sol visto da sua lateral. Depois passei nos supermercados, comprei parte do jantar, voltei para o hotel e jantei sanduíche de berinjela, pepino, cascas de banana e laranja, bananas e laranja. A atendente Silvana jantou seu sanduíche ou combo em parte do tempo comigo, pois frequentemente precisava sair para atender alguém. Um ex-jogador de futebol do Sertãozinho e Ipatinga jantou sua marmita a outra parte do tempo comigo. Contou sobre sua carreira, que tinha tido que encerrar precocemente devido a uma lesão (se me lembro foi ruptura de ligamento do joelho). Na 5.a feira 10/02 após o ótimo café da manhã (3 tipos de pães, 2 tipos de queijo, presunto, ovo, salsicha, 2 tipos de bolos, abacaxi, mamão, melão, banana, melancia, iogurte, vários tipos de biscoitos, sucos de uva e laranja, café e leite), fui visitar a Casa de Cultura, em que havia passado no dia anterior, mas já estava fechando. O atendente recebeu-me muito bem. Mostrou-me todas as salas de exposição. Praticamente era um museu. Gostei de tudo, mas especialmente de conhecer ainda mais a trajetória do Padre Donizetti e suas iniciativas sociais. Depois indicou-me de onde voltar a seguir as flechas. Segui então para São Roque da Fartura. Logo após sair da cidade, no começo da estrada de terra, estava a estação inicial da Via Crucis, que achei muito interessante. A via Crucis tinha cerca de 12 km, pelo que me falou o atendente da Casa de Cultura. Acabava na Pousada da Cidinha, pela qual passei mais tarde, e de onde a vista era muito bela. No alto de uma colina, já dentro da porteira, pude ver a estação final. Achei o caminho deste dia muito belo, com mudança de cenário. Passaram a aparecer montanhas, combinadas com os cenários anteriores de plantações e matas. Achei as paisagens vistas do alto e as montanhas vistas de longe muito belas, como estas. Vi também muitas aves, como tuiuiús, tucanos, talvez garças, maritacas, e vários tipos de pássaros. Cruzei com uma kombi escolar várias vezes (acho que era a mesma, nos diferentes turnos da escola). Passei por esta capela com árvore florida e estátuas de Jesus e Maria ao lado. Esta foi uma área de mata que achei bela ao longo do caminho. Cheguei no meio da tarde à Pousada Paina (https://www.facebook.com/pousadapaina/), em São Roque da Fartura, onde planejava ficar. Toquei a campainha e Clair me atendeu, dizendo-me para entrar. Jack, seu cachorro extremamente dócil e simpático estava dormindo, e latiu ao acordar, deixando-me ressabiado, devido a tudo que havia ocorrido com cachorros ao longo da viagem. Mas logo se acalmou. Clair apresentou-me a casa, mostrou o quarto em que eu ficaria e eu me acomodei. Custava R$ 50,00 com direito a café da manhã. Eu era o único peregrino. Clair disse-me que eu poderia pegar vegetais da sua horta para o jantar, se desejasse. Ela me disse que seu marido tinho partido deste mundo há cerca de um ano e que eles tinham combinado que, se um deles fosse antes, o outro manteria a pousada para peregrinos aberta. Saí então para conhecer o povoado, que ficava a menos de 1 Km de distância. Visitei a igreja que tinha quadros com passagens da vida de São Roque, que eu não conhecia, comprei pães na padaria para o jantar e fui até a rodovia de baixo apreciar a paisagem natural. Começou a chover e eu me abriguei sob uma árvore grande, visto que não havia raios. Após cessar voltei para a pousada. Jack recebeu-me afetuosamente, agora que não estava dormindo. Aproveitei que tinha uma caixa d’água do outro lado da estrada e fiquei sentado nela fazendo meditação e apreciando a paisagem. A vista de lá era esta. Depois de voltar fui à horta e peguei chuchu, pimenta (por engano), limão rosa, folha de abóbora, folha de figo e algumas outras folhas. Disse a Clair que não sabia reconhecer bem os vegetais e ela foi comigo e me explicou vários deles. Ajudou-me a pegar mangas e bananas (acho que o tipo da banana era algo como São José, uma delícia) para o jantar. Demos uma volta pela outra parte da chácara também, em que ela me mostrou onde ficavam as casas dos parentes que moravam próximos e outras plantas. Várias pessoas foram visitar a Clair naquele dia, amigas, uma de suas irmãs, seu irmão e a sua sobrinha Susete e sua filha Camila à noite. Susete tinha ido ao centro espírita que ficava ao lado para fazer uma cirurgia espiritual de remoção de carne esponjosa do nariz. Iriam dormir na casa da Clair também. Eu pensei que eram irmãs e me surpreendi quando disseram que eram mãe e filha. Comentei que eu também tinha carne esponjosa no nariz e que o pediatra tinha recomendado à minha mãe que eu fizesse natação, quando eu era bem pequeno. Jantei pão com chuchu, limão, as folhas que tinha pego na horta, banana e manga, acrescidas de pimentão que Clair pegou para mim e mandioca que ela cozinhou. Ela me ofereceu arroz, mas eu não quis. De sobremesa comi banana, manga, macadâmia e curau. No meio do meu jantar, Susete saiu para sua cirurgia e Camila acompanhou. Quando voltaram eu estava acabando de jantar. Durante o jantar e parte da noite conversei com Clair, Susete e Camila sobre a vida delas, a cirurgia espiritual, as vezes em que Clair tinha feito o Caminho da Fé e assuntos gerais. Elas falaram de alguns problemas familiares. Na 6.a feira 11/02 tomei o bom café da manhã (pães que eu comprei, muçarela, leite da vaca da criação da Clair, bananas, biscoitos) enquanto conversava com o avô do Miguel, neto da Clair. A filha dele foi fazer o Caminho da Fé, conheceu o filho da Clair, casou-se com ele e mudou para ali perto, onde eles conduziam uma pousada. Ele me falou sobre o Caminho, que já tinha feito várias vezes, disse que tinha conhecido o idealizador num albergue numa das paradas do Caminho de Santiago em 2001. Falou-me que o trecho que eu iria percorrer naquele dia era o mais bonito na opinião dele, devido às montanhas e que seria uma boa oportunidade de entrar em harmonia com a Natureza, como eu tinha dito que gostava de fazer. Ele se foi e logo a seguir chegaram Susete e Camila. Eu já tinha acabado o café e ia me arrumar para sair. Despedi-me delas, paguei R$ 55,00 para a Clair (R$ 50,00 da hospedagem e mais R$ 5,00 pelo que peguei na horta). Ela não quis receber os R$ 5,00 adicionais, mas depois de alguma insistência ela aceitou quando eu disse para ela usar para comprar um doce para seu neto. Despedi-me dela, despedi-me do Jack e parti para Águas da Prata. A caminhada neste dia realmente abrangeu trechos que achei muito belos, com montanhas, mata, plantações de café, eucalipto e outras, gado, lagos etc. Neste mirante fiquei meditando e contemplando a paisagem por um tempo. Este lago também achei mito belo. Passei por várias fazendas, inclusive atravessando algumas que os proprietários disponibilizaram para passagem do Caminho, atravessando porteiras e mata-burros e passando entre bois em alguns locais. Numa das trilhas havia várias árvores inclinadas e parcialmente caídas. Não parecia ser desmatamento. Parecia ser por algum fenômeno natural, como vento, erosão, velhice etc. Para desviar delas eu dei de cara com uma teia de aranha enorme, mas não vi a aranha e espero que ela não tenha se machucado. Peguei chuva moderada num trecho do caminho. Abriguei-me inicialmente sob árvores, visto que não havia raios, mas como estava me molhando um pouco, fui para uma espécie de bebedouro para gado (ou algo parecido), que tinha cobertura e estava vazio. Saí quando a chuva diminuiu, mas ela voltou a engrossar e voltei a me abrigar sob árvores. Acho que durou quase uma hora ao todo. O chão, já um pouco cheio de barro, ficou bem lamacento em alguns trechos. Vi muitos pássaros e vi um macaquinho 🐒. Ao passar por uma área de mata, ouvi o que pareciam ser rugidos. Achei que poderiam ser trovões, mas eram muito baixos, curtos e contínuos. Comecei a achar que poderiam ser esturros de onças 🐯. Olhei para a mata, nada vi, mas peguei um pedaço de pau, por via das dúvidas. Os aparentes esturros continuavam, baixos, mas constantes. Acompanharam-me por uns 15 minutos. Mais tarde, após cruzar a última fazenda antes de chegar á cidade, encontrei um homem e seu neto (ou filho) num carro. Perguntei a ele se era dali e ele disse que era o proprietário da fazenda e seus filhos moravam nas outras próximas. Parabenizei-o por disponibilizar passagem para o Caminho e falei dos aparentes esturros. Ele me disse que provavelmente eram onças mesmo, mas que não havia registro de ataques delas. Ele mesmo já tinha visto onças pardas naquela região e havia relatos de onças pintadas. Perto de uma das casas da fazenda havia marcas das garras de uma onça em uma árvore. Despedi-me e desci o trecho final rumo à cidade. Ao chegar fui até a Associação dos Amigos do Caminho da Fé (https://www.facebook.com/caminhodafeassociacao). Apesar de ser feriado, Bruno atendeu-me. Falei para ele da minha experiência no Caminho e dei sugestões, como pousadas que poderiam ser parceiras, alguns raros problemas na sinalização, da colocação da bifurcação de Santa Rosa do Viterbo no mapa do site oficial do Caminho etc. Elogiei as pessoas que extrapolaram muito em hospitalidade, como Helena e Clair. Parabenizei-o pelo Caminho e por toda a infraestrutura disponibilizada. Ele comentou sobre alguns problemas na manutenção que tinham no trecho que eu fiz, sobre os próximos trechos, sobre atrações de Águas da Prata e me indicou onde ficavam o Hostel Casa Verde e o Hotel Casarão. O hostel estava fechado para reformas. Fiquei no Hotel Casarão (https://www.facebook.com/pousadadocasarao) então, num quarto com banheiro interno e café da manhã por R$ 75,00. Paguei com cartão de crédito. Márcia atendeu-me. Foi bastante cordial. Como tinha chegado antes de escurecer ainda pude nadar cerca de 15 a 20 minutos na piscina do hotel. Depois fui ao supermercado comprar o jantar. Jantei pão com berinjela, abobrinha, banana e manga palmer. No sábado 12/02 após o enorme café da manhã (vários tipos de pães, muçarela, presunto, mortadela, ovo, salsicha, biscoitos, bolos, banana, mamão, maça, melancia, iogurtes, pudim, sucos, café, leite) perguntei para a atendente Sônia como chegar às Sete Quedas. Já tinha visto esta publicação https://www.mochileiros.com/topic/58034-%C3%A1guas-da-prata-trilha-das-sete-cachoeiras/, mas como eles saíam do camping próximo, precisava saber como era o caminho até lá. Ela orientou-me em termos gerais. Disse-me para tomar cuidado com o fenômeno da cabeça d’água (https://www.ecycle.com.br/cabeca-dagua/), em que devido a chuvas na cabeceira do rio ou em partes superiores, repentinamente o volume de água sobe, o que pode ser muito perigoso em cânions, cachoeiras e áreas afuniladas. Segui o caminho que ela falou e fui perguntando. Não levei o celular, por receio da água, portanto não tenho fotos. Inicialmente peguei o acesso à estrada pelo trecho urbano e andei um pouco na estrada para Poços de Caldas. Ao chegar no Camping do Paiol, orientaram-me a seguir uma das raras placas que indicava as Sete Quedas. Mas eu deveria ter virado na linha do trem e acabei subindo a estrada de terra. Perdi-me bastante e várias vezes. Subi muito mais do que precisava. De qualquer modo, gostei das paisagens da estrada, que achei muito bonitas, com algumas vistas do alto, mata e eucalipto. Existia uma porteira de arame farpado no meio da estrada que achei bem perigosa. Embora tivesse papéis pendurados, se alguém viesse de moto correndo e distraído, poderia causar um acidente grave. Não entendi a razão daquela porteira. Minha sorte foi que havia algumas pessoas andando de motocross 🏍️, com quem eu peguei algumas informações. Depois de muitas idas e vindas, cheguei na 7.a cachoeira, na minha opinião, a mais espetacular, enorme, caudalosa (o que provavelmente estava aumentado por causa das chuvas) . Entrei em baixo dela e a fiquei contemplando por um bom tempo. Quando fui vestir minha camisa, um inseto estava nela e eu não vi 🕷️. Acho que me picou ou tentou. Não era uma aranha nem um escorpião. Parecia um escorpião sem a cauda nem o ferrão. Acho que não era venenoso, pois não tive nenhuma reação. A seguir fui explorar a área ao redor. Subi até seu topo, para ver se havia trilha para outras, mas não encontrei nenhuma. A vista dela de lá de cima era muito boa também, mas havia muita vegetação na frente. Voltei e fui numa trilha lateral descendo o rio. Cheguei numa área descampada com pedras e vista aberta para a cidade, as montanhas e toda a região, que achei muito bonita. Fiquei contemplando um tempo também. Depois procurei uma trilha para descer, mas não encontrei. Tinha lido no relato anteriormente citado que o caminho da 6.a para a 7.a envolvia uma quase escalada. Achando íngreme o local, resolvi voltar e procurar outro acesso. Fiquei procurando, passei novamente por um grupo de motociclistas, que me confirmou que aquela era a 7.a e última cachoeira, mas não sabiam como eu chegaria nas outras. Quando já tinha praticamente desistido e voltava pela estrada, encontrei dois motociclistas que conheciam bem a área e me deram uma explicação geral. Deram várias opções, mas depois de pensarem um pouco, disseram-me que ali de onde eu estava, o mais fácil era pegar um trio (uma trilha para ir a pé ou de motocross - nem sei se é assim que se escreve) e cruzar uma montanha. Eu sairia na linha do trem, bem perto da entrada da trilha das cachoeiras. Fiz o que eles disseram e na pequena subida pareceu-me muito bom, inclusive com uma vista que achei linda lá do alto. A descida ia indo bem, até começar uma pancada de chuva. Ali não tinha onde me abrigar, mas a chuva até que foi rápida. O problema é que ela enlameou a trilha e tornou a descida muito perigosa. Eu estava de chinelo e entrou barro entre meu pé e o chinelo, o que tornou tudo muito mais escorregadio. Decidi descer agachado com as duas mãos no chão, com os pés na frente, em posição parecida com aquela em que se anda nos carrinhos de rolemã (eu nunca andei em um). Foi um longo trecho, com cerca de meia hora a 45 minutos nesta posição ao todo, entremeando pequenos trechos em pé, quando a descida ficava menos inclinada. Cheguei lá embaixo cansado, mas feliz por ter conseguido. Saí exatamente onde eles disseram, exatamente na linha do trem, e até mais perto da entrada da trilha das cachoeiras do que disseram. Lembrei-me da descrição publicada no relato citado anteriormente, que a entrada era numa curva à esquerda na linha do trem. Vi uma entrada à direita e achei que era ela, pois o barulho de água era notório. Mas resolvi seguir um pouco a linha do trem, só para ter certeza de que não havia outra entrada e não descobrir que estava no caminho errado depois de seguir muito aquela trilha. Convenci-me de que não havia outra e de que a entrada era aquela mesma. Segui-a. Era uma trilha estreita no meio do mato. Logo veio a primeira cachoeira. Achei muito bela. Não entrei na água, apenas a contemplei. Já na 2.a resolvi entrar, pois tinha um plano inclinado, que permitia deitar e receber a água nas costas. Fiquei ali um tempo relaxando. Passei pela 3.a, de que gostei também, mas não entrei. Quando cheguei na 4.a, não conseguia vê-la direito, pois havia vegetação bloqueando. Resolvi nadar no rio para poder vê-la. Achei muito bela. Não entrei embaixo dela, pois parecia bem forte. Fui então para a 5.a. Também achei-a muito bela e grandiosa, mas não entrei embaixo dela. Segui para a 6.a. Este foi o trecho mais longo, incluindo trocas de margem do rio na trilha. Gostei bastante da 6.a. Era forte, mas resolvi entrar embaixo para me despedir. Adorei . O jato era bem forte e precisava me equilibrar e me escorar nas rochas ao lado e abaixo para a água não me expulsar. Acho que conheci todas, mas como não segui para ver o acesso para a 7.a, pode ser que houvesse mais alguma. Numa das cachoeiras, fiz um pequeno arranhão na perna. Voltei pela trilha e acho que cheguei de volta à linha do trem perto de 18h. Adorei todas as cachoeiras e o ambiente no entorno, apesar das intercorrências . Na volta andei pela linha do trem, ainda com luz natural e depois peguei a estrada de volta. Numa montanha ao lado da estrada, um jovem fazia escalada. Perguntei a seu amigo que estava em terra se não era perigoso desabamento como ocorreu em Capitólio, mas ele disse que achava que não, pois era outro tipo de rocha. Ao chegar à cidade, ainda visitei a Igreja Matriz. Comprei pão e jantei pão com abobrinha, berinjela e cascas de banana. No domingo 13/02 após o enorme e excelente café da manhã, pedi para a atendente Sônia explicar-me o caminho para o Cristo. Ela me explicou um caminho mais curto, sem dar a volta pelo centro. Segui, pedi informações a algumas pessoas ao longo do caminho e cheguei com facilidade e rapidamente, em cerca de meia hora. Achei muito boas a estátua de Jesus e a vista de lá. Tirei uma foto da estátua, mas cortei a cabeça, por isso não vou publicar. Eu como fotógrafo morreria de fome 😄. A vista da cidade a partir de lá era esta. Depois de ficar um bom templo contemplando o Cristo e a vista, nos seus 360 graus, que mostrava também outras regiões e a cidade de São João da Boa Vista, vi aparentemente avô, pai e filho subindo por uma trilha no meio do mato. Resolvi descer por lá, o que encurtou o caminho em muito. Voltei ao hotel, aproveitei que cheguei cedo e ainda nadei um pouco 🏊‍♂️, peguei uma argola de um brinco no fundo da piscina para um casal que me pediu, aprontei-me, despedi-me de Sônia e parti. Passei em uma fonte da mesma água mineral usada pela engarrafadora Águas da Prata, enchi minha garrafa e fui a pé para São João da Boa Vista, onde havia combinado com Jéssica uma viagem pelo BlaBlaCar às 15h30. Minha articulação do tornozelo esquerdo passou a doer, talvez por causa daquele trecho agachado do dia anterior. Cheguei na rodoviária, que era o ponto de encontro, perto de 14h45, saquei o dinheiro da passagem e esperei por ela. Voltamos eu, ela e suas duas amigas e passageiras, Helena e Priscylla. Saímos perto de 15h30 e chegamos perto de 18h30. Viemos conversando quase a viagem inteira. Achei interessante como apesar de bem jovens, todas eram muito ativas e cultas, formadas, tendo feito viagens diversas, interessadas em ajudar outras pessoas e com muito conhecimento em vários temas. Ela deixou as amigas em Pinheiros e me deixou no Ibirapuera perto de 19h, mais perto da minha casa do que havíamos combinado, porque iria para outro lugar e ali era caminho. Voltei andando para casa e cheguei perto de 20h. A 2.a parte do Caminho da Fé, entre Águas da Prata e Aparecida ficou combinada para ser feita com meus primos-sobrinhos e talvez um amigo deles e uma amiga minha em março.
  3. Quase todo mundo precisa de uma pausa de seu estilo de vida super ocupado hoje em dia. Se você quer uma pausa da vida agitada e monótona da sua cidade, você pode escolher as montanhas nesta temporada! É sempre um desafio decidir se escolhe os verdes luxuriantes, as águas calmas e profundas ou os picos altos! Bem, você pode ter suas escolhas pessoais, mas se você está aqui, você deve ter escolhido a última opção! De acordo com pesquisas, alguns dos motivos mais importantes pelos quais os viajantes escolhem as montanhas são o ambiente limpo que elas oferecem e a natureza calorosa dos nativos. Qualquer montanha pode fazer você se sentir como em casa. Se você gosta de escalar montanhas, isso também pode trazer muitos benefícios para a saúde! Na escalada você realiza vários movimentos físicos que ajudam a construir músculos, aumentar a flexibilidade, construir resistência, entre muitos outros benefícios. De acordo com uma pesquisa do British Journal of Sports Medicine, a quantidade de energia consumida durante uma escalada é igual a correr entre 13 a 15 minutos por km. Além disso, é uma atividade extremamente divertida e contemplativa. Nada melhor do que o sentimento de conquista após escalar uma enorme montanha. Aqui estão sete das montanhas mais altas que você pode escolher para conquistar em suas férias! 1. Monte Vinson na Antártica O Monte Vinson é a melhor opção com a qual você pode contar se quiser uma aventura emocionante nesta temporada! De acordo com as fontes, este pico atinge até 4.897 m/16.067 pés. Não é uma subida tecnicamente desafiadora, embora seja bastante fria. O Monte Vinson é famoso por sua beleza pitoresca e seus topos brancos cobertos de neve. As temperaturas costumam cair para -40 ° C em torno do cume. Sob a liderança de guias antárticos experientes, escaladores de experiência moderada podem realizar a expedição com segurança. Se quiser, você pode explorar esta montanha com a ajuda de guias de alpinismo para aproveitar ao máximo sua expedição ao monte Vinson! Continue lendo em: 7 Melhores Montanhas Para Escalar ao Redor do Mundo em 2021
  4. Este chalé fica em Solčava, Eslovênia (ver foto). Ele são muito populares nas áreas montanhosas, os menores são chamados de "hut" e os maiores "dom" e custam entre 17 e 30 euros, os preços variam de país para país. Eles estão espalhados por todas as montanhas da Europa, e uma coisa que quase todos os refúgios têm em comum é uma vista espetacular (como este da foto). A estrutura é muito semelhante a um hostel, eles têm quarto privado e quarto compartilhado, estão sempre cheios de montanhistas. Na maioria dos parques nacionais é proibido acampar e isso em toda Europa. A multa é salgada e os rangers ficam o dia inteiro a procura de barracas, inclusive com helicópteros. Se você vai para as montanhas tenha em mente que você terá que dormir nestas refúgios algumas vezes, pelo menos nas montanhas mais altas ou em parques nacionais. Dica para economizar Se você vai para as montanhas da Europa, não importa em qual país. Você pode se associar a ao clube de montanhismo e ganhar diversos descontos, inclusive em acomodação. O mais legal é que se tiver o selo de reciprocidade, você pode usar em qualquer país (foto 4 e 5). A maioria dos refúgios que eu fiquei custavam na faixa de 30 euros, com o cartão da associação eu pagava 15. Se você vai passar uma semana nas montanhas a 30 euros são 180, com o desconto você paga 105. São 75 euros, a anuidade varia de clube para clube (o da Eslovênia foi o mais barato que eu achei), paguei 30 euros. Você economizaria 45 euros. E quanto mais tempo maior a economia, vale a pena. Fora isso, você tem descontos em lojas de roupas e equipamentos entre outras coisas. O site para se associar a um clube de montanhismo na Eslovênia é: www.pzs.si Eu já ajudei centenas de pessoas com meu livro Liberdade Nômade, onde eu conto tudo que eu fiz e dou dicas para que você não passe nenhum tipo de aperto em suas viagens aprendendo com meus erros. Eu vou te mostrar que é possível viver viajando, independente do que você faz hoje ou sua idade. Dê o primeiro passo para a liberdade, clique no link abaixo: https://bit.ly/liberdadenomade2021 Tem um monte de fotos das minhas aventuras no instagram: https://www.instagram.com/rodrigoburle/ E não esqueça, dê o primeiro passo! Muito obrigado!
  5. Poderiam me informar lugares onde posso acampar e/ou dormir de graça, principalmente praias, mas qualquer outros lugares são bem vindos, como matas, picos entre outros tantos lugares?! Agradeço desde já a todos!
  6. Havia tempos que o ponto culminante do meu estado e de toda a região sul estava no meu radar. Desde janeiro ajustando datas com meus parceiros, sempre aparecia um imprevisto e o Pico Paraná ia esperando. Em 20 de junho novamente fiquei sozinho, mas dessa vez, parti sozinho mesmo de Campo Mourão. Estava ansioso, pois queria chegar ao Pico Caratuva para acampar antes de anoitecer, afinal estava sozinho. Enquanto calçava a bota, o fiscal da Fazenda PP fez meu cadastro e cobrou singelos R$ 10,00. Enquanto ele foi buscar o troco troquei a camiseta, e nada de voltar com meus "nique" quando achei o rapaz: ele estava procurando um ser de camisa vermelha, kkkk, eu antes de trocar. Saí ansioso, às 16:10 o ritmo a partir da portaria são os Óreas (deuses da mantonha) quem determinam. Como estavam receptivos, em 25 min alcancei a bifurcação das trilha PP x Caratuva. À esquerda a trilha no começo estava bem ruim, com muitas árvores caídas exigindo manobras para passar sobre os troncos com a mochila carregada. Logo à frente, se dividia novamente, agora sem sinalização e sem sinal GPS. O faro indicava à direita. Porém já percebi que à direita também tem uma bifurcação, depois de uma olhadela vi tratar-se de uma trilha para a bica de água; segui pela outra. Com o suor já aparecendo, começa a verdadeira batalha. São aproximadamente 1500 m de subida constante, uma escalaminhada sem fim. Pedras, raízes enormes, barro, barrancos, 40 min praticamente engatinhando pela encosta. Eram 17:15 quando pela primeira vez, depois do Morro do Getúlio, conseguia enxergar algo além de chão e árvores. As árvores começaram a ficar menores e o terreno começa a perder inclinação, sinal de que estamos chegando em alguma área plana, seria o cume? Poucos minutos mais e pude avistar o resto de Sol que se escondia no horizonte e às 17:40 as primeiras barracas apareceram pra mim. Havia chego a montanha em 2 h. Arrumei um cantinho, meio torto mesmo: o pico estava lotado de gente. Logo chegou um pessoal que eu havia passado na trilha, eles vinham se comunicando por meio de berros, kkkk. Da mesma forma chegaram no cume, e fariam ainda muita algazarra no acampamento até que os o russo revoltado acabar com aquilo. Montando a barraca, ofereceu-me ajuda um montanhista que estava por ali, gentil, não recusei é claro. Batemos um longo papo, descobrimos que no outro dia iríamos acampar no PP. O entorno do Caratuva estava todo fechado, só aparecia o cume do PP lá na frente. Logo o breu tomou conta, junto uma neblina congelante. Foram longos minutos enclausurado dentro da Quick Hikker 2, tomando café. Mais tarde o tempo limpou deixando o céu embebido de estrelas, levando nos a uma profunda reflexão. Durante toda a noite seria assim, minutos de imergir na imensidão do firmamento, e minutos de se esconder dentro da barraca; colocar até a cabeça dentro do saco de dormir. No dia seguinte, às 06:00 todos já estavam ansiosos pelo espetáculo. Apenas os cumes do Caratuva, PP, Ibitirati e Taipabuçu estavam à mostra, o restante da Serra estava embebido por Morfeu. Eram 07:05 quando Apolo empurrou seu Astro no nascente. Uma sinfonia perfeita com o acampamento e as emoções que irradiam no peito do espectadores. Foram aproximadamente 8 min, talvez os mais emblemáticos da história de cada um que estava ali. Preparei um café prevendo um dia encharcado e intenso. Depois explorei o cume para preencher o livro e identificar os irmãos menores. O Pico Itapiroca estava descoberto da neblina e pude observar os campistas lá no horizonte. Desmontei a tralha, reuni tudo e às 08:25 coloquei a cargueira no ombros a saí, a ideia era descer o Caratuva pelo leste, passando pela bica para reabastecer. Depois de analisar o mapa parti, por uma trilha fechada depois do acampamento no sentido nordeste, a neblina tomava conta da serra, a visibilidade não chegava a 15 m. Pouco adiante a trilha dividiu-se: uma quase inexistente, a outra com sinais de tráfego, segui a mais usada apesar de o senso dizer o contrário. Não demorei a dar de cara com um penhasco, a trilha terminava ali, ao menos o que parece. Humildemente retornei a bifurcação e segui o instinto pela trilha fechada; em menos de 200 m estava encharcado. A trilha exige muito, no meio do nada, sem enxergar nada. Pedras enormes e escorregadias, barrancos lisos, trechos enlameados. No meio da mata a trilha não aparece, é preciso seguir com calma buscando indícios de cada um tempo algumas fitas amarelas sinalizam por onde deveria passar a trilha. Naquela penumbra toda não consegui achar a bifurcação que levava a bica, e devido a dificuldade de se locomover por ali, nem fiz questão de pegar o celular para verificar o GPS. Segui por 1,5 h no meio da nuvem, para o lado que virasse dava para sentir os desfiladeiros. Chegando no A1 tive de voltar uns 400 m buscar água na bica, afinal meu suprimento estava terminando e não estava afim de arriscar no A2 e descobrir que não haveria água. Na fonte conheci um grupo de Palmital, São Paulo, que ia em ataque ao PP. Acabamos seguindo juntos até o o elevador. Foi uma caminhada longa, mas agora a trilha é bem demarcada, chega a fazer uma vala. A crista toda envolvida pela neblina não víamos nada além dos 15 m. De repente o mergulho e um maciço escuro, ainda coberto pela nuvem, se desenha na nossa frente. A perna treme, mas, não dá para desistir. Lá vamos nós (não todos, alguns abandonam aqui) pelo elevador, se revezando com quem desce, com quem trava no meio. O grupo que eu acompanhava parou para descansar, a mim não era uma opção, afinal molhado com estava, certamente, se parasse, o frio castigaria. Segui em frente, sozinho agora. Rochas e mais rochas, em alguns lugares o caminho some na neblina, em outros é preciso passar por fendas apertadíssimas. Encontrei muita gente descendo, eles me animavam ao contar que lá em cima estaria aberto o tempo. Após passar de banda pelo A2, pelo A3, não tinha muito por que parar, o frio era grande, e a neblina não arredava pé. Depois de quase 4 h caminhando, dei de frente com um último paredão de pedra, alguns lances da ferrata e saí no meio de uma galera. Tinha chegado ao PP! Olhei de um lado, olhei de outro, e nada, custei acreditar que tinha chegado; cadê o tempo aberto que tinham me falado, mal dava para enxergar o entorno. Logo veio uma onda e levou as nuvens do cume, dando dimensão da minha posição. Fui o primeiro a armar acampamento naquele dia, muitos que chegaram após às 14 h, tiveram de descer e acampar no A3 ou A2, o cume estava lotado. O resto da tarde seria de expectativa, em curtos espaços de tempo as nuvens dispersavam e dava para ver o cume do Ibitirati, montanha irmã. Lá de cima um grupo de montanhista gritava feito doido e acenava durante esses lapsos de tempo. Dava para perceber que não pediam socorro, só queriam algazarrear mesmo. No fim do dia ainda foi possível avistar um pedaço do crepúsculo, gerando ansiedade com a alvorada do dia seguinte. Durante a noite, mais um espetáculo, as nuvens foram embora como uma cortina que se abre mostrando o interior da morada aos passantes. O céu com suas luzinhas incríveis carregando pedidos infinitos fez vigília. Às 04:00 do dia seguinte todo mundo já estava em pé. Na mesma situação, tudo coberto por Morfeu. Faltavam minutos para Apolo começar sua dança, quando Morfeu retirou seu batalhão, e o êxtase tomou conta do cume. Em minuto tudo estava à mostra, desde a Baía de Antonina até o Cerro Verde e o Ferraria. Neste momento o espírito da montanha enche-nos da sua perseverança, e como estátua, só percebo estar vivo devido à respiração diante de tão bela alvorada. Foram intermináveis 10 min. Lágrimas que bailam na face e o sentimento de que não há melhor lugar para se estar. Após me empanturrar com as comidas em excesso que carregava, tudo regado a café, pude identificar a crista que havia descido no dia anterior do Caratuva ao A1 em meio à neblina, fiquei arrepiado. Ficamos conversando com os montanhistas que havia conhecido no Caratuva que, também arrumaram seu cantinho por ali. Pena que não pude esperá-los para a descida, eu precisava estar às 15:00 na base. Comecei a descida às 10:45, logo alcancei um grupo descendo. Conversamos, trocamos contatos, acabamos descendo juntos. Até carona para a Capital dei a um deles. Acabei adiantando um pouco na trilha, principalmente no trecho entre o A1 e o cruzo do Caratuva, parte que eu havia desviado no primeiro dia. Esse foi o trecho mais complicado de toda a conquista, são intermináveis raízes e barrancos lisos, quase pior que encarar o russo e a trilha escondida do dia anterior. Parei na Pedra do Grito para esperar minha nova parceria de viagem. Acordei com um grupo de 38 noviças, todas em vestes característica, de um branco engomado, tules e rendas chegaram subindo rumo ao Getúlio. Podem até ter subido mas garanto que vai dar trabalho para limpar todo o estrago nas vestes. Eram 15:10 quando chegamos na base. Desfeita a tralha, tomei um banho de gato, e pegamos a rodovia. Já eram 23:15 quando dei por encerrada com sucesso a aventura, comemorando com uma bela pizza no capricho.
  7. Olá pessoal. Espero que todos estejam bem. Meu nome é André Berlinck, sou fotógrafo profissional e faz 2 anos e meio moro no Caparaó. Como atualmente muitos de nós estamos em quarentena e impossibilitados de sair, fiz um vídeo para mostrar um pouquinho desta nossa terra maravilhosa. Como li recentemente no face do Mochileiros sobre o dólar turismo a 6 Reais, espero que quando a pandemia passe vocês venham ao Caparaó nos visitar. Não vão se arrepender. Se cuidem todos e até logo mais. Grande abraço!
  8. Resumo: Itinerário: Joanesburgo (África do Sul) – Katmandu (Nepal) – Bhaktapur - Pokhara – Zhangmu (Tibet) – Tingri – Xigatse – Lhasa - Zhangmu – Katmandu (Nepal) - Janakpur - Lumbini – Katmandu - Caminhada até o Lago Gosaikund (Chisapani – Kutumsang - Ghopte - Gosaikund – Thulo Syabru - Syapru Besi - Dhunche) - Katmandu Período: 08/09/2003 a 09/11/2003 Ida: Voo de São Paulo (Guarulhos) a Joanesburgo na África do Sul pela South Africa Airways. Após parada de 4 dias, voo para Mumbai na Índia pela South Africa Airways. De lá voo para Nova Déli pela Air India. De lá voo para Katmandu no Nepal pela Indian Airlines. Volta: Era para ser voo da Royal Nepal Airlines até Nova Déli na ïndia e depois pela Jet Airways até Mumbai. Porém o avião teve problemas antes da decolagem, o que me fez permanecer por 6 dias em Katmandu até conseguir um voo direto pela Royal Nepal Airlines até Mumbai na Índia. De lá voo pela South Africa Airways até Joanesburgo na África do Sul e depois até São Paulo. Considerações Gerais: Depois de tanto tempo não pretendo nem consigo fazer um relato detalhado, pois nesta época eu ainda não registrava detalhadamente as informações, mas vou tentar descrever a viagem com as informações de que lembrar e que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante ou ter uma base para pesquisar detalhes, principalmente o trajeto, tipos de acomodações, meios de transporte e informações adicionais que eu achar relevantes. Os preços que eu citar serão somente para referência e análise da relação entre eles, pois já devem ter mudado muito. Acho que o relato principalmente serve para ideias de roteiros a quem se interessar e também como um relato das experiências vividas. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis na internet. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Em toda a viagem houve todo tipo de clima. Em Joanesburgo fez sol quase todo tempo, com temperaturas amenas, levemente frias de manhã e à noite e esquentando ao longo do dia. No Nepal houve bastante sol, mas também alguma chuva, principalmente em Pokhara. Houve neve no Lago Gosaikund. No Tibet fez sol quase sempre, porém as temperaturas foram um pouco frias ao amanhecer a anoitecer, às vezes esquentando ao longo do dia, mas não muito. A população de uma maneira geral foi muito cordial e gentil 👍. Houve vários mal-entendidos devido à língua, ao alfabeto e aos costumes no Nepal e no Tibet, onde quase ninguém falava inglês. Em Joanesburgo houve um episódio em que senti olharem-me com ódio, talvez por minha pele ser branca. Muitos disseram-me para não ir por conta própria para vários lugares, pois poderia ser morto. As paisagens ao longo da viagem agradaram-me muito, passando por áreas de florestas, rios, cachoeiras, montanhas e outros . Achei deslumbrantes especialmente as montanhas nevadas, em particular os Himalaias. Alguns trajetos de ônibus no Nepal e no Tibet passaram na beira de precipícios bem altos, o que foi um teste para os nervos 😟. Houve muitos problemas com pneus furados. Houve pontos em que os veículos atolaram e vários congestionamentos devido a deslizamentos de terra. Como havia uma guerrilha tentando tomar o poder no Nepal, houve muitas paradas para checagem pelo exército. As viagens foram muito lentas devido a tudo isso. Para entrar no Tibet foi necessário ir em uma excursão até Lhasa, por exigência do governo chinês. Em Joanesburgo recomendaram-me não usar transporte público, sob pena de sofrer violência. A viagem no geral foi tranquila. Não tive nenhum problema direto de segurança, mas houve uma decretação de paralisação geral pela guerrilha no Nepal que o exército respondeu decretando toque de recolher. Em Joanesburgo contaram-me a respeito de muitos episódios de violência. Quase ninguém aceitou cartão de crédito. Mas consegui fazer saques nas moedas locais usando o cartão de débito Visa Electron. Levei cerca de US$ 1,300.00 em espécie, mas gastei bem menos. Na África do Sul saquei R$ 511,75 e paguei R$ 24,81 de tarifas. Gastei mais R$ 28,05 com cartão de crédito. No Nepal saquei R$ 178,97 e paguei R$ 10,86 de tarifas. Troquei mais uns poucos dólares também. No Tibet saquei R$ 431,68 e paguei R$ 15,97 de tarifas. Acho que troquei alguns poucos dólares lá também. Paguei US$ 129.00 pela excursão para ir ao Tibet. Acho que ao todo gastei cerca de US$ 530.00 a US$ 630.00 na viagem sem contar a passagem aérea. A passagem aérea custou pouco menos de US$ 1,500.00 obtida através da agência Via Aérea (http://viaaerea.tur.br). No Nepal achei a comida com muitas especiarias, ardida como pimenta. Como não gosto, tive alguma dificuldade. A Viagem: Fui de SP (Guarulhos) a Joanesburgo na 2.a feira 08/09/2003 pela South Africa Airways (https://www.flysaa.com). A saída estava prevista para as 18:15. Cheguei em Joanesburgo pela manhã na 3.a feira 09/09. Tive alguma dificuldade de comunicação com alguns atendentes do aeroporto provavelmente devido ao sotaque e ao meu nível de inglês precário. Obtive informações no balcão correspondente do aeroporto e confirmei as informações que tinha lido de que a cidade poderia ser perigosa. No próprio aeroporto encontrei um rapaz e uma moça do hostel Africa Centre (http://www.cheaphotelsandhostels.com/hostel/h-3170/Africa-Center-Airport-Hostel) fazendo propaganda e, analisando as outras opções, resolvi aceitar a oferta deles. Disseram que o hostel ficava numa área muito segura perto do aeroporto. O rapaz comentou que seria perigoso visitar os pontos de interesse por conta própria. Contou relatos de pessoas que haviam sido mortas. Achei que poderia ser exagero para me levar à compra de pacotes. Chegando ao hostel, após acomodar-me, fui dar uma volta pelos arredores. Foi possível perceber que havia preocupação com segurança nas várias residências, com placas de resposta armada de empresas de segurança. Um pouco cansado, com um pouco de sono após uma noite no avião e sem ter almoçado, não fui muito longe e depois de andar um pouco, parei numa praça para descansar. Lá um homem pediu-me dinheiro, dizendo que estava com fome, pois não havia almoçado. Como ele me pareceu em bom estado, como não havia nenhum local que eu conhecesse para comprar alimentos por perto e como tenho certa reserva em dar dinheiro, pois nunca se sabe para onde vai, acabei desejando-lhe boa sorte, mas não lhe dei nada. Notei que várias vezes pessoas negras mudavam de calçada quando iriam cruzar comigo. Achei coincidência num primeiro momento. À noite no hostel conheci a dinamarquesa Liz, recém-formada ou acabando a formação na área de negócios, e a inglesa Emma e seu namorado, que pretendiam ir ao Parque Kruger. Consultei também os preços para visitar alguns pontos que desejava. Para as atrações de Joanesburgo veja https://guia.melhoresdestinos.com.br/pontos-turisticos-de-joanesburgo-141-1467-p.html, https://www.planetware.com/tourist-attractions-/johannesburg-saf-gp-jo.htm e https://www.lonelyplanet.com/south-africa/johannesburg/attractions/a/poi-sig/355617 . Os pontos de que mais gostei foram os itens históricos, os típicos da África, a mina de ouro e o Museu do Apartheid . No dia seguinte, 4.a feira 10/09, bem mais descansado, fui dar uma grande volta pelos arredores para tentar descobrir se seria possível ir por conta própria para o centro e os demais pontos de interesse. Perguntei a cerca de 20 pessoas brancas se seria seguro e unanimemente elas me disseram que não, sendo que boa parte delas disse-me que eu poderia morrer. Achei que poderia ser algum tipo de discriminação e ideia deformada por parte dos brancos. Tentei então procurar pessoas negras para ver a sua opinião. Falei também com cerca de 20 e, para minha surpresa, a opinião deles foi a mesma dos brancos, porém não me lembro de terem me falado que eu poderia morrer. Só disseram para eu não ir, pois não seria seguro. Só houve uma exceção, que foi o vendedor de bilhetes da estação de trem, que disse que eu poderia ir sem problemas. Mas eu resolvi não ir e, apesar dos valores bem mais altos, resolvi ir em excursões coletivas privadas nos dias seguintes. No meio da tarde, quando pedia informações às pessoas sobre caminhos, conversei com uma mulher branca de uns 50 ou 60 anos em sua oficina e ela me disse que não dava para ir a pé ao centro, porque havia muitas pistas só para carros e porque passaria por áreas perigosas. Acho que o marido dela ficou com ciúmes da atenção que ela me deu (pareceu com um enfoque maternal). Falei também com um vigilante negro, que num primeiro momento mostrou-se na defensiva, mas conforme que a conversa foi evoluindo informalmente, tornou-se bastante amistoso e, no fim, estendeu a mão num cumprimento típico. Paralelamente um outro vigia atravessou a rua e veio cumprimentar-me. Desejaram-me longa vida sorrindo. Fiquei bestificado 😲. Este episódio de um branco conversar com um negro sem ser por alguma questão de serviço pareceu-me ser algo raro por ali, um evento. Isso me fez achar aquele estado de coisas infeliz ☹️. Lembrei-me do Brasil, que apesar de toda a questão do preconceito, é um lugar em que sempre tinha convivido com muitos negros e mestiços de maneira amigável, em ambiente de trabalho, escola, esportes, cultura, família etc. Neste dia nadei na piscina do hostel, apesar da água um pouco fria do fim de inverno. Um dos atendentes até me perguntou sobre a temperatura da água. À noite ainda conversei com um dinamarquês amigo de Liz, que me recomendou cautela se fosse tentar ir a algum local por conta própria. Na 5.a feira 11/09 fui numa excursão pela manhã, junto com outros estrangeiros, conhecer o centro da cidade, incluindo museu, lojas típicas, praças, prisão em que ativistas anti-apartheid estiveram (incluindo Nelson Mandela) e outros itens. Lembro-me de um alemão, um australiano e talvez algumas alemãs. As pessoas estavam muito temerosas de sair para andar em áreas públicas, especialmente o alemão. Quando fomos ao Parque Joubert (https://en.wikipedia.org/wiki/Joubert_Park), perguntei se poderia dar uma volta, o guia autorizou e eu fui. Só havia negros. Pelos olhos achei que cerca de 20% pareceram muito surpresos e felizes com minha presença, como que a me convidar a ficar à vontade e desfrutar do ambiente. Cerca de 40% pareciam indiferentes e evitavam o contato visual. Outros 20% pareciam não gostar e alguns até pareciam esperar alguma oportunidade de algum delito (até aí nada diferente do que em alguns locais de SP). Porém, o que me assustou foi que havia cerca de 20% que pareciam fazer questão de me olhar fixamente com aparente ódio, sem nunca me terem visto antes. Seu olhar parecia exprimir raiva e, se tivessem oportunidade, acho que cometeriam violência contra mim. Nunca tinha passado por isso. Mesmo em locais onde há crime ou algum tipo de rivalidade no Brasil, nunca tinha sentido alguém olhar-me assim. Fiquei tristemente espantado ☹️. Não entramos na Galeria de Arte porque o tempo era curto e a galeria muito grande. Apenas vi as obras da sala de recepção. Fomos para lojas típicas e para áreas centrais. Andamos um pouco por lá e depois fomos para outra excursão à tarde, com destino ao Soweto. No caminho o alemão, que parecia não querer se aventurar a andar muito longe do guia e em locais públicos, contou a seguinte história, que foi narrada por jornais alemães, alguns dos quais sensacionalistas. Um casal de alemães saiu para assistir um espetáculo de música no centro da cidade à noite. Beberam e depois saíram andando pelas ruas, dispensando o táxi. O homem tinha um relógio no pulso, a mulher tinha anéis nos dedos e um colar. Ele deu uma pausa na história, olhou pela janela, tomou fôlego e continuou. Quando acharam o homem ele não tinha a mão. Quando acharam a mulher ela não tinha nenhum dos dedos e nem a cabeça. Ambos morreram e alguns jornais sensacionalistas publicaram fotos na primeira página. Aí eu entendi porque ele estava tão cauteloso. Juntaram-se a nós mais algumas pessoas para o passeio, incluindo um belga e talvez mais uma ou duas alemãs. Começamos o passeio pelo Soweto parando no início do bairro e entrando numa espécie de tenda ou bar de madeira onde se vendia comida típica, um tipo de churrasco, e cerveja. O australiano comprou uma e gostou. Depois fomos conhecer locais históricos, casa de Desmond Tutu, de Mandela, Steve Biko, locais de manifestações, uma ocupação (o que chamaríamos aqui de uma favela em área não autorizada) e uma favela. Na ocupação chamou-nos atenção uma placa do KFC que eles penduraram em uma das casas. Chamou a atenção do belga o fato deles conhecerem David Beckham. Na favela eu perguntei se seria perigoso entrarmos nas vielas e o guia disse que dependia de até onde eu quisesse ir. Achei melhor não ir para não expor o grupo e porque não sabia se havia algo relacionado a algum tipo de crime ali, como narcotráfico. Quando estávamos indo embora, um homem da favela com que eu havia conversado pediu-me comida. Eu não tinha nada na mão e fui ao grupo perguntar se alguém tinha algo. Mas o guia não gostou e falou para irmos embora. Disse: “Não podemos (temos capacidade para) alimentar todos”. Chegamos de volta ao hostel à noite. Na 6.a feira 12/09 fui com o transporte da excursão a Golden Reef (https://en.wikipedia.org/wiki/Gold_Reef_City), onde havia uma enorme e típica mina de ouro. Mas fui fazer o passeio só, pois os outros iriam para outros passeios. Havia uma espécie de parque de diversões no mesmo local e, achando que teria bastante tempo, decidi conhecer um pouco dele antes e depois da visita à mina. Foi um grande erro, pois perdi tempo precioso, que poderia ter usado na visita ao Museu do Apartheid. Achei as atrações do parque interessantes, mas parecidas com os parques de diversão que conhecia em São Paulo. Achei a visita à mina espetacular . Nunca tinha visitado uma mina de ouro subterrânea. Achei impressionantes as estruturas, o modo de trabalho, todo o local e o processo. Por não ver, liguei a lanterna na cara de um trabalhador da mina de apoio à excursão enquanto a guia dava explicações e ela logo me chamou a atenção, mostrando o trabalhador, que eu não havia visto porque estava numa área escura dentro de uma estrutura da mina. Após a visita à mina, enquanto passeava pelo parque, vi um prédio grande não muito distante e descobri tratar-se do Museu do Apartheid (https://www.apartheidmuseum.org). Apesar de já ser tarde, apenas 1 hora a 1 hora e meia antes do que havia combinado com o motorista da excursão para me pegar de volta, decidi ir visitá-lo. Gostei muito. Havia muitos ambientes, contando a história da segregação racial no país, desde as guerras entre holandeses Boer e ingleses, do convívio com os zulus, da passagem de Gandhi por lá, até os dias mais recentes (não consegui ver o fim, então não sei exatamente até onde ia). Havia um trecho em que brancos passavam por uma área e negros por outra, de modo que os brancos vissem como eram tratados os negros e como eram os ambientes em que viviam e os negros vissem como eram tratados os brancos e como eram os ambientes em que viviam. Na área dos atentados, torturas e assassinatos promovidos pelo governo, chamou-me a atenção o número de explicações claramente (parecia que até propositalmente, com intuito de intimidar) falsas a respeito de prisioneiros mortos, a maioria enquanto tomava banho (tomava banho, escorregou, bateu a cabeça e morreu, caiu no banheiro e morreu etc). Lembrou-me algumas das explicações da ditadura militar no Brasil referentes a atropelamentos por caminhões, além da dada no caso de Vladimir Herzog. Infelizmente o horário que havia combinado com o motorista da excursão estava chegando e parei na seção de atentados, nos anos 1980. Até tentei propor ao motorista que me pegasse no fim da tarde, mas ele estava levando o pessoal da excursão de volta e não tinha previsão de nova excursão à tarde. Aí disse que não seria possível, a menos que eu pagasse pela gasolina como táxi individual. Eu acabei não querendo e voltei com eles. De volta ao hostel conversei com um espanhol e outro viajante (acho que também era espanhol). Perguntaram-me como ia indo o Lula em seu primeiro ano de governo, conversamos sobre o mundo e sobre os perigos da viagem ao Nepal, que tinha uma guerrilha maoísta. No sábado 13/09, perto da hora do almoço, peguei uma transferência, junto com um dos dois espanhóis. Eu estava indo para o aeroporto e ele, se bem me lembro, para o shopping. Na sala de espera para o embarque, vi que havia um grupo de brasileiros indo para a Índia, que perceberam que eu era brasileiro. Eram Fábio, dono de uma empresa de aço e seu irmão ou cunhado. Fomos conversando uma parte do voo e eles, principalmente o Fábio, tinha interesse em esoterismo. Falou-me de sua experiência com vários locais de estudos de filosofia e esoterismo que eu também conhecia. Por coincidência ele era formado na mesma escola que eu, só que em engenharia metalúrgica. Ele me falou que eu era a primeira pessoa que ele conhecia que de fato fazia uma viagem ao Tibet, pois muitos falavam, sonhavam, mas não faziam. Falou-me ainda que era só assistir televisão e ver como era o mundo para se esquecer tudo de que se falava sobre esoterismo nos locais de estudo ou encontro. Achou um pouco forte o tempero da comida e eu lhe disse sorrindo que ele não tinha visto nada ainda 😀. Depois de ter voltado ao Brasil fui jantar na casa dele, conheci sua mulher e filhos e conversamos sobre minha viagem a passeio e a dele de negócios. Chegamos a Mumbai de madrugada, ele lá ficou e eu fui pegar conexão para Nova Déli pela Air India (http://www.airindia.in), morto de sono. Cheguei em Nova Déli no amanhecer. Tive que ficar numa área restrita, pois precisava de um atendente da Indian Airlines (https://en.wikipedia.org/wiki/Indian_Airlines) para me liberar para o novo embarque. Foi uma espera de algumas horas (cerca de 3) não muito agradável. Ainda tive que pagar uma taxa de US$ 5.00, se bem me lembro. Após a liberação fui para a sala de embarque para Katmandu. Conheci uma médica de Médicos Sem Fronteiras, que me deu 3 sugestões de ouro, apesar de algumas óbvias, sobre como enfrentar a altitude. Primeiramente, respirar fundo (inspirando e expirando longamente), depois dormir com a cabeça bem elevada do corpo, não em linha reta e por fim, beber muita água. Estes 3 procedimentos simples ajudaram-me muito e tive muito menos problemas do que em uma ida anterior a regiões altas. Embarquei no domingo no fim da manhã, morto de sono. Havia 3 lugares na fileira em que eu estava, comigo, um russo e um indiano. Eu ri e comentei com eles que era um retrato do mundo. Fomos conversando sobre Moscou, a questão dos atritos entre Islamismo e Ocidente, a Índia e a situação política no Nepal. O indiano disse-me que as montanhas eram seguras, mas para eu não ir ao Terai (https://pt.wikipedia.org/wiki/Terai). Ao longo da viagem perguntei a várias pessoas sobre a situação política e todos disseram-me que a situação estava sobre controle. Chegando em Katmandu, no domingo 14/09 no meio da tarde, tirei o visto de entrada no aeroporto. Precisava de uma foto, que a atendente da embaixada da Índia no Brasil (que representava o Nepal) havia me dito. Levei comigo e poupei o preço de tirar a foto no aeroporto. Paguei uma taxa pelo visto (algo como US$ 50.00). Peguei um táxi e fui para a área conhecida como Thamel (https://en.wikipedia.org/wiki/Thamel), onde ficavam os estrangeiros geralmente. Dadas as notícias que havia ouvido, achei a situação até bem tranquila. Um guia recomendou-me um hotel por US$ 6.00 a diária, em que acabei ficando nos primeiros dias, até descobrir que havia outros muito mais baratos. Após instalar-me, resolvi deitar um pouco para depois ir jantar, pois não consigo dormir em aviões e estava bem cansado. Fui acordar de madrugada e acabei decidindo dormir até o dia seguinte 😴. Para as atrações de Katmandu veja https://wikitravel.org/en/Kathmandu, https://www.lonelyplanet.com/nepal/kathmandu e https://thingstodoeverywhere.com/visit-kathmandu-attractions.html. Os pontos de que mais gostei foram as stupas, os templos, os prédios e monumentos históricos, as vistas a partir de locais altos e a população local . Conversei com um agente de turismo local e ele me deu informações sobre os locais a conhecer no Nepal, os preços, as formas de transporte e as condições gerais do país. Disse-me para não ir para a região de Lumbini, pois havia muitos pontos de checagem do exército nas estradas, o que tornaria a viagem cansativa, além de ser área com muitos guerrilheiros, que não costumavam atacar os turistas, mas pediam dinheiro para que pudessem prosseguir. E tudo poderia acontecer, nada era garantido. Na 2.a, 3.a e 4.a feira fui visitar as 3 principais stupas de Katmandu, que eram Swayambhunath (https://www.swayambhunathstupa.org/), Boudha (https://boudhanathstupa.org) e acho que a última era em Patan. Achei as estupas espetaculares , principalmente as 2 primeiras. Gostei mais de Swayambhunath, mas Boudha também pareceu-me muito boa. Além de todo o clima espiritual, a vista lá de cima também era muito boa e ampla. Passei também por templos, monumentos, parques e palácios nas áreas centrais e no caminho para as estupas. Achei que havia um certo clima de tensão devido à guerrilha e à possibilidade de atentados ou talvez eu estivesse precondicionado. A cidade em si parecia-me com trânsito um pouco caótico e com estrutura simples, mas sem extremos de pobreza, apesar de haver mendigos. Acho que uma visão ocidental materialista diria que era bem pobre. Aproveitei também estes dias para obter informações detalhadas sobre a ida ao Tibet, algo que não tinha conseguido no Brasil. Fui ao consulado chinês e obtive as informações necessárias. Se bem me lembro obtive um visto de 15 dias, que era o que o governo chinês oferecia para quem entrava por ali. Fui também a agências de turismo obter informações sobre excursões ao Tibet, posto que o governo chinês não permitia viagens de estrangeiros sem ser vinculadas a excursões. Na 4.a feira à tarde correu um boato de que a guerrilha decretaria uma paralisação geral. Quando cheguei ao hotel informaram-me que o rei havia decretado toque de recolher naquele dia e provavelmente nos outros também. Fui jantar e quase me perdi na volta ao hotel. O toque de recolher era as 23 horas e já eram 22 horas e as pessoas andavam rapidamente, num clima de desespero. A atendente de uma agência de turismo em que eu havia ido disse-me que se estivesse na rua após o horário as forças armadas tinham ordem de atirar. Enquanto procurava pelo caminho para o hotel, que era meio escondido, em meio às pessoas correndo, dei de cara com um carro de combate com soldados . Levei um susto, cruzei com eles, mas nada aconteceu. Tentei perguntar para os habitantes locais, mas naquele clima tudo era difícil, além da língua, que eu não sabia falar. Mas achei o caminho e voltei para o hotel aliviado. Esta situação lembrou-me a cena com o desespero da população na invasão da China no filme “O Império do Sol”. Na 5.a feira 18/09 perguntei aos atendentes do hotel se poderia visitar pontos de interesse e eles me disseram para não ir longe. Acabei não atendendo o que disseram. Primeiramente fui até a parte antiga da cidade, que achei espetacular . Não tinha ideia da existência daquele conjunto histórico razoavelmente preservado. Depois fui a Bhaktapur (https://en.wikipedia.org/wiki/Bhaktapur) andando. Fui conhecendo os vários pontos de interesse pelo caminho. Gostei também bastante de lá. Novamente achei grandioso o conjunto histórico e arquitetônico . Parecia mais calmo, pois era uma área turística, mas novamente pareceu-me tenso o clima. Um nepalês, que veio conversar comigo, perguntou-me como eu havia chegado lá e quando disse que tinha vindo só e andando, ele ficou admirado e disse que eu devia ser muito inteligente para conseguir chegar (talvez ele devesse ter dito muito louco). Na 6.a feira 19/09 fui à última grande stupa que haviam recomendado em Katmandu. Cada uma delas era em direção a um ponto cardeal em relação ao Thamel e esta, se bem me lembro, era para Norte ou Nordeste (talvez fosse Budhanilkantha - https://en.wikipedia.org/wiki/Budhanilkantha). Fui andando. Gostei. Achei-a menor e mais simples que as outras, mas ainda assim achei-a interessante. Passei por templos próximos e fui visitando os pontos de interesse no caminho. No sábado e domingo mudei para um hotel mais barato, cerca de US$ 2.00 a diária e fui tentar visitar os templos de Pashupatinath (http://pashupatinathtemple.org) e Guhyeshwari (https://en.wikipedia.org/wiki/Guhyeshwari_Temple). Mas não eram permitidos para não hindus. Na porta de Pashupatinath havia estátuas de deuses e uma placa enorme dizendo que só era permitido para hindus. Mas como eu estava apreciando as estátuas não vi a placa. Olhei para os guardas e eles não falaram nada. Acho que imaginaram que eu era hindu. Alguns minutos após entrar, quando observava uma estátua de Ganesha, um sacerdote brâmane veio até mim e rispidamente perguntou o que eu estava fazendo ali, pois não era permitido para não hindus. Eu fiquei surpreso e disse que não sabia. Ele me conduziu parte do caminho até a porta. Lá, vi a enorme placa e fiquei constrangido 😳. Um outro brâmane passou indo embora e eu lhe falei que era leitor do Bhagavad Gita e gostava do hinduísmo. Ele me disse que isso era bom, mas que eu não poderia entrar. Aparentemente esta norma mudou nos dias atuais. Nos outros templos fiquei mais atento antes de entrar. Em vários pude entrar, sem problemas. Apreciei o Dal Bhat, que era um prato típico do Nepal, com arroz, lentilha e legumes (poderia ser também com carne, mas eu sou vegetariano). Parecia nosso arroz com feijão, porém alguns vinham com muitas especiarias, o que os fazia ardidos. Descobri também uma doceria que tinha uma promoção de 50% de desconto no fim da noite, o que me pareceu tornar atraente os preços dos bolos e tortas . Perguntei a um judeu onde poderia encontrar um mapa gratuito da região e ele me disse sorrindo “em seus sonhos”, mas completou dizendo que os mapas não eram caros. Conheci um outro judeu que também procurava ir ao Tibet. Procuramos juntos por agências de turismo e conseguimos fechar com a mais barata por US$ 129.00 uma excursão de 4 dias, saindo de Katmandu e chegando a Lhasa, com transporte, hospedagem e café da manhã do primeiro dia incluídos. A excursão mais próxima sairia dia 28/09. Ele pareceu um pouco incomodado com o fato de eu pedir informações a qualquer pessoa. Provavelmente em Israel esta prática era perigosa. Ele era agricultor e conversamos sobre a situação de guerra existente em Israel. Conheci um outro turista (acho que era europeu) que comentou sobre sua viagem e disse que estava agendado para ir ao Tibet também e me disse que sua chegada estava prevista para 01/10. Comentei com ele que minha previsão era a mesma e imaginei que iríamos na mesma excursão. Dada a data da excursão, decidi ir conhecer Pokhara enquanto esperava. Peguei um ônibus na manhã da 2.a feira 22/09 e cheguei no fim da tarde. As viagens costumavam demorar muito porque as estradas eram precárias, havia deslizamentos de terra e havia checagens de segurança feita pelas forças armadas. Nesta primeira, se bem me lembro, não houve muitos incômodos. Fiquei numa espécie de casa de família que tinha alguns cômodos para hóspedes. Alguns turistas estrangeiros que estavam na cidade disseram-me que nem se notava o toque de recolher por ali e que a situação era muito mais calma do que em Katmandu. Para as atrações de Pokhara veja https://myownwaytotravel.com/tourist-destination-pokhara-tour-guide/, https://www.lonelyplanet.com/nepal/pokhara e https://wikitravel.org/en/Pokhara. Os pontos de que mais gostei foram as montanhas, os templos, o lago, a vegetação e as vistas a partir de locais altos . Fiquei lá até 6.a feira 26/09. Foi difícil ter uma vista limpa das montanhas, pois lá chovia muito e havia muita nebulosidade. Se bem me lembro as informações diziam que o tempo ficava chuvoso mais de 200 dias por ano. Mas em alguns dias houve algumas aberturas das nuvens e no último, principalmente, foi possível uma razoável vista dos picos e das montanhas. Num dos dias fui até um templo que ficava no topo de uma montanha e que havia visto lá de baixo. Fui intuitivamente por uma trilha na montanha no meio do mato . Fui perguntando para as pessoas que encontrava pelo caminho, muitas coletando algum tipo de produto agrícola ou fazendo extrativismo vegetal ou mineral. Perguntava por “Buda” e eles (em boa parte mulheres) apontavam-me o caminho. Cheguei a fazer uma marca no chão numa encruzilhada para não me perder na volta. Chegando lá um vendedor ambulante perguntou-me se eu havia vindo pela floresta e me disse que poderia ser perigoso, narrando o caso de um japonês que havia sido morto por estrangulamento ou enforcamento há um tempo atrás. Disse que sozinho era problemático, mas em dois ou mais não havia problemas. Gostei muito deste templo que era a World Peace Pagoda (https://en.wikipedia.org/wiki/Shanti_Stupa,_Pokhara). Gostei muito também da paisagem vista lá de cima e da vegetação ao longo da trilha. Depois de ficar um bom tempo lá, desci por um outro caminho, que passava no meio de uma comunidade local. Um habitante local acompanhou-me parte do caminho, até pegar um atalho para sua casa. Não havia a vegetação espetacular da mata, mas a vista era bela. Nem precisei usar a marca que havia feito no chão. Num outro dia fui até um templo que havia no meio do lago. Acho que era o Templo Tal Barahi (https://en.wikipedia.org/wiki/Tal_Barahi_Temple). Fui nadando, o que surpreendeu alguns habitantes locais, pois havia barcos pagos. Deixei minha carteira e passaporte no local em que estava hospedado e fui com calção de banho e camisa. Era próximo, talvez cerca de 100 a 200 metros. Achei bem interessante, simples, mas típico. Ocupava a ilha toda. Numa ocasião, perguntando a um rapaz por informações, ele alertou-me sobre ficar andando por lugares desertos, dizendo que havia uma “discussão”, referindo-se à disputa entre o governo e a guerrilha maoísta. Num dos dias à noite, fui visitar uma loja de tapetes. Era de muçulmanos e, pelo meu interesse em questões religiosas, para começar uma conversa amistosa, perguntei referente à questão da Guerra Santa não ter sido criada por Maomé. Acho que não foi uma boa ideia, pois eles se empolgaram com a conversa e começaram a falar sobre os muçulmanos, sobre a discriminação que estavam sofrendo após o 11 de Setembro (que estava fazendo 2 anos), chegando a me perguntar se eu achava que tinham 6 dedos por serem muçulmanos. Como eu disse que não era cristão, apesar de ter sido criado numa cultura cristã, creio que quiseram converter-me. Tanto que disseram que iriam chamar um estudioso que teria muito mais argumentos. Mas aí entraram algumas pessoas interessadas nos tapetes e desviaram sua atenção. Eu aproveitei a ocasião, agradeci pela conversa, despedi-me e fui embora. Numa noite conheci um japonês num restaurante enquanto jantávamos e conversamos sobre nossas viagens. Comentamos como eram baratos os produtos e serviços no Nepal. Interessante como havia reposição gratuita de alimentos (arroz, lentilhas, vegetais). Por várias vezes caminhei por trilhas e estradas com vegetação natural. A vista do lagos, dos cursos de água, das montanhas e da vegetação agradou-me muito. Se bem me recordo foi nesta região que atravessei uma ponte parecida com aquelas que se vê em filmes de aventura, geralmente na África, sobre um desfiladeiro ou uma garganta, feita de cordas e com piso vegetal. Imaginei como seria aquela ponte num dia com ventania. Na 6.a feira, quando disse ao dono da casa em que estava hospedado que iria embora no dia seguinte para o Tibet, ele disse que ali era a minha casa e que o Tibet seria caro. Eu sorri, mas prossegui com meus planos. No sábado 27/09 voltei para Katmandu para poder pegar a excursão no domingo. A viagem foi lenta e cheguei já de noite. Mesmo assim fui ao local da agência de turismo para confirmar o local e horário de embarque e combinamos que um dos atendentes fosse ao hotel e me acordasse caso eu não aparecesse, pois a saída era cerca de 5h da manhã. Fiquei num outro hotel, com preço semelhante ao anterior ou um pouco mais baixo, se bem me lembro. A viagem de ida ao Tibet de 28/09 a 01/10 teve a paisagem que achei mais espetacular em toda a viagem e talvez a mais espetacular que vi na vida , talvez por não estar acostumado a este tipo de vista. No domingo 28/09, eu acordei na hora, pois tinha ficado com o horário na cabeça, o guarda do hotel ajudou-me a acordar para não haver perigo de eu voltar a dormir e logo em seguida chegou o atendente da agência de turismo, para não haver nenhum perigo de perder a hora mesmo. Ele esperou por mim e fomos até o ponto onde estavam os veículos. Os agentes de turismo disseram que todos eram geralmente muito gentis, menos o exército chinês. Creio que esperamos ali por cerca de 1 hora ou mais até todos chegarem e podermos partir. Fomos em comboio, creio que também por questões de segurança. Paramos num hotel restaurante cerca de 1 hora depois da partida para tomar café da manhã. O café estava muito bom, pareciam produtos rurais da própria área. A paisagem durante a viagem pareceu-me bonita, com vistas rurais e montanhas. Katmandu tinha cerca de 1.300 metros de altitude e estávamos subindo. Após andar mais um pouco chegamos em Kodari, na fronteira com a China. Fomos fazer os procedimentos de entrada. Havia uma diferença horária de 02h15, com a China tendo o horário à frente. Aí entendi porque tínhamos saído tão cedo. Naquele ponto havia uma usina hidrelétrica do lado nepalês e a Ponte da Amizade, que separava os dois países, sobre uma enorme garganta de rio, o que tornava a vista grandiosa. Ficamos algum tempo esperando e depois fomos para uma fila no sol para passar pela ponte. Conheci uma guia turística húngara que sabia falar “Bom dia”, pois já havia estado no Brasil. Quando algumas mulheres mais idosas foram tirar fotos a partir da ponte, um soldado chinês saiu da cabine em que estava e veio dizer que era proibido. Ao passar para o outro lado, havia um micro-ônibus e vários outros veículos Land Rover antigos. Eu fui no micro-ônibus com o guia (acho que o nome era Tashi ou semelhante), um casal de amigos canadenses (acha que a moça chamava Hanna), um outro canadense chamado Greg, duas amigas francesas, uma americana chamada Shirley e uma holandesa. Pensei que os procedimentos de imigração haviam acabado, mas estava totalmente enganado. Ficamos esperando em pé ou sentados no chão numa fila para passar por alguns funcionários, que iriam verificar os papéis e provavelmente nos autorizar a entrada. Demorou bastante e o atendimento de alguns não era muito cortês. Numa situação, um deles esmurrou a mesa e gritou com uma turista (acho que europeia) perguntando porque não tinha um determinado papel. Ela respondeu que um funcionário anterior havia provavelmente pego por engano, localizaram o papel e tudo prosseguiu bem. Vi alguns soldados baterem nas costas com uma vara (e acho que era batida de fato, não era brincadeira cordial) em prováveis nepaleses que estavam atravessando a fronteira de volta carregando madeiras ou algo semelhante nas costas, provavelmente por terem descumprido alguma norma, como horário etc. Bateram neles na frente de todos, sem o mínimo constrangimento. Após o demorado procedimento e passar por todos os funcionários, fomos liberados. O guia encaminhou-nos para o hotel. Estávamos em Zhangmu, a cerca de 2.300 metros de altitude. Fomos separados em 2 ou mais quartos, sendo que um tinha vários homens e outro várias mulheres. No nosso quarto havia inúmeros insetos do lado de dentro tentando sair e estava um pouco quente. Mas quando entrei 2 alemães que já estavam lá alertaram-me que não poderíamos abrir a janela, apontando para a quantidade muito maior de insetos do lado de fora, tentando entrar 🦟. Jantei e dormi, morto de sono 😴. Na 2.a feira 29/09 tomamos café e partimos para Xigatse. Achei a subida deste dia espetacular , com sua vista das montanhas do Himalaia, várias cachoeiras de degelo, a paisagem dos vales profundos ao longe etc. No meio do caminho houve um deslizamento de terra e a estrada estava interrompida. Tivemos que parar e esperar por algumas horas. Aproveitei para dar uma volta na área. Quando conseguimos prosseguir estávamos bastante atrasados. Passamos por um ponto que permitia ver o Everest, mas o tempo estava encoberto e não pudemos vê-lo. Devido ao horário tivemos que ficar num pequeno povoado chamado Tingri, perto do campo base do Everest. O hotel talvez estivesse em construção, pois não tinha energia elétrica nem água potável. E não tinha quartos cobertos para todos. Os alemães se dispuseram a dormir nos quartos em construção, pois tinham sacos de dormir e disseram que gostavam de acampar. Disseram não falar bem inglês por serem da parte Oriental. Pelo menos jantar tinha. Pedi comida sem carne (sou vegetariano), mas não me entenderam e comi o que veio, que foi sopa com carne. Conheci um casal de brasileiros (acho que eram Marcelo e sua namorada, que acho que se chamava Vanessa). Ele me reconheceu como brasileiro pelo sotaque e pela camisa do Santos que viu quando tirei o agasalho. Falou que tinham feito uma extensão extraoficial para o campo base do Everest, de que tinham gostado, mas que tinha deixado Vanessa indisposta pela altitude (ele ou ela tinham posto o pé num curso de água gelado). Tinha havido algum atrito com um outro turista alemão que estava no mesmo Land Rover, pois aparentemente aquela extensão não era totalmente legal, mas o voto dos 2 e de mais um guatemalteco venceu a disputa para irem. Antes de dormir fui ao banheiro, que era uma casa de madeira fora da construção principal, com uma fossa. Não tinha luz e eu não tinha lanterna. Foi um pouco problemático, mas consegui fazer xixi. Eu segui as recomendações preciosas da médica do aeroporto e senti muito pouco impacto com a altitude, mas percebi que vários outros, incluindo Greg, sofreram bastante 😒. O rapaz canadense passou mal e Hanna parecia aflita procurando pelo guia. Fui tentar ajudá-la a encontrá-lo e conseguimos. No dia seguinte ele parecia bem melhor. Havíamos cruzado uma passagem de montanha de cerca de 5.250 metros e estávamos dormindo a cerca de 4.400 metros. Devido ao atraso, chegaram a considerar a hipótese de viajar à noite, mas foi logo descartada pelos riscos. Marcelo comentou comigo também que estava achando aquela paisagem a mais bonita que já tinha visto e que não desejava viajar à noite e perdê-la. Na 3.a feira 29/09, com várias pessoas tendo passado dificuldades durante a noite, mas já bem melhores, partimos rumo a Xigatse. Hanna parecia agradecida por tê-la ajudado a encontrar o guia na noite anterior. Ela passava boa parte dos deslocamentos lendo um livro. Posteriormente o rapaz canadense agradeceu muito ao guia por tê-lo ajudado. Passamos por alguns templos, visitamos seu interior, visitamos vilas, pontos típicos, houve até uma praça em que estavam tocando “Lambada”, que me lembrou do Brasil, depois de quase 1 mês distante. Cantei alegremente, embora não fosse meu gênero preferido. Eu continuava deslumbrado pela paisagem, embora agora houvesse mais trechos urbanos. No fim da tarde chegamos a Xigatse. Porém o hotel parecia não ter energia elétrica. Eu e Shirley ficamos conversando com o motorista enquanto esperávamos a definição do hotel, perguntando sobre como se dizia algumas expressões em tibetano. Acho que conseguiram trocar de hotel e tudo ficou bem. Dividi o quarto com um israelense que tinha conhecido no primeiro dia da excursão. Ele estava indo num Land Rover, com um casal de sulafricanos. Um casal de ingleses que tinha ficado muito irritado com as condições de habitação do dia anterior, ficou satisfeito com o novo hotel. Acho que os agentes de turismo não tinham muito controle da situação e não sabiam quem tinha pago por que tipo de hospedagem e serviços. Saí para dar uma volta e quase fui atropelado por uma bicicleta . A ciclovia era enorme e bem larga e havia nas 2 laterais da pista de carros. Eu achei que elas eram mão única e seguiam o sentido dos carros, mas estava enganado e elas eram mão dupla. Não vi que vinha vindo uma bicicleta e o condutor desviou bem em cima de mim 🚲. Depois acho que me xingou em chinês, mesmo comigo pedindo desculpas várias vezes. Fui jantar com o israelense e tivemos alguma dificuldade para pedir, pois as atendentes falavam pouco inglês e os cardápios não tinham descrições detalhadas em inglês. Mas conseguimos comer dumplings momos (bolos de massa recheados). Na volta, quando comentávamos sobre a melhor organização da China em relação ao Nepal e a não existência de pedintes, apareceram várias garotas dizendo repetidamente “I love you” e rimos da ironia do que tínhamos acabado de dizer. Ele me contou dos seus planos de viajar pela China, mas com um guia, pois seria mais confortável, visto a experiência de dificuldade de comunicação que tínhamos acabado de ter no restaurante. Falou-me também de achar as viagens pela Europa interessantes, porém caras. Na 4.a feira 01/10 partimos para Gyantse. O motorista, que havíamos visto entrar num hospital, pediu-me comida antes da partida. Eu não tinha nada no momento, mas perguntei aos outros e conseguimos vários biscoitos e outros itens para ele. Não sei se ele gostou, pois acho que não estava acostumado àquele tipo de comida ocidental. Achei estranho, pois imaginei que suas refeições fossem pagas pelos agentes de turismo da excursão. Seguimos e passamos por templos e locais típicos. Eu continuava apreciando muito a paisagem. Chegamos no fim do dia em Lhasa. Lá todos se reencontraram. Foi uma festa. Cada qual seguiu para um hotel. Eu procurei por um barato e paguei cerca de 25 yuans (acho que eram uns US$ 3.00). Reencontrei o judeu com que havia procurado por excursões em Katmandu. Ele acabou ficando em um hotel com o outro judeu que eu havia conhecido na viagem. Marcelo e Vanessa ficaram no mesmo hotel que eu, só que em quarto privativo, enquanto eu fiquei em quarto compartilhado. O casal de canadenses ficou assustado com a possibilidade dos hotéis estarem cheios e rapidamente encontraram um hotel para ficar. Shirley pediu par tirarmos uma foto do grupo. Despedi-me deles e fui para o hotel. Excetuando Marcelo e Vanessa, não voltei a ver os outros mais ao longo da viagem. Ao longo da estadia pessoas de várias nacionalidades compartilharam o quarto comigo, incluindo uma francesa, uma ou mais japonesas e outros europeus. Numa ocasião, logo nos primeiros quilômetros em território chinês, um funcionário do governo estava colocando uma espécie de leitor de código de barras na testa das pessoas que passavam, imagino que para medir a temperatura, pois pouco tempo antes havia ocorrido a crise de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Ele apontou para o meu boné, eu não entendi bem, ele deu um tapa no boné, mediu e me mandou seguir rispidamente. Eu fui pegar o boné que tinha caído. Num dos dias, durante uma parada saí para comprar pães e vi algo parecido com queijo sendo vendido. Perguntei para a vendedora, que parecia ser chinesa, se era queijo (cheese), mas acho que ela não entendeu, pensou que eu estava rindo e repetiu a palavra cheese. Falei várias vezes e ela repetiu. Resolvi comprar para misturar com o pão. Quando dei uma mordida para experimentar o suposto queijo descobri que era manteiga. Acabei dando para uma pessoa, pois se comece toda aquela manteiga provavelmente teria problemas intestinais. Passamos pelo Monte Kailash (https://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Kailash - uma montanha que ficava sempre coberta de gelo – não sei agora com o aquecimento global como está). Paramos e Shirley pediu-me para ficar junto a um iaque para tirar fotos, mas apareceu um menino e pediu dinheiro para ela fotografar e então ela desistiu. Houve muitas paisagens de montanhas, cruzamos com um grande rio perto de sua nascente (já estava bem largo), acho que era o Rio Brahmaputra. Passamos também por muitas áreas com as bandeiras típicas do Tibet e os totens xamânicos feitos de pedras empilhadas. Houve alguns trechos em que havia camponeses e iaques, mas o número de pessoas fora dos núcleos urbanos era muito pequeno. Houve pontos de passagens bem altos, com belas vistas. Passamos também pelo grande lago Yamdrok, cuja vista foi espetacular . Conversando com Shirley durante a viagem descobri que ela estava se formando em engenharia de computação, mesma formação minha 10 anos antes, e conversamos sobre o assunto e plataformas usadas no trabalho. Ela disse que desejava entrar para a Marinha. Eu perguntei se não achava perigoso, se não teria melhores oportunidades na iniciativa privada (se bem me lembro ela era da Califórnia, perto do Vale do Silício). Mas ela estava decidida. As francesas conheciam bem a América do Sul, falaram sobre a semelhança de alguns locais com Cochabamba e se dispuseram a me ajudar a aprender francês. Caçoaram de mim porque eu sempre conseguia achar lugares onde se vendia pães frescos. A holandesa teve algum tipo de desarranjo intestinal e precisou pedir para o ônibus parar várias vezes para ir ao banheiro. Sempre pedia desculpas e algumas vezes criticava a sujeira dos banheiros. Conversando com o casal de sulafricanos sobre os problemas das caminhadas referentes à guerrilha, disseram-me que haviam pedido dinheiro a eles para que pudessem prosseguir em uma caminhada que tinham feito nas montanhas. O homem disse-me rindo que não sabia se eles poderiam matar quem não desse dinheiro, pois ele havia pago. A mulher disse que basicamente era uma extorsão. Depois que entendi que o guia não sabia exatamente quem tinha pago o que, como eu me lembrava de ter comprado o pacote mais barato, sem guia, passei a não acompanhá-lo mais nas explicações e fazer as visitas por conta própria. O israelense até comentou comigo numa das ocasiões que eu estava circundando um monumento no sentido errado, e que isso não era educado. Marcelo contou-me que perto da chegada à Lhasa, as pessoas do Land Rover em que estavam desentenderam-se. Disse que o alemão o havia ofendido. Disse que ele era radical e que o guatemalteco era folgado e isso tornava a situação difícil. Ele e Vanessa tinham levado um filtro para a viagem o que os fez economizar bastante dinheiro com água. Para as atrações do Tibet e Lhasa veja https://www.tibettravel.org/top-attractions/, https://www.greattibettour.com/tibet-attractions, https://www.tibetdiscovery.com/lhasa-travel/things-to-do-in-lhasa/ e https://www.lonelyplanet.com/china/lhasa/attractions/a/poi-sig/356124. Os itens de que mais gostei foram os mosteiros não turísticos, a arte religiosa, os locais originais da cidade e a Natureza . Na 5.a feira 02/10 comecei a explorar Lhasa. Tinha acabado a vinculação à excursão exigida pelo governo chinês e eu estava livre para conhecer a área. Pontos fora da área de Lhasa precisavam de autorizações especiais do governo e excursões específicas com guias credenciados pelo governo. Fiquei hospedado lá até aproximadamente dia 13/10. Inicialmente fui aos guias de turismo (um chinês e um tibetano) que trabalhavam no hotel perguntar por sugestões de pontos a conhecer. Deram-me várias, indicando quais eram livres e quais precisavam de motoristas, guias e excursões. Alertaram-me que se fosse pego pelo exército em áreas não permitidas teria grandes problemas. O guia chinês até me disse que se realmente quisesse ir numa área não permitida era só pagar uma determinada quantia, algo que o tibetano imediatamente desaconselhou e disse que não era possível. Como eu não suborno ninguém, nem considerei esta proposta. Fui ao Palácio de Potala (100 yuans, aproximadamente US$ 12.50 de entrada), ao Templo Jokhang, ao Museu Tibetano, a vários outros templos e áreas naturais da cidade. Depois e paralelamente também, fui a templos e locais próximos, como Tsurpu, o Mosteiro de Tar e vários outros mosteiros. Tentei ir a um lago com um casal de europeus, mas não deu certo. Achei vários dos mosteiros indicados muito orientados ao turismo e, por isso, tentei conhecer outros não tão famosos, porém mais autênticos no tocante à vida espiritual. Na maioria destes fui junto com peregrinos. No dia em que fui ao Mosteiro de Tar em Dolma Lhakang, pedi informações para vários chineses e não consegui. Um tibetano ouviu-me e disse que sabia onde era e poderia dar-me uma carona até lá. E realmente, deixou-me na porta. Não sei se ele estava indo até lá ou fez aquilo por cortesia. Passei o dia inteiro lá cantando mantras. Fui muito bem recebido pelos monges. Acostumado ao ambiente mercantil dos mosteiros turísticos, gostei muito da diferença. Ajudaram-me na pronúncia dos mantras. Recusei educadamente a refeição e os adornos que me ofereceram, agradeci por toda a hospitalidade. Quando já havia atravessado a rodovia para tentar pedir carona, um monge mais jovem perguntou-me se não daria dinheiro. Achei que destoou de todo o ambiente, mas resolvi ignorar. Depois de tentar algum tempo, um caminhoneiro parou e me ofereceu carona. Fui na cabine com ele e seu ajudante. No meio do caminho furou um pneu, mas ele não quis que eu ajudasse na troca. No fim, ofereci-lhe pagar pela carona, mais de uma vez, mas ele não quis de jeito nenhum, repetindo na última oferta, já com a voz um pouco mais alta “No money”. Perto do fim da minha estadia, conversando com uma alemã que havia conhecido dias antes, sabendo que ela poderia ir ao Mosteiro de Tar, pedi que ela fizesse uma doação, pois havia gostado muito da espontaneidade espiritual de lá. Ela pegou o dinheiro, mas devolveu-me um ou mais dias depois por ter decidido não ir. Em alguns deslocamentos para mosteiros ou atrações passamos por subidas e descidas íngremes na beira de precipícios em ônibus algumas vezes superlotados. Lembro-me de um em que o ônibus estava lotado e eu fiquei ao lado (quase em cima) do câmbio. Havia uma mulher com um nenê de colo perto. Achei a situação bem delicada 😟. Mas chegamos lá embaixo de volta sem problemas. Abstraindo-se a preocupação, a paisagem pareceu-me espetacular . As visitas quando eram com peregrinos precisavam acompanhar o ritmo deles. Eu geralmente gosto de ficar lendo e observando tudo, mas os peregrinos geralmente iam fazer oferendas num altar e depois seguiam para outros. Perdi a visita a um templo numa das primeiras vezes, mas depois adaptei-me ao ritmo. Muitas vezes os guias dos mosteiros não pareciam muito corteses, talvez por não estarem acostumados a estrangeiros na visita ou não gostarem da ideia de visita de pessoas que não fossem peregrinas associadas à religião. Num mosteiro de monjas lembro-me de ter conversado com uma delas, que me ofereceu uma laranja, dizendo que aquele dia era feriado (ou domingo) Achei as paisagens espetaculares nos vários deslocamentos de ônibus e mesmo quando andei a pé por Lhasa. As montanhas nevadas, os vales e as vistas encantaram-me . Achei um pouco frio, principalmente à noite, de manhã e nos lugares mais altos, onde às vezes chegávamos cedo. Mas geralmente à tarde, quando abria o sol, a temperatura ficava bem mais razoável (em torno de 20 C). Na visita ao Templo Jokhang, uma oriental (acho que era coreana) fez um gesto que me pareceu querer espaço livre para tirar a foto de um dos monges. Mas quando eu saí de cena, ela pediu para eu voltar, pois queria tirar a foto de um ocidental também. Talvez nunca tivesse visto um 😀. Numa das noites Marcelo foi conhecer o quarto compartilhado em que eu estava (acho que ele não estava acostumado a hostels) e achou interessante. Falou-me num dos dias que ele e Vanessa tinham ido ao Mosteiro de Samye sem ser numa excursão e que na volta ninguém lhes dava transporte. Passaram ônibus que não os aceitaram. Ele ficou apreensivo com a situação. Aí apareceu uma excursão de europeus (acho que eram alemães) e eles conseguiram integrar-se a ela para voltar. Ele me alertou para o caso de eu ir visitar Samye. Falou-me também que tinham pedido para tirar uma foto dele e, quando comentei sobre o ocorrido com a coreana comigo, ele comentou “Será que somos tão feios assim?!” 😀. Muitas vezes o preço das passagens de ônibus não era claro (uma chinesa ou oriental comentou isso comigo), ainda mais para mim que não entendia a língua. Creio que paguei a mais numa das vezes. Neste dia, enquanto esperava a partida do ônibus, reencontrei uma mocinha francesa que havia conhecido no hostel. Ela ficou surpresa por eu estar pegando o mesmo ônibus que ela. Mas quando chegamos ela foi com seu grupo fazer uma caminhada pelas montanhas e eu fui visitar os mosteiros e locais de peregrinação. Eu tive vários problemas de comunicação. Numa das primeiras noites, entrei num restaurante chinês, fui até uma samambaia e peguei em uma de suas folhas para explicar que não comia carne. Pelo menos desta vez entenderam e me trouxeram macarrão com legumes. Porém trouxeram palitos, que eu não sei usar. Não tinham garfo e faca e me trouxeram uma colher. Depois de muito tentar eu usei a colher como um bastão e enrolei o macarrão nela. Quando levantei a cabeça para levá-lo a boca, percebi que havia várias pessoas ao meu redor, rindo da minha falta de habilidade com o assunto 😀. Num fim de tarde em Lhasa, quando eu procurava por algo para jantar, houve um mal-entendido com uma ambulante vendedora de comida. Eu perguntei se ela tinha pizza e ela não sabia o que era pizza. Pensei que pizza fosse um nome universal. Tentei explicar fazendo gestos, mas ela não entendeu. Aí procurei ser mais enfático e fazer um círculo pequeno com as mãos no formato de uma pizza. Eu acho que ela entendeu que eu estava interessado em alguma experiência sexual. Pegou a espumadeira ou algo semelhante que estava usando para cozinhar e fez gestos ríspidos para mim, falando palavras em voz alta. Eu me retirei e fui comprar outra coisa 😀. Numa visita a um mosteiro, os monges estavam meditando e eu estava de tênis. Para participar da meditação precisei tirar o tênis, mas depois de andar por vários dias em locais com terra e neve, acho que estava com enorme chulé . Um dos monges fez um gesto com a mão no nariz, típico de mau cheiro. Eu me retirei meio constrangido e recoloquei o tênis 😳. Os viajantes e comerciantes chineses pareceram-me muito gentis, diferentes do exército. Alguns turistas sabiam falar inglês e tinham curiosidade sobre o Ocidente. Porém não conheciam atrações religiosas nem históricas do Tibet. Numa ocasião eu não pude conhecer uma determinada atração (acho que era um templo ou mosteiro) devido ao horário. Voltei no outro dia e falei com o atendente, que depois de me perguntar se eu estava falando a verdade, ainda que meio desconfiado, permitiu-me entrar sem pagar novamente. Eu paguei por uma pequena extensão de 3 ou 5 dias para poder ficar um pouco mais, pois o Tibet era meu principal destino nesta viagem. Mas acabei não aproveitando muito devido às dificuldades de conseguir transporte de volta. Acho que foi devido a isto que fui ao banco fazer um pagamento de taxa e o atendente chinês caçoou da minha foto risonha no passaporte. O ônibus da agência de turismo que nos havia trazido estava previsto para sair dia 3 e acho que havia outro no dia 10 (não me lembro exatamente, acho que os ônibus saíam às 6.as feiras). Porém eu queria ver mais atrações e não quis pegá-lo. Com isso precisei procurar um outro transporte, o que não foi nada fácil. Como não havia ônibus disponíveis, tentei pegar carona com caminhoneiros provavelmente no domingo 12/10. Fiquei mais de 1 hora tentando, mas nenhum aceitou. Eu não sabia que era proibido levar estrangeiros. Alguns guias haviam dito que era possível. Tentei então falar com pessoas com Land Rover, mas não obtive sucesso. Procurei por vários agentes de turismo para ver se havia algum transporte saindo naqueles dias. Num hotel uma recepcionista indicou-me para um que disse saber de transporte para voltar, ligou para ele e me colocou na linha. Ele disse que seria possível eu ir. Eu não entendia direito o que ele falava, as informações pareciam desconexas e eu me irritei e até elevei um pouco a voz. Ele disse que viria falar comigo e em poucos instantes chegou. Aparentava estar alcoolizado. Começou a me explicar sobre a viagem e a certa altura explicou que seria à noite. Achei muito estranho e perguntei porque. Aí ele disse que era porque era ilegal e teríamos que sair do veículo perto dos pontos de checagem do exército, ir pela montanha até o outro lado e depois voltar ao veículo. Aí eu entendi o que ele estava propondo. Disse-lhe então que não tinha nenhum interesse. Antes de ir embora fui pedir desculpas para recepcionista do hotel por ter elevado a voz na recepção do hotel. Descobri então que precisava de uma permissão de viagem para poder fazer aquele trajeto. Agora entendi porque os caminhoneiros não tinham parado nem os veículos Land Rover aceitavam-me como passageiro. No dia seguinte fui até o escritório do governo obter a permissão de viagem, através do pagamento de uma taxa. E quem era o sub-encarregado que chegou durante a emissão da permissão de viagem? O mesmo agente que no dia anterior havia proposto para mim a viagem ilegal. Aí eu entendi como ele sabia todos os procedimentos para escapar dos pontos de controle ao longo do trajeto. Ele ainda riu e me cumprimentou. Eu lembrei da corrupção existente no Brasil ☹️. De posse da permissão de viagem, acho que na 2.a feira 13/10 fui até a rodoviária ver se encontrava algum transporte e havia uma van 🚐 que me indicaram. Mas na frente da van só havia letreiro em chinês. Eu estava sem caneta nem papel. Fui até o painel central da rodoviária e decorei cada caractere escrito e fui confirmar no letreiro da van. Fui do painel da rodoviária até a plataforma de embarque da van tantas vezes quanto o número de caracteres da palavra, uma ida para cada caractere, de modo a não ocorrer nenhum erro. Ainda fui mais algumas para confirmar e garantir. Com grande dificuldade, consegui comunicar-me com o motorista chinês e entender destino, preço, horário e condições de viagem. Ele chegou a tirar minha mala da van por achar que eu estava pedindo algo incompatível com a viagem. Fomos apertados por boa parte da viagem, até algumas pessoas desembarcarem. Devido aos mal-entendidos de comunicação o motorista e sua mulher estavam irritados comigo no início, mas ao longo da viagem, depois que ofereci biscoitos a todos e convivemos um pouco, a irritação passou. Consegui ver o Everest 🏔️, pois desta vez o céu estava limpo. Eles não pararam, pois a viagem não era turística, mas deu para ter uma boa ideia da montanha, embora meio apertado e sem jeito na van. Em um posto de controle, um guarda parou o carro, fez um monte de perguntas a todos, olhou suas bagagens e quando chegou a minha vez e lhe perguntei mansamente em inglês em que poderia ajudá-lo, ele se assustou por eu ser estrangeiro e não me revistou. Os outros pareceram falar rindo que o melhor seria dar para mim suas bagagens, pois os guardas tinham receio de fazer qualquer procedimento. Já perto do anoitecer furou um pneu e o motorista trocou. Até me ofereci para ajudar, mas ele não quis. A parte final do percurso foi à noite, justamente a descida mais íngreme, o que me pareceu um pouco assustador em meio àqueles precipícios. Deixaram-me em hotel de uma conhecida ou parente, que custava 100 yuans. Ela fez o sinal de 1 e eu pensei que fosse 1 yuan, mas estava enganado. Mesmo com ela aceitando negociar, fui procurar outro e acho que paguei 25 yuans. Um guarda pediu-me a permissão de viagem no fim do trajeto. Foi a única vez que foi pedido. Dormi em Zhangmu. Acho que na 3.a feira 14/10, fora do prazo do visto inicial, mas dentro da extensão que havia conseguido, fiz a viagem de volta para o Nepal. Saí de manhã e fui a pé. Os taxistas passavam por mim caçoando por eu estar indo a pé. No meio do trajeto parei para descansar um pouco e admirar a paisagem e esqueci o boné. Depois de já ter andando bastante (cerca de meia hora) sentia a falta do boné e voltei para pegar. Cheguei em Kodari, no Nepal, perto do meio dia (agora o fuso horário estava a meu favor). Peguei um ônibus que acho que iria até um ponto intermediário para pegar outro ônibus para Katmandu. Estava havendo uma discussão entre os passageiros e os donos do ônibus sobre o preço da passagem. Fiquei feliz que riram e pareceram entender-se e perguntei a um dos passageiros a meu lado o que tinha ocorrido. Aí ele me explicou que haviam concordado no preço da passagem e que de mim (o estrangeiro) seria cobrado bem mais 😠. Não gostei muito da ideia, levantei-me e disse que pegaria outro ônibus para outro lugar. Num primeiro momento não concordaram em que eu pagasse o mesmo dos outros, mas quando levantei em direção à porta mudaram de ideia e paguei o preço regular da passagem. Viajamos a tarde toda. Furou o pneu uma ou mais vezes (acho que foram 3 vezes, uma vez cada pneu). Cheguei em Katmandu à noite. Na 4.a feira 15/10 acho que fui para Janakpur. Havia deslizamento de terra e ficamos parados por muito tempo. Num dos locais de parada, quando desci, o motorista do ônibus pediu-me para voltar para o ônibus e partimos. Pareceu estar com medo de um estrangeiro chamar a atenção de pessoas que faziam parte da disputa política. Lembrei-me da frase do indiano, quando conversávamos sobre a situação política, dizendo para eu não ir ao Terai, e do agente de turismo dizendo para eu não ir à região de Lumbini. Mas eu queria conhecer Lumbini, cidade natal de Sidarta (Buda) e resolvi arriscar. Acabei não conseguindo chegar ao destino, devido ao enorme atraso e precisei pernoitar numa cidade no meio do caminho. Conheci um oficial do exército israelense de férias, após terminar o serviço militar obrigatório. Acabamos dividindo o quarto para pagarmos menos. Eu ainda fui tentar sair para jantar, mas naquela área havia toque de recolher às 20h. Perguntei até a um soldado como faria para jantar se o toque de recolher era tão cedo e ele me disse, com um certo tom de deboche, mostrando-me um pacote de biscoitos, que eu poderia comer biscoitos. Voltei ao hotel e resolvi jantar lá mesmo. Depois fiquei conversando com o israelense. Ficamos olhando da sacada do quarto e ele comentou que estava ouvindo tiros ao longe, que eu não ouvi. Ele disse que talvez fosse só impressão, mas que ele conseguia distingui-los por estar acostumado. Disse que era estranha para ele aquela experiência, pois várias vezes já tinha tido que comandar toques de recolher e agora ele tinha que obedecer um. Eu nada disse, mas pensei “Está vendo como os palestinos sofrem!”. Ele me falou de uma caminhada que havia feito pelas montanhas, até o Lago Gosaikund. Ao perguntar sobre problemas com guerrilheiros, ele me disse que algumas pessoas disseram que eles cobrariam dinheiro em vários pontos, mas que não havia aparecido ninguém durante sua caminhada. Disse que a trilha era tão clara no chão que nem era necessário mapa. Eu achei muito interessante, e como ainda teria tempo, considerei a possibilidade de fazê-la. Ele me ofereceu o mapa, eu educadamente recusei, mas ele disse que não usaria mais e não haveria problema em me dar. Disse que havia sido muito bem tratado em vários locais por brasileiros e argentinos e esperava pela oportunidade de retribuir. No dia seguinte, quando acordei ele já tinha partido e tinha deixado o mapa para mim. Fui então para Janakpur. A cidade em si parecia tranquila, longe daquele clima tenso do trajeto e de Katmandu. Havia muitos templos e edificações religiosas. Gostei bastante de lá . Mostrava uma outra face do Nepal, hindu, simples, como um povoado interiorano. Numa tarde fiquei contemplando a paisagem sentado numa praça, após ter visitado vários locais. Para as atrações de Janakpur veja https://www.holidify.com/places/janakpur/sightseeing-and-things-to-do.html e https://www.lonelyplanet.com/nepal/the-terai-and-mahabharat-range/janakpur. Os itens de que mais gostei foram os templos, alguns integrados com atrativos naturais . Acho que foi no sábado 18/10 que fui para Lumbini. Viajei durante todo o dia e cheguei lá no fim da tarde. Desta vez o tempo gasto com deslizamentos foi um pouco menor e a viagem pode ser concluída no mesmo dia. Procurei um hotel para ficar e um dos recepcionistas de um deles foi muito afoito, querendo que eu ficasse a qualquer custo. Resolvi então ficar em outro. Saí para dar uma volta e quando voltei o recepcionista havia me mudado de quarto sem me consultar, pois tinha chegado uma família (acho que era de judeus) e ele cedeu meu quarto para eles. Apesar de não ter gostado de não ter sido consultado, eu aceitei sem problemas. Fiquei no mesmo quarto com o motorista da família. Ele era indiano e conversamos bastante sobre a Índia e a situação geopolítica na região. Para as atrações de Lumbini veja https://nepalecoadventure.com/lumbini-attractions-in-lubmini/, https://www.lonelyplanet.com/nepal/lumbini/attractions/a/poi-sig/357154 e https://www.welcomenepal.com/places-to-see/lumbini-nepal-birthplace-of-buddha.html. Os itens de que mais gostei foram os templos budistas reunidos, cada qual de uma origem ou linha . Havia uma espécie de parque onde cada linha do budismo tinha um templo. Achei maravilhosa a ideia. Foi bastante interessante notar como as imagens de Buda eram diferentes e parecidas com as características da população de onde era o templo. No templo chinês Buda parecia um chinês, no templo japonês Buda parecia um japonês, o mesmo no tailandês, no indiano, no tibetano e assim por diante. As pessoas projetavam-se fisicamente no seu líder (ou na sua divindade para alguns). Gostei também de conhecer o sítio histórico onde Sidarta nasceu e cresceu. Havia também um templo que achei maravilhoso, a World Peace Pagoda. O motorista da família pareceu ter ficado deslumbrado com este templo. No dia de vir embora, o recepcionista do hotel falou-me que eu tinha que pagar uma taxa adicional de serviço que ele não havia dito. Queixei-me por ele não ter falado no início, paguei e me arrependi de não ter ficado no outro hotel. Acho que na 3.a feira 21/10 peguei o ônibus de volta para Katmandu. Novamente a viagem foi longa e com várias checagens de segurança por parte do exército. Cheguei em Katmandu no fim do dia. Numa das viagens paramos num local na estrada para comer, eu pedi uma espécie de salgado bem pequeno, pois não me dava bem com toda aquelas especiarias e pimenta. O atendente vendo que eu era estrangeiro e querendo agradar-me colocou por conta própria um pouco de recheio apimentado. Eu sorri e agradeci 😀. Numa outra ocasião um jovem soldado (quase um menino) que entrou no ônibus para fazer uma inspeção perguntou-me algo em nepalês. Eu respondi em inglês que não falava a língua dele, ele não entendeu, os outros passageiros explicaram e ele se foi. Em outro trecho veio um camponês bem simples a meu lado. Acabou dormindo no meu ombro. Numa das paradas bebeu a água oferecida no restaurante na própria jarra. Parecia não estar acostumado a áreas urbanas. Fiquei no mesmo hotel em Katmandu. Quiseram até me cobrar mais, mas quando disse que então daria uma volta para procurar por outras opções, voltaram ao preço anterior. Numa das minhas passagens por lá um menino que lá trabalhava perguntou se eu não queria que lavassem minhas roupas, pois estavam sujas. Como ainda tinha uma semana e meia antes da volta, decidi fazer a caminhada pelas montanhas. Pedi ao gerente ou dono que guardasse o dinheiro em espécie que tinha comigo, pois muitos haviam relatado que nas montanhas poderiam haver guerrilheiros que iriam pedir dinheiro. E como eu tinha errado na conta, estava com bem mais dinheiro do que precisava. Ele guardou US$ 800.00 em seu cofre, sem cobrar taxa nenhuma e me deu um recibo. Um dos atendentes ofereceu-me um gorro, pois achou que eu não estava adequadamente preparado para ir às montanhas. Para informações sobre a caminhada para o Lago Gosaikund veja https://en.wikipedia.org/wiki/Gosaikunda e https://www.nepalsanctuarytreks.com/gosaikunda-best-time-to-visit-cost-and-weather. Na 4.a feira 22/10 peguei um ônibus para perto do Parque Chisapani para começar a caminhada. Eu estava começando pelo lado contrário ao da maioria, mas optei por fazê-lo porque o ponto de início era bem mais próximo de Katmandu. Paguei a entrada e comecei a caminhada. Parei no povoado de Chisapani (acho que o nome era o mesmo do parque) antes do anoitecer. O mapa que o israelense havia me dado estava sendo bem útil. Lá conheci vários outros caminhantes, mas acho que todos pretendiam ir para outros destinos, a maioria para Langtang. Conversei bastante com um irlandês, que trabalhava nos Emirados Árabes. Falamos sobre a caminhada e temas gerais. Ao falar da minha preocupação com possíveis problemas com a guerrilha ele me disse para ter cuidado, posto que eu estava indo só e sem guia. Falou que não queria ver-me nos noticiários 😀. Se bem me lembro foi aqui que conheci um grupo de alemães (acho que eram 2 mulheres e 2 homens, provavelmente 2 casais), que iriam fazer parte da caminhada comigo. Um dos alemães caçoou de mim ao longo da caminhada, dizendo que eu era um viajante profissional, pois minha mala era muito menor do que a deles e eu ia mais rápido. Falaram até em viajarmos juntos, mas eu lhes disse que nos encontraríamos ao longo do caminho. O dono do hotel em que eu tinha ficado falou que naquelas áreas era costume comer onde se dormia, mas eu acabei saindo para comer em outro restaurante. Acho que a altitude era por volta de 2.215 metros. Na 5.a feira 23/10 não sabia bem onde deveria planejar chegar. Logo na saída de Chisapani perguntei a alguns viajantes que chegavam e eles disseram que haviam dormido em Kutumsang, que era um povoado maoísta e que não tinham tido nenhum problema e ninguém lhes havia pedido dinheiro como pedágio. Encontrei alguns outros grupos com guias no princípio da caminhada. Um pouco a frente havia um homem, com cerca de 60 anos, e seu ajudante, bem mais jovem, ao lado de uma mesa, bem no meio do caminho. Ao me aproximar ele cordialmente falou para eu sentar. Se bem me lembro fiquei em pé e começamos a conversar. Ele tentava explicar quem era e eu, imaginando do que se tratava, tentava desconversar, até falando às vezes em português, que ele não entendia. Até que, percebendo que não sairíamos daquela situação e que era importante continuar a caminhada logo para não ter problemas com o anoitecer mais adiante, resolvi ir direto ao assunto. Perguntei então “Quanto?”. Aí ele abriu um largo sorriso e disse que semelhantemente ao que havia pago na entrada do parque para o governo, deveria pagar para eles a mesma tarifa. Eu disse para ele esperar e voltei para trás para reencontrar o grupo com os guias. Expliquei a eles o que havia ocorrido e eles se mostraram preocupados. Falei com um deles para conversar com o homem e explicar que eu era de um país pobre, não era americano nem europeu. O guia foi lá, eles conversaram, não sei se pagou algo a ele para seu grupo, mas o homem disse que eu podia passar sem nada pagar. Fiquei meio desconfiado, mas segui em frente. Comecei a subida de uma colina e lá no alto havia um homem de uns 30 anos, com traços orientais e com fisionomia séria e fechada. Achei que poderia estar associado aos que pediram dinheiro lá embaixo. Achei que não era uma boa ideia cruzar com ele olhando para o chão, pois era interessante saber se desejava algo. Quando se fecha o diálogo resta a violência. Ele me olhou sério, com a testa franzida, eu fiz um levíssimo aceno de cumprimento, quase imperceptível, e prossegui. Ele nada disse. Mais para frente reencontrei os alemães, que haviam saído antes. Perguntei-lhes se não haviam encontrado o homem na mesa e uma das mulheres me disse que havia visto um homem que havia lhe dito para sentar e ela o ignorou, pois não iria sentar com um desconhecido num lugar deserto 😀. Quando lhes disse que provavelmente era um representante da guerrilha, surpreendeu-se e ficou um pouco assustada. Um dos homens então me disse para viajarmos juntos, pois esta era uma razão ainda mais forte. Eu até que concordei, mas deixei-os fazendo sua refeição e prossegui só. Estava meio preocupado com o ocorrido e como à frente havia uma zona maoista, não sabia bem pelo que esperar. Não sabia o quanto o não pagamento poderia gerar de repercussões. Já depois do meio da tarde, perto de 16h30, avistei o povoado de Kutumsang e vi a bandeira maoísta tremulando 😱. Aquilo trouxe-me receio do que poderia vir. Havia também mensagens escritas em paredes dizendo “Abaixo ao exército real americano”, numa alusão ao possível apoio dos EUA ao rei do Nepal contra os maoístas. Cruzei boa parte do povoado e decidi tentar ficar ali mesmo. Procurei por uma hospedagem e um rapaz do povoado, provavelmente algum tipo de sentinela informal, ajudou-me. Levou-me a um tipo de hotel simples. Fiquei hospedado lá, sem ir procurar por outros para não gerar nenhum tipo de problema. Pedi para a dona cobertor e lençol e ela pareceu surpresa, esperando que eu tivesse comigo. Quando pedi ainda uma toalha ela falou irritada “Você não tem nada!?” 😀. Enquanto me organizava no quarto ouvi ao fundo o rapaz que me havia trazido àquele hotel conversando com alguém, talvez o responsável da guerrilha na área, sobre quem eram os hóspedes que haviam chegado, europeus, israelenses e quando o responsável perguntou quem era eu, ao me ver de costas de longe, sua voz ficou bem mais descontraída e ele disse “Ah, esse rapaz é do Brasil!”, num tom que me pareceu bem amistoso. A noite conheci pai e filho de Israel que estavam fazendo a caminhada. Logo de início perguntei ao filho de onde eles eram e ele pareceu desconfortável com isso, dizendo “Esta a primeira pergunta que você me faz?!”. Mas depois, conforme conversamos durante o jantar, o tom ficou amistoso e compartilhamos experiências da viagem. Falamos também sobre a situação de Israel e ele me desaconselhou viagens para lá naquele momento, falando também que o custo de vida estava muito caro. Falou que para ele era um feito ir com seu pai que já estava na casa de 50 anos para uma caminhada daquelas nas montanhas. Acho que a altitude era por volta de 2.470 metros. Na 6.a feira 24/10 de manhã fui em direção a Gopte. Inicialmente procurei um local para tomar café da manhã. Vi um homem cozinhando batatas. Propus para ele comprar várias batatas e ele aceitou. Foram meu café da manhã e almoço. Não consegui nada para tomar por perto e resolvi seguir assim mesmo e tentar encontrar ao longo do caminho. Neste trecho a caminhada ficou mais íngreme. Cruzei com um casal que voltava do Langtang eu acho e me disseram que não havia maoístas por lá. Acho que foi neste trecho que vi um menino sentado no alto de uma colina enquanto eu comia pães de forma de um saco. Como é costume no Brasil, ofereci para ele e ele aceitou. Depois de lhe dar prossegui. Haviam algumas possibilidades de trilha e eu estava pegando uma que achei ser a certa. Mas o menino disse-me com gestos para não pegá-la e pegar outra. Acho que ele evitou que eu cometesse um erro. Provavelmente fez aquilo por ter simpatizado com meu gesto de lhe oferecer pão. Cruzei também com uma europeia ou americana com um guia e ela me disse para tomar cuidado, pois haviam visto vários guerrilheiros no meio de mata nas montanhas. Disse-me que nada havia pago mais talvez devesse ter pago. Num determinado ponto havia uma bifurcação possível, por uma floresta de bambus, onde o mapa dizia poderem existir tigres, ou por uma área em que seria mais provável a presença de guerrilheiros. Achei improvável a presença de tigres, ainda mais durante o dia. Acho que o mapa provavelmente se referia a uma época muito anterior ou a animais menores. Fui pela floresta, um pouco preocupado e prestando bastante atenção, mas não tive nenhum problema. Cheguei em Gopte no fim da tarde. Estava com a barriga começando a doer. Pela minha completa ignorância em ciências biológicas não fiz a associação clara da dor com a ausência de hidratação . Como não estava quente não sentia muita sede, mas certamente o rim e outros órgãos estavam reclamando da falta de água. Ali era bem mais alto e a vista dos locais mais baixos e das montanhas pareceu-me espetacular. Conheci um casal de turistas, um judeu e outros peregrinos. A dor piorou bastante 😒. A moça ofereceu-me comprimidos para desarranjo intestinal, mas eu lhe disse que era o oposto disso. Comecei a desconfiar que o problema era falta de água. Pedi uma sopa para o jantar e isso resolveu tudo. Em alguns instantes a dor diminuiu bastante. Aí, percebendo o que tinha ocorrido, resolvi tomar muito líquido. Foi ótimo para o problema, porém fez-me ter que acordar durante a noite para fazer xixi. Ao ver que tinha melhorado, o judeu falou-me que indisposições estomacais ou intestinais aconteciam em viagens o tempo todo. Acho que foi aqui ou em Kutumsang que conversando com um dos guias falei que não sabia se iria a Langtang ou ao Gosaikund. Ele me disse que se pretendia ir a Langtang deveria ter pego outro ramal da trilha bem antes, pois agora o caminho ficaria bem maior. Decidi definitivamente então ir ao Gosaikund. O hotel ficava no alto de uma colina e fui até a ponta observar o céu noturno e a vista. Achei muito belos, apesar da escuridão. Durante a noite, devido à enorme quantidade de líquido ingerido, precisei sair para ir ao banheiro. Mas estava tudo escuro, as luzes apagadas e eu não tinha lanterna. Não consegui achar o banheiro e fui até a ponta da colina, que era arredondada, e fiz xixi lá mesmo. Acho que foi um pouco arriscado, porque eu não enxergava nada e fui tateando o chão, para ver até onde poderia ir 😀. Mas como a colina era arredondada e não com queda abrupta, achei que o risco não era tão grande, apesar da altura. Consegui sem problemas e voltei a dormir. Acho que a altitude era por volta de 3.440 metros. No sábado 25/10 fui para o Lago Gosaikund. Inicialmente tomei café da manhã, agora bem mais atento à questão da água. Depois, conversando com o judeu, ele disse que apesar de ser sábado, talvez fizessem um pequeno deslocamento para outro povoado próximo. Ele havia me dito que não estava muito bem (não me lembro se era por causa da altitude ou algum problema devido à caminhada). Após andar um pouco arrotei, mais alto do que imaginava, devido ao monte de líquido que tinha tomado. Poucos minutos depois cruzei com a mulher do judeu e seu filho pequeno, que acho que estavam vindo encontrar o pai. Percebi sua fisionomia tensa, talvez por eu ser um desconhecido numa área deserta, talvez tivesse ouvido o arroto e pensado que eu poderia ser árabe e contra judeus. Vendo isso, para tranquilizá-la, cumprimentei-a falando “Shalom”. A fisionomia dela mudou completamente, ela sorriu levemente e pareceu ficar tranquila. Caminhei mais um pouco satisfeito pelo terreno ser quase todo plano, com poucas subidas e descidas. Uma das alças da minha mala havia quebrado e eu estava tendo que carregá-la nas mãos, em vez de pendurá-la nos ombros, o que tornava a situação um pouco desconfortável. Um pouco mais à frente vi uma subida, que não imaginava ser tão grande. Era a subida para a Passagem Laurebina. Acho que demorei de 2 a 3 horas nesta subida. A passagem no topo ficava a cerca de 4.610 metros. Aí eu entendi porque a ampla maioria fazia o caminho contrário, começando por Dhunche. Cruzei com amigos belgas descendo, que quiseram me animar e disseram que eu estava quase chegando e que poderia conseguir alguma forma de consertar a mala quando chegasse no hotel. O clima ia mudando conforme eu subia e o vento ia ficando mais frio e mais forte. Começou uma leve neve 🌨️. Quando cheguei lá em cima estava totalmente sem forças 😫. Tanto foi assim que precisei sentar numa pedra para me recuperar. Fiquei uns 5 minutos sem conseguir ver nada. Depois percebi a paisagem magnífica (). Como a subida havia sido íngreme era possível apreciar uma ampla vista sem obstáculos das partes mais baixas. Do outro lado havia a vista das montanhas com mais de 5 ou 6 mil metros de altitude. Havia também a vista do lago principal e de pequenos lagos anexos. Fiquei ali cerca de meia hora deliciando-me com a paisagem . Se bem me lembro cheguei a meditar um pouco também. Depois segui para a sede do povoado, que não era longe. Apesar disso eu estava bem cansado e fui vagarosamente. Fiquei num hotel sem chuveiro quente (acho que só havia um com chuveiro quente naquela época). Não tomei banho nos dias em que lá fiquei. Procurei ficar num hotel não turístico, de habitantes locais ou tibetanos. Depois de me acomodar dei uma pequena volta nas proximidades. Achei linda a vista do lago e das montanhas. Pedi um cobertor adicional para a noite. No meu quarto havia 2 camas e entrava vento pelas frestas da parede. Acho que a altitude era por volta de 4.300 ou 4.400 metros. No domingo 26/10 fui explorar os arredores e apreciar a paisagem. Subi numa das montanhas laterais, a menor delas, que tinha vista para as montanhas de Langtang. Fiquei lá apreciando a paisagem e meditando. Inicialmente o tempo estava coberto, mas depois abriu em boa parte e foi possível admirar o esplendor das altas montanhas cobertas de neve. Achei a vista a partir dali maravilhosa . Fiquei lá mais de uma hora e depois desci e fui tentar subir na montanha do outro lado. Esta era bem maior e subi só até a metade, pois a partir dali pareceu-me que começava a ficar perigoso e exigir equipamentos, experiência e conhecimento, sendo que eu não tinha nenhum deles. A vista também agradou-me bastante. Fiquei lá algum tempo, mas menos do que na montanha anterior. Desci e já estávamos no meio da tarde. Fui então dar uma volta no lago. Até que me deu vontade de nadar, pois abriu um pouco de sol. Mas eu não tinha levado roupa de banho e a água estava com a temperatura muito baixa. Mais tarde o dono do hotel diria que eu poderia ter nadado nu, o que me fez rir. Já perto do fim da tarde voltei para o hotel. Haviam chegado 2 viajantes israelenses e 1 americana chamada Alisson com seu guia local. Um pouco mais tarde começou a nevar 🌨️. Os judeus mostraram-se entusiasmados, pois provavelmente não estavam acostumados à neve. Eu também achei a cena bela. A americana não deu muita importância, provavelmente via neve com frequência. A neve acentuou-se e cobriu parte da paisagem de branco. Eles começaram a jogar cartas e eu preferi ficar apreciando a paisagem e descansando. Conversamos sobre a viagem, jantamos e fomos dormir. Eu mudei de cama durante a noite, pois com o vento que entrava pelas frestas, mesmo com os cobertores e agasalhos, eu estava com frio . No meio da noite acho que o telhado não aguentou e caiu um pouco de neve e gelo na cama em que eu não estava e em que tinha dormido no dia anterior. No meio da noite eu precisei ir ao banheiro. Saí de pijama e com um agasalho para o peito. O banheiro era externo. Fui até ele, que era logo do lado do hotel, fiz xixi e apreciei a paisagem do lago, que tinha ficado ainda mais bela após a neve. Parte das pedras estavam cobertas de neve e o céu estava claro, fazendo uma cena que achei linda. O céu estralado também estava maravilhoso, talvez o mais espetacular que já tenha visto . Voltei rapidamente para o hotel, pois estava muito frio, talvez abaixo de zero. Porém o vento havia batido a porta e ela estava trancada. Acho que de algum modo, quando bateu girou o trinco. Eu estava preso do lado de fora. E o banheiro era num local de difícil acesso sem ser pelo hotel. Havia uma montanha atrás dele, o hotel na outra face, um precipício ao lado e o lago. Ou seja, a saída por qualquer opção não era simples. Resolvi tentar abrir a porta, mas não consegui. Admirei mais um pouco a linda paisagem e depois, já com bastante frio, resolvi bater na porta. Mas ninguém ouvia, provavelmente por causa do vento. Cheguei a pensar em tentar arrombar a porta ou escalar o telhado, mas aí pensei em chamar pela americana. Imaginava que estava dormindo no quarto em frente. Chamei-a pelo nome e ela estava acordada e me ouviu. Foi até a porta e perguntou “Fernando, o que você está fazendo aí?”. Eu respondi que tinha ido ao banheiro e perguntei se ela poderia abrir a porta. Ela pediu para eu esperar e foi chamar o seu guia. Enquanto isso eu aproveitei para apreciar mais um pouco a maravilhosa paisagem noturna e o lindo céu. Poucos instantes depois chegou o gia com uma lanterna e abriu a porta. Eu agradeci bastante e entrei. Ela ficou bestificada (e o guia também, mas um pouco menos) por eu estar de pijama, quase sem agasalho lá fora 😀. Fomos dormir. Na 2.a feira 27/10 quando eu acordei todos já estavam tomando café e já sabiam do ocorrido. Receberam-me rindo e o dono do hotel disse “Se você não tivesse sido escutado certamente teria arrombado a porta”. Eu disse que tinha ficado com medo de arrombar e depois ficar entrando vento e neve na casa. Eles riram um bocado e tomamos café. A dona riu pelo fato de eu ter oferecido o pagamento enquanto eles estavam com as mãos ocupadas fazendo o café pedido pelos outros. Durante a estadia o jovem dono disse-me que a situação era delicada. O exército vinha recrutar os moradores para fazer parte dele. Se a pessoa entrasse os maoístas a matavam. Se a pessoa se unisse aos maoístas o exército a matava. Então não havia saída. Pareceu-me uma triste realidade ☹️. Perguntou-me sobre procedimentos para conseguir viver no Brasil. Eu não sabia exatamente quais eram, mas lhe disse que achava que seria bem complicado para ele, pois era outra língua, outro alfabeto, outra cultura, outra religião da maioria da população e várias outras diferenças para a vida que ele estava acostumado a levar. Além do que estaria sem seus familiares e conhecidos e muito longe da sua terra natal. Achei a situação do país delicada, mas não me pareceu que naquele local ele estivesse em alto risco. Ele me falou também que achava que Buda era o Deus deles, mesmo após eu questionar se de fato era Deus ou um mestre. Após despedir-me de todos saí para descer. Antes apreciei a paisagem do local, principalmente do lago, que com a neve tinha ficado muito bela . Foi bem mais fácil descer do que subir 😀. As paisagens pareceram-me muito belas, embora devido à nevasca do dia anterior, os trechos mais altos estivessem nublados. O chão tinha ficado coberto de neve nos primeiros trechos. Não tive nenhum problema durante a descida e cheguei até Thulo Syabru, a cerca de 2.250 metros de altitude. Foi a parte mais íngreme. Achei que ainda dava para ir adiante e fui até Syapru Besi, a cerca de 1.460 metros de altitude. Já estava perto do fim da tarde e eu decidi ficar ali. Era um povoado bem maior do que os outros das montanhas. Havia muitas opções de hospedagem, eu fui a várias, mas acabei voltando a um dos primeiros (acho que foi o primeiro) em que havia passado. Era a casa de uma família. Todos pareciam muito simpáticos 👍. As crianças eram bem curiosas para conhecer um estrangeiro ocidental. Trataram-me muito bem. Ofereceram-me até um copo de leite ou semelhante no dia seguinte por cortesia, posto que eu não quis comprar o café da manhã, uma vez que em locais comerciais era mais barato. O clima estava muito menos frio. Na 3.a feira 28/09 fui andando até Dhunche e de lá peguei um ônibus para Katmandu. Na saída havia um posto de controle e tive que pagar pelo ingresso de visita, que ninguém tinha cobrado, que achei que não existia naquele sentido da caminhada e do qual imaginava ter escapado. Encontrei com vários franceses que estavam fazendo algum tipo de excursão ou trabalho voluntário. Uma das mulheres comentou comigo que seu marido cirurgião tinha ido fazer uma cirurgia num hospital local e tinha achado as condições deficientes. Ao longo do percurso de ônibus tivemos que parar várias vezes devido a checagens do exército. Os franceses pareciam bastante incomodados. Houve uma ocasião em que entrou um habitante local com uma galinha viva 🐔 e a colocou numa sacola na plataforma de bagagem acima das cabeças. Uma das francesas ficou bastante tocada com a situação, achando que a galinha estava morrendo e o nepalês pareceu não entender muito bem porque ela tinha ficado tocada. Chegamos em Katmandu já à noite. Alguns franceses que tinha conhecido antes conversaram comigo sobre a nevasca, a caminhada, despedimo-nos e voltei para o mesmo hotel. O dono devolveu-me a quantia que tinha guardado e eu devolvi o gorro ao atendente sem tê-lo usado. De 4.a feira 29/10 a 6.a feira 31/10 fui conhecer alguns projetos sociais em Katmandu e alguns pontos da cidade que não tinha visto. Fui conhecer projetos referentes a pessoas tentando livrar-se da dependência química, creches e educação de crianças e apoio a mulheres (https://www.etc-nepal.org). Neste último ofereceram-me uma refeição. Eu comi um pouco para não gerar aborrecimentos, apesar de ter carne (se bem me lembro era frango) e especiarias. Mas conhecendo ocidentais, eles me disseram para não comer se percebesse que meu organismo não assimilaria bem. Nestes dias aproveitei para jantar Dal Bhats, que estavam um pouco apimentados, e algumas comidas locais. Conheci uma inglesa que parecia muito ingênua. Tinha pago preços bem superiores por água mineral e estava prestes a contratar uma excursão também por preços mais altos. Porém percebi que ela não conseguia se virar sozinha com itens básicos. Então achei melhor deixá-la ser tutelada pelo pessoal do hotel, pois nas opções mais baratas a pessoa geralmente precisa fazer muitos procedimentos por conta própria, algo para que talvez ela não estivesse preparada. Aí provavelmente não valeria a pena a economia e faria com que a viagem dela não fosse agradável. No sábado 01/11 fui a Swayambhunath, que havia sido a stupa de que mais tinha gostado. Lembro-me de alemães indo visitá-la enquanto eu descansava no início da escadaria. Uma vendedora começou a acompanhar os alemães e um deles ficou para trás, deu dinheiro para ela e pediu cordialmente que os deixasse fazer a visita sem importunação. Meditei, apreciei a paisagem e me despedi de Katmandu. No domingo 02/11 saí no fim da manhã rumo ao aeroporto. Fui caminhando. Passei por um restaurante simples e comi momos, que estavam muito bons. Comprei também queijo de iaque, que achei maravilhoso 🧀. Cheguei ao aeroporto antes do horário e estava pronto para embarcar. Porém, parecia haver algum problema. Eu precisava sair na hora, pois tinha uma conexão em Nova Déli e outra em Mumbai. O avião deveria sair no fim da tarde e não tinha saído até o início da noite. Minha conexão provavelmente já estava perdida. Então fomos embarcados, porém somente jantamos e voltamos à sala de embarque. Foi bem confuso e houve bastante reclamação no aeroporto por parte dos passageiros. Por volta de 23h foi chamado novo embarque. Porém aí eu já havia perdido a conexão. Falei com o pessoal da Companhia Royal Nepal Airlines e me disseram que se não tinha um visto indiano era melhor não embarcar. Disseram que me dariam hospedagem e tentaríamos outro voo nos dias seguintes. Aceitei e fui para o Hotel Annapurna (https://annapurna-hotel.com) que indicaram. Era um dos mais luxuosos de Katmandu, onde ficavam políticos. Fiquei até com medo de atentados, dada a situação política. Chegamos lá no começo da madrugada e fui dormir. Na semana de 03/11 a 08/11 fiquei tentando pegar um voo de volta. Inicialmente fui ao escritório da companhia aérea para tentar remarcar minha passagem. Disseram que estavam com problemas para fazê-lo, pois minha passagem não era remarcável, provavelmente devido ao baixo preço que havia pago. Fomos ao aeroporto em dois ou três dias durante a semana e ocorreu exatamente o mesmo problema, o avião atrasou e eu não fui. Um gerente disse-me que estavam com problemas no flap de um dos aviões, o que estava acarretando aquela situação. Precisei voltar ao escritório da Cia todas as vezes que perdi o voo. A atendente já parecia bem constrangida e nem sabia mais como me pedir desculpas. Havia também outros passageiros com o mesmo problema, mas acho que depois de algumas vezes eu passei a ser o mais antigo. Ficou clara para mim a precariedade da companhia, apesar da boa vontade das pessoas. Eu fiquei no hotel assistindo televisão, pois não podia me ausentar, posto que poderiam a qualquer momento pedir para eu ir ao aeroporto ou ao escritório. Tinha direito a todas as refeições gratuitamente. Apesar do clima já estar um pouco frio, lembro-me de ter nadado em pelo menos um dos dias. Quando sabia que num determinado horário não tinha possibilidade de voo às vezes saía um pouco para dar uma volta. Cometi o erro de deixar o queijo de iaque fora da geladeira, o que não o estragou, mas fez com que começasse a exalar um forte cheiro. No sábado 08/11 o gerente veio buscar-me para tentarmos novamente um lugar no avião, mas já me avisou que provavelmente teríamos o mesmo problema. Desta vez porém, quando chegamos ao aeroporto, descobri que existia um voo direto para Mumbai, que já deveria ter saído, mas estava atrasado. Isso me deu esperança, pois se me recordo meu voo de Mumbai para Joanesburgo saía por volta de 2 horas da manhã. Conversei com o gerente da Royal Nepal Airlines e ele me disse que precisaria ser verificada a questão financeira, pois um bilhete para Mumbai era mais caro do que para Nova Déli. Ponderei para ele o tempo que já estava esperando, as tentativas infrutíferas que tínhamos tido e o custo da hospedagem que estavam pagando para mim. Novamente houve grande confusão entre os passageiros devido ao atraso. Vários passageiros que já estavam esperando há dias para embarcar fizeram um bloqueio e impediram que houvesse outros embarques antes que o voo para Mumbai fosse autorizado. Chegaram a lutar fisicamente com os funcionários do aeroporto 👊. Eu estava na sala de espera da Cia e não vi, mas um outro turista estrangeiro que havia conhecido contou-me o ocorrido. Quando tudo parecia encaminhado para eu finalmente conseguir voltar para o Brasil, apareceu um russo e sugeriu que fosse invertida a ordem dos voos, indo o avião primeiro para Nova Déli, que era mais perto, e depois regressando e indo para Mumbai. Isso me faria perder a conexão em Mumbai. Porém havia tantas pessoas já esperando há horas no aeroporto e talvez dias na cidade, que a proposta não foi bem recebida pelos passageiros e a ordem dos voos foi mantida. Enquanto esperava na sala da Cia repentinamente desapareceram os funcionários. A seguir chegaram pessoas da segurança e da imprensa. Talvez tivesse havido alguma reclamação mais fundamentada e tivessem vindo para responsabilizar ou até prender algum responsável. Mas não acharam ninguém. Quando eu encontrava alguém mais exaltado no corredor sempre dizia “Eu sou passageiro”. Num dado momento tirei a carteira do bolso para mostrar ao gerente meu cartão de membro da Star Alliance, através da Varig, argumentando com isso que tinha direito a embarque prioritário nas companhias parceiras. Mas acho que da primeira vez ele achou que eu estava tentando suborná-lo e acenou negativamente com a cabeça, antes de eu mostrar o cartão. Mais adiante, depois que percebi a interpretação que ele tinha feito, tirei novamente a carteira do bolso, mostrei-lhe o cartão e expliquei sobre a Star Alliance e embarque em parceiras. Mas ele disse que naquelas circunstâncias não era válido, além do que eles não faziam parte da Star Alliance. Já perto das 8 horas da noite, quando eu já estava ficando preocupado e achando que não chegaria a tempo a Mumbai, chegou o seu auxiliar e me disse afoitamente “Ok, ok, cadê seu passaporte, sua bagagem, vamos embarcar”, como se eu já soubesse que tinham me autorizado a ir. Eu nem acreditei 😀. Será que desta vez conseguiria? Consegui. Embarquei no voo para Mumbai, o voo decolou por volta de 9 horas e chegou antes da meia noite. Realmente a Cia parecia precária. No pouso, pareceu que o comandante socou o avião no chão, tanto que um passageiro francês comentou sarcasticamente, quando ele ia falar aos passageiros pelo alto-falante após o pouso, “Antes de mais nada desculpe pelo pouso”. Mas o comandante não falou isso 😀. Quando disse em Mumbai que tinha vindo pela Royal Nepal Airlines, uma funcionária do aeroporto fez gesto de reprovação com a cabeça como quem diz “Sai dessa amigo!”. Esperei pela conexão, dei meu número de membro da Star Alliance para o atendente, que o marcou erradamente, tentei descansar um pouco e embarquei sem problemas pela South Africa Airways (SAS) para Joanesburgo. No domingo 09/11 pela manhã desembarquei em Joanesburgo. Tudo parecia resolvido e bastava esperar pelo embarque para São Paulo. Quando fui passar pelo balcão para fazer a conexão, o atendente me disse que havia sido feito uma atualização na passagem não permitida e eu teria que pagar aproximadamente US$ 720.00. Isso significava pagar quase a metade do valor da passagem por uma remarcação para um trecho de menos de ¼ (25%) da distância 💲. Eu achei inaceitável. Argumentei com o atendente que a responsabilidade pela remarcação não era minha, pois o avião não tinha decolado por várias vezes. Mas ele me disse que a SAA não era responsável por outras cias aéreas. Eu repliquei que tinha sido a SAA que tinha emitido o bilhete e portanto alguma responsabilidade ela tinha. Como a conversa estava se prolongando e esquentando, ele mudou totalmente de postura e disse que não queria me onerar e eu estava liberado da taxa. Eu agradeci, fui para o embarque e voltei para São Paulo. Após desembarcar decidi passar no controle de itens a declarar devido ao queijo de iaque que havia comprado. O atendente pediu para eu esperar e foi chamar o fiscal, que ao ver o queijo disse que eu não poderia entrar com ele, embora tenha permitido que eu comece um pouco ali. Talvez o cheiro que ele estava exalando tenha ajudado na decisão. Eu fiquei decepcionado e perguntei se iria ser jogado fora mesmo, pensando no desperdício ☹️, O fiscal perguntou se eu estava insinuando algo e me falou rispidamente que era melhor eu ir embora. Eu fui, mas o queijo foi apreendido por razões sanitárias (não era permitido entrar no Brasil com comidas não industrializadas).
  9. Certeza que você que ama viajar vai gostar desse programa! Essa semana dia 5 de agosto estreou o novo programa de viagens Roaming no canal de televisão Woohoo com apoio do Mochileiros.com! O programa é a continuação do The Routineproof Project, onde dois amigos brasileiros decidem viajar o Canadá de ponta a ponta e a ideia é de viajar o mundo com o Programa! O programa de TV Roaming nasceu de um road trip entre os amigos Vander Amaral e Ray Andrade no Canadá há alguns anos atrás, ambos com conhecimento em produção de documentários e experiência na televisão Canadense e Brasileira. Aventureiros, eles queriam mostrar mais do que apenas paisagens exuberantes, eles decidiram então botar o pé na estrada para capturar em vídeo o espírito de cada lugar por onde passarem, a cultura, o esporte, as pessoas e a vida selvagem. O programa conta com dicas de viagens pelo Canadá e EUA. As viagens contam com uma pitada de esportes radicais como Hiking, trekking, Escalada, Via-ferrata, Snowboard, Surf, Skate e muito mais! O que já tem no primeiro Episódio? O primeiro episódio do programa já começa com uma viagem de surf de trem pelo Canadá! Onde os meninos saem de Montreal para Halifax numa viagem de trem de 20 horas, durante a viagem eles mostram os quartos, o restaurante do trem e o vagão panorâmico, que da vista para a paisagem! O primeiro episódio está disponível também no Canal do Youtube do programa Roaming: Clicando aqui! Não tenho como assistir na TV tem canal Youtube? Pra quem quiser assistir o programa no Youtube segue o canal Clicando aqui, No canal youtube você encontra também uma playlist com todos os episódios da primeira temporada do programa The Routineproof Project. Para os inscritos no canal vamos fazer um vlog das viagens para contar cada detalhe que não conseguimos colocar na TV. Quais canais na TV e horários? Pra quem quiser assistir na TV segue os horários no Canal Woohoo para o próximo mês: Segunda-feira: 05h15 10h30 15h15 21h30 23h15 Terça-feira: 9h15 Quarta-feira: 19h00 Quinta-feira: 20h30 Sexta-feira: 09h30 14h15 21h45 Sábado: 07h15 O Canal Woohoo está disponível nas principais TVs a cabo do Brasil. NET, SKY, Oi TV, VIVO, Claro HDTV e GVT. O horário do programa na TV pode mudar no futuro de acordo com a grade do Canal! Curtiu o programa na TV ou no Youtube, ou tem alguma idéia de viagem para o programa , deixe seu comentário! Fotos: The Routineproof Project
  10. De grandes vales a montanhas cobertas por neve, de cidades ricas em história a pequenas vilas que enchem nossos olhos, de pessoas simpáticas e acolhedoras e de uma gastronomia maravilhosa, a Geórgia é um dos destinos mais fantásticos da Europa, principalmente para quem busca uma conexão com a natureza. Não, não estamos falando do estado americano! A Geórgia é um pequeno país localizado no cruzamento da Europa e da Ásia. Ao sudeste possui fronteira com o Azerbaijão, ao sul, com a Armênia e a Turquia, e ao norte, com a Rússia. Já tendo feito parte da União Soviética e do Império Russo. A população do país é de 3.720.000 pessoas dentro de um território de com área total de 69.700 quilômetros quadrados . Com mais de 40 áreas protegidas, a Geórgia possui uma ampla parte do país ocupada pela natureza intocada! O que irá lhe surpreender a todo momento.A Geórgia é de fato um paraíso na terra! A natureza e a diversidade deste país foram a fonte de inspiração para muitos escritores e poetas. Aqui temos tudo que o viajante pode sonhar: montanhas com neve, lagos, cavernas, imenso vales cercados de montanhas, cânions, desfiladeiros naturais, águas minerais e piscinas de água sulfurosa. A cada ano que passa, o país torna-se um destino ainda mais almejado para muitos escaladores, trilheiros e esquiadores à procura de aventura. Em nosso mochilão de 1 ano e 2 meses, fizemos uma Road Trip por alguns dos mais incríveis locais da Geórgia, com foco na natureza. E depois de quase 2 meses explorando o país, produzimos exclusivamente o melhor e mais completo Guia do país, mostrando os melhores locais para se explorar, principalmente para quem AMA natureza! Além disso, também um mapa no maps.me com todos os pontos por onde passamos. É um roteiro de viagem para 25 dias de atividades, com hikings espetaculares em meio a vales, montanhas e geleiras, passando por algumas das mais antigas igrejas do mundo e muita cultura local. Quem ainda tem dúvidas se vale a pena ou não visitar a Geórgia, se liga no vídeo que produzimos: Quer saber mais e adquirir o eBook: Fala com nós lá no insta: @mundosemmuros Abraços e bons ventos!
  11. Olá pessoal! Meu nome é Vilmar Coelho, após muitas buscas não consegui encontrar um grupo de pessoas que gostem de Trekking. Então quem se interessa por esse tema por gentileza se manifeste. Sou apaixonado por treeking com pernoite em montanhas para apreciar a natureza. Contatos: Site: https://vilmarcoelho.com WhatsApp: 62992470363 Instagram: @vilmarcoelho Facebook: https://www.facebook.com/vilmar85
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